domingo, 20 de junho de 2010

Vitória! E Classificação Garantida



Brasil 3x1 Costa do Marfim (Grupo G)

A seleção fez um bom jogo contra a violenta Costa do Marfim. Em alguns momentos, chegou a ser brilhante, mostrando o futebol brasileiro do toque de bola refinado e da habilidade. O resultado foi ótimo para o Brasil, que garantiu a classificação para as oitavas. As notas negativas ficam por conta da deslealdade do time africano e para a péssima arbitragem do francês Stephane Lannoy.

Logo com um minuto, o Brasil mostrou a força do seu contra-ataque. Em bola roubada atrás, Kaká tocou para Robinho que partiu para cima, chutando de fora da área. Se o atacante do Santos tivesse tocado na esquerda, Luis Fabiano entraria na cara do gol.

Mas a Costa do Marfim passou a ter maior posse de bola. Seguindo o estilo do técnico Sven-Goran Eriksson, a Costa do Marfim compactou os espaços do campo, avançando sua linha de zaga e recuando a linha de atacantes. O Brasil não conseguia articular jogadas no meio, demonstrando problema similar ao da Itália desde que Pirlo se machucou: como não há um armador, as bolas são despachadas para as laterais, únicas saídas com alguma qualidade. Maicon passou a ser mais procurado, mas os passes de Gilberto Silva e Felipe Melo não vinham na medida. Kaká também iniciou mal, segurando muito a bola, sem a capacidade técnica e física costumeira, facilitando a tomada pelos marcadores adversários. Apesar da evidente debilidade, Kaká mostrava-se aguerrido, com uma aplicação não vista na partida de estreia. Lúcio, uma vez mais, surgia como opção surpresa para levar a bola à frente.

A partir dos 10 minutos, a Costa do Marfim mostrava-se mais bem organizada em campo, chegando seguidas vezes à intermediária do Brasil, sem, no entanto, conseguir furar a zaga canarinho. Kaká e Robinho recuaram e passaram a fazer o papel de armadores, dando mais qualidade ao toque antes comandado pelos volantes. E eis que, aos 24 minutos, numa jogada tipicamente brasileira, Kaká, Robinho e Luis Fabiano surgiram tabelando, e o Fabuloso ficou na cara de Barry para fuzilar: Brasil 1x0. Até que enfim, Luis Fabiano saiu do jejum que já durava 6 partidas.

O gol deu confiança à seleção brasileira, que passou a tocar bem a bola, imprimindo uma movimentação rápida e envolvente. Kaká passou a se apresentar ainda mais, e já não estava tão bem marcado como antes, decorrência da necessidade dos marfinenses de empatar. O Brasil tomava o controle do meio-campo, aumentando consideravelmente sua posse de bola. Costa do Marfim começou a se perder na partida, cometendo faltas seguidas e com grande violência.

No final do primeiro tempo, o Brasil voltou a errar passes, além de dar espaços para avanços dos africanos. Por outro lado, Gilberto Silva passou a acertar bons lançamentos, conseguindo fazer a bola chegar aos jogadores de frente – e também a Maicon, em suas subidas pela direita – produzindo uma nova opção de ataque para o Brasil.

Mal começou o segundo tempo, Luis Fabiano mostrou que esse seria mesmo o seu dia. Ganhou a bola no alto em disputa com o marcador, deu dois chapéus e chutou para o fundo das redes marfinenses: 2x0, Brasil. Um golaço, de placa, digno de melhor futebol brasileiro. Em que pese ter sido triplamente irregular: o atacante brasileiro fez cama de gato no marcador e matou a bola no braço duas vezes. Como o péssimo árbitro Lannoy nada assinalou, comemoramos todos, aliviados, a pintura do Fabuloso, que definitivamente desencantou.

Em resposta, a Costa do Marfim chegou à frente e Drogba deu uma cabeçada perigosa contra o gol de Júlio César, aos 8 minutos. Em seguida, Gervinho, rápido atacante, entrou no lugar de Pindane, indicando que os africanos iriam partir com tudo. Só que o Brasil também deu seu recado: aos 16, mais uma subida em tabela, partindo de Juan para Maicon, deste para Robinho que enfiou para Kaká que chutou forte, mas Barry fez grande defesa. Era o prenúncio do terceiro gol. Um minuto depois, o mesmo Kaká penetrou pela esquerda e rolou para dentro da área, encontrando Elano para marcar: Brasil 3x0.

A Costa do Marfim, então, descambou para a violência. Em lance criminoso, Tioté acertou uma solada desleal em Elano que teve que ser substituído. Detalhe: o árbitro não assinalou sequer falta, neste lance cujo desfecho mais aceitável seria a pronta expulsão do jogador marfinense. Vale dizer, o estilo do árbitro francês é do tipo “deixar o jogo correr”, muito ao gosto de certos comentaristas brasileiros que veem nisso uma vantagem europeia sobre nossa arbitragem tupiniquim que “fica parando o jogo por qualquer faltinha”. Pois bem, considerando o exemplo de hoje, a possibilidade de qualquer partida descambar para a violência e para as contusões graves é muito maior com o predomínio desse estilo europeu, supostamente “moderno” (civilizado?). E, creio, explique em boa medida por que as lesões mais graves ocorrem justamente em campos europeus, e não em sul-americanos.

Voltando à partida, Elano foi substituído por Daniel Alves, que não entrou tão bem. Mesmo assim, aos 24 minutos o jogo tinha ares de treino: o Brasil tocava tranquilamente, à guisa de olé, e Maicon quase fez o quarto em chute forte. O domínio brasileiro era total, mas os marfinenses apelavam ainda mais para seguidas faltas violentas. Michel Bastos tomou uma sola de Keita, parecida com a sofrida por Elano; agora, apesar de merecer vermelho, o juizão pelo menos deu um amarelo ao agressor, quer dizer, ao jogador da Costa do Marfim.

Aos 34, após arrancada de Gervinho a bola foi alçada para Drogba que fez de cabeça: 3x1.

Kaká passou a se enervar com a postura dos adversários e tomou um amarelo por reclamação, após mais uma falta dura, desta vez cometida por Tioté sobre Luis Fabiano. Logo em seguida, Keita simulou ter recebido uma cotovelada de Kaká, que recebeu o segundo amarelo e, por conseguinte, o vermelho. Com isso, Kaká está fora do jogo contra Portugal.

Final de jogo: Brasil 3x1, classificado para as oitavas e dependendo apenas de um empate contra Portugal para garantir o primeiro lugar do grupo. Além disso, mudou a imagem ruim decorrente da partida sofrível contra a Coréia do Norte.

As impressões negativas ficaram por conta da Costa do Marfim: frustração perante uma equipe com vários jogadores técnicos, talvez a melhor do continente africano nesta Copa, mas que demonstrou extrema deslealdade em campo. Cadê o fair play, mr. Blatter?

Também fica a indignação com arbitragem de péssima qualidade do senhor Stephane Lannoy, em relação ao qual, no mínimo, a FIFA deveria proibir de apitar qualquer outra partida nesta Copa. E, no máximo, deveria lhe aplicar uma severa suspensão.

Imagens: Pedro Ugarte/UOL, Flavio Florido/UOL e Issouf Sanogo/AFP.

JFQ

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