segunda-feira, 21 de junho de 2010

Catchup lusitano


Portugal 7x0 Coréia do Norte (Grupo G)

Bem disse Cristiano Ronaldo quando questionado sobre o longo tempo sem gols pela seleção: “Gols são como catchup. Quando começam a sair, vêm todos de uma vez”. Em partida realizada sob chuva, em que a jabulani parecia ainda mais terrível, a seleção portuguesa, que enfrentara a Costa do Marfim nas mesmas condições climáticas, promoveu ela própria uma verdadeira chuva: de gols.

Na partida de hoje, o técnico Carlos Queiroz optou pelo português de Portugal: não começaram a partida nenhum dos “brasileiros”, Liedson, Pepe e Deco, sendo este por contusão. A Coréia do Norte desde o começo postou-se de forma bem mais solta do que no jogo contra o Brasil. Marcava na frente e sem receio de atacar. Portugal, por seu lado, dada a necessidade de vencer e construir um bom saldo de gols, tentava partir para cima, sem muito sucesso. De qualquer forma, a postura das duas equipes produziu um jogo bastante aberto.

Portugal procurava se acertar, um tanto confusa com as várias alterações. Ronaldo pela direita e Simão pela esquerda eram boas opções de ataque, que também contava com Hugo Almeida, substituto de Liedson. Tiago, substituto de Deco no meio, também procurava se acertar em campo.

Logo aos 6 minutos, Portugal quase abriu placar após cobrança de escanteio em que o goleiro coreano saiu “catando borboleta” e a bola sobrou para Ricardo Carvalho cabecear na trave. A partir dos 10 minutos, porém, foi a Coréia do Norte que passou a dominar a partida, ameaçando Portugal com uma série de chutes de longa distância, sabedora dos riscos de uma jabulani molhada: Cha-Jong Hyok, aos 10 minutos, Hong Yong-Jo, aos 17, e An Yong Hak, aos 20, compuseram a artilharia de finalizações perigosas contra a meta de Eduardo.

No entanto, no momento em que os norte-coreanos ofereciam mais perigo, Portugal abriu o placar: Raul Meireles, ao receber assistência açucarada de Tiago, tocou para o fundo das redes de Ri Myong-Guk. Era a primeira gota do catchup lusitano.

A chuva atrapalhava a construção das jogadas, o que não impediu que Meireles quase fizesse o segundo gol aos 34 minutos. Portugal passou a dominar a partida, mas ainda sem grandes riscos ao adversário. Cristiano Ronaldo continuava apagado, não aproveitando os espaços dados pelos norte-coreanos. Vale dizer – e enaltecer: a Coréia do Norte não fez nenhuma falta no primeiro tempo.

No segundo tempo o jogo ficou ainda mais aberto. E já aos 8 minutos Portugal iniciou a chuva de gols que duraria até o final: em rápida triangulação envolvendo Hugo Almeida e Raul Meireles, Simão marcou o segundo. Dois minutos depois, Hugo Almeida marcou o terceiro gol português, de cabeça, após cruzamento de Fábio Coentrão. Aos 15, o quarto gol: Tiago aproveitou cruzamento de Cristiano Ronaldo. O passeio prosseguiu: Portugal envolvia totalmente a Coréia do Norte, tocando com rapidez e objetividade. Um verdadeiro massacre.

Aos 22 minutos, Coentrão perdeu um gol feito. Aos 25, Ronaldo chutou a bola de longe, que explodiu na trave. Aos 32, quando os portugueses ameaçavam diminuir o ritmo, Queiroz colocou Liedson no lugar de Hugo Almeida. Deu resultado. No primeiro toque na bola, após falha do zagueiro coreano, o ex-jogador do Flamengo e do Corinthians conferiu o dele: 5x0, Portugal.

Tinha que ter o de Cristiano Ronaldo. Até que enfim, o craque do Real Madrid fez o tão esperado gol por sua seleção. A bola roubada por Liedson foi tocada, desviou no zagueiro coreano e foi parar na nuca de Ronaldo. Ao cair no chão a jabulani, Ronaldo emendou: 6x0, Portugal. Para fechar a tampa do catchup, Tiago, de novo, fez de cabeça aos 44.

Uma partidaça de Portugal, mostrando que o Brasil precisa tomar todos os cuidados possíveis na sexta-feira. Ainda mais considerando que Kaká não joga. Detalhe: a briga pelo primeiro lugar no grupo pode dar ao vencedor, como um presente de grego, a Espanha como adversária nas oitavas.

Quanto à Coréia do Norte, apesar do chocolate – ou, como queiram, do catchup –,deve ser exaltada sua disposição em jogar e deixar jogar. Apenas 4 faltas durante toda a partida, muito diferente da desleal Costa do Marfim. Todavia, não é muito provável que a população norte-coreana confira o fair play de sua seleção. Acho pouco provável que Kim Jong-Il, ao contrário do que fez em relação ao jogo contra o Brasil, permita que seu povo assista à partida de hoje.

Imagem Jewel Samad/ AFP

JFQ

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