sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Bravo, o Louco, a Fúria



Chile 1x2 Espanha, Suíça 0x0 Honduras (Grupo H, 1º Espanha, 2º Chile)

Ao final, restabeleceu-se a ordem natural das coisas no grupo H. O Chile foi brioso e fez bobagens, a Suíça arrancou o clássico 0x0 contra Honduras e a Espanha terminou em primeiro. Um grupo que prometia surpresas homéricas, a reboque da vitória da Suíça contra a favoritíssima Espanha, acabou seguindo o script dos bolões mais conservadores.

Nos jogos de hoje, que definiram o grupo, a Suíça conseguiu se defender bem, não tomando gols de Honduras. Parabéns. Aliás, parabéns também ao Chile: o único capaz de furar a forte defesa suíça. No entanto, a seleção do país do chocolate, mostrou que só é capaz de produzi-lo em outros campos. Se bem que, para a Suíça, 1x0 já seria um chocolate. Mas, contra Honduras, não deu.

Sorte do Chile, que começou muito bem a partida contra a Espanha. Um empate já classificaria os chilenos, mas, sendo o técnico “loco”, mandou o time para cima. Com boa marcação – às vezes excessivamente bruta – e boa movimentação, o Chile dominou a partida até os 24 minutos do primeiro tempo, quando tomou o gol. Destaque para Beausejour, que se deslocou o tempo todo, apresentando-se para receber e dando boas assistências. O outro atacante chileno, o habilidoso Sanchez, no entanto, esteve bastante apagado.

O gol da Espanha foi um presente do goleiro chileno Bravo. Em uma bola lançada para Fernando Torres, Bravo saiu em disparada até a intermediária e dividiu a bola que sobrou para David Villa, de primeira, chutar para o gol. Apesar de vazio, pela distância e pela rapidez de raciocínio, pode-se considerar um belo gol. O fato é que o goleiro chileno jogou por água abaixo toda a estratégia do time para surpreender a Fúria. Tentei evitar, mas não consigo: o louco Bravo deixou bravo o técnico Loco.

Daí para frente, a Espanha dominou a partida. Xavi apresentou-se bem, Inieste teve participação importante e, principalmente, David Villa mostrou que pode ser o grande atacante desta Copa. O problema espanhol é Fernando Torres, vindo de contusão, claramente fora de ritmo de jogo. Do meio para trás, a Espanha também segurava o Chile, já baqueado com o inesperado tento adversário. Xabi Alonso, Capdevilla, Sérgio Ramos e Busquets não davam muitos espaços para investidas chilenas.

As coisas ficaram ainda mais fáceis para a Espanha quando Iniesta, em um novo erro de saída do Chile, marcou o segundo. Além disso, Estrada – o rei dos carrinhos – foi expulso e deixou o time de Bielsa ainda mais fragilizado.

Quando se esperava uma Espanha arrasadora, fez-se a burocracia. O time espanhol apenas administrou o resultado. Torres foi substituído por Fábregas, o que uniu o útil ao agradável: saiu o atacante que não estava na sua melhor forma, entrou um ótimo jogador e com fôlego e ainda controlou o meio-campo, naquela altura em vias de ser dominado pelos chilenos.

Millar, que entrou no segundo tempo, marcou o “de honra” do Chile – um belo gol, diga-se de passagem – e ficou assim: 2x1 e ambos classificados.

Nas oitavas, a Espanha enfrenta Portugal. Juntamente com Alemanha x Inglaterra, promete ser o grande jogo dessa fase. Correndo o risco de parecer soberbo, confesso que não acho a Espanha tudo o que dizem. Sim, é uma excelente equipe, tem excelentes jogadores e uma base idem: o time do Barcelona. Mas não a vejo com a mesma consistência, por exemplo, da Holanda, para ficarmos em seleções mais ou menos parecidas. Não consideraria de modo algum uma zebra se Portugal eliminar a Espanha nas oitavas. Inclusive, acredito que isso vai acontecer. A conferir.

Quanto ao Chile, com seus bravos e loucos, é um time encardido, que morde, marca muito e avança com velocidade. Mas erra muito também. Comete muitas faltas e erra passes, especialmente na saída de bola. Tem atacantes perigosos e um meia muito bom, bem conhecido dos palmeirenses: Valdívia. Mas é pouco para colocar medo no Brasil. Ainda mais porque teremos a volta de Kaká e, provavelmente, de Robinho e Elano. E, como se não bastasse, os chilenos sofrerão com a ausência de três jogadores suspensos: Estrada, Medel e Ponce. E, quem sabe, com a presença do goleirão Bravo.

JFQ

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