quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dia das Crianças

Pelo dia das crianças, postei vídeo que fiz com meus sobrinhos em 2007. Eis o link: http://www.youtube.com/JFQuirino#p/a/u/0/E43B4WPEBbw

Melhor que associar futebol a cartolagem, dinheiro ou grandes eventos é associá-lo a brincadeira e a criança.

Feliz dia a todas!

JFQ

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A Copa do Mundo é Nossa?

Com o título "A Copa do Mundo é Nossa?", Juca Kfouri assina artigo publicado na edição de outubro da Revista Interesse Nacional, em discute o mundial de 2014, a ser disputado no Brasil, para muito além das quatro linhas.

Dane-se a seleção

Lúcio Ribeiro


Cada qual com sua agenda, eu e o Pelé estivemos em Porto Alegre sexta passada. Mesmo dia em que a seleção do Mano, depois de atropelar a Argentina que não é a Argentina com seu time que não é o Brasil, suou para ganhar da tradição-zero Costa Rica. Repare como eu falo "seleção do Mano".

Porto Alegre, para variar, vive seu disputado GreNal de todos os dias. Agora estão travando o clássico dos estádios. Qual vai ficar pronto primeiro? O do Inter, com a obra mais embaçada, é o da Copa, a princípio. Por isso trouxeram até o Pelé para ajudar no bastidor de assinatura de contrato com construtora. O do Grêmio, aparentemente mais acelerado, corre por fora, na execução da obra e no lobby.

Dá para acompanhar a evolução da "Grêmio Arena" no site do clube, www.gremio.net. O endereço virtual tem ".net" e não ".com" por causa do rival Inter. Inter-Net. Ok?

Até quando o assunto é seleção, os rivais gaúchos "brigam". Não por causa dela, mas deles mesmos. Com a "seleção do Mano" não estão nem aí.

O colorado Leandro Damião virou orgulho nacional com a amarelinha depois de dar lambreta em argentino. Dois jogos depois, desapareceu dos campos, estourado por não aguentar a combinação "jogos da reta final do Brasileiro" mais "amistosos lado B da seleção". O Inter luta pela vaga na Libertadores sem seu principal jogador. Os gremistas sorriem. Os colorados culpam a CBF.

Daí o Grêmio vai e iça à categoria de ídolo o lateral Mário Fernandes, que disse "não" ao chamado para a seleção, alegando "motivos pessoais". A torcida gremista entendeu "motivos pessoais" como "prefiro o Grêmio" e passou a idolatrar o garoto, até com bandeira própria.

Sempre gostei de futebol e, claro, admiro a seleção. Mas desde que ela não mexa com meu time. Sou daqueles que, se o clube para o qual torço jogasse contra a seleção dez vezes, eu torceria por dez massacres do meu time. Achei que isso era "coisa de paulista".

Recentemente, teve o caso do Marcelo do Real Madrid e o e-mail errado, que no fim refletia que ele preferiu ficar treinando no time espanhol em vez de servir à seleção. E o Rogério Ceni, que, perguntado se via a seleção na Copa América, respondeu que não, porque a seleção dele tinha três cores e não disputava Copa América.

A pouco mais de dois anos da Copa no Brasil, os clubes olham para a Copa, não para a seleção. Os torcedores olham o Brasileiro, não a seleção. Os jogadores olham a si mesmos, não à seleção.

E aí, você? Animado pelo "jogaço" desta noite no México?

* Publicado na Folha de S.Paulo, em 11/10/2011.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Uma seleção que prejudica os clubes

Luiz Zanin


O Santos, em situação complicada na tabela, vai ficar sem Neymar para enfrentar Grêmio e Palmeiras. Por quê? Porque o rapaz vai servir à seleção nos amistosos contra Costa Rica e México. Outros jogadores desfalcarão seus times nesta fase de definição do Campeonato Brasileiro

Ninguém, em sã consciência, tira a razão de Mano Menezes quando ele diz que cada um tem seus problemas e ele tem os seus. Precisa preparar uma equipe para 2014 e tem de contar com os jogadores que julga os melhores. Neymar é peça-chave do seu hipotético time, assim como Ganso, quando se recuperar, Lucas e poucos outros que ainda atuam no Brasil. Nada a contestar.

Mas tudo a contestar quanto ao calendário, que não permite a paralisação do Campeonato Brasileiro a cada vez que a seleção desfalca os clubes. O técnico Dorival Jr., do Internacional de Porto Alegre, classificou de "estúpidos" os amistosos da seleção, pensando na sobrecarga ao seu jogador Oscar. Este, como Neymar, também suporta o honroso fardo de haver servido à seleção sub-20. É muita coisa, mesmo para jovens.

Afinal, se a seleção, ou as seleções, são importantes, muito mais o são os clubes. São eles que, contra toda a lógica econômica, têm conseguido manter no Brasil jogadores cobiçados na Europa. São eles que pagam salários exorbitantes, completamente irreais. São eles que montam complicadas engenharias financeiras para satisfazer ao craque, ao pai do craque, ao empresário e aos proprietários das várias fatias em que o boleiro se divide, com os "parceiros" e investidores, sócios nos direitos econômicos do astro. Todos ávidos de lucro imediato e de maneira alguma preocupados com essa abstração a que chamamos "qualidade do futebol brasileiro".

Ora, a tal da qualidade não é mesmo assunto dessa gente. O negócio deles é grana, ponto final e não se fala mais nisso. Qualidade é assunto nosso, da torcida, dos cronistas, dos apreciadores; enfim, de todos aqueles que visam apenas a um lucro com o futebol - o prazer de vê-lo bem jogado.

Se o mundo fosse justo, deveria ser também uma preocupação da CBF, sigla que designa uma confederação de futebol, e que deveria zelar não apenas pela seleção, mas pelo nível do jogo praticado no País. Isso em todos as instâncias, suponho: da melhoria de qualidade dos gramados e da arbitragem até o estímulo à permanência de jovens talentos no País. Melhorando o jogo melhoraria tudo para todo mundo - até mesmo para aqueles que veem no futebol apenas um ótimo investimento. Talvez demorassem um pouco mais para lucrar, mas, no final das contas, lucrariam mais. Interessaria também à TV que, com melhores espetáculos, teria mais facilidade para vendê-los no próprio país e no exterior.

Ora, não é penalizando os clubes que se estimula a melhoria do futebol no Brasil. Afinal, são os clubes que revelam vocações, são eles que funcionam como vitrine a partir da qual esses talentos são expostos, conhecidos e reconhecidos, inclusive no exterior. São os clubes que mantêm, no dia a dia, viva a paixão brasileira pelo futebol - que, afinal, é o fundamento real de tudo. Fundamento, inclusive, dos lucros extraordinários de que todos, salvo os torcedores, usufruem.

Não há nenhuma possibilidade de se contemplar as exigências da seleção sem prejudicar os clubes senão alterando o calendário do futebol brasileiro. Sei o quanto isso é polêmico. Implicaria, talvez, enxugar os campeonatos estaduais, ou mesmo mudar as datas de início e fim do Campeonato Brasileiro. Talvez mexer com datas da Libertadores e da Sul-Americana, o que exigiria negociações com a Conmebol. Enfim, são problemas a serem debatidos e não ignorados e jogados para debaixo do tapete, como têm sido até agora.

* Publicado em O Estado de S.Paulo, 04/10/2011.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A calça vermelha

Xico Sá

Amigo torcedor, amigo secador, o que é futebol diante de uma mulher de calça vermelha? Antes que você arrisque uma resposta clubística, digo: nada. Antes que você, corintiano, se arvore e pense na redenção do Adriano, que eu muito aprovo, corto pela raiz, desculpa: zero. Sim, são-paulino, sei que é importante a volta sebastianística do Fabuloso. Santista do coração, a gente nem carece mais falar de bola este ano.

Palmeirense amada, aqui me dirijo só a elas, com mordaça ou com burca, censura não leva a nada. Só ilude. Como se o cala-boca pudesse ser a resposta em momentos de perguntas.

Não se iluda, o que é a catimba argentina diante de uma mulher de calça vermelha? Linda. E o sorriso, queria que você visse. Incrível. Foi no segundo tempo. Foi um piscar de olhos antes do gol do Lucas contra os caras.

Sei, camarada João Valadares, senhor Samarone Lima, sei que o que importa é o jogo do Santa Cruz contra o Cururipe, justo no lugar onde os caetés canibalizaram lindamente o bispo Sardinha. O jogo de domingo à tarde, querido dom Sebastião, o da volta à glória possível.

Tenho ciência de tudo isso, mas, quando Lucas partiu com a bola, não me interessava saber que era uma arrancada de beisebol, qual o quê, foi linda, mas nada se compara à partida da mulher de calça vermelha.

Tudo bem, você se liga no jogo, no esquema tático, mas que tal prestar mais atenção na cor das vestes das moças? Independentemente de clubes. Que tal preferir uma lingerie a uma pelada de fato?

Simples sugestão, meu querido. Evidentemente por causa da moça da calça vermelha. No segundo tempo do jogo Brasil x Argentina, arrancava o Lucas, repito o gol, ela passava de lado. Adivinhe em que eu prestei atenção, amigo?

Ah, gol a gente vê a qualquer hora. O videoteipe de futebol é o aquário dos homens na madruga. A gente fica vendo qualquer coisa, chega no hotel ou em casa, liga a tevê como quem mira Rumble Fish ou como quem apenas assiste a uma reprise gelada de Flamengo e algum outro.

Assim é a vida, amigo, nada diante de uma moça de calça vermelha no segundo tempo. Estou falando de quem ainda presta atenção nessas coisas. Arranca o Lucas, ela passa como quem abstrai, lindamente, a ideia de pátria em chuteiras. Mercearia São Pedro, Vila Madalena, SP, anteontem como se fosse o meu dia de são nunca. A moça de calça vermelha.

@xicosa
* Publicado na Folha de S.Paulo, em 30/09/2011.