quarta-feira, 15 de junho de 2011

A segunda revanche ou a terceira estrela



Copa Santander Libertadores da América 2011
Final: Peñarol x Santos


Hoje à noite, no legendário estádio Centenário, em Montevidéu, Peñarol e Santos fazem a primeira partida da final da Libertadores 2011. De um lado, o time bem organizado por Muricy Ramalho, contando com o brilho do craque Neymar. De outro, a não menos bem organizada equipe de Diego Aguirre, sob a liderança do inteligente Martinuccio.

Peñarol e Santos disputam a final do torneio pela segunda vez na história, tendo se encontrado em 1962, quando o Peixe faturou seu primeiro título. Para os supersticiosos santistas, o reencontro pode significar um bom ou um mau sinal, dependendo do ângulo... e do supersticioso. Pelo lado otimista, trata-se do reencontro de um adversário já vencido em outro momento. Pelo lado pessimista, assim como o Boca Juniors conseguiu, em 2003, vingar-se da derrota para o Santos em 1963 – ano do segundo título –, também pode ser agora o momento da revanche do Peñarol.

Afora a curiosidade de, nas quatro finais disputadas, o Santos fazer duas com o Boca e outras duas com o Peñarol, o que pesa na noite de hoje é a bola jogada em campo pelos atuais meninos da Vila. Disso, acima de tudo, depende se o Peixe sofrerá uma segunda revanche ou conquistará uma terceira estrela sul-americana.

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Os riscos e as oportunidades para o Peixe

Nessa primeira partida, o Santos terá importantes desfalques: Jonathan, Léo, Edu Dracena e Paulo Henrique Ganso. Apesar da arqui-conhecida condição de craque de Ganso, da experiência de Léo ou da força do lateral Jonathan, quiçá a ausência mais relevante – dadas as circunstâncias – seja do capitão Edu Dracena, expulso na partida contra o Cerro Porteño. Isso porque o Peñarol costuma aproveitar-se muito bem dos vacilos da defesa adversária, o que, em tese, ocorre com mais freqüência quando a dupla de zagueiros não está bem entrosada. Além disso, pode pesar ainda a falta da liderança de Dracena em momentos críticos da partida. Pelo menos, nada há que se falar da capacidade técnica do substituto, Bruno Rodrigo.

Quanto aos laterais, pesa a favor do Santos o fato de Pará e Alex Sandro já virem ocupando, respectivamente, os lados direito e esquerdo com considerável constância e eficiência. Já a falta de Ganso, mesmo sendo um jogador ímpar – inclusive para a seleção brasileira –, é compensada por um esquema tático mais cauteloso, adequado para um jogo fora de casa, sob grande pressão: um meio-campo com forte viés de marcação, com Adriano mais atrás e Arouca e Danilo servindo também como puxadores de contra-ataque. Elano na ligação, Neymar e Zé Eduardo à frente, é perigo permanente à defesa uruguaia.

O Peñarol joga com duas linhas de quatro, muito forte na marcação, mas que sai com bastante velocidade nos contra-ataques. As principais jogadas ofensivas do time são pelos lados, especialmente com Martinuccio, ou bolas alçadas na área, sempre em busca do oportunista Olivera. Em jogadas assim, o Peñarol construiu suas vitórias contra o Internacional, no Beira-Rio, e contra o Vélez Sarsfield, em Montevidéu.

Em compensação, apesar da boa marcação, a equipe de Diego Aguirre também mostra falhas na defesa. Evidência disso foi o primeiro jogo contra o Vélez, quando a equipe argentina desperdiçou várias chances seguidas, o que lhe custou uma possível vitória e, quiçá, a classificação para a final. Ou seja, o Santos tem por obrigação conferir o tento sempre que as oportunidades forem criadas, já que com o Peñarol o ditado “quem não faz, toma” é quase lei. Aliás, o próprio Peñarol também mostrou que não costuma ter piedade do adversário quando surgem as chances.

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Renascimento uruguaio

Independentemente da conquista da Libertadores, a chegada do Peñarol à final soma-se à boa campanha da seleção celeste na Copa de 2010 como mostras de renascimento de um gigante histórico do futebol sul-americano e mundial. Interessante notar que esse renascimento venha com uma certa mudança de estilo do tradicional futebol uruguaio. Da mesma forma que a seleção comandada por Tabaré Vasquez, a equipe de Diego Aguirre não bate tanto, não apela tanto para a violência, ainda que se notabilize pela forte marcação. Dessa forma, preocupando-se em jogar bola e não em intimidar o adversário, o Uruguai parece ter encontrado o caminho para retornar seu lugar histórico no centro do futebol mundial.

JFQ

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