quinta-feira, 2 de junho de 2011

Na final, Peixe deve se cuidar para não morrer na praia



Cerro Porteño 3x3 Santos
Copa Libertadores da América


O Santos classificou-se, mais uma vez, para a final da Libertadores. Com o empate obtido (após desnecessário sufoco) sobre o Cerro Porteño, por 3 a 3, o time da Vila pegará na final Vélez Sarsfield ou Peñarol, que se enfrentam hoje. Caso o adversário seja a equipe uruguaia, a final da Libertadores de 2011 repetirá o embate de 1962, quando o Peixe, contando com Pelé e um dos melhores elencos já vistos na história do futebol, faturou seu primeiro título sul-americano.

Embora o Santos esteja fazendo uma campanha inegavelmente vitoriosa, a impressão para muitos comentaristas é de que as coisas não andam lá essas coisas. Em outras palavras: vitórias obtidas no sufoco podem vir a desabar em frustrações futuras. Quiçá, na finalíssima (toc,toc,toc!).

Alguns comentaristas – como Caio Ribeiro e Carlos Alberto Torres – defendem que o time santista de agora, comandado por Muricy, em comparação com aquele empolgante escrete de 2010, é mais... equilibrado. Ou seja, muito embora pareça uma equipe mais defensiva, na verdade, o Santos de agora passa menos... sufoco (?), justamente por ter equilibrado defesa, meio e ataque. Por lógica, podemos supor que o Santos de 2010 era excessivamente ofensivo.

Outros comentaristas, como Vladir Lemos – participo desta corrente –, não veem tanto equilíbrio, mas uma postura excessivamente defensiva, mesmo. Completo o argumento com uma pergunta: o Barcelona, equipe à qual se comparava o Santos de 2010, é um time desequilibrado? Na minha modesta opinião, não. O Barça prima por um outro equilíbrio, em que a ênfase se dá na posse da bola e na ofensividade; tanto os defensores, como os articuladores atuam sob a égide dessa premissa, sem tornar o todo menos... equilibrado. Vale lembrar, claro, que o Peixe perdeu jogadores importantes, como André e Wesley, para não falar das ausências seguidas de Ganso, por conta de lesões.

Não obstante, pelo que se viu ontem, mesmo o equilíbrio à Muricy pode ser questionado. Se o time já passa por uma grande “Neymar-dependência”, na partida de Assunção, a equipe foi ainda mais dependente de Rafael, o goleiro. E por falar em equilíbrio, faltou o dito cujo, só que de natureza emocional, ao capitão Edu Dracena: bateu boca com Elano e, no fim da partida, acabou expulso por reclamação.

Ademais, coisas estranhas (algumas lamentáveis) marcaram o jogo: o técnico Muricy Ramalho foi atingido por uma pedra, atirada pela torcida; Barreto, o goleirão paraguaio (sem trocadilho), cometeu o frango mais bisonho dos últimos tempos; Zé Eduardo desencantou; a maldita luzinha, vista até na final da Champions League, em Wembley, também esteve presente no estádio General Pablo Rojas. No mais, foi uma partida emocionante, sem violência (só em campo, já que nas arquibancadas o pau comeu!) e com ótima arbitragem do colombiano Wilmar Roldán. O 3 a 3 ficou de bom tamanho, sopesando o empenho do brioso Cerro com a superioridade técnica mesclada com defensivismo do Santos.

Última observação. Muricy vem armando sua equipe com três volantes – Arouca, Danilo e Adriano – e Elano (volante de origem), um pouco mais à frente, na ligação do meio com os atacantes Neymar e Zé Eduardo. Em parte, essa opção foi determinada pela contusão de Paulo Henrique Ganso. Em parte, pela filosofia do professor, já que o “batedor” Adriano poderia dar lugar a Alan Patrick, deixando o meio com mais articulação, ou ainda com a colocação de um terceiro atacante (Maikon Leite ou Keirrisson), que poderia tornar as investidas santistas ainda mais perigosas.

De qualquer forma, vale a opção do treinador que, inclusive, tem o argumento da vitória: do seu jeito, o Peixe chegou onde chegou. Detalhe: ainda não se sagrou campeão. E, que pode morrer na praia, isso pode.

JFQ

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