segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fenômeno Global

Ronaldo aposentou-se dos gramados e virou empresário. Galvão Bueno lançou o chiste: agora Ronaldo é Nazário, o empresário. É mesmo um pândego esse Galvão!

E não é que o empresário Nazário mostrou sua eficiência de cara! A tarefa de sua empresa, a 9ine, é gerenciar a carreira de atletas. O que significa, mais ou menos, manter o sujeito presente na mídia, sempre com uma imagem positiva, de modo a que possa associá-la a uma infinidade de produtos a serem vendidos. Camisas, loção pós-barba, forno microondas ou creme dental.

Apenas ontem, dois dos principais clientes do Fenômeno foram vistos em programas de grande audiência da Vênus Platinada. Lucas, jovem revelação do São Paulo, participou do Domingão do Faustão, no quadro “Dança dos Famosos” (tudo a ver!). Neymar deu uma entrevista – despretensiosa que só – a Patrícia Poeta, no Fantástico, em que “revelou” que será um pai zeloso, um homem responsável, e “esclareceu” que não é cai-cai. Aliás, tal pecha é muito ruim para os negócios, já que a imagem de simulador pega muito mal, especialmente na Europa, mercado onde, no futuro próximo, o “produto-Neymar” deve estar à venda. E, para que o produto fique ainda mais vendável e a ele se agregue valor, também não se perde tempo em martelar que “Neymar é o sucessor de Ronaldo”. Bom para ambas as partes: o sucessor e o antecessor.

O próprio Ronaldo foi figura vista e revista na telinha da Globo, neste esforço de marketing dominical. De manhã, após matéria sobre seu jogo de despedida na seleção, deu uma entrevista na sede da 9ine ao dileto locutor da emissora carioca, no quadro “Na estrada com Galvão”, do programa Esporte Espetacular. À noite, eis que surge no Fantástico para desejar felicidades a um casal de corinthianos, cuja história ilustrou matéria sobre o dia dos namorados.

Enfim, o domingo foi fenomenal para os negócios de Nazário. E revelador de como o futebol vai além das quatro linhas nestes novos tempos. Ou, talvez, esteja ficando atrás de outros propósitos, ora mais importantes, uma vez que mais rentáveis.

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A exploração do futebol para ações de marketing de todos os tipos também pode ser observada na nova moda da mesma Globo: a comemoração à la boneco João Sorrisão. Quem marca gol e faz uma comemoração desengonçada, ganha o boneco... e a emissora, claro, ganha uma propagandazinha disfarçada em vários jogos.

João Sorrisão não é lá muito original. Na verdade, é uma espécie de sucessor da dança do siri e do “Ah, moleque”, ambos lançados pelo programa Pânico, da Rede TV!

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Em suma, nada mais é inocente no comportamento dos jogadores, em campo ou fora dele. Tudo tem uma conotação imagética e comercial. Tudo vira produto intangível, como dizem os especialistas, dotado de valor comercial.

E a bola jogada de fato, ainda que não seja tão redonda, passa a segundo plano. Afinal, na ausência de um Ronaldo em campo, chame-se o Nazário: oxalá, ele poderá até fazer com que o perna-de-pau seja vendido como se craque fosse. Esse Nazário é mesmo um fenômeno!

JFQ

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