sexta-feira, 16 de abril de 2010

E a Taça das Bolinhas vai para...

Finalmente, foi decidido o destino da Taça das Bolinhas. Ou não...

Por decisão do todo-poderoso Ricardo Teixeira, eterno presidente da CBF, o cobiçado objeto vai para o São Paulo, reconhecido oficialmente como o primeiro pentacampeão brasileiro. Consequentemente, também de forma oficial, decide-se o imbróglio do campeão brasileiro de 1987 a favor do Sport e contra o Flamengo.

A confusão, porém, continua, uma vez que a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, deve entrar na justiça pleiteando o título de campeão brasileiro de 87 para o seu clube e, por conseguinte, a condição de primeiro pentacampeão brasileiro, obtida em 1992. Aí, o Flamengo seria declarado, oficial, mas judicialmente, o legítimo e definitivo detentor da Taça das Bolinhas.

Para quem não sabe – alguém não sabe? –, essa taça deve ser entregue ao primeiro clube que conquistar três títulos brasileiros consecutivos ou cinco intercalados. O Brasileirão, a propósito, começou em 1971. A carta na manga da presidente do rubro-negro é um documento de 1997, em que todos os membros do Clube dos 13, inclusive São Paulo e Sport, reconheceriam o Flamengo como campeão brasileiro de 1987. No entanto, o presidente do clube pernambucano, Luciano Bivar – que já foi até candidato à Presidência da República –, já disse que o negócio não é bem assim, muito pelo contrário. E a discussão continua.

Essa história já deu muito pano para manga e, pelo jeito, continuará dando. De minha parte, reconheço todos os títulos oficiais – como o de campeão brasileiro de 1987 pelo Sport, por exemplo –, mas também os que chamo consensuais, ou seja, aqueles em que, no momento em que estão sendo disputados, são reconhecidos de forma praticamente unânime como um título portador de determinado status, muito embora não recebam a chancela da instituição oficial. Por exemplo: o título de campeão brasileiro do Flamengo em 1987.

Sim, exatamente! Ambos, Sport e Flamengo deveriam ser considerados campeões brasileiros de 1987. E ponto final. Um, pelo critério oficial; o outro, pelo consensual. Neste último – reconheço que é um critério um tanto estranho, mas justo –, comparo o título brasileiro de 87 do Flamengo aos títulos mundiais de clubes anteriores ao torneio oficial da FIFA, tais como o do Real Madrid, de 1960, os do Santos, de 1962 e 63, e os do São Paulo, de 92 e 93. Destaque-se: estes títulos mundiais não são reconhecidos como tais, oficialmente, pela FIFA. Mas quem há de dizer que o Real de Puskas e Di Stéfano, o Santos de Pelé e o São Paulo de Telê não foram legítimos campeões mundiais?

Para quem ainda não estiver cansado desse assunto, o que é difícil, vale a pena dar uma pesquisada na internet sobre a confusão envolvendo o Clube dos 13 e a CBF naquele fatídico ano de 1987. Alguns nomes também merecem pesquisa: Nabi Abi Chedid, então vice-presidente da CBF, e Carlos Miguel Aidar, então presidente do São Paulo e do Clube dos 13.

Em suma, o Flamengo deveria dividir o título de 87 com o Sport. Dessa forma, a famosa Taça das Bolinhas deveria ir para a Gávea. Porém, nada obsta uma atitude voluntária e simpática, além de justa, por parte do São Paulo, de entregar a taça ou dividi-la com o Flamengo. Até porque, fosse ele próprio, São Paulo, o vencedor daquela bendita Copa União (união?!), também não teria disputado o quadrangular imposto pela CBF, e não sendo oficialmente reconhecido como o campeão brasileiro. Ou, ainda, os dois, São Paulo e Flamengo, seguindo proposta do Vitor Birner, poderiam simplesmente derreter o objeto da discórdia. Eu complemento: derretê-lo em homenagem à Jules Rimet, uma taça muito mais importante para a história do futebol brasileiro do que essa geringonça feita de arame e gude.

JFQ

Abaixo, fotos do Flamengo (acima) e do Sport (embaixo), de 1987
Escalação do Flamengo: Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho, Leonardo e Andrade; Bebeto, Aílton, Renato Gaúcho, Zico e Zinho.
Escalação do Sport: Flávio, Betão, Estevam Soares, Marco Antonio e Zé Carlos Macaé, Rogério, Ribamar e Zico (outro, claro), Robertinho, Nando e Neco.

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