sábado, 3 de abril de 2010

Atitude anticristã em nome de Jesus?

Toda a beleza da fina flor do futebol-arte jogado pelos meninos da Vila chocou-se com uma atitude horrorosa, extremamente lamentável, protagonizada pelos mesmos jogadores. Anteontem, dia 01/04, a diretoria do Peixe havia programado uma participação dos seus jogadores em uma doação de ovos de páscoa a várias pessoas, incluindo crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral. Repito: crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral. Vários jogadores, entre eles Robinho, Neymar, Ganso, Fábio Costa, Durval, Léo, Marquinhos e André, recusaram-se a sair do ônibus alegando simplesmente que “não queriam”. A razão mais provável, porém, é que se tratava de uma instituição seguidora da doutrina espírita: Lar Espírita Mensageiros da Luz. O treinador Dorival Junior, visivelmente constrangido, foi incapaz de convencê-los a participar da entrega dos ovos.

Vale dizer, no início do ano, logo que assumiu o clube, a diretoria elaborou cartilha de conduta aos atletas em que um dos tópicos é a proibição de manifestações religiosas com a camisa do time.

Diante da atitude daqueles jogadores santistas, uma série de perguntas passa por minha cabeça. Jogadores com tamanha inteligência para jogar bola seriam capazes de pensar que uma instituição, por ser espírita, que abriga crianças com tamanhos problemas, tem um vezo demoníaco ou coisa do tipo? Ou seriam capazes de penalizar essas crianças por conta de um protesto medíocre contra a cartilha imposta pela diretoria do clube? Como jovens e promissores craques dentro de campo, fora dele são capazes de pisar tão feio na bola? Não perceberam a responsabilidade social que têm perante os fãs, especialmente crianças?

Acima de todas, a pergunta principal é: atletas tão bem sucedidos, em um momento espetacular de suas carreiras, seriam capazes de uma atitude tão anticristã em nome de Jesus? A propósito, alguém precisa dizer a esses “cristãos” que Jesus não pediu para ser adulado com dizeres em camisas ou dedinhos para o céu como forma de comemoração a cada gol marcado. Também, pelo que eu saiba, não ensinou que enchêssemos os cofres das igrejas com seus salários milionários. Pelo contrário, pediu para que nos desligássemos dos bens materiais. E ensinou, sobretudo, que amássemos nosso próximo e fizéssemos a caridade. Justamente o que se negaram a fazer no caso. Oxalá, que não o tenham feito em nome “Dele”.

Parabéns a Felipe, Edu Dracena, Arouca, Pará e Wesley, jogadores que mostraram personalidade e revelaram um lado verdadeiramente cristão, acima de preconceitos religiosos: foram conversar e brincar com as crianças enquanto lhes entregavam 600 ovos de páscoa. Mas, infelizmente, a atitude louvável desses poucos não apaga a escolha deplorável da maioria. Para mim, todo o encanto angariado nos gramados pelos meninos da Vila doravante conviverá com a sombra de uma gigantesca decepção.

JFQ

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