segunda-feira, 21 de março de 2011

A maldade e o cacoete de Ronaldinho Gaúcho



Na partida entre Flamengo 0x0 Fluminense, realizada no domingo retrasado, um lance foi destaque. Ronaldinho Gaúcho deu um carrinho que atingiu o goleiro tricolor Ricardo Berna. A bola estava muito à frente, mais para o goleiro do que para o flamenguista, que não o impediu de arriscar o carrinho, podendo atingir e machucar Berna. A jogada culminou em falta e cartão amarelo a Ronaldinho, na minha opinião, merecido.

A discussão que se seguiu foi a seguinte: Ronaldinho Gaúcho foi maldoso no lance? Em outras palavras, agiu com dolo ou, no mínimo, com culpa – para usar a terminologia jurídica –, ou seja, com intenção de machucar ou sem qualquer cuidado para evitar o choque? Ou foi um lance casual, um acidente? Bem, neste caso, não deveria sequer ter tomado o cartão.

Pelo que observei, penso que Ronaldinho agiu sem a prudência necessária. Sabia que poderia atingir e machucar Berna, mas não se importou em dar o carrinho. Ademais, complemento: agiu levado por um cacoete ganho nos tempos de Europa. Explico. No Velho Continente, é praxe que jogadores entrem de forma ríspida, muitas vezes levando a lesões, sem que os árbitros considerem faltas ou, quando as marcam, mostrem cartões. Lances que para nós são de uma violência inadmissível, para os europeus são “do jogo”. Quem viu a atuação do lateral Flamini, do Milan, nas duas partidas contra o Totteinham, pelas oitavas de final da Champions League, sabe do que estou falando. O problema é que a coisa pode descambar, chegando a contusões sérias ou à deslealdade, como em outra partida, Roma 2x0 Lazio, pelo campeonato italiano, em que o brasileiro Matusalém pisou na cabeça de Totti. Literalmente! Detalhe: não tomou cartão!

No sentido disciplinar, os campeonatos europeus estão beirando às antigas disputas sul-americanas. Ironia do destino: enquanto nossa Libertadores vem se “europeizando”, cheia de fair play, alguns lances em torneios da Europa nos faz lembrar a velha “garra” uruguaia ou chilena.

Ronaldinho Gaúcho, assim como Roberto Carlos em seus primeiros jogos no Corinthians, não se apercebeu de que a tolerância para determinados lances, no Brasil, é bem menor do que na Europa. Aos poucos, vai se adaptar, assim como se adaptou o lateral. Aprenderá que por aqui a interpretação da arbitragem é bem diferente da europeia. Penso que, neste quesito, melhor para nós.

JFQ

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