quinta-feira, 24 de março de 2011

O “fico”, o “fui” e o “onde estou?” de Muricy

Muricy Ramalho recusou proposta da seleção brasileira em um momento especialíssimo da histórica futebolística nacional: a preparação para a Copa do Mundo que será realizada no país. Muricy – que já não era a primeira opção da CBF, no caso, Felipão – deixou de assumir a seleção por estar compromissado com seu clube, o Fluminense, em relação ao qual, em conformidade com o perfil ético que procura demonstrar, deveria cumprir suas obrigações até o fim. Assim o fez. E reafirmou sua conhecida competência, levando o Tricolor das Laranjeiras a um título brasileiro que não conquistava desde 1984.

Neste ano, porém, priorizando a Libertadores, o Fluminense começou a passar por maus bocados no principal torneio sul-americano. Apesar do favoritismo, o time não conseguiu somar mais do que dois míseros pontinhos em três jogos, contra Nacional do Uruguai, Argentino Juniors e América do México, sendo dois em casa. Os maus resultados foram debitados, não a Muricy ou ao desempenho dos jogadores em campo, mas aos muitos e constantes desfalques. Jogadores fundamentais como Fred, Emerson, Conca e Deco passaram a frequentar mais o departamento médico do que os gramados. O motivo, se puxarmos o fio da meada, da revolta do treinador, seria a falta de “estrutura” do clube. Desde os funcionários – Fred chegou a responsabilizar o médico do clube pelas dificuldades em sua recuperação – até o gramado duro, que levaria às lesões. Em protesto contra a tal falta de estrutura, Muricy, que permaneceu no Fluminense quando chamado por Ricardo Teixeira para comandar a seleção, pediu o boné e abandonou o barco tricolor.

Pergunta: será que Muricy não poderia ter aproveitado a oportunidade do convite da CBF para, de uma cajadada só, manifestar seu descontentamento com a “estrutura” do Flu e se tornar técnico da seleção? Ou o treinador, naquele momento, ainda não tinha total conhecimento das reais condições da “estrutura”? Claro que tinha. A hipótese mais plausível é a de que a direção do clube estaria comprometida com investimentos, mas, com a eleição de Peter Siemsen para a presidência do Flu, no final de 2010, os mesmos investimentos não vieram, o que provocou a decisão de Muricy.

Agora, “em férias”, Muricy Ramalho desconversa sobre o assédio declarado do Santos e se mantém em off, longe das câmeras e do futebol. Mas, até quando? Aliás, estaria o treinador ansioso pelo resultado de Brasil x Escócia, no domingo, e pelo que isso possa causar à continuidade do trabalho de Mano Menezes?

JFQ

Nenhum comentário:

Postar um comentário