quarta-feira, 2 de março de 2011

Lançando na área

Hoje

Quando o dia amanheceu, hoje, 2 de março de 2011, os dissidentes do Clube dos 13 acordaram sob a ameaça de sofrerem sanções do CADE se as negociações (caso a caso) com a Rede Globo, para a transmissão do Brasileirão 2012/2014, ferirem a livre concorrência.

Também hoje o Sport acordou único campeão brasileiro de 1987, por decisão do senhor Francisco Alves (nome de cantor), juiz da 2ª Vara Federal de Pernambuco.

Tudo isso, hoje. Amanhã, ninguém sabe. O futuro a Deus pertence.

Falando nisso, hoje, mais uma vez desde 1989, Ricardo Teixeira acordou presidente da CBF.

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A perda do torcedor ilustre

Diz a lenda que o Cruzeiro tem apenas 18 torcedores. Não me refiro à Raposa de Belo Horizonte, mas ao seu homônimo de Porto Alegre, que, apesar da boa campanha no Gauchão 2011, perdeu a chance de ir à final da Taça Piratini, após derrota por 4 a 2 para o Grêmio. Pior do que isso, perdeu seu torcedor mais ilustre, o escritor Moacyr Scliar, membro da Academia Brasileira de Letras, falecido no mesmo domingo em que o Cruzeiro foi desclassificado, no Olímpico. Pobre Cruzeiro! Derrotado em campo, desfalcado em sua torcida, já tão escassa. E que desfalque!

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Pais e Filhos


Quem, apesar de boleiro, não caiu na ignorância da discriminação sexual – sim, infelizmente, os fatos mostram que há uma relação –, fica comovido em ouvir a modelo Lea T falar de sua vida e de sua luta para ser quem é. Considerada uma das principais top models do mundo, Lea T nasceu Leandro, um menino. Aos poucos descobriu e assumiu sua condição. Para sua sorte, encontrou no pai, o excepcional Toninho Cerezo, ídolo no Galo, no São Paulo, na Sampdoria e na seleção brasileira, um apoio. Ao não rechaçar o filho, tornada filha, Cerezo prova ser um pai de verdade, um craque dentro de campo e na vida.

Também comove a forma como Ronaldo aceitou a paternidade do garoto Alex, fruto de um relacionamento que tivera no Japão. Mais do que isso, Ronaldo passou a ser visto com freqüência junto a Alex e ao primogênito Ronald. Quem está acostumado à ênfase quase exclusiva na vida de baladas, escândalos e os casamentos desfeitos, é interessante notar esse lado “família” do Fenômeno. Da mesma forma que a aceitação de uma orientação sexual fora dos padrões convencionais, como no caso de Cerezo, a pronta acolhida de um filho – não apenas no âmbito formal, mas, sobretudo, afetivo – também é tarefa para homens fortes, para craques fora dos gramados. Que o diga o maior de todos os craques... dentro de campo.

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Perguntas e mais perguntas

Quem é o campeão brasileiro de 1987? Quem ficará com a Taça das Bolinhas? Qual será o estádio de abertura da Copa de 2014? O Fielzão será construído a tempo? O Morumbi, de fato, não reúne condições para abrigar a partida de abertura do Mundial? Por que vários clubes decidiram sair do Clube dos 13 justo agora, quando está marcada uma concorrência que, em tese, aumentará muito suas receitas? Negociações clube a clube são mais vantajosas a quem? Os valores de referência da licitação são os de mercado ou foram elaborados para forçar a Globo a pagar mais? Até quando Ricardo Teixeira será presidente da CBF? Quando sair, será presidente da FIFA? Teixeira lançaria Andrez Sanchez como seu sucessor? A homologação do título do Flamengo em 87 tem relação com sua possível saída do C13? A saída do Corinthians do C13 facilitará a construção do Fielzão e sua utilização na Copa 2014? Os títulos da Taça Brasil e do Robertão, homologados como títulos brasileiros, também serviram para cooptar clubes junto à CBF? A CBF e/ou a Rede Globo estão oferecendo alguma vantagem para os clubes saírem do C13? Por que a Record e a Rede TV! estão tão quietas? O vice-diretor de comunicação e marketing do São Paulo, Julio Casares, também é diretor de projetos especiais da Record? Por que a Globo não noticia o imbróglio envolvendo o C13 nos seus telejornais esportivos? Afora a ESPN, a TV Cultura e a Gazeta, quem fala do assunto? A quem interessa o quase monopólio exercido pela Rede Globo? Quão fundamental é o futebol para a sustentação do quase monopólio “global”? Ou é o futebol que precisa da Globo para vender todas as marcas e produtos a si associados? A imensa hegemonia da “vênus platinada” não lesa os clubes, os torcedores, os telespectadores, enfim, os brasileiros? Não fere o direito econômico, logo, não deveria ser passível de alguma medida do CADE? Tratando-se de uma concessão pública, a questão não envolve também interesse público, além de interesses comerciais privados? O futebol é uma mercadoria comum ou um bem cultural, logo, passível de tratamento especial, cujos brasileiros têm o direito constitucional ao acesso? No caso da negociação clube a clube, os times menores não tendem a ser prejudicados? Se o negócio for bom apenas aos grandes, o futebol brasileiro, como um todo, não tende a ser prejudicado? Tomando os exemplos norte-americanos, qual seria o melhor modelo de transmissão: o do beisebol, o da NFL, o da NBA? Como melhor conciliar os interesses comerciais da TV, dos clubes e os interesses esportivos do país? Como gerar bons negócios preservando o futebol e os torcedores? Quem está interessado nisso tudo?????

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O horário dos jogos

Independentemente de qual(is) emissora(s) transmita(m) os jogos do Brasileirão no ano que vem, caso haja o mínimo respeito pelos torcedores – e não apenas apreço por retornos comerciais e questões de grade da programação –, deve mudar os horários das partidas. Os jogos noturnos, que há algum tempo ocorriam por volta das 21 h, começam, hoje, às 22h. Desrespeito com o torcedor que vai ao estádio, e enfrenta muitas dificuldades para pegar a condução de volta para casa (em São Paulo, por exemplo, o metrô fecha à meia-noite), chega tarde e precisa trabalhar no dia seguinte. Desrespeito também ao torcedor que assiste à partida pela TV, já que vai dormir tarde e tem que acordar cedo outro dia. Mas, afinal, o que importa isso se o horário se encaixa perfeitamente na sequência dos imperdíveis JN e a novela “das oito”?!

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Por favor, derretam a Taça das Bolinhas

O Flamengo, finalmente – oportunamente, diria Ricardo Teixeira - , pode ser oficialmente considerado campeão brasileiro de 1987. Juntamente com o Sport, que não gostou nada disso. Hoje, como dito acima, recuperou na Justiça o direito de se dizer único campeão de 87. Caso o Mengo reverta isso – o que é bem possível – poderá se considerar o primeiro pentacampeão do campeonato brasileiro. Entenda-se bem: do campeonato brasileiro. Já o primeiro campeão brasileiro é o Santos, desde a homologação dos títulos da Taça Brasil como títulos brasileiros, pela CBF. Quer dizer, isso se considerarmos os campeões de fato, histórica ou cronologicamente tomados. No entanto, caso analisemos o primeiro campeão de direito, este é o São Paulo, já que o Flamengo só ganhou 87 e o Santos, os títulos de 61 a 65 e 68, em 2011. Haja confusão!!! Solução: façam com a famigerada Taça das Bolinhas o que não deveriam ter feito com a Jules Rimet: derretam-na!

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O apito lá e cá

Fico possesso com certos comentaristas que não se cansam de enaltecer a arbitragem na Europa, em comparação à nossa, porque “lá não se para o jogo por qualquer faltinha”. Na verdade, muitas vezes deixam de dar faltas em lances cujo desfecho deveria ser cartão vermelho imediato e abertura de ação judicial por tentativa de homicídio.

Acredito que o “estilo europeu” advenha, em boa medida, não de uma concepção de “deixar o jogo rolar”, mas por serem arbitrados por juízes bananas. Explico: o árbitro fica tímido diante de um jogador que se impõe; logo, tem medo de prejudicar seu time – especialmente quando joga em casa – e, mais ainda, de punir.

Quem assistiu à vitória do Totteinham sobre o Milan, por 1 a 0, em Milão, pela Liga dos Campeões, certamente ficou abismado com o showzinho à parte do “raçudo” (leia-se: destemperado e grosso) Gattuso e com a falta de pulso do árbitro francês Stephane Lannoy. Para quem não se lembra, Lannoy é o mesmo árbitro da partida Brasil 3x1 Costa do Marfim, na Copa 2010, em que: 1) Luis Fabiano marcou um golaço, após matar a bola com o braço; 2) Tioté não foi expulso após quase quebrar a perna de Elano; 3) Kaká foi expulso por cair na encenação de jogador adversário. Precisa falar mais alguma coisa?


Na partida do Milan, Gattuso e Lannoy poderiam formariam uma dupla: a besta fera e a besta quadrada. Enquanto o italiano deu chiliques, nervoso pelo resultado adverso em casa, agredindo dirigentes e jogadores do time adversário, o francês, além de não ter pulso para expulsá-lo, também deixou de mostrar o cartão vermelho a Flamini, do Milan, em entrada violentíssima que tirou o croata Corluka do jogo. De bom na partida, apenas as grandes defesas do brasileiro Gomez, goleiro do Tottheinham.

Em compensação, acompanhei às partidas Cruzeiro x Estudiantes e Fluminense x Nacional, ambas pela Libertadores e ambas apitadas por Carlos Amarilla. O paraguaio praticamente não apareceu; ou seja, fez excelentes arbitragens. Pulso firme e sempre em cima do lance, Amarilla deu aulas de como apitar. Detalhe: quem conhece futebol sabe que numa partida em que um time brasileiro aplica 5 gols em um argentino (ou vice-versa), como ocorreu em Cruzeiro x Estudiantes, tem tudo para descambar em violência. Mas não foi o que aconteceu, graças aos jogadores, mas, ainda, à condução da partida por Carlos Amarilla.

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Violência

Uma cena passou quase incólume no jogo Treze, da Paraíba, versus São Paulo, pela Copa do Brasil. Não que tenha deixado de ser mostrada (veja vídeo abaixo), mas cabe a pergunta: vai ficar por isso mesmo? Outros jogos serão realizados nesse estádio depois do ocorrido? Os protagonistas da lamentável cena serão punidos? Cabe alguma punição ao Treze?

Eis uma mostra da violência na sociedade brasileira. Por sorte, o desfecho não foi trágico, quer dizer, não houve mortos ou feridos. Por sorte...

Violência, aliás, que vitimou o ex-árbitro José Roberto Godói, baleado em tentativa de assalto, em São Paulo. Apesar de ferido, Godói resistiu e já recebeu alta. Por sorte...



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O artista e a celebridade, a bola e a imagem

Quem quiser acreditar, que acredite. Há quem leve muito a sério a estória de que Kaká de fato esteja pensando em vestir a camisa do Corinthians. Há outros, como eu, que pensa ser esse mais um exemplo de mania de grandeza do Timão (ão!, como na propaganda de cerveja). Talvez por influência das pré-temporadas em Itu.

Os que levam a coisa a sério têm como argumento principal o seguinte: Kaká ganharia muito dinheiro voltando ao Brasil. Mas, como? O Corinthians teria condições de lhe oferecer um salário maior que o hoje ganho no Real Madrid? Quem falou em salário?, responderiam: o dinheiro viria da exploração de sua imagem, o tal marketing pessoal.

Sim, eis a novidade destes tempos: o dinheiro da imagem supera o salário, antigamente conhecido como a remuneração do trabalho. A propósito, o próprio trabalho – o que se faz em campo, reflexo de talento aliado a horas e horas de treinamento – perdeu espaço para o que se faz fora, no âmbito particular. Ou melhor, acabou-se o tal âmbito particular: tudo fora do trabalho convencional continua a ser trabalho, o trabalho de venda da imagem. As diferentes mídias viraram a segunda casa – ou o segundo trabalho – de certos jogadores. Privacidade? Esqueçam. E, por favor, não reclamem da invasão!

Mais que jogar bola, driblar, dar assistência ou marcar gols, o negócio é firmar-se como um lucrativo garoto propagada. O negócio é explorar a própria imagem para vender marcas e produtos. De sandálias a cartões de crédito, de produtos de higiene a cervejas. Não é à toa que Ronaldo, ao sair do futebol, entrou direto no ramo do marketing esportivo, no “gerenciamento da imagem” do atleta. Anderson Silva, o lutador, é seu cliente. Kaká também poderia ser?

Nesse processo, ocorre com esportistas o mesmo que já ocorria com outros artistas. Atores e atrizes, por exemplo. Não importa a qualidade da arte demonstrada nas telas ou palcos, mas a repercussão das fotos e vídeos veiculados em revistas e programas de celebridades. Eis a palavra: celebridade. Pessoas tornadas ícones, forçosamente mitificadas, reinando nas várias mídias, cuja presença tem cada a vez menos relação com o talento ou a capacidade artística, esportiva ou seja lá de qual natureza for.

Parafraseando Benito di Paula: seria muito bom, seria muito se legal, se cantor, compositor, ator ou jogador de futebol pudesse ser, acima de tudo, celebridade.

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Ops, caiu de novo


Adilson Batista está em pleno inferno astral. Após a fatídica derrota para o Estudiantes na final da Libertadores 2009, quando deixou o Cruzeiro, após 3 bons anos, Adilson não teve vida longa em nenhum clube. No Corinthians, sua passagem foi associada ao declínio do time no Brasileirão 2010. Mano Menezes deixou o time do Parque São Jorge na liderança do campeonato quando assumiu a seleção brasileira, dando o lugar a Adilson. O que ninguém se lembra é que, nesse mesmo período, vários jogadores titulares ficaram contundidos, obrigando o novo treinador a improvisar em várias partidas.

Já no Santos, Adilson substituiu Dorival Junior – após o comando “tampão” de Marcelo Marttelote, hoje de volta –, que também saíra consagrado do clube, apesar de desacatado por Neymar. As inovações de Adilson não surtiram o efeito desejado. O time caiu no Paulistão e o técnico passou a sofrer críticas da torcida. Especialmente pela insistência em deixar Mailkon Leite e Zé Love na reserva.

As passagens curtas por Corinthians e Santos causam um grande prejuízo na imagem de Adilson, até há pouco visto como um técnico dos mais promissores do futebol brasileiro. Seria o caso de procurar a nova agência de Ronaldo?

JFQ

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