quinta-feira, 17 de março de 2011

A conta das migalhas

Paulo Vinicius Coelho


O Coritiba é um dos clubes que pretendem negociar separadamente os direitos de transmissão do Brasileirão, triênio 2012/2014. Surpreendentemente, o presidente Jair Cirino estava no Clube dos 13 na abertura do envelope da licitação, sexta-feira.

O Coritiba recebe atualmente R$ 13 milhões por ano. A Globo oferece R$ 27 milhões, mas a projeção é que arrecade R$ 34,5 milhões, pelos valores mínimos estipulados pelo Clube dos 13. A diferença é de R$ 7,5 milhões.

Um dos bons argumentos para assinar com a Globo é que ela dá mais visibilidade aos patrocinadores. Hoje, o Coritiba vende o patrocínio de sua camisa por R$ 6 milhões, menos do que a diferença entre o que a Globo se dispõe a pagar e o que o Coritiba arrecadaria negociando em conjunto.

Ainda há quem aposte que a guerra dos direitos terminará quando a Rede TV! depositar a primeira parcela, em um mês. Serão R$ 300 milhões, o equivalente a 20% do total a ser pago pelos três anos de contrato. Jair Cirino não estava na sede do Clube dos 13, na sexta, por causa da cor dos olhos de Fábio Koff. Estava pela cor do dinheiro.

Seu clube tem dívidas bancárias com vencimento na segunda-feira. Não há dinheiro em caixa, e seu avalista é o Clube dos 13.

Contas desse tipo existem em quase todos os clubes. O Botafogo deve R$ 61 milhões ao Clube dos 13 e já recebeu todo o dinheiro a que tinha direito pelo contrato de TV até outubro. O presidente Maurício Assumpção alega que decidiu sair da negociação conjunta por não conseguir se livrar de uma divisão de receitas que faz com que arrecade 40% a menos do que o Flamengo.

Hoje, o Botafogo recebe R$ 22 milhões. "Vou dobrar esse valor negociando sozinho", diz Assumpção. Em conjunto, a projeção é que o Botafogo saltaria para R$ 53,5 milhões.

Clubes de torcida média, como Coritiba e Botafogo, podem perder negociando sozinhos. Flamengo e Corinthians podem ganhar mais.

O Botafogo também considera a visibilidade de seus parceiros na Globo. O clube avalia o patrocínio de sua camisa em R$ 10 milhões -a diferença entre negociar sozinho ou em conjunto, R$ 9,5 milhões-, mas jogou a maior parte da Taça Guanabara sem patrocinador.

Esse dinheiro faz diferença. Ou não seria necessário receber empréstimo de R$ 8 milhões da CBF, seis dias antes da eleição do Clube dos 13. Maurício Assumpção votou no candidato que agradava Ricardo Teixeira.


* Publicado na Folha de S.Paulo, em 13/03/2011.

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