quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bienvenidos

Rodrigo Bueno


O momento do futebol brasileiro faz pensar. O título invicto do Corinthians na Libertadores e a chegada de renomados jogadores internacionais apontam para a força atual dos clubes do país, algo que vai na contramão da seleção brasileira, só a 11ª colocada no ranking da Fifa.

O cenário lembra um pouco o da Espanha de antigamente: clubes poderosos e seleção enfraquecida. Retrato do crescimento da economia nacional, as últimas oito Libertadores tiveram ao menos um time brasileiro na final, e todas essas edições foram concluídas no Brasil (sinal de que um clube do país teve melhor campanha).

O abismo que se viu entre o ótimo Santos de Neymar e o histórico Barça de Messi não deve se repetir no Mundial próximo entre o milionário Chelsea (sexto no mundo em faturamento) em transição e o quase milionário Corinthians (25º no planeta em faturamento) encaixado.

Há quem possa classificar D'Alessandro, Deco, Forlán, Juninho, Loco Abreu, Luis Fabiano, Montillo, Renato, Ronaldinho, Seedorf, Vágner Love, Zé Roberto e alguns outros como decadentes, em fim de carreira ou sem mercado na Europa. Mas é fato que ainda são atletas caros, úteis e que poderiam estar jogando em outras ligas periféricas que pagam bem ou mesmo em clubes de médio porte no velho continente.

Dedé, Fred, Ganso, Leandro Damião, Lucas, Neymar, Paulinho, Ralf, Réver e Victor, entre outros, integram vasta lista de selecionáveis que estão no futebol brasileiro, que tem cobiçado nomes como Beckham, Conca, Del Piero, Diego, Kaká, Lugano, Nilmar e Riquelme. Alguns dos principais técnicos do país estão entre os mais bem pagos do mundo, e a perspectiva é que a injeção de dinheiro no esporte só aumente até 2014, quando haverá Copa aqui e modernos estádios darão uma cara ainda mais europeia ao futebol nacional.

Não acho que tudo seja ouro de tolo (talvez o ouro em Londres seja) e concordo que há um certo exagero no que é gasto hoje no futebol. No entanto, se o Campeonato Brasileiro nunca virar uma NBA, ao menos vive um bacana e singular momento de vitrine mundial.

A CBF, ainda atrasada no tempo, deveria rever o limite de estrangeiros por clube em seus torneios. Aumentar para cinco "gringos" por time (número de "forasteiros" do Inter) me parece algo sensato, que ampliaria a atratividade do Brasileiro e o domínio nacional nas competições sul-americanas (sem grande prejuízo para a seleção).

Pelas festas de apresentação de jogadores que tenho visto no país, milhões aprovam a ideia.



Publicado na Folha de S.Paulo, em 11/07/2012.

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