quarta-feira, 5 de maio de 2010

O susto e a humildade


O São Paulo, segundo entre os melhores primeiros colocados na fase de grupos, teve a “sorte” de pegar o “fraco” Universitário, do Peru, nas oitavas. Mas o que era para ser um passeio mostrou-se um martírio. Está certo que o Tricolor teve lá seus deméritos pelo imprevisto sofrimento, especialmente pela incompetência em concretizar as tantas oportunidades de gol criadas. Culpa dos atacantes, de Ricardo Gomes? Um pouco de cada, mas não é só.

Após o 0x0 na casa do adversário, ontem, outro 0x0 que bem poderia ter sido 5x0, tantas foram as vezes que o São Paulo chegou próximo ao gol do Universitário. Por fim, pênaltis e eis que se reafirma pela enésima vez o heroísmo de Rogério Ceni, o maior ídolo da história são-paulina. Para ficar ainda mais dramático e heroico, quis o destino que Ceni perdesse a sua cobrança, forçando com que sua responsabilidade como goleiro – sim, é bom lembrar que é essa a posição de Rogério: goleiro – aumentasse exponencialmente. Não deu outra: Rogério pegou duas cobranças, uma outra foi chutada para fora e, mesmo dando coices e relinchando imponentemente, a zebra não cavalgou no Morumbi. O São Paulo classificou-se para as quartas e deve pegar, provavelmente, o Cruzeiro, seu algoz em 2009. Aguenta, coração!

Do susto Tricolor, vale dizer, fica uma lição importantíssima, inclusive para mim. Eu, que até ontem estava convicto de que um brasileiro será o campeão da Libertadores e que o vitorioso na disputa de hoje entre Corinthians e Flamengo estará na final do torneio – especialmente porque o Velez, até então, um possível e o mais difícil adversário antes da final, foi eliminado pelo Chivas –, precisei rever meus conceitos. Há que se entender que Libertadores é Libertadores, que não há nada fácil, assim como nada perdido. O Universitário, do Peru, fez lembrar, não apenas ao São Paulo, mas a todos os brasileiros, que os Banfields, Libertads e Universidads da vida não são favas contadas em termos de classificação. Aliás, isso não é novo, apesar de termos – eu, pelo menos, faço o mea culpa – dificuldade em aprender. Afinal, o Once Caldas não foi campeão em 2004? A LDU não venceu o Fluminense, que eliminara São Paulo e Boca Juniors, em 2008? Agora, também me lembro do brioso Santo André, que por muito pouco não tirou a taça das mãos do todo-poderoso Santos. Penso na Copa e já começo a respeitar a Coréia do Norte...

Enfim, para se vencer uma Libertadores, assim como, por que não dizer, as incontáveis adversidades da vida, é fundamental que se tenha eficiência e muita garra. Mas, além disso, é imprescindível um outro ingrediente: humildade.

JFQ

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