quarta-feira, 5 de maio de 2010

O espírito de 84

Perdoem-me os adversários e os rivais mais tradicionais, cruéis secadores nesse momento crucial. Peço licença para falar como torcedor. Afinal, trata-se de Libertadores, nossa obsessão.

O ano: 1984. Campeonato brasileiro, quartas de final. No primeiro jogo, o timaço do Flamengo aplicara “só” 2x0 no frágil Corinthians. Quer dizer, frágil em termos, já que era o bicampeão paulista e ainda contando com o genial doutor Sócrates. Do lado do Mengo, contudo, talvez o mais genial jogador daquele tempo em todo o mundo: Zico. Para piorar, além do Galinho, o rubro-negro contava com um jovem atacante baiano chamado Bebeto, ligeiro que só ele.

No entanto, perguntando aos corinthianos – que jamais havia levantado um título nacional, ao contrário do adversário, nada menos que o então campeão brasileiro –, o otimismo era observado com facilidade. A frase recorrente na Fiel em relação ao jogo de volta, em que o Corinthians precisava de uma vitória por dois gols de diferença para garantir a classificação: “O Timão pode até não se classificar, mas é certeza que ganha do Flamengo. Certeza!”. Impressionante: esse era o espírito geral dos corinthianos, valentes como nunca. Perdido por perdido, truco! E se o Flamengo é grande, o Corinthians é imenso. E o jogo é na nossa casa.

Resultado: o Corinthians entrou arrasando, como uma jamanta desembestada, muito embora tenha sofrido seus calafrios no começo da partida, sobretudo com as investidas de Zico e Bebeto. Mas o ataque foi um verdadeiro furacão sobre o gol do pobre goleiro argentino Fillol. Quando se deu por si, o alvinegro já tinha os dois gols a favor no placar. Só que, como se escutasse os gritos de “não para, não para, não para”, popularizado tantos anos depois, continuou em cima do poderoso time da Gávea e fez mais dois: 4x0. Ao final, ainda tomou um gol esquisito em uma bola prensada entre Paulinho e Adílio, que encobriu Carlos. Os 4x1, placar final, coroou a garra corinthiana com a justíssima classificação.

Se a história se repete, mesmo como farsa, que se repita hoje no Pacaembu. Que renasça o espírito de 84. Afinal, aqui é Corinthians!

JFQ


No meio da semana, a Gaviões foi em peso ao treino do Corinthians para incentivar o time.
Esse é o espírito!

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