quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Vingança e homenagem



Corinthians 3x1 Santos

Em tarde de muita chuva no Pacaembu, o Corinthians manteve a invencibilidade no Paulistão – além de mais uma vitória sobre arquirrivais –, aplicando um convincente 3 a 1 sobre o Santos. Sobretudo, foi uma tarde de homenagem a Ronaldo, o ídolo recém-aposentado.

Antes da partida, o Fenômeno, acompanhado dos filhos Ronald e Alex, desceu ao gramado vestindo uma camisa em que afirma amor eterno ao Corinthians. Discursou, agradeceu, recebeu uma placa das mãos do presidente corinthiano e reforçou a condição de “mais um louco no bando de loucos”. Os ex-colegas de clube entraram em campo com uma outra camisa em que se lia “Ronaldo, eternamente em nossos corações”. Além disso, na camisa de jogo, cada jogador tinha o número 9 nas costas.

Tudo muito bom, bela homenagem. Só que o melhor estava por vir. Elenco compenetrado, sabedor da pedreira que era o adversário, o Timão impôs forte marcação e foi implacável nos ataques. Fábio Santos revelou uma qualidade pouco conhecida da sua nova torcida: a de grande batedor de faltas. Marcou um golaço.

Se a qualidade do chute de longa distância de Fábio Santos não era tão conhecida, ninguém poderia alegar desconhecimento quanto à mesma qualidade em Elano. O que não impediu que o ex-titular de Dunga mandasse um tirombaço indefensável no ângulo esquerdo de Júlio César: 1 a 1.

O segundo tempo começou e com ele, a tempestade. Mas quem se adaptou muito bem à água não foi o Peixe, e sim, o Mosqueteiro. À la Robinho, Dentinho entrou na área santista às pedaladas e qual o Rogério da final de 2002, Adriano perdeu o tempo da bola e derrubou o corinthiano. Pênalti convertido por Fábio Santos, o artilheiro do dia. Vingança consolidada.

Só que a partida não tinha acabado. Se Dentinho repetira o Robinho de 2002, Liedson resolveu repetir Ronaldo – o homenageado do dia – na final do Paulistão de 2009. O golaço de Liedson, encobrindo Rafael, foi imediatamente associado àquele de Ronaldo em cima de Fábio Costa, certamente o mais bonito que o Fenômeno fez com a camisa do Timão.

Após a vexatória desclassificação da Libertadores, o Corinthians parece ter começado a engrenar. Destaque para Liedson, uma excepcional – apesar de tardia – contratação. Destaque também para Ralf, que a cada jogo vem provando ser um dos melhores volantes em campos brasileiros.

O Santos, por sua vez, continua bem na tabela e, pelo menos no papel, a ser um grande time, talvez o melhor do país na atualidade. Apesar disso, Adilson Batista começa a ouvir os gritos hostis de parte da insatisfeita torcida santista. Gritos, aliás, parecidos com os que ouviu há pouco tempo justamente no Corinthians. Os próximos jogos serão decisivos para seu futuro no Santos. A insistência em Diogo, no lugar de Zé Love, e em deixar o rápido Maikon Leite no banco, podem abreviar sua passagem pela Vila Belmiro.

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Líder limitado

Mogi Mirim 0x0 Palmeiras


Mesmo permanecendo líder, o Palmeiras vem cada vez mais demonstrando suas fragilidades. Assim como a árdua missão em fazer uma boa campanha com um elenco nitidamente limitado. Kleber merece cada vez mais o apelido de Gladiador, tamanha a luta para vencer zagas adversárias praticamente sozinho. Apesar da volta de Valdívia, ainda longe de sua melhor forma, não é o chileno o atacante capaz de formar boa dupla de ataque com Kleber. Falta um matador, um atacante de peso, com faro de gol. Felipão gostaria de ter Grafite, hoje no futebol alemão, mas a diretoria já sinaliza que a contratação é difícil. Enquanto isso, o Palmeiras vai de Kleber, Valdívia e uma série de jogadores, na melhor das hipóteses, razoáveis.

O goleiro João Paulo, do Mogi, foi o nome da partida. Um verdadeiro paredão diante de tentativas infindáveis do Palmeiras, que, diga-se de passagem, também tomou seus sustos.

O Palmeiras ainda é líder, mas já se pode notar uma queda na empolgação da torcida após série de vitórias sucessivas. E suadas.

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Oito mais oitenta

São Paulo 4x0 Bragantino


Para mim, o São Paulo é o favorito à conquista do título paulista de 2011. Carpegiani parece ter encontrado, finalmente, a fórmula de organização das jogadas de ataque que há muito tentava com Marlos, após a saída de Hernanes. A solução responde pelo nome de Lucas. O garoto resolveu se emancipar e mostrar que não é apenas uma promessa, mas uma realidade. Com Dagoberto e Fernandinho abertos – prescindindo de um centroavante e de organizadores de jogada com característica de cadenciar as jogadas, como Fernandão –, e Lucas vindo de trás, os ataques são-paulinos aumentaram a velocidade e a eficácia. Com triangulações rápidas e bastante objetivas, em poucos toques a bola surge nos pés de algum atacante frente a frente com o goleiro.

Na partida contra o Bragantino, isso foi uma constante. E os gols surgiram, um atrás do outro.

Além de Lucas, Casemiro e William José mostram a força tricolor da garotada. Aliada à experiência de veteranos como Rivaldo e o ídolo maior Rogério Ceni, o São Paulo tem tudo para se fortalecer cada vez mais.

JFQ

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