domingo, 11 de julho de 2010

De volta ao princípio


Alemanha 0x1 Espanha (Semifinal)

Antes de iniciada a Copa, a maioria dos comentaristas apontavam oito seleções como favoritas ao título. As campeãs, com exceção do Uruguai – há muito rebaixado do primeiro time das expectativas gerais –, e duas seleções que sempre prometem, mas nunca chegam aos finalmentes: Holanda e Espanha. Eis que estas duas seleções farão a grande final da Copa do Mundo da África do Sul.

A Alemanha não era tão acreditada, apontada como favorita quase que “por inércia”. Afinal, trata-se de um “gigante”, nos termos “galvão-buênicos”. E jamais houve uma final de Copa sem a presença de um gigante: Brasil, Alemanha, Itália ou Argentina. A Espanha, por outro lado, prometia em campo, mas não na história. A sina de sempre pipocar, de nunca ter chegado a uma final, de certa forma enfraquecia a aura de favorita da Fúria, em que pese o título da última Eurocopa e o futebol bonito e eficiente à la Barcelona.

Iniciada a Copa, as expectativas se inverteram em campo. A Alemanha, apesar do tropeço na segunda partida contra a Sérvia, mostrara um futebol leve, agressivo e bem organizado. Nada parecido com a velha Alemanha: dura, fria, previsível, muito embora eficiente e vencedora. Essa nova Alemanha dos garotos Özil, Khedira e Müller, ganhara, com méritos, o status de sensação da Copa com um estilo mais parecido com a América do Sul do que com a Europa, despachando Inglaterra e Argentina com goleada.

A Espanha, por outro lado, iniciou o Mundial com uma derrota para a Suíça e teve sua classificação para as oitavas colocada em risco, superado por vitórias magras, sempre na dependência de David Villa, sobre as fracas seleções de Honduras e Chile. Em outros jogos sofridos – em determinados momentos, também sofríveis – a Espanha fez o básico 1x0 em Portugal e no Paraguai, para desespero dos fãs de Larissa Riquelme. Detalhe: contra o Paraguai, houve pênaltis perdidos pelas duas equipes, e os nossos vizinhos estiveram muito perto de aprontar uma surpresa histórica. Em suma, a Espanha foi passando as fases, mas esteve longe de fazer valer o apelido de Fúria.

Eis o desenho para o confronto entre Alemanha e Espanha nas semifinais, repetição da final da Eurocopa, conquistada pelos espanhóis. De um lado, a Alemanha que chegara desacreditada, tornada favorita e sensação da Copa. De outro, a Espanha que chegara como a grande Fúria, mas que, nos campos sul-africanos, não amedrontava nenhum adversário. Mas as expectativas iniciais resgatadas justamente na semifinal.

Quem esperava uma Alemanha partindo para cima, sufocando o adversário, como se vira anteriormente, ficou pasmo com o renascimento espanhol. O time de Vicente Del Bosque tomou as rédeas do jogo, e comandou a partida do princípio ao fim. Sufocou a Alemanha na sua saída de bola. Mesmo assim, os alemães recusavam-se a despachar a bola, rifando a jabulani com um chutão para a frente. Só que, apesar dessa tentativa em manter o toque de bola característico, os alemães arriscavam-se em demasia: uma roubada de bola poderia ser fatal.

Dessa forma – tocando à exaustão, fazendo a bola girar de lado a lado, quando da posse da bola, e pressionando a saída alemã, quando sem ela –, a Espanha praticamente anulou os ataques da Alemanha e produziu seguidas chances de gol. Até que aos 27 minutos do segundo tempo, em uma cobrança de escanteio cobrada por Xavi, Puyol surgiu na área para cabecear forte e marcar o gol da classificação. Espanha: 1x0, mas poderia ter sido bem mais.

A Espanha foi soberana. Anulou a má impressão das partidas anteriores e voltou a merecer a alcunha de Fúria. Voltou a mostrar que tem uma equipe excelente, talvez a melhor Espanha de todos os tempos – com todo o respeito à era dos naturalizados Di Stefano e Puskas. Além disso, superou uma equipe que, mesmo não sendo campeã, quiçá também seja a melhor Alemanha dos últimos tempos – com todo o respeito a Rummenigg, Mathaus, Klisman e outros.

A Fúria jamais chegara a uma final, ao contrário de sua próxima adversária, a Holanda: finalista pela terceira vez. Mas, diferentemente da Espanha, não dá para dizer que esta Holanda é melhor que aquela de Cruyff, Resembrink e Neskeens.

JFQ

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