segunda-feira, 1 de março de 2010

Pitacos da Última Rodada

Paulistão


Emocionante o clássico da rodada: Santos 2x1 Corinthians. A nova geração de meninos da Vila soube impor seu futebol alegre a um Corinthians nitidamente nervoso. Aliás, exceção feita à expulsão de Roberto Carlos, não há o que reclamar da arbitragem de José Henrique de Carvalho. O Corinthians fez muitas faltas, reclamando do juiz como se não as tivesse feito, inclusive no pênalti infantil cometido por Roberto Carlos.
A propósito, Neymar, talvez a maior promessa do futebol brasileiro e convocação certa para a seleção pós-Copa da África do Sul, precisa deixar as firulas e catimbas de lado. O goleiro corinthiano Felipe teve uma motivação extra para pegar o pênalti, após Neymar ter feito a gracinha de ir ajeitar a bola como se estivesse fora da marca da cal.
Paulo Henrique, o Ganso, outra promessa santista, exagerou um pouco nas faltas – tanto que levou cartão amarelo –, mas também deixou a marca do seu talento em campo. Do lado corinthiano, destaques positivos para o goleiro Felipe e para Dentinho, e destaque negativo para Elias, um tanto desligado em campo, errando passes em demasia, muito longe daquele bom jogador do meio da semana, na Libertadores.
Enfim, mesmo sem Robinho e correndo sério risco de ver uma vitória certa transformada em um frustrante empate – Tcheco perdeu um gol incrível no final do jogo – ao trocar a objetividade do gol pelos floreios e olés num momento de “já ganhou” (Madson também entrou em campo com esse espírito), o fato é que o Peixe foi claramente superior ao Timão. Mereceu a vitória e reafirmou sua condição de líder e, na minha opinião, favorito à conquista do título.

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Além de Neymar, o grande destaque da rodada foi o novo são-paulino Fernandinho. Contratado pelo tricolor junto ao Barueri – aquele time de Presidente Prudente –, após disputa com outros grandes clubes, a revelação Fernandinho mostrou a que veio. O São Paulo meteu 5 a1 no Monte Azul, e Fernandinho assinalou 4! Ótima contratação e futura dor de cabeça para os adversários do São Paulo.

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Após a boa estreia do técnico Antônio Carlos no comando do Palmeiras, na vitória contra o São Paulo, eis que a bruxa voltou a sair da toca. O Palmeiras conseguir perder para o lanterna Rio Claro, por 1x0.
A pergunta volta: agora vai, Verdão?


Copa do Brasil



Os times de segunda e terceira divisões, como fazem tradicionalmente, aprontaram para cima dos grandes na Copa do Brasil. É sempre bom lembrar que Criciúma, Santo André e Paulista de Jundiaí já foram campeões, além do que Brasiliense e Ceará já foram finalistas.
Santos e Fluminense, como já ocorrera ao Palmeiras, não conseguiram eliminar a segunda partida contra seus, em tese, frágeis adversários. O Peixe fez só 1x0 no Naviraiense-MS e o Flu, no sufoco, empatou por 1x1 contra o Confiança-SE. No caso do Verdão, a classificação veio em seguida, numa vitória tranquila contra o Flamengo do Piauí por 4x0 em pleno Parque Antarctica (xô, Asa de Arapiraca!).
Destaque para Obina, autor de cinco gols na acachapante vitória por 7x0 do Atlético Mineiro contra o Juventus do Acre.

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Quero deixar aqui registrado: na Copa do Brasil, aposto que o Botafogo de Joel Santana será o campeão, mesmo tendo perdido a primeira partida contra o São Raimundo-PA por 1x0. Esse torneio exige garra, aplicação e capacidade de superação, atributos que o Fogão já mostrou ter.
Além do mais, o Flamengo não está disputando a Copa do Brasil...

Libertadores



Cruzeiro, Flamengo e Corinthians passaram algum sufoco, mas venceram suas partidas na Libertadores, todas em casa. Os dois últimos, aliás, fizeram suas estreias no mais almejado dos torneios deste ano.
O Cruzeiro, após estar empatando por 1x1 contra o Colo Colo do Chile, arrancou uma vitória até certo ponto tranquila por 4x1. Já o Flamengo, mesmo com a expulsão boba de Williams no comecinho do jogo, conseguiu, mesmo com um jogador a menos, vencer o Universidad do Chile por 2x0. E o Timão, na obsessiva luta pela primeira taça sul-americana, tomou um gol logo aos 36 segundos, mas virou o jogo, vencendo por 2x1. Destaque para Elias, autor dos dois gols alvinegros, e menção honrosa para os até aqui apagados Souza, Tcheco e Roberto Carlos. Além de Mano Menezes que, arriscando em substituições improváveis – Souza no lugar de Defederico e Jucilei no de Alessandro –, melhorou a movimentação do time em campo.
Na quinta, o São Paulo pegou o Once Caldas, seu algoz em 2004, e, mesmo com Rogério Ceni tornando-se o maior artilheiro são-paulino em Libertadores, com 11 gols, não conseguir segurar o adversário colombiano, que venceu por 2x1.

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Lição da rodada: o “fator casa” mostra-se de fundamental importância nesse início de Libertadores. No caso dos times brasileiros, para o bem e para o mal.

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Aposto no Corinthians como campeão, por motivos semelhantes àqueles que utilizei para justificar meu palpite no Botafogo na Copa do Brasil. Além, é claro, de óbvias razões sentimentais.
E é bom lembrar: Palmeiras e River Plate não estão participando da Libertadores neste ano...


Pênaltis

A paradinha de Fred, no jogo do Flu contra o Confiança, e o chutão à la Baggio de Vagner Love, no Flamengo x Universidad Católica, são exemplos de cobranças de pênalti ousadas, arriscadas e, no caso, desperdiçadas. Após a moda do toque de leve no meio do gol – Marcelinho Carioca adorava chutar assim – e do retorno da paradinha, estou ficando convencido de que a melhor opção para o momento é o velho feijão com arroz: escolher o canto e bater firme.

Contagem regressiva para Rogério Ceni

No último jogo pela Libertadores, o goleiro são-paulino atingiu a marca histórica de 11 gols nessa competição. Superou Pedro Rocha, Palhinha e Müller, todos com dez gols, tornando-se o maior artilheiro tricolor de todas as Libertadores. Marca fantástica para um goleiro. Além disso, o gol foi o 88º de sua carreira na contagem oficial (extraoficialmente, Ceni conta 90 gols). Ou seja, considerando que Rogério deve jogar mais dois ou três anos, pode começar a contagem regressiva para o centésimo gol deste extraordinário goleiro. O que, para alguns comentaristas, equivaleria ao feito de 1000 gols para um jogador de linha.

Roberto Carlos, o exaltado

Caso ainda tenha pretensões de vestir a camisa da seleção em 2010 – algo muito, muito improvável – , o veterano lateral do Corinthians precisa compreender que marcar em cima, apertar o adversário, não significa aplicar faltas bruscas a todo momento. Roberto Carlos estreou contra o Bragantino, dando um carrinho despropositado, atingindo o banco de reservas corinthiano. Contra o Palmeiras, foi expulso com justiça após carrinho violento por trás em Clayton Xavier. Contra o Racing, tomou cartão amarelo de bobeira ao atingir, por trás, o zagueiro do time uruguaio. Contra o Santos, em vez de apenas cercar o meia Marquinhos, atingiu a perna deste, também por trás, provocando pênalti. Em poucos jogos pelo Timão, protagonizou as mencionadas cenas, típicas de jogador jovem, inexperiente – o que, definitivamente, Roberto Carlos não é – e já foi expulso duas vezes.
Enfim, Roberto: menos, menos!

O drible e o bullying no futebol



Sou absolutamente favorável ao drible e contra a interpretação de que se trata de um recurso antiético, destinado a subestimar o adversário. Pelo contrário: o driblador é o verdadeiro artista da bola e quem faz uma falta contra ele deve ser prontamente punido, não sendo admissível o argumento de “legítima defesa da honra”. A propósito, pode-se dizer que defensores como Gamarra ou Baresi eram craques, justamente por conseguirem impedir o drible sem cometer faltas.
Porém, há que se distinguir o drible – arma do craque, do jogador habilidoso – que objetiva o gol ou, pelo menos, o espetáculo (o que também é legítimo) da mera galhofa, da humilhação intencional e desrespeitosa contra o adversário. Esta, sim, deve ser coibida, por ter a única intenção de provocar o adversário, enervá-lo e, se possível, provocar sua expulsão. Fico com a impressão de que esse expediente seria uma forma de bullying – a prática de humilhações que jovens, nas escolas, utilizam como forma de autoafirmação às custas da honra alheia, dos mais fracos ou mais desprotegidos.
O lance em que Neymar, do Santos, dá um chapéu em Chicão, do Corinthians, é exemplo deste último, já que a bola nem mais estava em jogo. Também são exemplos disso as reboladas de Edmundo quando ficava à frente do adversário ou as famosas embaixadinhas de Edilson na final do Paulista de 1999 entre Corinthians e Palmeiras. O problema é que esses jogadores, em foco na mídia, são exemplos para outros jogadores que passam a imitá-los.

JFQ

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