segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Perdoe-nos, Abelão!

André Barcinsky
 
 
Depois de comemorar o título, todo torcedor do Fluminense tem uma missão: pedir desculpas a Abel Braga. Ele é o verdadeiro herói desse time. Ninguém foi tão criticado e soube, com a fidalguia que prega o hino do Flu, trazer esse título para as Laranjeiras.
Perdoe-nos, Abelão, pelas tantas vezes em que o xingamos e amaldiçoamos a sua teimosia. Em que reclamamos da retranca do time e de escalações que consideramos absurdas.
Que torcedor não chiou quando você insistiu com Bruno na lateral direita? Ou quando escalou Edinho, apesar de toda a gritaria por Valencia? Ou quando pôs Anderson na zaga? Ou quando manteve Thiago Neves no time titular, contrariando a torcida e os comentaristas?
Muitos esquecem que alguns dos destaques do time só o foram por insistência sua. Ou não foi você que promoveu Diego Cavalieri a titular? Que pediu tranquilidade e paciência na época em que Fred ameaçou sair das Laranjeiras? Que insistiu com a diretoria para renovar com Rafael Sóbis? Que não chiou quando perdeu Conca e deu força para os que ficaram? Que promoveu, com serenidade e paciência, a subida de uma geração de ouro dos juniores, como Marcos Junior, Samuel e Higor.
Demorou, Abel, mas hoje todos os tricolores sabem: você estava certo. Seus números dizem tudo: melhor campanha do segundo turno do Brasileirão de 2011; campeão carioca, melhor campanha na Libertadores (que perdemos por detalhe e azar, tendo jogado com o Boca sem meio time); melhor campanha da história dos Brasileiros de pontos corridos em 2012.
Ao longo desse tempo, aprendemos a lidar com suas idiossincrasias: se estamos ganhando, sabemos que você vai tirar o Wellington Nem e botar mais um volante. Muitos reclamam, mas, no fundo, confiamos em você. Afinal, ninguém ganha Libertadores e Mundial de Clubes, como você fez pelo Inter, enfrentando o favoritíssimo Barcelona, sem sabedoria.
O Fluminense de 2012 aprendeu com o Corinthians de 2011 que não é preciso dar show para empolgar. Uma defesa sólida e um contra-ataque mortal são armas poderosas. É um time traiçoeiro e seguro, que ganhou a confiança da torcida.
Desde o time tricampeão carioca (1983 a 85) e campeão brasileiro (1984), não confiamos tanto num time.
Ontem, em Presidente Prudente, ninguém se abalou quando cedemos o empate. Sabíamos que a vitória era questão de tempo.
E, Abel, as perspectivas para 2013 são as melhores: mais uma Libertadores, um novo CT, a recente mudança de estatuto que criou o sócio-futebol. Muita coisa boa junta.
Para completar, vibramos quando você gritou "Eu vou ficar!" para a torcida, acabando com rumores de uma saída. O Flu sem você não faz sentido. De quem vamos reclamar no ano que vem?
 
ANDRÉ BARCINSKY é torcedor do Fluminense.
Publicado na Folha de S.Paulo, em 12/11/2012.

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