quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Enfrentando o Kashiwa, pensando no Barça


Santos 3x1 Kashiwa Reysol
Mundial de Clubes 2011

Quase todos os que viram o jogo Santos x Kashiwa Reysol, hoje, pelo Mundial de Clubes, tinham na cabeça uma outra equipe. Ou, se preferirem, A equipe: o Barcelona. Com todo o respeito aos Mazembes da vida, penso que nem os mais ferrenhos rivais do clube da Vila Belmiro acreditavam na possibilidade de uma “mazembada” japonesa. Muito menos, em uma “mazembada” do catariano Al Arred, amanhã.



Isto posto, alguns comentários sobre a peleja do dia. Como toda a estreia – ainda mais se tratando de uma estreia eliminatória –, o jogo foi nervoso. Especialmente para os brasileiros, que carregavam o peso do favoritismo. Até os 19 minutos do primeiro tempo, o Santos era confuso e tinha menos posse de bola que o Kashiwa. Além da fase de estudos, que marca o início de partidas decisivas, o Peixe parecia buscar uma postura e uma dinâmica de jogo. Fiquei com a impressão de que Muricy testou uma formação já antevendo a final contra o Barça: laterais fixos atrás, meio campo mais congestionado e dois atacantes rápidos (um deles, genial). No entanto, se a intenção foi boa, o resultado não foi lá tão promissor.

A defesa foi eficiente: o Kashiwa conseguiu trocar passes perigosamente na intermediária santista e o lado esquerdo, onde Durval foi improvisado de lateral, mostrou-se vulnerável por três vezes. Imagine o que pode acontecer quando Messi, Xavi e Iniesta aparecerem trocando passes e quando Daniel Alves surgir no apoio. Bruno Rodrigo foi firme na marcação, mas à zaga peixeira parece ter faltado o entrosamento da dupla Edu Dracena-Durval.  

Também o meio-campo não foi capaz de articular sistematicamente jogadas de ataque. Tanto que os três gols originaram-se de lances isolados de criatividade individual. Paulo Henrique Ganso, ainda que tenha tido uma boa (razoável?) atuação, não desempenhou a contento o papel de maestro, de ditador do ritmo do time. Arouca foi o leão de sempre na marcação e na origem de contra-ataques com suas tradicionais arrancadas. Henrique foi confuso, um tanto perdido na marcação; risco: caberá a ele, primordialmente, marcar Messi. Elano foi mais um meia avançado pela direita do que um articulador ou um marcador; um tanto deslocado, sem função em campo, embora tenha se empenhado no primeiro tempo. Enfim, os quatro do meio se esforçaram, mas não jogaram como um conjunto.

Com efeito, o ataque, embora seja promissor, carece de receber mais a bola. Neymar e Borges não podem voltar tanto para buscar bola. Contra o Barcelona, que joga com os zagueiros mais adiantados, a velocidade de Neymar será fundamental, assim como o oportunismo de Borges e as assistências de Ganso.

Por falar em Neymar, seu gol foi espetacular. Eis o futebol: ainda que o time ou mesmo o craque não esteja jogando bem, um único lance de genialidade é capaz de mudar a história da partida e do campeonato. Está aí o maior trunfo do Santos: ter jogadores – sobretudo Neymar – capazes de protagonizar um lance genial.

Contra o Barça, o Santos não deve ter a pretensão de ser superior em posse de bola. Aliás, nem hoje parecia ter essa ambição. Se essa foi a característica do Peixe dos tempos de Dorival Jr., Robinho, Wesley e André, o “equilíbrio” construído na era Muricy Ramalho deixou isso um pouco de lado. E é bom não forçar a natureza, mormente contra um time expert no assunto.

O Santos deve ter atenção total durante toda a partida – lembrando-se que a equipe de Guardiola troca passes com paciência de Jó – e aproveitar contra-ataques. Também deve ter cuidado extremo com toque de bola na sua intermediária. Razão pela qual, creio, Muricy deva colocar Léo na esquerda e, quiçá, Danilo como volante, no lugar de Elano (neste caso, quem ficaria na lateral direita é a incógnita).

Também deve ter cuidado com a roubadas de bola no meio-campo, principalmente com Neymar, que perde a bola várias vezes em tentativas de dribles; contra o Barça, isso pode significar ataque fulminante.

Por fim, acredito ser uma boa dica ao Santos chutar de longe, arriscar. Cá comigo, tenho que o goleiro Valdes é o calcanhar de Aquiles deste Barcelona, um dos melhores escretes da história.

JFQ

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