terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Futebol Para Ler

Ídolos


Os dois livros abaixo foram lançados em 2009 e tratam de ídolos. No caso do livro de Washington Olivetto, há uma coletânea de minibiografias de jogadores corinthianos e de outros times. Já o livro de André Plihal trata de Rogério Ceni, um dos maiores ídolos da história do São Paulo Futebol Clube. A conferir:



Corinthians x Outros – Os Melhores Nossos
Contra os Menos Ruins Deles
Washington Olivetto
(Editora Leya Brasil)


Este livro, escrito por Washington Olivetto com colaboração preciosa do jornalista Celso Unzelte, é um verdadeiro deleite aos amantes do futebol, sobretudo os corintianos. Ilustrado com fotos inspirados na antiga coleção Futebol Cards, da Ping Pong, o livro reproduz uma série de jogos fictícios narrados pelo autor, entre o Corinthians de todos os tempos e outras 14 equipes, também de todos os tempos, cada qual escalada por um torcedor ilustre. Exemplos: Jô Soares escala o Fluminense, Samuel Rosa escala o Cruzeiro, Luís Fernando Veríssimo, o Internacional, José Serra, o Palmeiras, Fausto Silva, o Santos. E, claro, o próprio Olivetto escala o Corinthians de todos os tempos. Após os jogos, vencidos todos pelo Timão que, ao final, sagra-se campeão do todos os campeonatos possíveis, há uma minibiografia de um jogador corintiano e de outro, da equipe rival (Falcão, pelo Internacional, Canhoteiro, pelo São Paulo, Ademir da Guia, pelo Palmeiras, Tostão, pelo Cruzeiro, são alguns deles). Alguns jogadores constantes do selecionado mosqueteiro foram escalados também nos rivais: Gamarra, no Internacional, Rivellino, no Fluminense; Gilmar, no Santos. As minibiografias revelam alguns fatos curiosos, como a frustrada tentativa de Rivellino em jogar no Palmeiras, time de coração de seu pai, a breve experiência de Sócrates como técnico de futebol (da LDU, do Equador, por exemplo), e da obstinação de Castilho, ex-goleiro do Fluminense e da seleção brasileira nas Copas de 1950, 54, 58 e 62, que convence o médico a amputar parte de um dos seus dedos da mão, que estava lesionado, para voltar mais rápido aos campos. Além disso, vale ressaltar alguns chistes bem parciais quando da narração dos jogos: contra o River Plate, por exemplo, em que o Corinthians vence um “torneiozinho” chamado Libertadores da América quase que exclusivamente pelo esforço de Carlito Tevez, o único interessado na partida, uma vez que as preocupações da torcida alvinegra voltava-se às oitavas de final da Taça São Paulo; ou na partida contra o Fluminense que, ávido por revidar a invasão corintiana de 1976, conta com a colaboração dos torcedores do tricolor paulista para lotar o Morumbi, frustrada, porém, porque os são-paulinos vão em massa a uma determinada passeata que ocorria na mesma hora na Avenida Paulista. E por aí vai.

Em resumo, trata-se de um livro leve, bem escrito, gostoso de ler. O problema é que, apesar do que defende o autor logo no início, trata-se de um livro voltado aos corintianos. Muito embora não deixe de ser interessante a outros torcedores ou a quem esteja simplesmente a fim de curtir estórias do futebol.



Maioridade Penal: 18 Anos de Histórias
Inéditas da Marca da Cal
André Plihal
(Editora Panda Books)


Além do título de gosto um tanto duvidoso, este livro tem outro problema evidente. Pior que o livro de Olivetto, este é voltado a são-paulinos!

Brincadeiras à parte, o livro é interessante por retratar um dos jogadores mais importantes da história do futebol brasileiro – em que pesem os protestos dos torcedores rivais ao tricolor – e ainda em atividade. Rogério Ceni, sem dúvidas, é um dos maiores ídolos da história do São Paulo Futebol Clube, e um dos maiores goleiros do futebol brasileiro e mundial. Mesmo que seja lembrado mais pelos gols marcados – 88, até hoje – e pela liderança exercida no time tricolor, não dá para tirar-lhe o mérito de exímio goalkeeper. Basta lembrar sua atuação fundamental na conquista do último Mundial do São Paulo contra o Liverpool.

Em texto leve, André Plihal conta vários episódios da carreira de Rogério Ceni, carreira de 18 anos (daí a palavra “maioridade”), à frente do gol (daí a palavra “penal”, em referência à penalidade máxima, ao pênalti, momento de grande pressão sobre os goleiros).

Alguns relatos são bastante interessantes. Como a do medo que Rogério e todo o time do Morumbi passou com o avião que ameaçava cair, rumo a Presidente Prudente para um jogo contra o Palmeiras; sua entrada no gol são-paulino em decorrência da suspensão de Zetti e da morte do reserva, Alexandre, em um acidente automobilístico; as poucas chances e a indisfarçável mágoa com a seleção brasileira (Ceni participou de duas Copas, 2002 e 2006, na reserva); suas conquistas e suas experiências com outros grandes do futebol, como Telê Santana. Enfim, é um livro leve, com passagens pitorescas sobre a carreira longeva e brilhante desse extraordinário jogador.

JFQ

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