quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lançando na Área

Assuntos escalados para discussões futuras.
(JFQ)


Robinho no Santos


Está confirmado: Robinho está de volta à Vila Belmiro, se bem que por pouco tempo. Espera-se que consiga retomar o futebol alegre que o consagrou. Meu caro primo Arnaldo, como se nota aí embaixo (“Dinheiro e Felicidade”), não parece estar muito otimista. Eu também tenho minhas dúvidas; menos pela vontade e qualidade de Robinho, mais pelo pouco tempo e pelas limitações do time do Santos, apesar de ali estarem Neymar, Giovanne e, quiçá, as jovens revelações da Copinha, Nikão e Alan Patrick. Sempre é bom lembrar que futebol é esporte coletivo; portanto, não basta ser craque, há que se entrosar para mostrar o talento. Sorte ao Santos e a Robinho. Se não for bem sucedido na empreitada, diga-se de passagem, até a presença do “rei das pedaladas” na Copa – algo inquestionável até há pouco – estará em risco.

Legião estrangeira na Copa deve diminuir

Nas Copas de 1982 e 1986 havia apenas 2 jogadores “estrangeiros” – jogadores que atuam fora do país – na seleção brasileira. De lá para cá, o número sempre aumentou (os “estrangeiros” na Copa da Itália chegaram à metade: 11; em 1994, nos EUA, eram 12; em 1998, na França, 13; em 2002, na Coréia do Sul/Japão, ligeira diminuição: 10. Na última Copa, em 2006, o “estrangeirismo” virou quase total, restando apenas 3 jogadores que atuavam no Brasil: Ricardinho, no Corinthians, Rogério Ceni e Mineiro, no São Paulo, lembrando que este último só foi convocado por causa da contusão de Edmílson. A Copa da África do Sul, apesar de ainda não sabermos os 23 convocados, pode marcar uma ligeira inflexão na tendência. Alguns jogadores que atuam aqui têm boa expectativa de convocação – uns mais, outros menos – tais como: Adriano (Flamengo), Robinho (Santos), Victor (Grêmio), Miranda (São Paulo), Kleber (Internacional) e Kléberson (Flamengo). E quem sabe não venham outros: Ronaldo, Roberto Carlos, Marcos, Fred...

Ronaldinho Gaúcho na Copa


Por falar nisso, a pergunta do momento é: Ronaldinho Gaúcho deve ou não ser convocado para a Copa? Particularmente, acho que sim. E que não pese contra o jogador o último jogo do Milan contra a Internazionale, muito menos o pênalti por ele perdido. Até Pelé já teve seus dias ruins. Ronaldinho, na minha modesta opinião, é o único verdadeiro craque que surgiu após Zidane. Melhor que Kaká, Cristiano Ronaldo e Messi. Porém, esteve em má fase por um longo tempo. Mas está de volta. Em boa fase, é imprescindível a qualquer equipe, inclusive à seleção brasileira. Além disso, pode ser utilizado como reserva de Kaká – com qualidade imensamente superior a Júlio Batista, o atual reserva – ou como um atacante aberto à esquerda – lembrando que Robinho está longe de sua melhor forma. Ou seja, traz qualidade e opções táticas a Dunga.
Em breve, o blog trará um espaço especial para discutir os 23 convocados do Brasil para a Copa da África do Sul. Solicitaremos comentários e escalações.

Do passe aos contratos de gaveta

Virou moda o troca-troca (ou seria “rouba-rouba”?) de jovens jogadores entre os grandes clubes paulistas. Marcelinho, que era do Corinthians, foi para o São Paulo. Lucas Piazon, antes no tricolor, foi parar no Timão. Ramos, também ex-São Paulo, veste agora a camisa do Palmeiras. E Nikão, que era do Palmeiras, foi para o Santos (tornando-se, inclusive, um dos destaques da última Taça São Paulo). A lógica é a seguinte: como a Lei Pelé, que regula o desporto no país, não permite contratos com jogadores menores de 16 anos, os clubes não têm como segurar seus jovens talentos do assédio dos outros clubes até essa idade. Na iminência da idade-limite, surgem as propostas e negociações, em muito motivadas por empresários e outros cujos bolsos engordam sobremaneira a cada transação. O problema é como isso afeta (e desmotiva) a chamada base dos clubes, ou seja, o investimento na descoberta e formação de novos craques. As saídas encontradas pelos clubes vão da emancipação do jogador – exemplo de Neymar, no Santos – ou os contratos de gaveta – exemplo do São Paulo. Neste caso, a Justiça vem derrubando tais contratos, não reconhecendo sua validade jurídica. Eis uma questão que não é tão simples, em que mocinhos e bandidos não são tão claros, se é que há bandidos e mocinhos no caso. Quanto a isso, um excelente artigo foi escrito pelo sempre competente Paulo Vinicius Coelho, o PVC (“A base do problema”, Folha de S.Paulo de 24/01/2010, página D5). A seguir, a quem interessar, link para acessar a Lei Pelé: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9615consol.htm

Quem tem poder no mundo da bola?

A propósito dos casos acima mencionados, Michel Platini, ex-craque da Juventus (Itália) e da França, atual presidente da UEFA, confederação européia da FIFA, já defendeu a proibição de transferências envolvendo jogadores menores de 18 anos. A medida, porém, choca-se com a lei europeia de livre circulação de trabalhadores. Leonardo, técnico do Milan, foi além: acha um absurdo a transferência desses jovens de um país a outro. É o caso de Messi, por exemplo. Só que Platini e Leonardo não têm poder para tornarem realidade suas ideias, bastante razoáveis, diga-se de passagem. Assim como parece não tê-lo o próprio presidente da FIFA, Joseph Blatter, defensor de restrições à “indústria de jogadores naturalizados”, temendo que um dia tenhamos uma Copa do Mundo disputada apenas por jogadores sul-americanos. Muito bem, só que a proposta não prosperou. Agora, se nem Blatter tem poder para promover mudanças, quem terá?

Naturalizações e “brasileiros” na Copa

O Brasil sentirá na pele a força dos “brasileiros” na Copa. Contra Portugal, no terceiro jogo, é muito provável que o escrete lusitano conte com os “brasileiros” Pepe, Deco e Liedson. Este último, aliás, já esteve bastante cotado a uma convocação para a seleção brasileira em 2003, quando atuava pelo Corinthians. Sorte sua; nesse caso, hoje não poderia atuar ao lado de Cristiano Ronaldo e outros de seus (neo) patrícios. Só que Liedson declarou, mesmo naturalizado português, que se considera brasileiro. Portanto, declarou algo óbvio, mas “politicamente incorreto” de se confirmar: as naturalizações no futebol são, em muitos casos, meros artifícios para que seleções sejam reforçadas. Problemas: Copa do Mundo não pressupõe o que de melhor cada país tem a oferecer? Não se trata de um confronto esportivo entre nações? Ou seguiria a mesma lógica dos clubes? No caso de jogadores “artificialmente nacionalizados” – e não me refiro aqui ao aspecto puramente legal, mas à ligação afetiva com as cores nacionais que o jogador representa em campo – não estaria ferindo um fundamento inerente à Copa do Mundo? Em uma metáfora assumidamente exagerada, se traçássemos um paralelo entre a Copa e uma guerra mundial, estaríamos diante de uma invasão de soldados mercenários. Pode haver seus benefícios, mas também há seus riscos a quem os contrata. Basta ler Maquiavel – em “O Príncipe” – para comprovar isso.

Boleiros, boleiros, negócios à parte

Há algum tempo foi moda dizer que todo clube deveria tornar-se empresa. A reboque da onda da modernização neoliberal dos anos 1990, o ideal seria que os clubes deixassem de ser meras associações e se tornassem empresas, com riscos, lucros, ações na bolsa, tudo o mais. Quem assim fizesse, tornar-se-ia, quase que automaticamente, moderno e eficiente. Quem se opusesse, por outro lado, estaria fadado à ineficiência, às derrotas, ao arcaísmo. Passado o tempo, passada a moda, o que temos? Quanto aos resultados em campo, não se pode confirmar ou negar o dito liberal. O Barcelona, por exemplo, que sempre se negou à moda, é o atual campeão do mundo, e vai muito bem, obrigado. Alguns dos que se tornaram empresa, também. No entanto, penso que o grande diferencial hoje está refletido na seguinte pergunta, comumente ouvida: quem é o dono do clube X ou do Y? Quem é o dono do Chelsea, do Manchester United, do City? É aquele bilionário russo? Seria aquele mafioso? Apesar de saber da tradição de rapinagem dos cartolas brasileiros, gosto de pensar que nossos clubes não têm “donos”. Especialmente o meu, para o qual reina a famosa ideia de que não é um time que tem uma torcida, mas uma torcida que tem um time. Penso que há uma moral da história aí: negócios lícitos e ilícitos independem de o clube ser ou não empresa.

Clube itinerante

O Grêmio Barueri pode lançar moda no Brasil: a moda do clube itinerante. É parecido com o comportamento das empresas na chamada “guerra fiscal”: instala-se na cidade em que o poder público local lhe dê mais vantagens. No âmbito fiscal é conhecido o principal malefício do zigue-zague: tudo se dá às custas do dinheiro público, do erário municipal. Também há suas vantagens, especialmente nos empregos gerados no município. E quanto aos clubes? Dizem que o fenômeno é comum em outros lugares; nos Estados Unidos, por exemplo. Agora, que é esquisito, isso é! O Grêmio Barueri Futebol Ltda. (sim, Ltda.!; aliás, isso explica alguma coisa...) não é mais um time de Barueri, mas, sim, de Presidente Prudente. E já luta para mudar de nome. Quer se chamar Grêmio Prudentino Futebol... Ltda. É certo que dinheiro é fundamental e deve ser considerado. Mas o fenômeno não se choca com a ideia de amor à camisa, às cores do time, a uma torcida consolidada na história e na tradição do clube? Ou isso já não tem mais a menor importância mesmo?

Drogas e futebol

Pena de dois anos de suspensão foi aplicada ao botafoguense Jobson por uso repetido de cocaína. Após ditos e desditos, afirmou Jobson ser usuário de crack, produto derivado da cocaína. Num trocadilho infame, a suspensão é também uma pena para o próprio futebol. Mas, sobretudo, é uma pena ao próprio Jobson: à sua pessoa, muito além do aspecto profissional. Não obstante, não seria razoável por parte do STJD a simples absolvição sob o argumento de o jogador ser uma vítima de problemas sociais. Apesar de sê-lo, sim. O doping no futebol parece associar-se muito mais a tais questões sociais do que à busca de melhores rendimentos físicos por meios ilícitos. Que o digam, além de Jobson, Júnior Baiano, Reinaldo, Maradona, entre tantos outros.

Drogas e publicidade

Não só contra as drogas ilícitas o meio esportivo em geral, e o futebolístico em particular, deveria travar combate ou, no mínimo, se contrapor. O mesmo deveria acontecer quanto às drogas lícitas. Não é isso, infelizmente, o que se vê. Como mostram as ricas campanhas publicitárias com jogadores conhecidos. E não se restringe aos dias de hoje. A famosa “lei de Gérson”, por exemplo, que reza querer o brasileiro tirar vantagem de tudo, surgiu em um comercial de cigarros, Vila Rica. Até então, pode-se dizer a bem de Gerson e de outros (Leônidas da Silva, vejam só, também fez propaganda de cigarro) que não havia a mesma consciência que há hoje sobre os malefícios causados pela nicotina à saúde. Só que não dá para conceder o mesmo “desconto” a jogadores que enchem as burras de dinheiro para promoverem cerveja, como se fosse um produto inofensivo.

É o caso do “brahmeiro” Ronaldo Fenômeno. Falando nisso, estou entendendo por que minha barriga anda parecida com a dele.




O relógio da TV à revelia de jogadores e torcedores

Quando comecei a me apaixonar pelo futebol, lá pelos longínquos anos 1980, lembro que os jogos, em geral, eram marcados para os domingos, às 17 horas, e para quartas, às 21 horas. Isso, quando a novela das oito era realmente às oito! Foram passando os anos e a televisão passou a impor os horários dos jogos ao sabor da sua grade de programação. Dessa forma, aos domingos os jogos passaram para as 16 horas (com horário de verão, inclusive), e às quartas, para as 21h45. Resultado: jogadores pelejando sob um sol cada vez mais escaldante, para que possamos assistir ao Faustão com mais tranquilidade, e torcedores saindo às pressas dos estádios, em tempo de pegar a condução de volta para casa ou dormindo menos que as recomendadas oito horas diárias para que consigam ver seu timinho do coração na TV até o apito final do árbitro.

Os campeonatos estaduais não devem acabar

Muita gente defende o fim dos campeonatos estaduais. O argumento principal é: ao que leva ser campeão paulista, carioca, gaúcho? Ou seja, todo campeonato parece valer somente se classifica para algum outro campeonato. Tá, mas até chegar a onde? Ao Mundial? Não, pois também dizem que os europeus não dão lá muita bola para o Mundial da FIFA. Então, valem os campeonatos só se levarem, em última instância, à Libertadores, Copa dos Campeões da Europa e afins? Não concordo. Os campeonatos estaduais valem – e muito! – por si sós. Valem pela tradição, pela história que têm no futebol. E valem, acima de tudo, por serem os principais momentos de acirramento das grandes rivalidades futebolísticas. Fla-Flu, Corinthians x Palmeiras, GreNal, BaVi, Cruzeiro x Atlético, dentre outros, cresceram como grandes clássicos por causa, em primeiríssimo lugar, dos estaduais. Valeria a pena abdicarmos disso? Houve um ano – 2002 – em que tentaram acabar com os estaduais, substituindo-os por torneios que abrangessem mais estados. Não deu certo. Tudo voltou como dantes no quartel de Abrantes já no ano seguinte. Uma saída para unir gregos e troianos seria tornar os estaduais classificatórios para a disputa da Copa do Brasil. Como já o foram para a Taça Brasil, entre 1959 e 1968, disputada pelos campeões estaduais. A Taça Brasil, por sua vez, também levava o campeão à Libertadores.

Richarlyson e a homofogia nos estádios

Richarlyson foi hostilizado pela sua própria torcida no jogo em que o São Paulo, desfalcado e jogando muito mal, empatou com o Mirassol. E o empate veio de um golaço do próprio Ricky, como gosta de ser chamado. Mesmo encoberto pelas vozes do locutor e dos comentaristas, em alguns momentos foi possível perceber os gritos da torcida – “bicha, bicha” – quando Richarlyson pegava na bola. Tais manifestações de homofobia já foram notadas antes, em outros jogos. Fico pensando quando os gays – e aqui não afirmo que Richarlyson seja ou não gay, mas, sim, uma vítima constante da ignorância homofóbica – terão seu momento de inflexão contra as violências discriminatórias que sofrem. Quando – e se – ocorrerá algo parecido com o episódio envolvendo o atacante Grafite e o zagueiro argentino Desábato, em um jogo entre São Paulo e Quilmes, da Argentina. Os negros parecem que já conquistaram um “up grade” importante em sua perpétua luta contra a discriminação, inclusive no futebol. Essa conquista virá aos gays algum dia? A propósito, vale a pena dar uma lida no artigo de Leandro Fortes, intitulado “Os novos negros”, publicado na Carta Capital. O artigo já é um pouquinho antigo, mas, infelizmente, continua atual. Eis o link:  http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=5263. Outro artigo interessante é o de José Geraldo Couto, "Último reduto do macho", publicado na Folha de S.Paulo de 13/02/2010: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk1302201015.htm

2 comentários:

  1. Saudações Pontepretanas amigos... Não é que o garoto-revelação Finazzi aprontou?

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  2. Pois é. Esse menino tem futuro! Estava com a macaca! (péssimo trocadilho...)
    JFQ

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