quinta-feira, 19 de maio de 2011

Time equilibrado

Muricy, após fase problemática nos últimos jogos à frente do Fluminense, assumiu o Santos mostrando toda sua competência. Conquistou o título paulista e avançou às semifinais da Libertadores, após despachar, ontem, o bem montado Once Caldas.

O principal elogio que se ouve em relação a Muricy é que o time do Santos está mais equilibrado. Em outras palavras, a equipe da Vila, que já tinha um ataque competente, passou também a ter uma defesa menos vulnerável. Considerando os números, após a vinda de Muricy, caiu a média de gols marcados e despencou a de gols sofridos. Exagerando, o Santos deixou de ser uma equipe que vence de 10 a 9, para se tornar uma equipe que vence de meio a zero. O resultado é o mesmo: vitória. Aliás, o Santos de 2010 faturou o Paulista e a Copa do Brasil, enquanto o Santos de 2011 já conquistou o mesmo Paulista e está bem encaminhado na Libertadores. Segue a sina de campeão.

Questiono, apenas, esse conceito de “equilíbrio”. Equilíbrio supõe uma equipe competente não apenas no ataque, mas também na defesa e no meio, na direita e na esquerda, jogando sem a bola e com a bola, etc. Todavia, como um economista keynesiano, no caso, analisando os assuntos da bola, aponto: há vários equilíbrios possíveis, não apenas o que corresponde a uma organização tática que priorize a segurança da defesa. Pode haver, inclusive, uma equipe que busca seu equilíbrio na ofensividade ostensiva. Como o próprio Santos, inclusive, em 2010. Em suma, para mim, o Santos não é um time mais equilibrado com Muricy, mas um time cujo equilíbrio se fundamenta na defesa mais bem composta, ainda que isso piore sua força de ataque. Marca registrada do São Paulo tricampeão brasileiro (2006/08), sob o comando do mesmo Muricy. Trata-se, portanto, de um outro equilíbrio, a partir de uma opção do treinador, mas também capaz de fazer do Peixe um time campeão. Muito embora, como se viu ontem, no Pacaembu, as vitórias, agora, sejam acompanhadas de um pouco mais de sufoco.

Ainda sobre equilíbrios, vejamos o exemplo do, quiçá, melhor escrete do planeta no momento: o badalado Barcelona. Sabe-se que o Barça prima por ter a posse da bola, mantendo-a nos pés de seus jogadores por mais de 60% da partida, em média. Para isso, o time joga compactado, no campo do adversário, o que implica que seus atacantes marquem as saídas do rival, bem como que seus defensores iniciem a articulação das jogadas, e troquem passes à exaustão, sem errar. Para isso, é imperativo que todos os onze jogadores sejam qualificados tecnicamente; eis um equilíbrio tático que não suporta pernas de pau! Aliás, acredito que para “desequilibrar” o Barça seja necessário impedi-lo de manter tamanha posse de bola; para fazê-lo, talvez seja o caso de não marcar Messi individualmente, mas, para começar, de marcar muito bem Piqué e Puyol.

JFQ

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