quinta-feira, 26 de maio de 2011

Nomes imortais

Ruy Castro


Houve um tempo em que, ao andar pela rua, você entreouvia pelo radinho de pilha dos porteiros a narração do jogo daquela tarde ou noite e, se saísse um gol ou jogada importante, era fácil saber o que estava acontecendo. Afinal, os jogadores se chamavam Boiadeiro, Beijoca, Bobô, Biro-Biro, Dinamite, Fio Maravilha, Chulapa, Alfinete, Grapete, Caçapava, e só havia um de cada com esses nomes.

Hoje, não é mais assim. Mesmo assistindo ao Brasileirão pela TV e ligando os nomes às figuras, você pode se confundir. E não estou me referindo aos dois Deivids, três Lucas, três Douglas e três Gabrieis que jogam nos times em disputa. Nem aos cinco Renans -dos quais três, espantosamente, são goleiros. Nem mesmo aos cinco Evertons (um deles, Heverton), oito Williams (incluindo os Wilians e Willians) e oito Felipes ou Felippes, dos quais só um é Filipe.

Estou pensando mais nos nove Thiagos (que compreendem os Tiagos, com ou sem sobrenome, e um Thiego), 11 Leandros (contando um Eliandro) e na profusão de rapazes chamados Alex, Aleks, Alex Silva, Alessandro (vários), D'Alessandro, Alec Sandro e Alex Sandro. Sem falar nos sete Diegos e quatro Diogos (o nome é o mesmo) e nos nada menos que 11 Rafaeis. Daí, vários terem de usar o sobrenome.

Mas meus favoritos continuam a ser os sons: Acleisson, Adilson, Anailson, Demerson, Emerson (dois), Gilson, Glaydson, Jackson (dois), Jefferson, Jobson, Joilson, Keirrison, Kleberson, Liedson, Madson, Maylson, Richarlyson, Vilson, Wallyson e, pode crer, seis Andersons, com ou sem chapeuzinho no a. Além de um Wallace, um Wendel, um Werley, um Wesley e cinco Wellingtons, com um ou dois eles e com ou sem gê.

Pensando bem, de que estou me queixando? Em que outra época teríamos Avine, Fransergio, George Lucas, Maicon, Maicossuel, Robston, Sheslon e Tressor?
 
* Publicado na Folha de S.Paulo, em 25/05/2011.

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