quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ela voltou. E está furiosa


Espanha 1x0 Portugal (Oitavas de Final)

O primeiro tempo do “clássico ibérico” pelas oitavas de final da Copa foi feio, truncado, com muita força, muita marcação e poucas emoções. Desde o início, as duas equipes adiantaram suas marcações até a intermediária do adversário, forçando-o a chutões para frente ou a recuos dos atacantes para buscarem a bola.

A Espanha, pela qualidade de seus jogadores, conseguia tocar mais a bola. Iniesta e principalmente Xavi davam qualidade ao passe. À la Barcelona, a bola era tocada de pé em pé, indo ora para a direita, ora para a esquerda, tendo em Xavi o eixo central. Davi Villa movimentou-se bastante, aparecendo em várias partes do campo. Mesmo assim, tocando a bola à exaustão, a Espanha dificilmente chegava ao ponto da finalização, e quando o fazia, a execução era falha. Tanto que Eduardo trabalhou muito pouco no primeiro tempo, ao contrário do que faria no segundo.

Do lado de Portugal, Fábio Coentrão produziu boas subidas pela esquerda, mas o time de Carlos Queiroz quase sempre perdia a bola no primeiro combate espanhol. Simão foi pouco acionado, assim como Hugo Meireles. Cristiano Ronaldo tentou suas disparadas de praxe pela esquerda, quase sempre esbarrando com o marcador e indo ao chão, forçando faltas que o juiz invariavelmente não deu. Faltava a Portugal um pouco mais de ligeireza à frente, fazendo de Liedson uma boa opção, mas só utilizada na segunda etapa. E faltava a Portugal, principalmente, uma ligação melhor entre a defesa e o ataque, o que poderia ter sido feita por Deco, se estivesse em boas condições.

Em resumo, um primeiro tempo muito ruim com pouquíssimas chances de gol criadas de lado a lado. Apesar de Casillas ter contribuído para alguma emoção: demonstrando insegurança – a ou, quem sabe, a presença da jornalista Sara Carbonero atrás de seu gol – por duas oportunidades o goleiro espanhol rebateu a bola na área, quase sendo surpreendido pela chegada de atacantes portugueses.

Até os 15 minutos do segundo tempo, a partida seguiu mais ou menos a mesma. Uma substituição e três ataques ocorridos no intervalo de uns cinco minutos determinou o novo rumo da partida a favor da Fúria. Aliás, a partir desse momento do jogo a Espanha fez jus ao apelido.

Primeiro, Fernando Torres, apagadíssimo em toda a Copa, não recuperado totalmente de contusão, foi substituído por Llorente. No seu primeiro lance, Llorente cabeceou uma bola à queima-roupa, forçando Eduardo a fazer um milagre. Em seguida, David Villa – candidatíssimo a melhor atacante deste Mundial – provou que chama a tão criticada jabulani de você, acertando uma curva perfeita que passou triscando a trave esquerda de Eduardo. Ato contínuo, boa tabela que culminou no passe de craque de Xavi para Villa, livre, chutar e Eduardo rebater, e em seguida tocar sem perdão para o fundo das redes lusitanas: Espanha 1x0.

Daí para frente o que se viu foi a total hegemonia espanhola, que só não ampliou porque Eduardo estava muito bem.


Imagem: Lluis Gené/ AFP

Os destaques foram: Coentrão e Eduardo por Portugal, Xavi, Sérgio Ramos e David Villa pela Espanha.

Cristiano Ronaldo que me perdoe, mas deixou a impressão de que foi à África do Sul mais para fazer pose para as câmeras do que para jogar futebol.

E a seleção espanhola, apesar da má impressão deixada com a derrota para a Suíça no seu primeiro jogo, mostrou que não está lá para brincadeira. A Fúria, enfim, mostrou seu futebol. Agora aguenta!

JFQ

Cavalo paraguaio, em todos os sentidos


Paraguai 0(5)x0(3) Japão (oitavas de final)

Paraguai e Japão fizeram a partida mais inusitada destas oitavas. Afinal, quem esperava que o Paraguai chegaria em primeiro no grupo que tinha a atual campeã, Itália, e que o Japão despacharia Camarões e Dinamarca?

O fato é que ambos mereceram chegar a essa fase, bem como pleitear uma conquista histórica: quem quer que passasse estaria pela primeira vez na sua história nas quartas de final de uma Copa do Mundo. E o feito coube ao Paraguai, não sem muito lutar contra os bravos japoneses.

A verdade é que a partida foi condizente com o que se esperava inicialmente dessas duas limitadas seleções. Muita luta, muito empenho, mas pouco futebol. Uma sucessão de erros de passes, falta de criatividade e finalizações tortas, marcaram o encontro desses dois cavalos paraguaios: o legítimo e o made in Japan.

Na disputa de pênaltis o erro de Komano na quarta cobrança foi fatal para o Japão. Classificaram-se nossos vizinhos, qual um cavalo paraguaio, em todos os sentidos. No da nacionalidade, no de ser um azarão e no ter pouquíssimas chances no páreo das quartas contra o furioso e ascendente andaluz sob as rédeas de David Villa e companhia.

JFQ

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Em ritmo de treino, à espera da pedreira



Brasil 3x0 Chile (Oitavas de Final)

Quem esperava um Chile totalmente à frente, pressionando o Brasil, frustrou-se com a atuação da equipe de Bielsa. Na verdade, o Chile não jogou tão mal, o Brasil não jogou tão bem, mas a partida, assim como o placar, expressou a natureza do confronto: duas equipes bastante assimétricas. O Brasil foi – é! – muito superior à equipe chilena. Além do mais, o sistema defensivo brasileiro atuou muito bem, sobretudo Juan, talvez o melhor brasileiro em campo. Suazo, principal atacante chileno, teve poucas oportunidades.

O ataque brasileiro, por sua vez, pecou algumas vezes naquele toquezinho final. Aliás, a partida de hoje transpareceu um certo individualismo que é natural em jogos de Copa, especialmente quando a partida está bem delineada, quer dizer, quando o Brasil já sabe que tem a vitória nas mãos. Daniel Alves chutou para “fazer o dele”, Luis Fabiano tentou um drible a mais quando podia passar, já que “briga pela artilharia”, Kaká arriscou de muito longo, pois, como Messi, é um astro que ainda não marcou. Em suma, em determinado momento, a lógica individual de cada jogador passou a se sobrepor sobre a pretensão coletiva. Nada preocupante, uma vez que os 3 a 0 foram mais do que suficientes para garantir a classificação com toda a tranquilidade. Foi um jogo em ritmo de treino. Um bom treino.

Ramires deu mais leveza no meio-campo, mas o jogo era propício a ele. O jogador do Benfica, porém, tomou o segundo amarelo e não poderá enfrentar a Holanda. Além disso, quatro jogadores estão pendurados: Juan, Luis Fabiano, Kaká e Felipe Melo. Seria um problema e tanto perder algum desses jogadores para uma eventual semifinal. Felipe Melo, porém, não deve ter se recuperado de contusão contra a Holanda e, considerando o meio campo muito técnico dos holandeses, cujo maior expoente é ótimo Sneidjer, creio que Dunga vá mesmo de Josué, mais firme na marcação.

Gilberto Silva e Michel Bastos talvez tenham feito sua melhor partida nesta Copa contra o Chile. Nada que encante, mas, de qualquer forma, uma melhora.

Futebol: festa popular

Hoje assisti à partida no Vale do Anhangabaú. Estimo que havia algo em torno de 40 a 50 mil pessoas. É muito interessante as reações diferentes de cada um, as “figurinhas carimbadas”, o comportamento popular diante desse evento tão importante na nossa cultura, em que o futebol tem lugar central, chamado Copa do Mundo.

No vídeo abaixo, registrei o momento do gol de Juan.


A culpa da febre é o termômetro

Ridícula a atitude da FIFA de proibir a repetição dos lances no telão após as barbeiragens da arbitragem nos dois jogos de ontem. É o mesmo que culpar o termômetro pela febre. Em vez desse ridículo paliativo, a FIFA poderia deixar de lado a máxima rodrigueana segundo a qual o vídeo tape é burro, e usar a tecnologia a favor da verdade dos fatos. Não há nada mais frustrante que uma derrota derivada de um lance sabidamente irregular. Aliás, também no caso das vitórias, para os bons desportistas, não deixa de ser um tanto sem-graça.

Sem favorito

Como disse o Arnaldo, soou o alerta laranja. A partida da próxima sexta-feira será duríssima e sem favorito. A Holanda, juntamente com a Argentina e com a Alemanha, na minha modesta opinião, é o mais duro adversário possível para o Brasil nesta Copa. Não é para se temer, mas para se respeitar – seguindo um clichê das respostas de comentaristas esportivos. Complemento: é uma partida em que o Brasil tem que jogar bem, não dá para ser “meia-boca”. Bobeou, sem dúvida, volta para casa.

Do meio campo para frente, a Holanda tem uma composição muito boa, que marca bem e toca muito objetivamente rumo ao gol adversário. De Jong e Van Bommel são os volantes, e devem cuidar da marcação em Robinho e Kaká. O cérebro do time é Sneidjer, que costuma organizar as jogadas holandesas. O ataque é perigosíssimo: Robben, o mais habilidoso, joga mais aberto pela direita e costuma afunilar para o meio, chutando bem de esquerda; Kuyt, jogava mais aberto pela direita, mas agora foi deslocado para a esquerda (onde o rápido Elia costuma entrar no segundo tempo); e Van Persie, o atacante mais próximo da área, apesar de não se posicionar como um centroavante típico.

Na verdade, tratam-se de meias que chegam para concluir. Esse arranjo torna o meio campo da Holanda mais leve que o brasileiro. O grande problema do Brasil, nesse caso, é que vários jogadores não estão na sua melhor condição, como Kaká e os contundidos Elano e Felipe Melo. O ataque do Brasil costuma ser mais fatal que o holandês, principalmente se houver espaço para contra-ataques, sobretudo com as subidas de Maicon. A propósito, creio que essa seja a grande arma brasileira, Maicon, especialmente porque não precisará marcar Robben, que cai pelo outro lado, e terá a marcação de Van Bronckhorst, um tanto pesado. Essa é nossa vantagem, mas dependemos muito da capacidade de roubar a bola e armarmos esse contra-ataque. Tarefa difícil diante de jogadores que não costumam entregar a posse de bola com facilidade. Além desta, as tradicionais bolas paradas são boas armas brasileiras. Em síntese, nosso melhor ataque foi mostrado hoje: na bola parada, com o gol de Juan, no contra-ataque, com os gols de Luis Fabiano e de Robinho.

O lado direito holandês é o mais perigoso, assim como o brasileiro. O lado esquerdo, por outro lado, é ponto fraco das duas seleções, especialmente do Brasil. Preocupação: a cargo de Josué e Gilberto Silva, ainda sem o melhor entrosamento, e de Michel Bastos, errático na marcação, ficará a incumbência de parar Robben. Agueeeeenta, coração!

Alerta laranja

Holanda 2x1 Eslováquia (Oitavas de Final)

Os holandeses passaram pelas eliminatórias europeias vencendo seus oito confrontos e sofrendo apenas dois gols. Hoje completou sua quarta vitória na África, sendo vazada também duas vezes na competição.

Não é uma repetição do famoso carrossel holandês, que apesar de algumas semelhanças na qualidade técnica, difere em alguns fatores. A Holanda de hoje fica mais com posse de bola, cadencia mais a partida e seus jogadores guardam suas posições no esquema 4-3-3.
A seleção laranja é mais uma nesse mundial que não tem um camisa 9 decisivo, mas compensa muito bem esse fato com 3 atacantes extremamente técnicos, Kuyt, Van Persie e Robben. O meio campo também tem bastante qualidade e erra poucos passes, possibilitando sempre uma maior posse de bola do que seus oponentes.

Hoje contra a Eslováquia não foi diferente, os holandeses jogaram os 90 minutos com muita calma e confiança em que, cedo ou tarde, sua maior qualidade técnica resolvesse a partida. Até não parecia jogo eliminatório, já que os eslovacos, satisfeitos com sua atuação na Copa 2010 depois de mandarem a Itália para casa, limitavam-se a se defender, não levando perigo algum ao gol holandês durante toda a primeira etapa, mesmo após sofrer o 1x0 aos 17 minutos.

Quem empurrou para as redes foi Robben, em sua jogada mais característca, fintando os zagueiros da ponta direita para o meio e finalizando de canhota, mas o mais espetacular do gol foi o lançamento preciso de 40 metros de Sneijder, melhor jogador holandês até aqui.

Parecia que a Holanda veio para definir a partida logo de cara na segunda etapa, só não o fazendo porque o goleiro Mucha fez dois milagres antes dos 5 minutos, defendendo com a pontinha dos dedos outro chute de Robben e depois salvando com o rosto finalização de dentro da área, à queima roupa.

Mas logo os holandeses diminuíram o ritmo, a Eslováquia cresceu e os milagres mudaram de lado. Desta vez foi a vez de Stekelenburg fazer duas defesas fantásticas na metade da segunda etapa, uma em chute bem colocado de Stoch e outra em uma pancada cara-à-cara com Vittek.

Mesmo com os sustos os holandeses não se afetaram, continuaram tocando a bola e passaram também a aproveitar os avanços da Eslováquia para o contra-ataque. No primeiro Kuyt não passou para companheiros melhor posicionados e desperdiçou, mas no segundo, aos 38 minutos, ganhou do goleiro e rolou para Sneijder, livre, fazer 2x0 e definir a partida.

No último lance do jogo Vittek fez seu quarto gol na Copa cobrando pênalti mal assinalado pelo árbitro.

Acredito que o Brasil passe pelo Chile hoje e faça, como em 1994 e 1998, mais uma vez um jogaço contra a Holanda. Espero um confronto muito eqilibrado, principalmente se acertarmos a marcação em cima de Robben e Sneijder. Os holandeses não partiram para cima e abriram espaços defensivos em nenhum momento nesse mundial, não vai ser contra o Brasil a primeira vez.

A improvisação e lances individuais devem definir a partida, e aí Robinho terá que ser maior que Robben.

Arnaldo

Resultado da Enquete

Caiu novamente a avaliação do Brasil segundo os participantes da última enquete. A nota média para a nossa seleção no jogo contra a Coréia do Norte havia sido 4,41 e para a partida contra Costa do Marfim foi de 6,88. Contra Portugal, a nota média foi de 4,88, sendo a nota mais frequente (moda), 6.

É bom melhorar contra o Chile, sob pena de não passarmos de ano, quer dizer, de fase.

Após a partida de logo mais, outra enquete será colocada no blog para avaliação do desempenho da seleção brasileira.

domingo, 27 de junho de 2010

Apesar do bandeirinha, venceu o melhor – Parte 2



Argentina 3x1 México (oitavas de final)

Em um dos piores dias da arbitragem na história das Copas, depois de um gol legítimo da Inglaterra contra a Alemanha, não consignado pelo bandeirinha uruguaio Maurício Espinosa e pelo seu compatriota Jorge Larrionda, foi a vez dos italianos Stefano Ayroldi (bandeira) e Roberto Rosseti (árbitro) não verem o nítido impedimento de Carlito Tevez no primeiro gol da Argentina contra o México. Em uma tosca homenagem ao escritor português José Saramago, morto no último dia 18/6, a arbitragem resolveu fazer hoje, em plena Copa, o seu “ensaio sobre a cegueira”.

Até o primeiro gol de Tevez, o México marcava muito bem e atacava com muito perigo a Argentina. Aos 8 minutos, inclusive, o bom lateral mexicano Salcido acertou um tirombaço na trave de Romero. Pode-se dizer que o México, até aí, estava melhor que a Argentina.

Ao contrário do lance ocorrido no jogo Alemanha x Inglaterra, a arbitragem teve a oportunidade de corrigir o erro, mas não o fez. Árbitro e auxiliar confabularam por alguns segundos, em que pensamos terem sido alertados do erro crasso, mas não: o tento argentino, irregularíssimo, foi confirmado.

Após o gol, o México perdeu totalmente o controle que tinha. Emocionalmente, inclusive. Começou a apelar para a pancada. E aos 32, em um erro de passe de Osório na entrada da área, o oportunista Higuaín roubou a bola e fez o segundo da Argentina, e o seu quarto na Copa. Agora, Higuaín é o artilheiro do mundial com quatro gols.

No segundo tempo, o México até que tentou, mas a superioridade argentina era nítida. Já aos 7 minutos do segundo tempo, Tevez acertou um belíssimo chute de longe: Argentina 3x0.

O gol de Hernandez, aos 26, não provocou a reação esperada pelos mexicanos, em que pese as tentativas dos bravos jogadores do técnico Javier Aguirre.

Final: Argentina 3x1 México. Apesar do erro do bandeirinha – imperdoável, como no caso da Alemanha – a classificação dos hermanos não pode ser creditada apenas a isto. A Argentina passou porque era, sim, melhor. Mas a arbitragem está tenebrosa em alguns jogos decisivos, devendo a FIFA tomar atitudes seríssimas. Inclusive, por que não, deixar o conservadorismo de lado e colocar a tecnologia a serviço da justiça dos fatos nas partidas de futebol. Exemplo: qual o problema em se assistir aos lances polêmicos no vídeo e determinar o que de fato aconteceu; no caso, o gol da Inglaterra e o impedimento argentino?

***

Alemanha e Argentina farão um jogo daqueles. Simplesmente imperdível. Duas equipes muito técnicas, contando as duas com craques: Messi pela Argentina e Özil pela Alemanha. Os argentinos têm mais paixão e mais jogadores habilidosos, mas a Alemanha tem uma equipe mais equilibrada e com o melhor futebol germânico dos últimos tempos. Sem considerar rivalidades bobas: aposto na Alemanha.

JFQ

Apesar do bandeirinha, venceu o melhor



Alemanha 4x1 Inglaterra (oitavas de final)

Uma partidaça em Bloemfontein. Para mim, a melhor de todas até agora nesta Copa. Também, pudera. Duas equipes excelentes, campeãs mundiais. A Inglaterra chegou com um peso maior, sendo apontada como uma das grandes favoritas. No entanto, a Alemanha se firmou como sensação. A fama de Capello, Rooney e do English Team como um todo mostrou-se maior que o futebol de fato; mas continua sendo, apesar dos pesares, o English Team. Por outro lado, bem menos badalados, o “escrete do chucrute”, com o jovem talentosíssimo Özil (esse cara é alemão mesmo?) no comando do meio-campo e o técnico Joaquim Löw no comando geral, mostrou ser uma das melhores equipes alemãs, se não a melhor, dos últimos tempos.

Isto posto, vamos à partida. A peleja pode ser dividida em dois momentos, no primeiro tempo – interessante isso no futebol: principalmente nos jogos mais equilibrados há uma oscilação entre os momentos de predominância ora de uma, ora de outra equipe. Do início até os 37 minutos, quando os ingleses fizeram seu gol, o domínio foi todo germânico. Mesmo com a defesa da Inglaterra congestionando a marcação, a Alemanha conseguia furá-la na base dos toques rápidos, da movimentação pelos lados e da presença sempre perigosa de Klose na área. Enquanto a Inglaterra procurava, em vão, Rooney e Dafoe em lançamentos, a Alemanha construía as jogadas com muita competência e, pasmem, com certa ginga sul-americana. Özil – uma opção de habilidade há tempos não vista em seleções alemãs –, partia para a tabela, com Müller, Podolsky e Klose. A defesa mostrava-se segura com os volantes Schweinsteiger e Khedira – que não são brucutus, apesar de volantes (viu Dunga!) –, assim como com a linha de quatro atrás.

Aos 20 minutos, saiu o primeiro gol da Alemanha em um lance aparentemente despretensioso. Cobrado o tiro de meta, a bola surgiu na frente de Klose, que ganhou na corrida de Terry e Upson e tocou no canto de James. Alemanha 1x0 e Klose com 12 gols em Copa, a 3 de Ronaldo, o maior artilheiro de todos os mundiais.

A Inglaterra não conseguiu de imediato responder à vantagem alemã. Rooney, nitidamente muito abaixo de suas melhores condições, assim como todo o time inglês, passou a voltar mais para buscar a bola – um sinal de que o ataque não vai bem. A Alemanha passou a mostra sua maior qualidade, o equilíbrio – muitíssimo bem distribuída do lado direito e esquerdo, muito bem na defesa e no ataque. Aos 30 minutos, os alemães ampliaram o placar com um “gol brasileiro”, na base da tabelinha, costurando a zaga adversária: Müller tocou para Özil que devolveu de calcanhar, Müller tocou para Klose que devolveu para o complemento de Müller. 2x0. Em seguida, aos 32, esboçou-se o chocolate: novo gol na base da tabelinha. Desta vez a troca de passes resultou no chute cruzado de Podolsky: Alemanha, soberana, 3x0.

Eis que ressurge do nada o futebol da Inglaterra. Aos 37, Upson escora de cabeça o cruzamento de Gerrard e diminui: Alemanha 3x1 Inglaterra. Os ingleses foram para cima, mantendo por alguns minutos o controle da partida. Aos 38 aconteceu o lance crucial que certamente será lembrado sempre que se falar desta partida: em um tirombaço de Lampard, a bola explodiu no travessão de Neuer e caiu 40 centímetros dentro do gol. Só que o bandeirinha uruguaio Maurício Espinosa, mal colocado, não assinalou e, consequentemente, o árbitro Jorge Larrionda não consignou o que seria o gol de empate da Inglaterra. Erro imperdoável, que poderia ter mudado o resultado da partida. Cá comigo, não creio, mas que poderia, poderia.

Iniciado o segundo tempo, os ingleses mostraram o que seria sua principal jogada de ataque: os tiros de longa distância. Lampard acertou um outro belo chute logo aos 6 minutos, que passou muito perto. Ironicamente, também partiu dos pés de Lampard o lance que determinaria a fatura alemã. Em cobrança de falta, a bola explodiu na barreira e iniciou o contra-ataque alemão que culminou no gol de Müller, aos 22 minutos. Aos 25, também de contra-ataque e também com Müller, a Alemanha fez o quarto e último gol.

A partir daí a Inglaterra se entregou e a Alemanha só administrou a vantagem, tocando muito bem a bola, com direito a olé.

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O justo, o injusto, a vingança

A Alemanha confirmou que é uma das melhores seleções desta Copa. Se não for a melhor. Enquanto isto, a Inglaterra que chegou toda prosa, muito falada por causa de suas estrelas – Rooney, Capello – como também por seus escândalos – destaque para o atrito Terry x Bridge –, volta com o rabo entre as pernas e a desculpa de que só não passou devido ao erro do bandeirinha.

Sim, o auxiliar Maurício Espinoza cometeu uma falha imperdoável. O gol era perfeitamente visível – eu, confesso, não tive nenhuma dúvida, sem apelar para câmeras com super slow motion –, apesar da rapidez com que a bola bateu na trave e no chão. A partir daí, poderíamos concluir que o resultado – a classificação da Alemanha – foi injusto, já que a Inglaterra, ao empatar, não teria retornado tão aberta para o segundo tempo a ponto de tomar outros dois gols. Em suma, doravante para os ingleses é Deus salve a rainha, e castigue o bandeirinha.

Só que essas questões de justiça e injustiça não são tão simples. O certo é que a Alemanha foi muito melhor no jogo e em toda a Copa. Além disso, fez outros gols. E, o melhor, vingou-se quase que na mesma moeda da “injustiça” da final de 1966. Naquela oportunidade, já na prorrogação, quando estava 1x1, a Inglaterra marcou um tento em bola chutada por Geoff Hurst, que bateu no travessão e caiu antes da linha do gol, mas o juiz consignou. Em seguida a Inglaterra marcou o terceiro e foi campeã.

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A seleção mais equilibrada da Copa

Joachim Löw montou a equipe mais equilibrada deste mundial. Vai bem na defesa, com a linha de 4 e à frente a dupla de volantes com qualidade no passe – Schweinsteiger e Khedira –, não apenas focados na destruição das jogadas, como gosta, por exemplo, nosso Dunga. Do meio para frente, um jogador muito criativo que articula as jogadas (Mesut Özil), tendo abertos pelos lados Müller e Podolsky, e na área Klose, eventualmente Cacau. No mais das vezes, funciona muitíssimo bem, seja na defesa, seja no ataque, seja na direita, seja na esquerda.

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O Ganso da Alemanha


Para mim, Özil já é a grande revelação desta Copa. Pode muito bem brigar com o argentino Messi pelo título de craque do Mundial. Este, aliás, será o embate à parte do provável confronto entre Alemanha e Argentina nas quartas de final, caso os hermanos confirmem seu favoritismo logo mais contra o México.

O “mágico de Özil” como bem apelidou Junior, ex-jogador do Brasil e do Flamengo, atual comentarista da Globo, é o grande craque dessa surpreendente seleção alemã, mas fruto de uma circunstância não prevista: a contusão de Ballack, até então tido como o melhor jogador do time. Que sorte dos alemães, com todo o respeito ao meia do Chelsea.

Diria que Özil é para a Alemanha o que Paulo Henrique Ganso poderia ter sido para o Brasil: o jogador de extrema qualidade no meio-campo, coordenando as subidas ao ataque, sendo um fator de criatividade, rompendo com a previsibilidade, com a mesmice.

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Ao lado de Pelé, na caça de Ronaldo



Klose marcou seu 12º gol em Copas, empatando com Pelé. Está a apenas dois de Gerd Müller, o maior artilheiro alemão, e a três de Ronaldo, o maior artilheiro de todas as Copas.

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No Satisfaction

A Inglaterra pode ser considerada, ao lado da Itália e da França, como grande decepção da Copa. Se não pelo resultado da eliminação – nas oitavas, contra a poderosa Alemanha – pelo futebol pífio que demonstrou em campo. E tudo isso depois de ser aclamada como uma das favoritas à conquista da Copa. Parafraseando seu grande poeta William Shakespeare, a seleção inglesa fez muito barulho por nada.

Tudo isso na presença de um grande popstar britânico, o “Rolling Stone” Mick Jagger. Aliás, Jagger também esteve presente na derrota dos norte-americanos para Gana, quando torceu pelos EUA. Nos dois casos, Jagger mostrou que é um baita de um pé frio.

JFQ

sábado, 26 de junho de 2010

A África segue

EUA 1x2 Gana (oitavas de final)

EUA e Gana fizeram uma bela partida de futebol hoje em Rustemburgo, com emoção, técnica, luta, entrega, tudo o que se espera de um jogo eliminatório em uma Copa do Mundo.

As duas seleções mostraram porque conseguiram suas classificações, com forte aplicação tática e jogadores que podem desequilibrar em lances individuais. O jogo praticamente começou 1x0 para os africanos, já que logo aos 4 minutos de bola rolando Prince Boateng roubou a bola de Clark no meio campo e seguiu até a entrada da área americana, de onde finalizou com perfeição.

Ambas as seleções continuaram com a mesma estratégia, marcando de forma avançada para provocar novos erros defensivos. O ritmo era alucinante, com muita correria e velocidade, os americanos tentavam passes mais curtos e rápidos enquanto que Gana buscava lançamentos mais profundos para Ayew e Gyan.
Com a necessidade de buscar o resultado e para evitar algo pior, o técnico americano Bob Bradley colocou ainda no primeiro tempo o bom volante Edu no lugar de Clark, que após a falha deu uma entrada dura no meio de campo e poderia até ter sido expulso. Os EUA melhoraram e ficaram mais tempo com a bola nos pés, Donovan e Dempsey armavam boas jogadas, mas estas morriam nos pés do fraquíssimo centroavante Altidore, que praticamente matava qualquer chance de empate.

Mesmo assim, no segundo tempo a segunda substituição americana foi a do outro atacante, Findley pelo nascido no Brasil Feilhaber, que não empatou logo nos primeiros minutos porque o goleiro Kingson saiu muito bem do gol e fez grande defesa. Mas aos 16 minutos não teve jeito, Dempsey fez linda jogada colocando a bola entre as pernas do primeiro marcador e só sendo parado com falta dentro da área, pênalti que Donovan converteu e assinalou o 1x1.

Até o final do tempo regulamentar os EUA foram melhores, mas a grande chance caiu novamente nos pés de Altidore, que mandou para fora na saída do goleiro.

Assim como no começo da partida, Gana aproveitou os primeiros minutos da prorrogação para fazer seu gol, em um chutão para frente que Gyan tomou a frente de Bocanegra, seu companheiro de equipe no Rennes, da França, não caiu com a trombada e estufou as redes na saída de Howard, Gana 2x1.

Já estafados de tanta correria, o melhor time dos EUA dos últimos tempos dessa vez não conseguiram vencer a retranca ganesa e igualar o marcador.

O 14º lugar dos EUA no ranking da FIFA não é mentiroso, os americanos mudaram de patamar no futebol e, apesar de estarem atrás dos gigantes, estão à frente da maioria dos europeus que foram para a África nesta Copa.

Gana mostra maturidade em seu segundo mundial. Eliminada pelo Brasil em 2006, agora tem pela frente outro sulamericano, o favorito Uruguai. A África segue viva.

Arnaldo

Para quem não acredita nessas coisas

Como diz a máxima, “não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem”. Via de regra, não compartilho de teorias da conspiração, mas, em se tratando de futebol e especificamente de Copa do Mundo, às vezes me deixo levar por certas “conspirações dos astros”.

Digo isto por conta de uma percepção que tive – algo sobrenatural como a jabulani – ao participar de um bolão. Descobri que a Copa atual segue a lógica da Copa de 1994, o que, diga-se de passagem, é ótimo, já que naquela oportunidade nos sagramos tetracampeões mundiais! Além disso, pela primeira vez erguíamos a Taça FIFA, substituta da derretida Jules Rimet, pelas mãos, ora, de quem: Dunga, nosso guerreiro ainda hoje. E que o Brasil tem sina para ganhar esta Copa na África também o revela o fato de que somos os únicos campeões a voltar com o caneco de um continente diferente: no caso, voltamos com o título da européia Suécia, em 1958.

Vejamos se tem ou não fundamento o que me foi revelado pelos deuses ludopédicos:

1º Jogo de 1994: Brasil 2x0 Rússia (país com maior parte do território na Ásia)

1º Jogo de 2010: Brasil 2x1 Coréia do Norte (país asiático)

2º Jogo de 1994: Brasil 3x0 Camarões (país africano)

2º Jogo de 2010: Brasil 3x1 Costa do Marfim (país africano)

3º Jogo de 1994: Brasil 1x1 Suécia (país europeu)

3º Jogo de 2010: Brasil 0x0 Portugal (país europeu)

Notem que os placares têm pequenas diferenças, mas a soma dos gols marcados em toda a fase de grupo é a mesma. Portanto, não há que se prever cada placar, mas saber que o total de gols nas partidas do Brasil será o mesmo, para todo o torneio, que em 1994.

E para que vingue a previsão, os próximos jogos serão os seguintes, a conferir:

Oitavas de 94: Brasil 1x0 EUA (país americano)

Oitavas de 2010: Brasil x Chile (país americano)

Quartas de 94: Brasil 3x2 Holanda (país europeu)

Quartas de 2010: Brasil x Holanda (!) ou Eslováquia (países europeus)

Semifinais de 94: Brasil 1x0 Suécia (aha!!! Seleção contra a qual o Brasil já fez final de Copa)

Semifinais de 2010: Brasil x Uruguai (idem)

Final de 94: Brasil 0x0 Itália (país europeu contra o qual o Brasil fazia – e vencia – a segunda final de Copa)

Final de 2010: Brasil x Alemanha (idem, se Deus quiser!)

Claro, essas previsões não passam de uma grande bobagem. Só brincadeira, apesar de interessante. Se nem as estatísticas, que é um negócio científico, são lá muito seguras para previsões futebolísticas, o que dizer de pasmaceiras astrológicas, destinos supostamente já escritos nos céus, etc. e tal?!

Portanto, melhor não acreditar nessas coisas. Além de não passar por ridículo, o sujeito não me impedirá de ganhar sozinho o meu bolão.

JFQ

Só o medo atrapalha a Celeste

Uruguai 2x1 Coreia do Sul (oitavas de final)

Após a fraca estreia no 0x0 contra a França, escrevi que o grande problema uruguaio era o medo de jogar bola, a falta de ímpeto de ir ao ataque, limitando-se à retranca e à tradicional raça.

Isso mudou para o segundo jogo, tanto na personalidade em campo quanto na parte tática com a mudança do 3-5-2 para o 4-4-2, entrando o atacante Cavani e movendo Forlan para a armação.

A melhora foi nítida e resultou em 3x0 contra a África do Sul, 1x0 no México e a classificação para as quartas hoje, 2x1 frente a Coreia do Sul.

Os asiáticos chegaram à fase eliminatória mostrando um futebol de toque de bola, boa qualidade técnica e uma fragilidade preocupante na defesa, que só não havia comprometido contra o nulo ataque grego. Nos outros jogos havia sido goleada pela Argentina e empatado em 2x2 contra a Nigéira, que simplesmente resolveu perder gols na frente da meta e sem goleiro.

O jogo de hoje começou equilibrado, com os dois times buscando o ataque. Aos 4 minutos, o primeiro bom lance em falta cobrada por Chu-Young que bateu na trave uruguaia. Aos 10, o ataque uruguaio trocou passes e Cavani achou Forlán na ponta esquerda, que driblou o zagueiro e cruzou para área, a zaga coreana deixou para o goleiro Sung-Ryong e este deixou para Suárez marcar com o gol vazio.

Após o gol a partida ficou muito nervosa, com as duas seleções correndo bastante e errando muitos passes. No melhor lance, o Uruguai não ampliou porque o árbitro deixou de assinalar pênalti na jogada em que Jung-Soo interceptou com o braço chute de Pereira, que havia dado um meio lençol em outro zagueiro e chutado sem deixar a bola cair.

Na segunda etapa a Celeste voltou a temer pelo resultado, recuando demais e deixando de ameaçar os coreanos, que passaram a trabalhar com mais calma a bola e criar boas chances de empate. Ele veio em um levantamento na área quando, após devio de um atacante, Muslera saiu mal e deixou Lee Chung Yong com o gol aberto para conferir de cabeça, 1x1 aos 24 minutos do segundo tempo.

O gol novamente despertou o time uruguaio, que voltou a tocar a bola, tentar o ataque e mostrar que com Fórlan, Cavani e Suárez é muito mais que uma seleção raçuda e boa na defesa. A recompensa veio a dez minutos do fim da partida, quando Suárez, o melhor em campo e um dos melhores da Copa até agora, pegou o rebote no segundo pau, driblou o zagueiro e com imensa categoria colocou a Jabulani no cantinho, ainda beijando a trave antes de entrar.

Era o gol da classificação do time que, quando não tem medo, joga bem, tem equilíbrio e é favorito no confronto contra EUA ou Gana, devendo chegar entre os quatro melhores do mundial.

Arnaldo

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Bravo, o Louco, a Fúria



Chile 1x2 Espanha, Suíça 0x0 Honduras (Grupo H, 1º Espanha, 2º Chile)

Ao final, restabeleceu-se a ordem natural das coisas no grupo H. O Chile foi brioso e fez bobagens, a Suíça arrancou o clássico 0x0 contra Honduras e a Espanha terminou em primeiro. Um grupo que prometia surpresas homéricas, a reboque da vitória da Suíça contra a favoritíssima Espanha, acabou seguindo o script dos bolões mais conservadores.

Nos jogos de hoje, que definiram o grupo, a Suíça conseguiu se defender bem, não tomando gols de Honduras. Parabéns. Aliás, parabéns também ao Chile: o único capaz de furar a forte defesa suíça. No entanto, a seleção do país do chocolate, mostrou que só é capaz de produzi-lo em outros campos. Se bem que, para a Suíça, 1x0 já seria um chocolate. Mas, contra Honduras, não deu.

Sorte do Chile, que começou muito bem a partida contra a Espanha. Um empate já classificaria os chilenos, mas, sendo o técnico “loco”, mandou o time para cima. Com boa marcação – às vezes excessivamente bruta – e boa movimentação, o Chile dominou a partida até os 24 minutos do primeiro tempo, quando tomou o gol. Destaque para Beausejour, que se deslocou o tempo todo, apresentando-se para receber e dando boas assistências. O outro atacante chileno, o habilidoso Sanchez, no entanto, esteve bastante apagado.

O gol da Espanha foi um presente do goleiro chileno Bravo. Em uma bola lançada para Fernando Torres, Bravo saiu em disparada até a intermediária e dividiu a bola que sobrou para David Villa, de primeira, chutar para o gol. Apesar de vazio, pela distância e pela rapidez de raciocínio, pode-se considerar um belo gol. O fato é que o goleiro chileno jogou por água abaixo toda a estratégia do time para surpreender a Fúria. Tentei evitar, mas não consigo: o louco Bravo deixou bravo o técnico Loco.

Daí para frente, a Espanha dominou a partida. Xavi apresentou-se bem, Inieste teve participação importante e, principalmente, David Villa mostrou que pode ser o grande atacante desta Copa. O problema espanhol é Fernando Torres, vindo de contusão, claramente fora de ritmo de jogo. Do meio para trás, a Espanha também segurava o Chile, já baqueado com o inesperado tento adversário. Xabi Alonso, Capdevilla, Sérgio Ramos e Busquets não davam muitos espaços para investidas chilenas.

As coisas ficaram ainda mais fáceis para a Espanha quando Iniesta, em um novo erro de saída do Chile, marcou o segundo. Além disso, Estrada – o rei dos carrinhos – foi expulso e deixou o time de Bielsa ainda mais fragilizado.

Quando se esperava uma Espanha arrasadora, fez-se a burocracia. O time espanhol apenas administrou o resultado. Torres foi substituído por Fábregas, o que uniu o útil ao agradável: saiu o atacante que não estava na sua melhor forma, entrou um ótimo jogador e com fôlego e ainda controlou o meio-campo, naquela altura em vias de ser dominado pelos chilenos.

Millar, que entrou no segundo tempo, marcou o “de honra” do Chile – um belo gol, diga-se de passagem – e ficou assim: 2x1 e ambos classificados.

Nas oitavas, a Espanha enfrenta Portugal. Juntamente com Alemanha x Inglaterra, promete ser o grande jogo dessa fase. Correndo o risco de parecer soberbo, confesso que não acho a Espanha tudo o que dizem. Sim, é uma excelente equipe, tem excelentes jogadores e uma base idem: o time do Barcelona. Mas não a vejo com a mesma consistência, por exemplo, da Holanda, para ficarmos em seleções mais ou menos parecidas. Não consideraria de modo algum uma zebra se Portugal eliminar a Espanha nas oitavas. Inclusive, acredito que isso vai acontecer. A conferir.

Quanto ao Chile, com seus bravos e loucos, é um time encardido, que morde, marca muito e avança com velocidade. Mas erra muito também. Comete muitas faltas e erra passes, especialmente na saída de bola. Tem atacantes perigosos e um meia muito bom, bem conhecido dos palmeirenses: Valdívia. Mas é pouco para colocar medo no Brasil. Ainda mais porque teremos a volta de Kaká e, provavelmente, de Robinho e Elano. E, como se não bastasse, os chilenos sofrerão com a ausência de três jogadores suspensos: Estrada, Medel e Ponce. E, quem sabe, com a presença do goleirão Bravo.

JFQ

Precisamos do trio

Brasil 0x0 Portugal, Coreia do Norte 0x3 Costa do Marfim (Grupo G, 1º Brasil, 2º Portugal)

Honestamente não sei nada do que aconteceu entre Coreia do Norte e Costa do Marfim, para constar os gols foram marcados por Yaya Touré aos 13, Romaric aos 20 do primeiro tempo e Kalou aos 36 da etapa final. É uma pena para o bom time marfinense, pois havia merecido a vitória contra os portugueses e agora deixa Gana como a única esperança africana.

Com Portugal praticamente classificado o que valia no confronto era a definição de primeiro e segundo lugares. O que não era pouco, porque o primeiro do grupo G, caso a Espanha confirme o favoritismo, teria como possíveis adversários Chile ou Suíça, depois o duelo mais forte nas quartas, provavelmente contra a 100% desde o primeiro jogo das eliminatórias, Holanda, e aí uma semi-final contra Uruguai, Coreia do Sul, Gana ou EUA. Já o segundo colocado pode pegar logo de cara a Espanha e ainda ficar na chave de Argentina e o vencedor entre Alemanha e Inglaterra.

Apesar do empate beneficiar o Brasil, o técnico português Carlos Queiroz montou uma equipe extremamente defensiva, sacando Liédson e Hugo Almeida e jogando sem centroavantes, apenas com Cristiano Ronaldo no ataque. Já Dunga manteve o esquema e trocou algumas peças, com Júlio Baptista, Daniel Alves e Nilmar substituindo Kaká, pela suspensão e Elano e Robinho por contusões.

Assim o Brasil dominou completamente as ações na primeira etapa, mantendo a posse de bola e tentando chegar ao gol, principalmente pela lateral direita com Maicon e Daniel Alves, o que proporcionou a Portugal, que limitava-se somente a marcar, conseguir duas boas jogadas exatamente pelo mesmo setor, com Fábio Coentrão. O domínio trouxe duas claras chances de gol, sempre em jogadas pela direita, sendo a primeira com Nilmar, em sua característica de chegar em bolas que ninguém acredita, finalizando para ótima defesa de Eduardo e desvio na trave. Na segunda Luis Fabiano cabeceou e venceu Eduardo, mas a bola triscou o poste e não entrou.

O primeiro tempo foi bastante nervoso, com sete cartões amarelos mostrados e Felipe Melo saindo para a entrada de Josué. Dunga disse em coletiva que foi por uma torção, mas também seria uma boa opção para evitar um cartão vermelho, já que havia se estranhado com Pepe, mais um brasileiro naturalizado português.

A seleção brasileira entrou um pouco sonolenta na segunda etapa, Portugal aproveitou e dominou as ações nos primeiros vinte minutos, obrigando Julio Cesar a fazer grande defesa ao interceptar finalização cara-a-cara de Raul Meireles. A defesa expôs outra preocupação, pois mostrou que nosso goleiro joga com uma proteção nas costas. Após a partida ele disse que tal prevenção é mais psicológica, que ele se sente seguro com o aparato e que não sofre nenhuma dor. Tomara.

Após esse ímpeto inicial português o Brasil voltou a comandar a posse de bola e tentar furar o bloqueio defensivo, mas as péssimas atuações de Julio Baptista e Michel Bastos escancararam nossos principais problemas, a falta de armação no meio campo e a ausência de reservas para Kaká e Robinho. Sem Ronaldinho Gaúcho, que eu concordo que não deveria estar lá, Ganso, Hernanes e Elias, vimos o melhor jogador brasileiro na Copa até agora, Lúcio, dominar a bola, tentar dribles, lançamentos, toques de calcanhar, tabelas, abrir espaços, tudo isso nos intervalos de sua função principal, colocar Cristiano Ronaldo no bolso.

Portugal termina a primeira fase sem sofrer gols e prometendo chegar longe, mesmo em uma chave difícil. O Brasil dependerá muito do trio Kaká, Robinho e Luis Fabiano fazerem as suas partes e, se fizerem, seremos campeões, porque Julio Cesar, Maicon, Lúcio e Juan são disparados os melhores do mundo em suas posições.

Assim como em 2002 fizemos um jogo duríssimo contra a Bélgica nas oitavas e jogamos bem contra a Inglaterra nas quartas, poderemos ter uma repetição do que vimos hoje contra a Suíça e, depois, como em 1994 e 1998, fazer o jogo da Copa contra a excelente Holanda. É bom estarmos preparados.

Arnaldo

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Copa dos Descamisados


A Itália, assim como fizera a França, não conseguiu compensar a mediocridade de seu futebol com o peso da camisa. As atuais campeã e a vice-campeã mundiais estão eliminadas da Copa. Os Bleus, aliás, já vieram bastante desacreditados para a África do Sul, principalmente depois da mãozinha de Henry no jogo que classificou os franceses contra a Irlanda. A Azzurra, no entanto (seria uma maldição azul?), mesmo não sendo brilhante, trazia mais do mesmo: uma equipe que não encanta, não joga bem, mas todos sabem que passa e depois se fortalece. Passava! Desta vez não deu.

Os mais tradicionalistas dirão que a Copa fica chata, fica mais pobre sem a presença dos favoritos. Afinal, quem quer ver uma final entre Eslováquia e Chile, a não ser os próprios eslovacos e chilenos?

Outros já veem essas zebras como algo positivo. Entre estes identifico alguns subgrupos. Há os revanchistas (jamais se esquecerão de 82, 86, 98 e 2006), os apegados à rivalidade (quero mais que italianos, franceses e, acima de tudo, os argentinos se danem!), os competitivos (quem bom que a Itália saiu: só o Brasil é penta) e os renovadores (por que sempre os mesmos?). Coloco-me entre estes.

Fico contente pelos resultados não por ter qualquer aversão a italianos ou franceses, muito pelo contrário, mas porque gosto de futebol bem jogado, ao mesmo tempo bonito e vitorioso, unido arte e resultado. Algumas seleções mais tradicionais abdicam da bola para se afirmarem pelas estrelas que ostentam nas camisas. Camisa pesa, sim, nós o sabemos bem. Mas não pode pesar mais do que o futebol de fato, jogado em campo. E, a bem da verdade, França e Itália apresentaram um futebol medíocre na África do Sul, fazendo por merecer a eliminação. A propósito, foram as últimas colocadas nos respectivos grupos.

Fico feliz também pelo outro lado da moeda. É interessante ver a ascensão dos norte-americanos, ainda bastante frágeis, mas com vontade, com garra, e com razoável qualidade técnica e tática. Vale lembrar: os EUA eliminaram a Espanha e quase venceram o Brasil na Copa das Confederações e se classificaram em primeiro num grupo que tinha a Inglaterra! Por mais avesso ao “imperialismo ianque” que eu seja, não dá para não aplaudir o time do bom Donavan e do goleiraço Howard.

Há também os que “não são, mas já foram”, ou seja, os que têm uma história, uma tradição, uma camisa de peso, mas que ao longo do tempo perderam a condição de gigantes frente à decadência do seu futebol. O caso clássico é o do Uruguai, bicampeão mundial, mas nunca colocado entre os favoritos a cada nova disputa de Copa. Aliás, é o único que sofre dessa generalizada descrença entre os sete campeões. Porém, nesta Copa o Uruguai está fazendo bonito: com uma boa defesa e um ataque perigosíssimo formado por Forlán e Suárez, nossos vizinhos chegaram bem às oitavas e têm tudo para chegar, depois de muito tempo, às quartas e mesmo às semifinais. E, quem sabe, não cavalgarão com sua zebra celeste até a final?

Há, ainda, os que “são sem nunca terem sido”: jamais venceram uma Copa, mas costumam montar seleções muito boas, a ponto de receberem o status de favoritos. Os principais casos são Holanda e Espanha. Quanto a esta, é bom que se cuide amanhã para não ser a terceira favorita precocemente eliminada. A Espanha chegou à África como a grande favorita, juntamente com o Brasil. Tem jogadores excepcionais e um futebol de primeira, como mostraram na conquista da última Eurocopa. Mas a surpreendente derrota para a Suíça e a vitória até certo ponto suada sobre Honduras colocam em dúvida a capacidade de a Espanha postular algo mais neste Mundial. Tem totais condições de vencer o Chile e passar para as oitavas. Só que isso deverá ocorrer em campo, e não no papel e nos prognósticos.

Enfim, estou curtindo esta Copa. Está saindo da mesmice dos favoritos, em que pese eu torcer pelo sempre favorito Brasil. Estou gostando desta Copa sobretudo porque está colocando de lado o lugar comum de que camisa, por si só, ganha jogo e ganha título. Melhor assim: para vencer, que seja em campo, jogando bola. E, já que falamos em futebol, legal que a própria Copa do Mundo seja uma caixinha de surpresas.

JFQ

Perspectivas para os Grupos G e H

Amanhã serão conhecidos os últimos classificados para as oitavas de final. Serão definidos os grupos G - o do Brasil, já classificado, mas não se sabe em que colocação - e H. Abaixo, nossas perspectivas.

GRUPO G

JFQ: O Brasil, acertando o seu jogo, não tem para ninguém. Jogo muito difícil contra Portugal, sem a presença de Kaká e contra um Cristiano Ronaldo motivado pela goleada sobre a Coréia do Norte. Mas Brasil não perde para Portugal: empate ou uma vitória simples, o que também garante a segunda vaga para os representantes da terrinha. Costa do Marfim, para variar, enfia a botinada na Coréia do Norte, que não bate em ninguém (nos dois sentidos), mas dessa vez não se intimida e vence. Classificados: Brasil em primeiro, Portugal em segundo.
Arnaldo: Jogando solto o Brasil é ainda melhor e deve vencer Portugal, que fica com a segunda vaga no saldo de gols.

GRUPO H

JFQ: Depois da França e da Itália, minha intuição é que a Espanha será a terceira grande favorita a ser eliminada da Copa. Só que neste caso a zebraça será uma pena: diferentemente dos Bleus e da Azzurra, a Fúria sabe jogar bola. Só que, infelizmente, pode ser tarde demais para mostrar isso. Marcelo “El Loco” Bielsa deve armar o Chile com uma defesa muito forte, marcando em cima. Corre o risco, dada a conhecida delicadeza chilena, de perder algum jogador expulso, o que seria muito bem-vindo para os espanhóis. A Espanha precisa fazer o gol logo para ter tranquilidade e controlar a partida. Se chegar aos 15 ou 20 minutos do segundo tempo no 0x0, e a Suíça estiver ganhando seu jogo, a Espanha pode se desesperar e abrir espaços para um fatal contra-ataque do Chile. Do outro lado, a Suíça, a duras penas, deve vencer Honduras por 1x0; no caso, goleada. Classificados: Chile em primeiro, Suíça em segundo e adversária do Brasil na segunda.
Arnaldo: Infelizmente o Chile cai fora, culpa dos inúmeros erros de finalização nos 2 primeiros jogos. Espanha em primeiro e a Suíça será nosso adversário nas oitavas com um 1x0 contra a faca Honduras, gol de cabeça.

Resultado da Enquete

Melhorou a avaliação do Brasil do primeiro para o segundo jogo. Contra a Coréia do Norte, a nota média atribuída à seleção brasileira pelos participantes da enquete do Ludopédicas foi 4,41. Já contra a Costa do Marfim, a nota média foi 6,88. Além disso, a moda (nota com maior incidência) foi 8, com 37% dos votos. Melhora significativa, já que a anterior havia sido 2, 3 e 4. Para completar, a mediana também foi 8 – elevada – e o desvio padrão, 2,92.

Laranja com sushi


Camarões 1x2 Holanda, Dinamarca 1x3 Japão (Grupo E, 1º Holanda, 2º Japão)

Enquanto Holanda, já classificada, e Camarões, já eliminado, apenas cumpriam tabela na Cidade do Cabo, Japão e Dinamarca faziam partida de vida ou morte em Rustemburgo. Empatados em pontos, quem vencesse ficaria com a vaga. O Japão jogava pelo empate por ter um golzinho a mais que a Dinamarca, mas não se contentou com a vantagem.

Desde o início os japoneses impuseram ritmo veloz à partida. As decidas japonesas, utilizando as pontas, especialmente com Honda, via de regra proporcionavam finalizações perigosas contra o gol de Sorensen. Além disso, os japoneses estavam num bom dia: não erravam passes, a defesa dinamarquesa mostrava dificuldades em conter seus ataques. Além do mais, o sistema defensivo do Japão estava bem estruturado; tanto que a dupla dinâmica da Dinamarca, Rommedhal e Bendtner, teve pouco espaço para mostrar o bom futebol da vitória contra Camarões. Como se não bastasse, falta parecia pênalti para os japoneses: Honda, aos 17, e Endo, aos 30 minutos do primeiro tempo, cobraram com perfeição, sem chances para Sorensen: 2x0. “Boa essa jabulani, né?”, deve ter sido o pensamento nipônico predominante. No segundo tempo, mutatis mutandis, a partida seguiu a mesma lógica. A Dinamarca fez o seu com Tomasson e o Japão ampliou com Okazaki. Final: Japão, classificado, 3x1.

A classificação da Holanda era mais do que esperada. Ou melhor, nem tanto, a considerar as zebras que andam soltas África do Sul afora. O fato é que os holandeses jogaram para o gasto. Fizeram o suficiente para que lhes fosse garantido o que deles se esperava: classificação em primeiro lugar no grupo. Contra Camarões, a boa novidade foi o retorno de Robben, que teve participação decisiva no segundo gol holandês, feito por Huntelaar. O primeiro foi de Van Persie, apagado neste Mundial, e os africanos fizeram o seu “de honra” com Eto’o cobrando pênalti. A Holanda, que já mostrou que é forte, consolida-se como séria candidata ao título com o retorno de Robben.

Apesar de segundo colocado, o destaque do grupo são os japoneses, que apesar de não poderem ser apontados propriamente como zebras, foram além das expectativas. Dentro de suas limitações, foram perfeitos naquilo a que se propuseram: um jogo com marcação forte, em cima, e muita velocidade quando em posse da bola. Ademais, não dá para esconder que se colocava muito mais fé nos camaroneses, com Eto’o à frente, e nos dinamarqueses do que nos japoneses. Ou seja, o Japão mostrou competência para saltar da condição de relativo azarão à de incontestável classificado. O Paraguai terá trabalho nas oitavas.

JFQ

Sem forza, Italia!

Eslováquia 3x2 Itália, Paraguai 0x0 Nova Zelândia (Grupo F, 1º Paraguai, 2º Eslováquia)

O Paraguai não furou a retranca neozelandesa e garantiu o primeiro lugar no grupo com um 0x0, eliminando os All Whites, que pelo menos deixam a África invictos e com ótimas histórias para contar. É tudo o que tenho a dizer sobre esse jogo, pois confesso que todas as minhas atenções estavam voltadas para a partida mais emocionante da Copa até agora.
Eu acreditava que, como em 1982, a Azzurra iria passar de fase com três empates e depois ir longe nos mata-matas. Porém as coincidências com a Copa da Espanha foram outras, no placar final e no passe de De Rossi, que repetiu Cerezo e deu o gol para Vittek, 1x0 aos 24 minutos de jogo. O jogo até então era muito pegado e faltoso, a Itália não conseguia armar uma só jogada de perigo e a Eslováquia surpreendia com o jovem capitão Hamsik, jogando mais avançado com a ausência de Weiss, filho do técnico.

Pela necessidade do empate, os italianos foram para cima no segundo tempo. Lippi tirou Gattuso e Criscito para as entradas de Maggio e Quagliarella, passando a finalmente pressionar e, consequentemente, propiciar contra-ataques para os eslovacos. Logo após Quagliarella vencer o goleiro e só não marcar porque Skrtel salvou, por milímetros, em cima da linha, Hamsik achou Vittek dentro da área para anotar o 2x0 aos 28 minutos do segundo tempo.

Parecia o fim das esperanças, mas a Itália, agora com Pirlo em campo, não desistia, tocava mais a bola e buscava o resultado. O gol veio em ótima tabela de Iaquinta e Quagliarella, que chutou forte e viu Di Natale aproveitar o rebote do goleiro e diminuir com o gol vazio, 2x1 aos 38 da etapa final. A Eslováquia fazia excelente partida, merecia o resultado e acertou outro contra-ataque aos 43 minutos, com Kopunek marcando 3x1 em seu primeiro toque na bola, após receber lançamento de uma cobrança de lateral.

Incrivelmente a tetracampeã mundial ainda teve tempo de um último suspiro, novamente com Quagliarella, que em um período jogou mais que Montolivo e Marchisio juntos em toda a Copa, acertando um lindo toque por cobertura de fora da área, anotando o gol mais bonito sem toque de mão até agora, 46 minutos, 3x2.

Mas ficou nisso, a Itália conseguiu a proeza de ser a última colocada em um grupo com Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia, acompanhando a França no retorno à Europa. Campeã e vice em 2006 eliminadas na primeira fase em 2010.

Arnaldo

Festa dos Boateng

Gana 0x1 Alemanha, Austrália 2x1 Sérvia (Grupo D, 1º Alemanha, 2º Gana)
Após mostrar bom futebol na estreia e força, perdeu chances claras e um pênalti jogando com dez homens, na derrota para a Sérvia, a Alemanha foi para a partida contra Gana para espantar a zebra e passar de fase. Os africanos deixaram escapar uma chance incrível de garantir classificação quando apenas empataram contra a Austrália, mesmo com um jogador a mais quase toda a partida.

Do outro lado da chave a Sérvia era a grande favorita, bastando uma vitória simples e, dependendo dos resultados, até um empate contra os australianos para estar entre os 16 melhores do Mundial.
O que se viu nos dois jogos foi uma repetição do que vem acontecendo com bastante frequência até aqui, incríveis chances de gol desperdiçadas. Faltam matadores na África do Sul, as seleções estão carecendo demais de centroavantes decisivos. Krasic e Pantelic literalmente chutaram para longe as chances da Sérvia em lances cara-a-cara, até sem goleiro. A Austrália, mais uma vez, limitou-se a defender e jogar nos contra-ataques. Acertou dois no segundo tempo, com os gols de Cahill aos 23 minutos e Holman aos 28. Pantelic finalmente fez o dele a dez minutos do fim, mas já era tarde e o jogo e as esperanças sérvias terminaram em 2x1.
Os atacantes também falhavam em Nelspruit, Özil e Azamoah perdendo contra-ataques sozinhos contra os goleiros.
Assim como a Eslovênia havia feito horas antes, Gana não estava 100% focada em sua própria partida, jogando mais recuada que devia e não agredindo os alemães como sua capacidade técnica permitia.O duelo entre os campeões europeus sub 21 contra os campeões mundiais sub 20 seguia equilibrado, com chances claras para as duas equipes.
Aos 15 minutos da segunda etapa Özil acertou belo chute de fora da área e abriu o marcador. Os ganeses continuaram sem modificar seu jogo, tocava bola com os ótimos e "enjoados" Ayew, filho de Abedi Pelé, e Gyan, criava oportunidades mas não finalizava com perfeição.
Os apitos finais soaram praticamente ao mesmo tempo nas duas partidas, mas a festa ficou em um só estádio, onde os 2 irmãos Boateng, um nascido em Gana e outro na Alemanha puderam comemorar juntos após se enfrentarem em campo.
A Alemanha segue forte e favorita para o clássico com a Inglaterra, Gana põe a África nas oitavas e fará uma partida interessantíssima contra os EUA.
Arnaldo

Valentia premiada


Eslovênia 0x1 Inglaterra, EUA 1x0 Argélia (Grupo C, 1º EUA, 2º Inglaterra)


Americanos e ingleses confirmaram o favoritismo no grupo C e passaram para as oitavas de final. É verdade, mas não foi da maneira que todos esperavam.

A Inglaterra só jogou mesmo alguma bola na última partida, com Rooney, Gerrard e Lampard muito aquém do que podem desempenhar. Ainda assim, venceu com 1x0 à Capello, gol de Defoe aos 21 minutos de partida, recuando perigosamente na segunda metade da etapa final e sofrendo desnecessária pressão da medrosa Eslovênia.

Os eslovenos pareciam mais preocupados com o outro jogo do grupo do que com a própria atuação, sabendo que o 0x0 de lá lhe dava a classificação.

Apesar da ausência de gols, EUA e Argélia faziam um jogo bastante movimentado, com os americanos desperdiçando muitas chances claríssimas de gol e repetindo o caminho da Nigéria, eliminada pela falta de competência na hora de mandar bolas fáceis para as redes. Parecia que o time que melhor havia jogado no grupo seria eliminado, mas no último lance do jogo, Donovan marcou o gol que deu a vitória, a classificação e o primeiro lugar no grupo.

A Argélia saiu sem fazer gols na Copa e a Eslovênia, depois de vencer com a ajuda do goleiro e empatar com o auxílio do juíz, também voltou para casa. A Inglaterra segue, mas vai ter que melhorar muito para não cair nas oitavas.

Arnaldo

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Perspectivas para os Grupos E e F

Nesta quinta serão definidos os classificados dos grupo E e F.

GRUPO E

JFQ: A Holanda confirma o 100% dos pontos contra Camarões. No confronto direto, o empate entre Japão e Dinamarca classifica os asiáticos. Classificados: Holanda em primeiro, Japão em segundo.
Arnaldo: Acredito em vitórias europeias na última rodada e mais um clássico nas oitavas, Holanda e Itália.

GRUPO F

JFQ: Zebra tem limite! A Itália passa pela fraca Eslováquia e o Paraguai, pela surpreendente Nova Zelândia. Classificados: Paraguai em primeiro, Itália em segundo.
Arnaldo: Paraguai vence e se classifica em primeiro, já a Itália passa em segundo com mais um decepcionante empate.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Perspectivas para os Grupos C e D


Nesta terça-feira serão definidos os classificados para os grupos C e D. Abaixo, nossas perspectivas para os dois grupos.

GRUPO C

JFQ: Enfim, os outrora favoritíssimos do grupo vencem uma partida. A Inglaterra passa pela Eslovênia, os EUA, pela fraca Argélia. No saldo de gols, os norte-americanos levam a melhor. Classificados: EUA em primeiro, Inglaterra em segundo.
Arnaldo: Concordo novamente com o João, Inglaterra 1x0 no melhor estilo Capello e EUA em primeiro aproveitando que a Argélia vai achar que joga bola e ir para o ataque.

GRUPO D

JFQ: A Alemanha, mordida, passa por cima de Gana, que perdeu sua chance ao empatar com a limitada Austrália... e com um jogador a mais em campo! A Sérvia, em ascensão, ganha da Austrália. No saldo, Alemanha na frente. Classificados: Alemanha em primeiro, Sérvia em segundo.
Arnaldo: Gana jogou fora contra a Austrália a maior chance de um africano nas oitavas. Sérvia deve vencer e garantir o segundo lugar. Se estivermos certos nos dois grupos, Alemanha x Inglaterra nas oitavas.

Finesse

Em entrevista coletiva, o técnico Dunga, sabe-se lá por que, estranhou o jornalista Alex Escobar, da Globo. Dunga ficou xingando Escobar, em tom baixo, mas ao alcance do microfone. À noite, no Fantástico, Tadeu Schmidt protestou contra a atitude do técnico. Para Schmitt, Dunga tem comportamento incompatível com o cargo que ocupa. Hoje, a Folha e a UOL noticiaram que o protesto “global” se deu após veto de Dunga a entrevistas exclusivas já acordadas entre Ricardo Teixeira e a emissora.

Não é de hoje que Dunga se posta como um bronco de primeira grandeza. Ao melhor estilo Muricy Ramalho, trata a imprensa à base de coices, como se fossem inimigos mortais da “pátria de chuteiras”. As críticas dos jornalistas são tomadas por Dunga como atos impatrióticos, já que estamos em guerra, quer dizer, em disputa de Copa do Mundo. Além disso, Dunga é daqueles que pensa que se o jornalista falou “mal” antes, não pode falar “bem” depois. Nem se o Brasil não tiver jogado nada contra a fraquíssima Coréia do Norte – que o diga Portugal – e melhorado bastante no jogo seguinte contra Costa do Marfim. Ou seja, o jornalista deve ser um torcedor fiel, para não dizer um bajulador. Não é um profissional, mas alguém que deveria estar ali para incentivar a “nossa” seleção; caso contrário, só está ali para atrapalhar.

De qualquer forma, Dunga tem razão quando factóides são veiculados em busca de repercussão fácil, como nos casos da suposta contusão de Júlio César e de Gilberto Silva. Mas a perde quando sua reação é na base de xingamentos e caras feias.

Por outro lado, também a Globo não é nenhuma coitadinha. As críticas, especialmente as mais duras, só aparecem quando algum interesse não é contemplado ou é colocado em risco. Também aqui o jornalismo sai perdendo.

Em suma, todos têm alguma razão. E ninguém tem.

Tadeu Schmidt fala de entrevista coletiva com técnico Dunga

Já o técnico da França – aquela que voltou para casa, de onde não deveria ter saído –, foi protagonista da cena mais ridícula desta Copa. Recusou-se a cumprimentar Carlos Alberto Parreira após a partida em que a África do Sul venceu a França por 2 a 1. Alegação: Parreira teria dito que a França não merecia estar na Copa. Alguém tem dúvidas disso? Ou Domenechi não acha que foi irregular o gol de Gallas, com uma mãozinha de Henry, no jogo que classificou a França para o Mundial? Se for assim, Domenechi pode se acostumar a não cumprimentar mais ninguém mundo afora.

Domenechi, além de não ter razão nenhuma para sua atitude deselegante, demonstra, ele sim, incompatibilidade em relação ao cargo que ocupa. Fora e dentro do campo. Com um comandando desses, está explicado o porquê do fiasco francês.

Domenechi não cumprimenta Parreira

Nessa toada, corre-se o risco de Maradona ser considerado o mais polido dos treinadores da Copa.

Quanta finesse!

JFQ

África, território dos americanos

Desde a surpresa com Camarões na Copa de 1982, o mundo do futebol passou a ver as seleções africanas como uma espécie de promessa. Um dia uma dessas seleções fatalmente ganharia a Copa. Generalizou-se a ideia de que os africanos uniam descomunal força física, velocidade, habilidade, mas não tinham disciplina tática. Tinham um enorme potencial, mas lhes faltaria seriedade e organização em campo. Essa ideia ganhou ainda mais força com as várias boas seleções africanas que surgiram em outras Copas, além de mundiais sub-20 e Olimpíadas.

Chegada a vez de um país do continente sediar a Copa do Mundo, veio também a impressão de que o momento seria propício para a concreção da promessa: uma seleção da África levantando a taça.

Ledo engano. Hoje, dois africanos já disseram adeus à Copa: Nigéria e África do Sul. Camarões já o fizera antes. As restantes – Argélia, Gana e Costa do Marfim – terão que suar muito para conseguirem a classificação. O mais provável, inclusive, é que nenhuma passe para as oitavas.

Segundo Tostão, a Copa 2010 evidencia uma involução do futebol africano. Para nosso ex-craque dos gramados e atual craque das crônicas esportivas, atualmente, inclusive, é falsa a noção de que os africanos não têm organização tática: o que passou a faltar é futebol de qualidade mesmo. Ou seja, muita força, muito esquema e pouco futebol.

Em compensação, os americanos estão dando show na Copa. Com exceção de Honduras, todos os demais, ou estão classificados – Uruguai, México, Argentina e Brasil – ou em boas condições de classificação – Paraguai, EUA e Chile.

Engraçado. Em terras africanas, os americanos é que estão com tudo. Será que a situação se inverte em 2014?

JFQ

Favoritos na corda bamba

Antes de iniciado o Mundial, considerando a opinião da imensa maioria dos supostos entendidos, oito seleções carregavam o status de favoritas. São elas: as quatro gigantes, na terminologia “galvão-buênica” – Brasil, Alemanha, Itália e Argentina –, duas outras campeãs mundiais – França e Inglaterra (o pobre do Uruguai é o único dos campeões que jamais é colocado como favorito), e duas que sempre prometem, mas nunca cumprem – Espanha e Holanda.

Pois bem. Hoje, a França melancolicamente disse adieu à Copa. Para muitos, foi bem feito, uma vez que chegaram à África do Sul com uma mãozinha, literalmente. Nesta semana, algumas outras favoritas correm risco de juntar-se aos franceses no vexame da eliminação prematura: para Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha qualquer bobeada será fatal.

Apenas Brasil e Holanda já garantiram a classificação para as oitavas. Talvez não seja à toa que as três tenham boas semelhanças, especialmente no bom toque de bola e na habilidade de seus principais jogadores.

JFQ

Goleiro bom é goleiro eunuco



A jabulani já não é a única vilã dos goleiros nesta Copa. As mulheres também têm a sua culpa.
Primeiro foi o goleiro da Inglaterra, Green, que frangou no jogo contra os EUA. Segundo o tablóide britânico Daily Mirror, o arqueiro do English Team terminou um relacionamento de 1 ano e oito meses com a modelo de lingerie canadense Elizabeth Minett há pouco menos de um mês e não está, digamos, com uma irremediável dorzinha de corno. Quer dizer, Green teria tomado um peru porque estava pensando na ex?! Bem, no caso de Green, talvez seja o contrário: o frango explica a separação. Afinal, a própria jabulani mostrou que o cara não tem pegada!

O segundo caso foi o do goleiro Iker Casillas, da Espanha. Casillas teria se distraído com a namorada, a jornalista Sara Carbonero, que está cobrindo a Copa do Mundo. Sara estaria atrás do gol e teria tirado a atenção de Casillas durante a partida contra a Suíça, em que a Fúria saiu derrotada.

Resumo da ópera: quanto à jabulani, nesta altura do campeonato os goleiros já devem estar bem adaptados; entretanto, em relação às mulheres, só castrando.

A propósito, leia abaixo um bem humorado artigo de Xico Sá sobre o assunto.

JFQ

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Amor de goleiro
Xico Sá

Folha de S.Paulo (19/06/2010. P. D5)

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, não consigo esquecer um minuto a Sara Carbonero, repórter do canal "Telecinco", namorada do goleiro Casillas, a quem muitos espanhóis, com ciúme ou por despeito, culpam pelo fracasso da pátria em castanhola contra a Suíça.

A morena acompanha, profissionalmente, o time do amado, sempre a poucos metros da rede do guarda-metas. Segundo a versão mais fanática, aqueles "ojos verdes" teriam desconcentrado o pobre rapaz. Faz todo o sentido do mundo.

Amar e pegar no gol são ofícios incompatíveis. Imagine uma D.R., a mitológica discussão de relação, no dia do jogo, mesmo por telefone, mesmo por MSN ou por outra ferramenta moderna?! Imagine estar sofrendo de amor e, em vez do gandula, é ela, Sara, quem acaba devolvendo a bola!

Um volante, tudo bem, pode levar o maior pé na bunda e jogar melhor ainda: só vingança, vingança no bico da chuteira assassina e na cara feia para os inimigos. Um goleiro, não. Perde o equilíbrio, com ou sem a insustentável leveza da Jabulani.

Por trás de um frango, na várzea ou em uma Copa, há uma dor amorosa. O medo do goleiro diante do chifre.

Não foi à toa que os tabloides britânicos associaram o gol sofrido pelo Green, contra os EUA, à sua recente separação.

Leve-se em conta, amigo, que estamos falando de uma equipe cujos treinos estão mais para ensaios de Shakespeare do que para o futebol propriamente dito. Haja traições entre os boleiros, que o digam os colegas John Terry e Wayne Bridge.

Só sei, amigo, que não consigo esquecer os olhos de Sara Carbonero. Trabalharia qual um mouro para sustentá-la para o resto da vida.

Amor e vida debaixo das traves não combinam. Lembro de um belo conto do Flávio Moreira da Costa, "A Solidão do Goleiro". Relata a agonia de um camisa 1 do escrete canarinho que, às vésperas de uma peleja decisiva, descobre a traição da legítima esposa. O drama está no livro "22 Contistas em Campo" (Ediouro).

Não é o caso do arqueiro espanhol. A torcida o acusa apenas de perder a concentração diante da chica. E tem algo mais criminoso do que a beleza?

"Eu posso desestabilizar o time? Acho que isso não faz o menor sentido", disse a moça, em sua rede de televisão. Faz sim, querida Sara, sinto muito.