terça-feira, 22 de junho de 2010

Finesse

Em entrevista coletiva, o técnico Dunga, sabe-se lá por que, estranhou o jornalista Alex Escobar, da Globo. Dunga ficou xingando Escobar, em tom baixo, mas ao alcance do microfone. À noite, no Fantástico, Tadeu Schmidt protestou contra a atitude do técnico. Para Schmitt, Dunga tem comportamento incompatível com o cargo que ocupa. Hoje, a Folha e a UOL noticiaram que o protesto “global” se deu após veto de Dunga a entrevistas exclusivas já acordadas entre Ricardo Teixeira e a emissora.

Não é de hoje que Dunga se posta como um bronco de primeira grandeza. Ao melhor estilo Muricy Ramalho, trata a imprensa à base de coices, como se fossem inimigos mortais da “pátria de chuteiras”. As críticas dos jornalistas são tomadas por Dunga como atos impatrióticos, já que estamos em guerra, quer dizer, em disputa de Copa do Mundo. Além disso, Dunga é daqueles que pensa que se o jornalista falou “mal” antes, não pode falar “bem” depois. Nem se o Brasil não tiver jogado nada contra a fraquíssima Coréia do Norte – que o diga Portugal – e melhorado bastante no jogo seguinte contra Costa do Marfim. Ou seja, o jornalista deve ser um torcedor fiel, para não dizer um bajulador. Não é um profissional, mas alguém que deveria estar ali para incentivar a “nossa” seleção; caso contrário, só está ali para atrapalhar.

De qualquer forma, Dunga tem razão quando factóides são veiculados em busca de repercussão fácil, como nos casos da suposta contusão de Júlio César e de Gilberto Silva. Mas a perde quando sua reação é na base de xingamentos e caras feias.

Por outro lado, também a Globo não é nenhuma coitadinha. As críticas, especialmente as mais duras, só aparecem quando algum interesse não é contemplado ou é colocado em risco. Também aqui o jornalismo sai perdendo.

Em suma, todos têm alguma razão. E ninguém tem.

Tadeu Schmidt fala de entrevista coletiva com técnico Dunga

Já o técnico da França – aquela que voltou para casa, de onde não deveria ter saído –, foi protagonista da cena mais ridícula desta Copa. Recusou-se a cumprimentar Carlos Alberto Parreira após a partida em que a África do Sul venceu a França por 2 a 1. Alegação: Parreira teria dito que a França não merecia estar na Copa. Alguém tem dúvidas disso? Ou Domenechi não acha que foi irregular o gol de Gallas, com uma mãozinha de Henry, no jogo que classificou a França para o Mundial? Se for assim, Domenechi pode se acostumar a não cumprimentar mais ninguém mundo afora.

Domenechi, além de não ter razão nenhuma para sua atitude deselegante, demonstra, ele sim, incompatibilidade em relação ao cargo que ocupa. Fora e dentro do campo. Com um comandando desses, está explicado o porquê do fiasco francês.

Domenechi não cumprimenta Parreira

Nessa toada, corre-se o risco de Maradona ser considerado o mais polido dos treinadores da Copa.

Quanta finesse!

JFQ

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