segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O Inter será campeão

Tudo indica que o Flamengo já é campeão, está com a mão na taça. Só resta um jogo e tem 2 pontos na frente dos “segundos colocados”: Internacional, Palmeiras e São Paulo, todos com 62 pontos. Um lindo cenário ao rubro-negro da Gávea... Ledo engano! Tomando-se a lógica implícita ou mesmo escancarada do campeonato, quem pensa que está com o título na mão entrega-o ao próximo da fila. Em outras palavras: a zebra neste campeonato é a vitória do favorito.

Dessa forma, admitindo o despautério de se prever resultados num torneio sabidamente imprevisível, palpito: o Internacional será o campeão de 2009! Batata! Não interessa se o Grêmio, seu arquirrival, será o adversário do Flamengo, nem que o Maracanã estará lindamente lotado, todo decorado em vermelho e preto. Pela lógica caótica deste campeonato, o título está fadado ao Colorado. Primeiro, justamente porque tudo indica que o Flamengo já ganhou. Segundo, porque o Inter não joga a última partida contra o Goiás, o “destruidor de sonhos” (inclusive dele próprio). Terceiro, porque o Grêmio não precisa ganhar do Flamengo, basta o empate, o que, combinado com a vitória do Inter sobre o moribundo Santo André, dará o título surpreendente ao time do Beira Rio. É justamente o que vai acontecer na última rodada. Alguém aposta?

JFQ

Que golaço!

Confesso: não sou muito fã de Diego Souza, meia ofensivo do Palmeiras. Acho Diego muito bom jogador, mas longe de ser o craque que a imprensa, quando ele está jogando bem, às vezes sugere, e que como ele próprio parece se ver. Na verdade, o que me irrita um pouco em Diego Souza, afora os gols que já fez ou ajudou a fazer no meu time – dá para esquecer que ele estava naquele jogo contra o Grêmio que culminou no rebaixamento do Corinthians? –, é o tipo ligeiramente “mezzo marrento, mezzo bad boy” que ostenta dentro e fora dos campos. Bem, cada um cada um, como diria o filósofo de botequim após a enésima cerveja.

Tudo isso, porém, é incapaz de me fazer negar o óbvio: que p... golaço o cara marcou contra o Atlético Mineiro! De imediato, muita gente associou a obra de arte, merecedora de placa no Parque Antártica, às tentativas frustradas de Pelé na Copa de 1970, contra o Uruguai e contra a Tchecoslováquia. Aliás, sempre que alguém conseguir um marcar um gol do meio-campo, dir-se-á: “é o gol que nem Pelé conseguiu fazer”. Pode ser. Mas, diga-se de passagem, não é um gol tão raro assim, não necessariamente belo por ser de tão longe, proeza até de alguns pernas-de-pau com benemérita ajuda de goleiros frangueiros. Deixa pra lá.

O caso é que Diego Souza realizou uma verdadeira pintura, digna dessa arte chamada futebol. Aos apaixonados por esse esporte, provocou o sorriso do encantamento e lembranças de outras belas obras construídas com chuteiras. A mim, além dos mencionados lances de Pelé, especialmente a resposta à má devolução do goleiro uruguaio Mazurkiewsky, vieram à mente dois gols. O primeiro, de Éverton, do São Paulo, contra o Botafogo, na semifinal do Brasileirão de 1981: um sem-pulo preciso de fora da área. O segundo, de Zidane, no Real Madri, contra o Bayer Levrkusen, pela Copa dos Campeões da Europa de 2002: o francês emendou um pombo sem asa a partir de um tijolo cruzado por Roberto Carlos. Todos, belíssimos lances. Mas, se bobear, o gol de Diego Souza os tenha superado.

Para ver o golaço de Diego, eis o link: http://www.youtube.com/watch?v=sgfbmFqzoHE

JFQ

Errar é humano

O jogo entre Corinthians x Flamengo, que praticamente selou a conquista do título pelo rubro-negro, acabou virando um prato cheio para teorias conspiratórias e acusações de ladroagem. Como já havia adiantado, não acreditava que o Corinthians entregaria o jogo, e não creio que o tenha feito. A lamentável atitude do goleiro Felipe, não indo deliberadamente na bola em protesto ao pênalti erradamente assinalado por Evandro Rogério Roman, é reprovável e antiprofissional, merecedora de punição. Ponto. Assim como as reações destemperadas de Elias e Mano Menezes, que disseram cobras e lagartos do árbitro. Porém, justamente disso pode-se aferir o quanto o time corintiano estava empenhado em ganhar, jogando exatamente todo o futebol por ele apresentado na maior parte deste Brasileirão. O problema é que seu futebol notabilizou-se pelas falhas na defesa e falta de criatividade e efetividade no ataque. E, sejamos justo, não será por isso que o São Paulo, que dependia apenas de suas forças e perdeu os dois últimos jogos, terá deixado a taça escapar de suas mãos.

Fico com uma pulga atrás da orelha com os erros constantes do árbitro Evandro Rogério Roman. Neste ano, em junho, foi afastado dos sorteios após partida São Paulo x Cruzeiro, quando sua arbitragem foi contestada, especialmente no aspecto disciplinar. Em setembro, foi imposto ao árbitro um período de reciclagem após a partida Cruzeiro x Palmeiras, no Mineirão, em que deixou de assinalar dois pênaltis em favor do time da casa. Agora, nesse importantíssimo jogo entre os dois mais populares times do Brasil, distribuiu cartões “a rodo”, como se diz no interior, e assinalou um pênalti inexistente em favor do Flamengo.

É sabido que errar é humano. A tirar por base o senhor Roman, contudo, talvez se faça necessário evocar Nietzsche para defini-lo: humano, demasiado humano.

JFQ

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

No Domingo Somos Todos Corinthians

Futebol é engraçado. No próximo domingo, contra o Flamengo, são-paulinos e palmeirenses serão Corinthians desde criancinha. A vitória do arquirrival aumenta as chances, para ambos, de classificação à Libertadores e de título. Em relação ao São Paulo, inclusive, caso vença o Goiás e o Timão passe pelo Flamengo, estará garantido matematicamente o tetra/heptacampeonato do tricolor.
Não há que se colocar em dúvida o intuito do escrete mosqueteiro em vencer, muito embora não almeje nada mais neste campeonato. Por uma questão de honra e até de gratidão. Senão, vejamos. Em 1988 o Corinthians foi à final do Paulistão contra o Guarani, sagrando-se campeão em seguida, graças à vitória do Palmeiras, já eliminado, contra o São Paulo. E em 2004, com um gol de Grafite contra o Juventos, o tricolor livrou o Corinthians do rebaixamento, também no Paulistão.
Claro, os corintianos não ficaríamos decepcionados caso o Goiás e o Atlético Mineiro vençam seus próximos jogos. De qualquer forma, temos o dever de nos empenharmos para ganhar nossa partida, não obstante não aceitarmos lamentações em caso de derrota, sendo justa, por méritos flamenguistas.
Enfim, no domingo seremos todos Corinthians. Inclusive os corintianos!
Até coloquei uma foto minha aí embaixo para demonstrar a motivação alvinegra de Parque São Jorge.
JFQ




Ops, errei! A foto a que me referia é essa aqui embaixo. Desculpe.



Mãozinha, mãozadas e arbitragem


Recentemente, dois fatos marcaram o futebol aqui e alhures: a mãozinha do francês Thierry Henry no gol que determinou a classificação da França para a Copa do Mundo e as mãozadas trocadas entre os palmeirenses Maurício e Obina, culminando na expulsão de ambos em jogo contra o Grêmio. Como pano de fundo, em um episódio e no outro, destaca-se a arbitragem. Para o bem e para o mal.

No primeiro caso, o gol de Gallas foi irregular duas vezes: além da “conduzida” de Henry, houve impedimento no lance. Esquecida esta irregularidade, tomando-se apenas aquela, ouve-se o veredito quase unânime: erro de arbitragem! Claro. Daí, a assertiva seguinte, logicamente derivada: “o juiz foi culpado e deve ser penalizado”. Não concordo. É muito fácil para quem vê o lance pela TV, repetido milhares de vezes, em câmera lenta, de vários ângulos, julgar a arbitragem. Entretanto, também a partir de um tira-teima, comprovou-se que a visão do árbitro estava encoberta. Ou seja, precisamos consolidar um entendimento que apesar de óbvio não é frequente: o árbitro e o bandeirinha são humanos! Isso não significa apenas que “erram”, mas que não são onipresentes, oniscientes e onipotentes; isto é, não são deuses! O fato do juiz não ter visto Henry colocar a mão na bola não quer dizer que tenha falhado. Aliás, estava bem colocado, porém encoberto. Simplesmente, era humanamente impossível, sem os recursos tecnológicos, naquele instante preciso e a olho nu, constatar a irregularidade. Ponto. Disto vem outra pergunta, não menos óbvia: por que não é admitido o uso de recursos tecnológicos para detectar tais irregularidades? Porque somos ferrenhos adeptos da máxima rodrigueana segundo a qual o vídeo-tape é burro? Até que ponto? Até quando entenderemos que faz parte do “universo encantado do futebol” a possibilidade de erros facilmente corrigíveis com a utilização de recursos tecnológicos simples? Ainda: até quando aceitaremos como desejável esse tipo de malandragem (sem necessariamente recairmos na ditadura afrescalhada do fair play)?

Talvez a tecnologia seja mesmo burra. No entanto, não parece muito inteligente críticas imediatas aos árbitro por irregularidades desse tipo. A propósito, a culpa – se é um culpado que procuramos – deve recair toda ela no jogador. Culpa pela falta ética ou do tal fair play, culpa pela revolta dos irlandeses e pela felicidade da parte mais pragmática da torcida francesa, que está pouco se lixando para essa frescura de ética e só quer comemorar a classificação sofrida, de fato, se não de direito.

Por fim, lembro que Thierry Henry declarou em 2006 que a vantagem futebolística do Brasil seria resultado da nossa falta de estudo, enquanto eles (franceses, europeus) seriam obrigados a dois períodos de estudo. Quer dizer, enquanto os garotos de lá não teriam tempo para a bola, dada a dedicação aos estudos, por aqui isso não seria problema. Caso verdadeira a tese do atacante francês, ao melhorarmos a qualidade de nossa educação seria de se esperar uma piora diretamente proporcional nos campos. Pode-se concluir, ainda, menos das palavras que das atitudes do mesmo Henry, que, se a diferença na educação pode explicar parte das diferenças entre brasileiros e franceses no futebol, não se poderia mais cogitar distinções quanto à nossa conhecida malandragem. Neste quesito estamos quites.

***

No caso dos brigões palmeirenses, a sentença quase unânime de palmeirenses e rivais é que o árbitro Heber Roberto Lopes – na minha opinião, hoje, o melhor árbitro em campos brasileiros – acertou ao expulsar os pugilistas, quer dizer, os jogadores. E, acima de tudo, os jogadores erraram!

Por esses e outros episódios futebolísticos, faço um apelo: deixemos a arbitragem onde ela deve estar – como pano de fundo – e passemos a responsabilizar quem realmente faz o jogo: os jogadores. Não basta propagarmos que juiz bom é juiz que não aparece. Às vezes fazemos questão de colocá-los em evidência.

Em tempo:

Neste campeonato marcado por erros gritantes de arbitragem (de falta inexistente a gol de mão), merece menção o irretorquível trabalho do senhor Sandro Meira Ricci no difícil jogo Botafogo 3x2 São Paulo. Assim como seria perfeito o trabalho de Elmo Resende Cunha no jogo Palmeiras 2x2 Sport, não fosse aquela miserável comichão por assoprar o apito num momento absolutamente inoportuno. De qualquer forma, o empate pareceu o resultado justo. Assim como não me pareceram injustas nenhuma das tantas expulsões de jogadores são-paulinos nesse Brasileirão. No entanto, isso não convence o tricolor no Morumbi, talvez para manter o entendimento tradicional: a culpa é sempre mais do árbitro que dos jogadores.

JFQ

Futebol e Corrupção

Para quem acha que corrupção em geral, e no futebol em particular, é exclusividade brasileira, vale a pena dar uma espiada na boa reportagem veiculada no Esporte Espetacular, da Rede Globo, de 22/11/09. O recém divulgado escândalo de manipulação de 200 jogos para beneficiar apostadores, envolvendo jogadores, árbitros, treinadores e afins em nove países da Europa, traz a lembrança imediata dos 11 jogos manipulados por Edílson Pereira de Carvalho no Brasileirão de 2005. Mas também nos chama a atenção para o fato de que corrupção não é “jaboticaba”, ocorrendo, inclusive, na civilizada Europa. Além de não ser uma questão recente.
JFQ

Para assistir à reportagem, o link é esse aí embaixo:

http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM1163618-7824-UEFA+E+POLICIA+ALEMA+REVELAM+ESCANDALO+NO+FUTEBOL+EUROPEU,00.html

sábado, 21 de novembro de 2009

Apresentação do Blog


Ludopédicas – neologismo popularizado no jornalismo esportivo, relativo ao universo do futebol – é o nome deste blog a ser conduzido a quatro mãos e, com sorte, com a contribuição de mais tantas outras. Nós, os primos João Felício Quirino e Arnaldo Cintra Querino, adoradores que somos do dito esporte bretão, temos muito presente em nossas vidas, desde crianças, a brincadeira de jogar bola.
Goste-se ou não, há que se reconhecer que o futebol é um jogo esplêndido. Ou, como diria Nelson Rodrigues, está muito além do mero jogo. Tem a capacidade de nos trazer o espírito lúdico da brincadeira e a seriedade da competição, de propiciar a socialização sadia das discussões e gozações entre amigos de torcidas rivais, de provocar o orgulho de sermos brasileiros, de revelar meandros das relações sociais e do comportamento humano. Tudo ao mesmo tempo, se bem conduzidas as coisas dentro e fora das quatro linhas.
Dessa presença – quase onipresença – do futebol em nossas vidas, nós, corintianos roxos e alvinegros, decidimos organizar este blog. Mas já adiantamos: é um blog não só de corintianos ou para corintianos; está aberto aos “coirmãos”, torcedores de outras cores, portadores de outros mantos sagrados, “segundas peles”. Assim como, eventualmente, está aberto para tratar de outros esportes e até de outros assuntos. A propósito, como se diz nos bares: um assunto puxa o outro... E o futebol, quem conhece sabe, puxa todos.
Bem-vindos.
João e Arnaldo.