terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Simplesmente, campeão




Quem tem a minha idade e acompanhou, quando criança, o timaço do Flamengo dos anos 1980, não tem como não guardar na memória aquele escrete mágico. Mal-comparando, quando meu pai cita o time do Santos e seu ataque composto, salvo engano, por Mengalvio, Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe, vêm à minha mente outros nomes: Junior, Tita, Adílio, Zico e Nunes. Os times são outros, os tempos idem, mas a sensação lúdica provocada em quem viu o Santos dos 60 e o Flamengo dos 80 é muito semelhante. Assim como, talvez, aos mais novos que acompanharam o São Paulo dos 90.
Andrade era um dos heróis daquele Flamengo, campeão brasileiro em 1980/82/83 e 87, campeão da Libertadores e do Mundial em 1981. Além desses, também ganhou o Brasileiro de 1989 pelo Vasco. Fez pouco na seleção brasileira (participou de 12 jogos), até porque na sua época tinha a ingrata missão de competir com cracaços como Cerezo e Falcão. Mas fazia um meio campo quase perfeito, resguardando os companheiros mais avançados, Adílio e Zico. E no meio desses gigantes, não obstante sua enorme capacidade, figurava como coadjuvante. Condição, aliás, que não lhe parecia fazer mal. Pelo contrário: adequava-se perfeitamente a seu caráter humilde, simples, mas de extrema competência na execução de suas funções.
Passado o tempo, encerrada a carreira como o jogador com maior número de títulos brasileiros, Andrade iniciou a carreira de técnico com a mesma simplicidade e competência, na base do Flamengo. Sempre à espreita do técnico, digamos, efetivo, Andrade fez-se o auxiliar alçado ao comando do time sempre que o “professor” de plantão pedia o boné e ia passear em outras freguesias. E não foram poucas as vezes que isso ocorreu.
Porém, eis que o destino pregou-lhe uma peça. Após a saída de Cuca, Andrade virou técnico efetivo e, diante dos bons resultados, não voltou à condição de auxiliar. Ganhou a confiança da torcida, o respaldo da diretoria, o respeito dos jogadores. Fez-se novamente campeão, novamente envolto de uma simplicidade tocante e de uma competência à toda prova. Uniu as melhores qualidades do profissional e do ser humano. Neste ponto, a propósito, foi magistral após a vitória do Mengo sobre o Santos, na Vila, por 2x1: Andrade fez questão de homenagear o ex-goleiro Zé Carlos, falecido naquele dia, e que fora seu companheiro no time campeão de 1987.
Isso é Andrade: simplesmente, campeão.
JFQ


Obs: A foto acima é de minha coleção Futebol Cards, muito popular nos anos 70/80. Figurinha importante a um garoto boleiro daquela época, relíquia preciosa ao mesmo garoto tornado pós-trintão.

Lições dos Pontos Corridos

1) É preciso preparo psicológico para manter a liderança.
2) O campeão no primeiro turno não é mais o virtual campeão brasileiro; esta “lei” foi revogada há dois anos.
3) Ninguém é tão bom que possa se achar campeão ou tão ruim para já se achar rebaixado antes da última rodada
4) O São Paulo é sempre forte, mas Jason também morre.
5) Os grandes também caem, mas sobem em seguida.
6) O campeonato deve terminar com os clássicos regionais para coibir insinuações de “entregas” para prejudicar os arquirrivais.
7) Os pontos corridos vieram para ficar. Ele pode ser até mais emocionante que os torneios mata-mata.
JFQ

Paulistas x Fluminenses

Quem se deu melhor ao fim desta temporada, os grandes de São Paulo ou do Rio?
Há alguns anos, os paulistas vêm se dando melhor no quesito títulos – Santos em 2002 e 2004, Corinthians em 2005, São Paulo em 2006/07/08 – , em que pesem os rebaixamentos e retornos de Palmeiras (2002/03) e Corinthians (2007/08).
Neste ano, porém, ainda que dois paulistas tenham se classificado para a Libertadores, um para a Sul-Americana, e os times do Rio, afora o Flamengo, campeão brasileiro, não tenham obtido classificação para nada, ao fim e ao cabo, o sorriso paulista é amarelo ao passo que o fluminense (ou carioca, para quem prefere se referir à cidade e não ao estado do Rio de Janeiro) é de orelha a orelha.
Os times do Rio superaram obstáculos gigantescos: o Vasco retornou altivo à primeirona, o Botafogo safou-se na última batalha e o Fluminense demonstrou a maior capacidade de recuperação dos últimos tempos, simplesmente espetacular. Já os paulistas Corinthians e Santos levaram o Brasileirão de modo medíocre, o São Paulo e o Palmeiras deixaram escapar um título praticamente ganho. O Verdão, inclusive, perdeu até a vaga na Libertadores, posando de antítese perfeita do Fluminense. Neste caso, mais valeu terminar em 16º do que em 5º.
JFQ

Hexa, sim!

Já se tornou um clássico das discussões ludopédico-botequinescas: quem é o campeão brasileiro de 1987, Flamengo ou Sport?
Futuramente pretendo discutir o assunto aqui. Por ora, apenas levando uma lebre: o título brasileiro de 87, assim como vários outros, envolve dois fundamentos distintos para que um time seja considerado campeão: a declaração oficial da entidade reconhecida pelos clubes e o reconhecimento quase unânime de um título, ainda que não reconhecido oficialmente. O tal título da Copa União, no meu modesto entendimento, deve, sim, ser reconhecido como título brasileiro, não obstante o título oficial do Sport não deva ser desconsiderado. Tudo por uma barafunda histórica que não será discutida agora.
Por fim, lanço uma comparação e uma provocação aos que só dão crédito às declarações oficiais: os títulos de campeão mundial interclubes, dentre os quais os do Santos (62/63), do São Paulo (92/93) e do próprio Flamengo (81), quando não reconhecidos pela Fifa, deveriam ser desconsiderados como títulos mundiais? Eu os considero, assim como os títulos oficiais que vieram depois de 2000.
JFQ

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Prognóstico quase certo, resultado justo

Àqueles que tendem ver o copo meio vazio, errei meu prognóstico (não confundir previsão com torcida!) de que o Internacional seria o campeão brasileiro. Minha perspectiva é outra, do copo meio cheio: em um torneio equilibradíssimo e maluco como esse, consegui ler sua lógica e meu improvável palpite vingou durante boa parte do tempo em que se desenrolaram os jogos da empolgante última rodada do Brasileirão. Dou-me por satisfeito. Não só pelo acerto momentâneo como pelo desfecho. O Flamengo é, com todos os méritos, hexacampeão brasileiro. Parabéns, nação rubro-negra.
JFQ

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Santo André será campeão!

Já que o João criou a jurisprudência de colocar a taça do Brasileirão deste ano nas mãos de qualquer time, escolho o do Marcelinho Carioca. O campeonato acabou, restando apenas os jogos Botafogo x Palmeiras (imperdível) e Coritiba x Fluminense (infelizmente no mesmo horário). De resto já tudo definido, São Paulo, Inter e Cruzeiro vencem e o Grêmio perde, restando ao Flamengo apenas jogar uma boa partida e mostrar raça, para não ficar muito feio para os gremistas. Devem ter alguns jogos para a definição dos times que pouparão jogadores na Sulamericana no que vem, mas ninguém se importa.
Com a definição do título resta a incrível disputa para não cair, com o Santo André precisando de milagre e os outros três dependendo só de si. Confesso que ficarei frustrado de qualquer maneira pois, ao contrário dos rebaixados em outros anos, Fluminense, Botafogo e Coritiba apresentaram bom futebol em diversas rodadas. Vale lembrar que o prestígio do Ney Franco para 2010 vai depender muito dessa rodada, pois começou com o Botafogo e foi substituído pelo Estevam Soares (como se fosse ele o responsável pela boa campanha do Barueri), foi para o Coritiba e em poucos jogos já havia ultrapassado o próprio Botafogo, com os Paraíbas Marcelinho e Carlinhos, além do Ariel e do Pedro Ken, seguiu no meio da tabela por várias rodadas, perdendo fôlego agora no final. Será mais uma vítima da maldição do centenário? (nem brinca com essas coisas). O Fluminense fez tudo errado, vários técnicos, infinitos diretores batendo cabeça, grupo dividido entre os Unimed e os não-Unimed e foi dado como morto, apenas em dúvida sobre qual rodada seria a fatídica, aquela que confirmaria seu rebaixamento. Lembro de ouvir os matemáticos dizerem que não tinha mais jeito mesmo, pois as chances do Flu cair eram maiores do que as do Palmeiras ficar de fora da Libertadores. Mas chega o Cuca, o Fred volta e o time tem uma reação espetacular, seria justo cair? Resta o Botafogo, que montou um time de acordo com as possibilidades e teve os pés no chão, mas errou no já citado caso Ney Franco e parece que precisa de uma série B para fazer as pazes com a torcida, que não lota o Engenhão nem em jogos fundamentais. É, então que o Botafogo caia, é só perder para o..., hum..., pensando bem..., o Botafogo é um time de imensas glórias e seu lugar é na série A, vamo Fogão!
Arnaldo