sexta-feira, 25 de junho de 2010

Precisamos do trio

Brasil 0x0 Portugal, Coreia do Norte 0x3 Costa do Marfim (Grupo G, 1º Brasil, 2º Portugal)

Honestamente não sei nada do que aconteceu entre Coreia do Norte e Costa do Marfim, para constar os gols foram marcados por Yaya Touré aos 13, Romaric aos 20 do primeiro tempo e Kalou aos 36 da etapa final. É uma pena para o bom time marfinense, pois havia merecido a vitória contra os portugueses e agora deixa Gana como a única esperança africana.

Com Portugal praticamente classificado o que valia no confronto era a definição de primeiro e segundo lugares. O que não era pouco, porque o primeiro do grupo G, caso a Espanha confirme o favoritismo, teria como possíveis adversários Chile ou Suíça, depois o duelo mais forte nas quartas, provavelmente contra a 100% desde o primeiro jogo das eliminatórias, Holanda, e aí uma semi-final contra Uruguai, Coreia do Sul, Gana ou EUA. Já o segundo colocado pode pegar logo de cara a Espanha e ainda ficar na chave de Argentina e o vencedor entre Alemanha e Inglaterra.

Apesar do empate beneficiar o Brasil, o técnico português Carlos Queiroz montou uma equipe extremamente defensiva, sacando Liédson e Hugo Almeida e jogando sem centroavantes, apenas com Cristiano Ronaldo no ataque. Já Dunga manteve o esquema e trocou algumas peças, com Júlio Baptista, Daniel Alves e Nilmar substituindo Kaká, pela suspensão e Elano e Robinho por contusões.

Assim o Brasil dominou completamente as ações na primeira etapa, mantendo a posse de bola e tentando chegar ao gol, principalmente pela lateral direita com Maicon e Daniel Alves, o que proporcionou a Portugal, que limitava-se somente a marcar, conseguir duas boas jogadas exatamente pelo mesmo setor, com Fábio Coentrão. O domínio trouxe duas claras chances de gol, sempre em jogadas pela direita, sendo a primeira com Nilmar, em sua característica de chegar em bolas que ninguém acredita, finalizando para ótima defesa de Eduardo e desvio na trave. Na segunda Luis Fabiano cabeceou e venceu Eduardo, mas a bola triscou o poste e não entrou.

O primeiro tempo foi bastante nervoso, com sete cartões amarelos mostrados e Felipe Melo saindo para a entrada de Josué. Dunga disse em coletiva que foi por uma torção, mas também seria uma boa opção para evitar um cartão vermelho, já que havia se estranhado com Pepe, mais um brasileiro naturalizado português.

A seleção brasileira entrou um pouco sonolenta na segunda etapa, Portugal aproveitou e dominou as ações nos primeiros vinte minutos, obrigando Julio Cesar a fazer grande defesa ao interceptar finalização cara-a-cara de Raul Meireles. A defesa expôs outra preocupação, pois mostrou que nosso goleiro joga com uma proteção nas costas. Após a partida ele disse que tal prevenção é mais psicológica, que ele se sente seguro com o aparato e que não sofre nenhuma dor. Tomara.

Após esse ímpeto inicial português o Brasil voltou a comandar a posse de bola e tentar furar o bloqueio defensivo, mas as péssimas atuações de Julio Baptista e Michel Bastos escancararam nossos principais problemas, a falta de armação no meio campo e a ausência de reservas para Kaká e Robinho. Sem Ronaldinho Gaúcho, que eu concordo que não deveria estar lá, Ganso, Hernanes e Elias, vimos o melhor jogador brasileiro na Copa até agora, Lúcio, dominar a bola, tentar dribles, lançamentos, toques de calcanhar, tabelas, abrir espaços, tudo isso nos intervalos de sua função principal, colocar Cristiano Ronaldo no bolso.

Portugal termina a primeira fase sem sofrer gols e prometendo chegar longe, mesmo em uma chave difícil. O Brasil dependerá muito do trio Kaká, Robinho e Luis Fabiano fazerem as suas partes e, se fizerem, seremos campeões, porque Julio Cesar, Maicon, Lúcio e Juan são disparados os melhores do mundo em suas posições.

Assim como em 2002 fizemos um jogo duríssimo contra a Bélgica nas oitavas e jogamos bem contra a Inglaterra nas quartas, poderemos ter uma repetição do que vimos hoje contra a Suíça e, depois, como em 1994 e 1998, fazer o jogo da Copa contra a excelente Holanda. É bom estarmos preparados.

Arnaldo

Um comentário:

  1. É impressionante como o Brasil está torto: só tem o lado direito. O timing que Dunga mostrou na substituição de Felipe Melo por Josué, certamente escolado pela expulsão de Kaká contra a Costa do Marfim, não repetiu no segundo tempo, quando devia ter sacado Júlio Batista e/ou Michel Bastos. Ramires entrou no finalzinho e já mostrou melhora. Mas precisa acertar o lado esquerdo, quem sabe com Daniel Alves ou Gilberto no lugar de Michel Bastos. Nilmar fez uma ótima partida, especialmente no primeiro tempo; no segundo, caiu na maldição do lado esquerdo: ficando por lá, não recebeu nenhuma bola mais. Poderia, aliás, ter invertido o lado com Luis Fabiano: trabalharia na ponta direita, a que funciona, podendo colocar bolas na área ao encontro com o Fabuloso. Mas isso exigiria boa movimentação, o que na nossa seleção parece ser algo proibido.

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