quinta-feira, 10 de junho de 2010

Brasileirão 2010: balanço inicial e perspectivas

O campeonato brasileiro mal começou e já parou para a Copa. Volta só em 14 de julho. Jogadas 7 rodadas, ou seja, menos de 19% do total, o Corinthians e o surpreendente Ceará figuram no topo da tabela, ambos com 17 pontos ganhos. Na ponta de baixo, as surpresas ficam por conta do Vasco e do Atlético Mineiro, na zona do rebaixamento.

Contudo, há que se reforçar o óbvio: a disputa está apenas no começo. Aliás, após as mesmas 7 rodadas no ano passado, o Atlético Mineiro era o líder e o Flamengo, apenas o sexto colocado. No final, o Galo terminou em sétimo e o Mengo foi o campeão. Algo parecido aconteceu em 2008: na sétima rodada o líder era o Flamengo, que terminou em quinto, e o São Paulo, campeão daquele ano, ocupava a sexta colocação. Para algum alento aos melhores colocados na tabela atualmente, pode-se falar que o Internacional em 2008 e Grêmio e Cruzeiro em 2009 já estavam no G4 após sete rodadas, e confirmaram suas vagas na Libertadores ao final do Brasileirão.

Em suma, a boa colocação de hoje é importante, mas atingir a vaga na Libertadores ou mesmo o título depende muito da constância de bons resultados no decorrer das 38 rodadas. Para isso, a manutenção de bons elencos, do técnico – enfim, de uma equipe eficiente –, tem se mostrado fundamental desde que o principal torneio nacional passou a ser disputado por pontos corridos. E é aí que o bicho pega.

A manutenção de elencos e técnicos é uma verdadeira batalha para os clubes, ainda mais se considerarmos a temida “janela européia” – o momento em que os clubes europeus assediam mais os jogadores brasileiros –, logo após a Copa. O Flamengo, por exemplo, já perdeu Adriano para a Roma, muito embora a presença do “Imperador” na Gávea não tenha sido lá tão tranquila assim.


Até agora, dos times paulistas, o Corinthians vem apresentando, senão um futebol de primeira, que tem uma equipe competitiva. Mesmo com as várias trocas de jogadores no decorrer dos seus sete jogos. Defederico, Paulo André, Souza, Iarley, por exemplo, mesmo não sendo considerados titulares, tiveram importante participação nas partidas do Timão. O problema é a possível saída de Dentinho, que deve ir para o Benfica, Elias, Jucilei e Ralf, deve causar seríssima descaracterização do esquema montado por Mano Menezes, tendendo a gerar a mesma queda de rendimento já verificada quando da saída de Douglas, André Santos e Christian no ano passado.
Segundo jornal italiano Corriere dello Sport , Corinthians e Santos estão atrás de Keirrison, atualmente emprestado pelo Bacelona à Fiorentina. Seria um belo reforço para qualquer um dos dois.

Santos e São Paulo figuram entre os favoritos ao título, muito embora tenham, até aqui, oscilado entre bons e maus momentos. O Santos, sensação do futebol brasileiro em 2010, pode perder Robinho – de volta à Inglaterra – e Paulo Henrique Ganso, possível reforço do Real Madrid. De qualquer forma, o Peixe é uma grande equipe e vai disputar a taça, quiçá já detendo a vaga para a Libertadores, uma vez que disputa o título da Copa do Brasil contra o Vitória.
O São Paulo tem tudo para fazer bonito também neste brasileirão. Especialmente porque não deve se desfazer nem de elenco, nem de técnico. Com exceção de Hernanes, que pode se transferir para o Lyon, da França. Vale lembrar que o tricolor paulista também continua na disputa da Libertadores, fazendo as semifinais contra o Internacional. Além do mais, sempre é bom respeitar o “Jason”.


O Palmeiras, por sua vez, procura desfazer a crise gerada desde 2009. Sempre que as coisas parecem entrar nos eixos, uma série de maus resultados provocam o desalento de seu torcedor. Talvez o Verdão conte com o reforço de Felipão, também assediado pelo Flamengo, além de Kléber, o gladiador, de volta ao Parque Antártica. Caso não a volta de Luiz Felipe Scolari não vingue (afinal, Felipão também é opção para suceder Dunga na seleção brasileira), o Palmeiras deve tentar Paulo Autuori, outro treinador campeão. São todos ótimos profissionais. Porém, também o eram Muricy Ramalho, Diego Souza, Vágner Love... O Palmeiras, além dos reforços e da constância do trabalho, precisa encontrar e desenterrar o sapo que está no Palestra Itália. Ou, quem sabe, os sapos que estão na sua diretoria, a começar pelo seu presidente. Seria muita coincidência tanta má sorte – e tão somente má sorte – por tudo o que aconteceu com o time desde a posse de Luiz Gonzaga Belluzzo. Falta de tarimba política e administrativa, para dizer o mínimo, são evidentes em episódios como o anúncio da admissão e, em seguida, da demissão de Candinho como gerente de futebol do clube.

Quem também promete são os gaúchos. O Internacional vem batendo na trave desde 2005. O quarto título do Colorado parece uma questão de tempo. Apesar de ter começado mal (2 vitórias, 1 empate e 4 derrotas), de estar sem técnico (Jorge Fossati foi demitido e a contratação de Adílson Batista, ex-técnico do Cruzeiro, encontra resistência entre dirigentes do Inter) e do clima não estar muito bem no clube (Abbondanzieri foi afastado por deficiência técnica, Lauro e Walter foram suspensos na Libertadores por conta da briga após partida contra o Estudiantes), não se deve desprezar o Internacional, dono de uma bela equipe e de uma camisa de peso. A novidade para depois da Copa pode ser o retorno de Rafael Sóbis ao Beira Rio.

Bom time e camisa com tradição também são referências do arquirrival do Inter, o Grêmio. O tricolor gaúcho encontrou no técnico Silas competência para armar um escrete competitivo, com bom meio campo (especialmente pela qualidade defensiva de Fábio Rochenbach e pela inteligência de Douglas na armação), assim como um ataque bastante perigoso, com Borges e Jonas.

Quem não parece ter começado muito bem o campeonato são os mineiros. O Cruzeiro parece ter principiado uma crise após a eliminação da Libertadores. Saiu Adílson Batista e entrou Cuca. O Cruzeiro também perdeu Kléber, que foi para o Palmeiras, e trouxe de lá Robert... não dá para não dizer que o Verdão ganhou nessa troca. De qualquer forma, o Cruzeiro tem um bom elenco, e manteve boa parte de sua base, muito embora reforços sejam bem-vindos, para não dizer necessários, caso almeje o título brasileiro.

O Galo, que começou cantando alto, teve um início de campeonato frustrante. Com Vanderlei Luxemburgo à frente, o campeão mineiro amargou cinco derrotas nos sete jogos disputados. Mesmo a experiência de Ricardinho no meio e o oportunismo de Diego Tardelli na frente não parecem suficientes para o Atlético – pelo menos por enquanto – se apresentar como um real postulante à taça de campeão brasileiro.

Entre os cariocas, apenas o Vasco começou a disputa evidenciando a necessidade urgente de melhorar. Sob pena de cair novamente para a segundona. O time de São Januário é o vice lanterna (vice?!) e Roberto Dinamite já afirmou que contratações de peso virão. Basta saber se serão suficientes para reverter a temível situação inicial.

O Fluminense foi o carioca que mais investiu. Trouxe Muricy Ramalho, Carlinhos e Rodriguinho vieram do Santo André. Há grande expectativa de que Deco possa chegar às Laranjeiras após a Copa, muito embora o craque “luso-brasileiro” priorize o Corinthians, seu time de coração. O Flu é candidatíssimo ao título deste ano, condição reforçada pelo bom começo: 5 vitórias nas 7 rodadas disputadas. Ademais, Fred e Conca, estrelas do tricolor carioca, devem permanecer no time.

O Flamengo perdeu Adriano e ganhou Zico. O maior craque da história do rubro-negro aceitou o desafio de ser diretor de futebol do clube e já iniciou suas atividades com um desafio de peso: trazer Luiz Felipe Scolari para a Gávea. Além disso, o Mengo tem uma outra tarefa complicada: manter Vágner Love ou, caso não consiga, encontrar substitutos à altura para o “império do amor”.

Já o Fogão, campeão carioca, conseguiu manter Joel Santana no comando, driblando as várias sondagens de outros clubes. É um bom começo. Assim como a permanência da base do time.
Goiás, Avaí, Atlético Paranaense, Vitória, Guarani e Grêmio Prudente, apesar do que mostraram em 2009, precisam enfrentar a instabilidade crônica de suas equipes. Oscilam bons e maus resultados, o que, ao longo do campeonato, pode significar angústia para fugir da zona de rebaixamento.

Quem parece ter entrado com o pé esquerdo é o Atlético Goianiense. Saiu bem na foto na Copa do Brasil, eliminado nas semifinais, está na lanterna. O pior é que não há nada que faça crer que o time goiano possa reverter essa situação ao longo do campeonato. Preocupante.

Por outro lado, a grande surpresa deste início de campeonato é o Ceará: vice líder, empatado em pontos com o Corinthians, só atrás por um gol a menos no saldo. O Ceará prova mais uma vez, apesar de estarmos apenas no começo, a competência de PC Gusmão. O Ceará pode até não durar muito na disputa pela liderança, mas, pelo menos, mostra que não passará o campeonato apenas brigando para fugir da zona de rebaixamento.

Se me permitem refazer meu palpite anterior, acredito que o título deste ano ficará com um desses times: Fluminense, Internacional, Grêmio, Santos ou São Paulo. Porém, em se tratando de Brasileirão – o mais competitivo campeonato nacional do mundo –, assim como a classificação atual, meus palpites não querem dizer muita coisa.

JFQ

 

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