quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Desafio ao Galo

Lúcio Ribeiro


Faz um tempinho que quero falar aqui sobre o Atlético-MG e sua simpática campanha no Brasileiro, mas sempre vou dando aquela empurrada para frente, firme na filosofia "É o Galo. Vamos esperar mais uma rodada".
Nem sou mineiro para ser tão desconfiado assim. E a culpa disso não é minha, mas sim do próprio Atlético. O time é que é danado para superempolgar e depois megafrustrar na mesma velocidade, na mesma intensidade. Quando parece que vai, não vai. Mas, desta vez, neste ano "estranho", além de em campo a equipe estar convencendo, a conjunção astral indica que a sorte atleticana está mudando. E, se o aspecto místico realmente contar, boto fé no Galo em 2012. Por dois motivos:
1. Dá tempo de o time finalmente ganhar o título, porque o Brasileirão tem sua última rodada (2/12) marcada para algumas semanas antes do tal fim do mundo (21/12).
2. Neste ano apocalíptico, Corinthians foi campeão da Libertadores, o Chelsea eliminou o Barcelona, o Manchester City foi campeão inglês...
É engraçado notar que as últimas cruzadas do Galo têm de alguma forma o rival Cruzeiro no caminho. Na era dos pontos corridos, as duas melhores campanhas do Atlético foram com o Celso Roth, atual treinador "inimigo". Em ambas, ficou em 7º (2003 e 2009).
Em 2003 o Cruzeiro foi o campeão. Em 2009, o Atlético passou o campeonato praticamente todo no G4, chegando a liderar como agora, mas perdeu o fôlego no final e viu a última vaga da Libertadores ir para o Cruzeiro, nos últimos minutos da última rodada.
Desde que o técnico Cuca assumiu, faz exatamente um ano amanhã (olha o Atlético ficando um ano sem mudar treinador!), o Galo ensaia uma recuperação definitiva de autoestima. Do time e do técnico.
O Atlético foi campeão invicto no Mineiro deste ano e fez a arriscadíssima contratação de Ronaldinho Gaúcho. A fase anda tão boa que o Ronaldinho, que já não jogava bem no Flamengo, está jogando menos ainda no Galo, mas consegue ser muito útil. Tudo porque o time joga num 4-2-3-1 e a presença do Danilinho na direita e especialmente do Bernard na esquerda fazem o esquema funcionar. Até o Jô está tendo seus momentos. E, enquanto Ronaldinho chama toda a atenção e Bernard vai fazendo golaços, o low-profile Pierre mineiramente segura a onda lá atrás como um gigante. Um diferencial que o Galo tem para este ano é que, agora, tem um goleiro de nível e boas peças de reposição.
E, fora tudo isso, quando o Atlético consegue se manter líder em uma rodada em que ele nem joga e podia ser ultrapassado, chegou mesmo a hora deste espaço falar do clube mineiro, porque talvez tenha chegado mesmo a hora do Galo.

Publicado na Folha de S.Paulo, em 07/08/2012.

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