Lúcio Ribeiro
Faz um tempinho que quero falar aqui sobre
o Atlético-MG e sua simpática campanha no Brasileiro, mas sempre vou dando
aquela empurrada para frente, firme na filosofia "É o Galo. Vamos esperar
mais uma rodada".
Nem sou mineiro para ser tão desconfiado
assim. E a culpa disso não é minha, mas sim do próprio Atlético. O time é que é
danado para superempolgar e depois megafrustrar na mesma velocidade, na mesma
intensidade. Quando parece que vai, não vai. Mas, desta vez, neste ano
"estranho", além de em campo a equipe estar convencendo, a conjunção
astral indica que a sorte atleticana está mudando. E, se o aspecto místico
realmente contar, boto fé no Galo em 2012. Por dois motivos:
1. Dá tempo de o time finalmente ganhar o
título, porque o Brasileirão tem sua última rodada (2/12) marcada para algumas
semanas antes do tal fim do mundo (21/12).
2. Neste ano apocalíptico, Corinthians foi
campeão da Libertadores, o Chelsea eliminou o Barcelona, o Manchester City foi
campeão inglês...
É engraçado notar que as últimas cruzadas
do Galo têm de alguma forma o rival Cruzeiro no caminho. Na era dos pontos
corridos, as duas melhores campanhas do Atlético foram com o Celso Roth, atual
treinador "inimigo". Em ambas, ficou em 7º (2003 e 2009).
Em 2003 o Cruzeiro foi o campeão. Em 2009,
o Atlético passou o campeonato praticamente todo no G4, chegando a liderar como
agora, mas perdeu o fôlego no final e viu a última vaga da Libertadores ir para
o Cruzeiro, nos últimos minutos da última rodada.
Desde que o técnico Cuca assumiu, faz
exatamente um ano amanhã (olha o Atlético ficando um ano sem mudar treinador!),
o Galo ensaia uma recuperação definitiva de autoestima. Do time e do técnico.
O Atlético foi campeão invicto no Mineiro
deste ano e fez a arriscadíssima contratação de Ronaldinho Gaúcho. A fase anda
tão boa que o Ronaldinho, que já não jogava bem no Flamengo, está jogando menos
ainda no Galo, mas consegue ser muito útil. Tudo porque o time joga num 4-2-3-1
e a presença do Danilinho na direita e especialmente do Bernard na esquerda
fazem o esquema funcionar. Até o Jô está tendo seus momentos. E, enquanto
Ronaldinho chama toda a atenção e Bernard vai fazendo golaços, o low-profile
Pierre mineiramente segura a onda lá atrás como um gigante. Um diferencial que
o Galo tem para este ano é que, agora, tem um goleiro de nível e boas peças de
reposição.
E, fora tudo isso, quando o Atlético
consegue se manter líder em uma rodada em que ele nem joga e podia ser
ultrapassado, chegou mesmo a hora deste espaço falar do clube mineiro, porque
talvez tenha chegado mesmo a hora do Galo.
Publicado na Folha de S.Paulo, em 07/08/2012.
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