sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sempre Santos!





Wagner Vilaron


Santos Futebol Clube. Pois é, para quem não sabe, o Santos só tem clube no nome. Passaram-se 100 anos e, ao contrário da maioria de seus rivais, o Alvinegro praiano não oferece a seus sócios nenhum tipo de estrutura esportiva, como piscinas, quadras poliesportivas, campos, ginásios, etc.

Mas, querem saber, que continue assim. Neste centenário, a ser completado no sábado, o Alvinegro notabilizou-se em todo o mundo por dedicar-se apenas à arte de jogar bola. E por ser monotemático em seu ofício, o fez tão bem que se transformou em referência.

É verdade que nem sempre foi assim. Nasci em 1971, portanto comecei a gostar e a acompanhar futebol no final daquela década. Embora tenha visto o Santos campeão paulista em 1978 e 1984, confesso que passei boa parte da infância e adolescência sem entender muito bem por que pais de amigos meus torciam pelo Peixe.

Sim, para mim tratava-se de um time admirado por velhos. A verdade é que dei um baita azar. De fato o Santos da segunda metade dos anos 80 e começo dos 90 era ruim de doer. Só mais tarde fui entender o motivo de todo aquele orgulho alvinegro.

Não sei medir paixão, por isso não me atrevo a dizer que uma torcida é mais apaixonada do que a outra. Mas tenho a convicção de que o torcedor santista, sobretudo o mais antigo, é o mais exigente. Este privilegiado tem como referência simplesmente o melhor time de futebol que o mundo já viu.

O problema é que os mesmos feitos e encantos que deixaram a torcida tão exigente também são capazes de produzir altos graus de frustração. Deve ser difícil tanto para quem acompanhou o time de Pelé quanto para aqueles que, como eu, só ouvem histórias e assistem aos poucos vídeos que circulam por aí, conviver com a ideia de que um time como aquele não existirá mais. Será? De onde tiramos estas conclusões? Enfim, este é um tema que renderia outra coluna.

O legado do Santos ao mundo não está em sua estrutura ou nos títulos que conquistou. O Santos não causa inveja nos rivais por ser dono da Vila Belmiro ou por ter vencido três Libertadores e dois Mundiais.

O Santos orgulha seu torcedor e faz os demais se remoerem por dentro sobretudo por ter se tornado sinônimo de futebol bem jogado, ofensivo, goleador. A história mostra que não é preciso ser santista para pagar ingresso e ver o Peixe jogar. Foi assim há 50 anos. É assim hoje.

Falo por experiência própria. Não sou santista, mas cada vez que piso na Vila Belmiro pouco me importo com o fato de o estádio ser pequeno, obsoleto, arcaico. A Vila é um grande barato. Cada cantinho parece ser testemunha da história.

Melhor ainda, seus protagonistas vivem circulando por lá com causos que, por mais que tenhamos ouvido, sempre nos deliciam com a narrativa ali, ao vivo.

Por tudo isso, Santos, dar os parabéns para você seria pouco. Quero mesmo é agradecer sua existência.

 
Publicado em O Estado de S.Paulo, em 12/04/2012.


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