terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dane-se a seleção

Lúcio Ribeiro


Cada qual com sua agenda, eu e o Pelé estivemos em Porto Alegre sexta passada. Mesmo dia em que a seleção do Mano, depois de atropelar a Argentina que não é a Argentina com seu time que não é o Brasil, suou para ganhar da tradição-zero Costa Rica. Repare como eu falo "seleção do Mano".

Porto Alegre, para variar, vive seu disputado GreNal de todos os dias. Agora estão travando o clássico dos estádios. Qual vai ficar pronto primeiro? O do Inter, com a obra mais embaçada, é o da Copa, a princípio. Por isso trouxeram até o Pelé para ajudar no bastidor de assinatura de contrato com construtora. O do Grêmio, aparentemente mais acelerado, corre por fora, na execução da obra e no lobby.

Dá para acompanhar a evolução da "Grêmio Arena" no site do clube, www.gremio.net. O endereço virtual tem ".net" e não ".com" por causa do rival Inter. Inter-Net. Ok?

Até quando o assunto é seleção, os rivais gaúchos "brigam". Não por causa dela, mas deles mesmos. Com a "seleção do Mano" não estão nem aí.

O colorado Leandro Damião virou orgulho nacional com a amarelinha depois de dar lambreta em argentino. Dois jogos depois, desapareceu dos campos, estourado por não aguentar a combinação "jogos da reta final do Brasileiro" mais "amistosos lado B da seleção". O Inter luta pela vaga na Libertadores sem seu principal jogador. Os gremistas sorriem. Os colorados culpam a CBF.

Daí o Grêmio vai e iça à categoria de ídolo o lateral Mário Fernandes, que disse "não" ao chamado para a seleção, alegando "motivos pessoais". A torcida gremista entendeu "motivos pessoais" como "prefiro o Grêmio" e passou a idolatrar o garoto, até com bandeira própria.

Sempre gostei de futebol e, claro, admiro a seleção. Mas desde que ela não mexa com meu time. Sou daqueles que, se o clube para o qual torço jogasse contra a seleção dez vezes, eu torceria por dez massacres do meu time. Achei que isso era "coisa de paulista".

Recentemente, teve o caso do Marcelo do Real Madrid e o e-mail errado, que no fim refletia que ele preferiu ficar treinando no time espanhol em vez de servir à seleção. E o Rogério Ceni, que, perguntado se via a seleção na Copa América, respondeu que não, porque a seleção dele tinha três cores e não disputava Copa América.

A pouco mais de dois anos da Copa no Brasil, os clubes olham para a Copa, não para a seleção. Os torcedores olham o Brasileiro, não a seleção. Os jogadores olham a si mesmos, não à seleção.

E aí, você? Animado pelo "jogaço" desta noite no México?

* Publicado na Folha de S.Paulo, em 11/10/2011.

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