tag:blogger.com,1999:blog-46721411903554257342023-11-16T04:49:02.093-08:00Ludopédicasludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.comBlogger557125tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-68107254733907245672013-02-22T12:43:00.002-08:002013-02-22T12:43:23.578-08:00Tolerância zero<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Eduardo Maluf</span></strong> </em></div>
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<em>Rudolph Giuliani se tornou famoso com a política da "tolerância zero" contra criminosos em Nova York nos anos 1990. Reduziu os índices de violência na megalópole americana e ganhou popularidade no país. As ações radicais não costumam dar certo na maioria dos casos e devem ser evitadas, mas às vezes são necessárias.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Ou as autoridades impõem tolerância zero com os delinquentes do futebol ou continuaremos a ver mortes como a do garoto boliviano de 14 anos, atingido por um sinalizador atirado por torcedores brasileiros, segundo a polícia boliviana, durante Corinthians x San Jose, anteontem, em Oruro. É preciso que o rigor das leis seja aplicado também no esporte, e o bandido de torcida receba punição como qualquer outro cidadão.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>É fácil, de nossa parte, jogar 100% da responsabilidade de garantir a segurança dos eventos nos dirigentes, policiais e organizadores. Queremos demais deles e, frequentemente, não cumprimos nossos deveres e obrigações. Chiamos quando entidades proíbem a entrada de bandeiras e rojões nos estádios, não permitem o consumo de bebida alcoólica e vetam, por exemplo, a "avalanche gremista" em Porto Alegre. </em></div>
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<em>No mundo dos sonhos tudo isso deveria ser liberado. Desde que todos os presentes se comportassem de maneira adequada. Não é, porém, o que ocorre, e os inúmeros casos estão aí para comprovar. Bandeiras com mastros e rojões podem ser usados como arma para ferir ou matar.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Cobrar dos policiais que cuidem de dezenas de milhares de torcedores numa noite, num campo, e assegurem que nada acontecerá é exigir muito além da capacidade humana. Se um grupo de dez pessoas quiser, vai arrumar confusão e provocar brigas. Por isso, enquanto houver gente determinada a causar baderna num palco de futebol, é imprescindível estabelecer punições e medidas que possam parecer impopulares, como a exclusão de bandeiras e rojões. </em></div>
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<em>Os bons torcedores, como sempre, acabam pagando o pato. Mas é melhor que deixem de carregar bandeira ou beber cerveja na arquibancada do que corram o risco de perder a vida como o menino Kevin Beltrán Espada.</em></div>
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<em>O competente jornalista e corintiano Wilson Baldini Jr. me ligou ontem pela manhã, chocado com a tragédia na Bolívia, dizendo-se favorável à exclusão do Corinthians da Taça Libertadores. Tenho dúvidas se seria justo punir o clube e milhões de corintianos por causa de meia dúzia. Mas é certo que ações como essa (além, claro, das penas previstas pela lei) fariam o sujeito pensar bem antes de atirar rojão, sinalizador ou iniciar uma briga com torcedores adversários - inimigos para muitos.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>A tolerância zero mudou o comportamento do público esportivo na Inglaterra e em vários países da Europa. O Brasil avançou pouco e segue no Terceiro Mundo na questão de segurança nos estádios. O reflexo está nas arquibancadas. Cada vez mais apaixonados por futebol têm trocado o campo pela televisão e a tranquilidade de casa.</em></div>
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<strong><span style="font-size: x-small;"><em>Publicado em O Estado de S.Paulo, em 22/02/2013.</em></span></strong></div>
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ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-57191741353762703342013-02-18T11:11:00.000-08:002013-02-18T11:11:36.580-08:00Recordes de Messi<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Ruy Castro</span></strong></em></div>
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<em><br /></em></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYttD7AZDTm1eSUmuOrn8QCgimRDx3RyyRKKpJBOuGKfhlG_6QFZ9Is2StYzZhywraiqaXpYUPEUvsjmtsvX0xfTTd7Uzc991_m6UMPxqD44OkzgQCuvd42ZHY2MxCfWuqk819EBlDTHo/s1600/messi4.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYttD7AZDTm1eSUmuOrn8QCgimRDx3RyyRKKpJBOuGKfhlG_6QFZ9Is2StYzZhywraiqaXpYUPEUvsjmtsvX0xfTTd7Uzc991_m6UMPxqD44OkzgQCuvd42ZHY2MxCfWuqk819EBlDTHo/s1600/messi4.bmp" uea="true" /></a></div>
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<em>Neste momento, 11 da noite no Rio e duas da manhã em Barcelona, Lionel Messi deve estar quebrando mais um recorde. Não se passa um dia sem que Messi, craque do Barcelona e da seleção argentina, não quebre um recorde no futebol, para nosso deleite, admiração e inveja. </em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Nos últimos tempos, a Fifa --entidade equivalente em termos terrenos à Santíssima Trindade nos celestiais-- homologou novos recordes de Messi. Ele foi o melhor jogador do mundo pela quarta vez consecutiva e o maior goleador da Europa também pela quarta vez consecutiva. Antes, já tinha sido o primeiro a marcar cinco gols numa só partida da Liga dos Campeões. Agora, é também o maior goleador num só ano em todos os tempos e o maior em um só ano do Campeonato Espanhol, do Barcelona e da seleção argentina. Como se não bastasse, tornou-se, há pouco, o maior goleador que já usou um smoking com bolinhas brancas numa cerimônia oficial. </em></div>
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<em>Outro recorde, ainda pendente de confirmação pela Fifa, é o de maior número de espirros no vestiário antes de um jogo contra o Real Madrid. E não há limite para os futuros recordes de Messi. Já se tem como certo que, um dia, ele chegará aos mil gols e será campeão, bicampeão e tricampeão mundial por seu país. </em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Quando os argentinos dizem que Pelé não era aquilo tudo por não ter atuado na Europa, esquecem-se de que o Santos de Pelé vivia na Europa e que, aqui, tinha de enfrentar outros 12 ou 15 grandes times brasileiros, a milhares de quilômetros um do outro --e que Messi passa o ano disputando um campeonato, o espanhol, composto de Barcelona, Real Madrid, um eventual terceiro time e 17 perebas, sendo que o quarto colocado nunca fica a menos de 50 pontos do primeiro. </em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>E, se Messi fosse brasileiro, eu me pergunto se nossos irmãos argentinos teriam a nossa adoração por ele. </em></div>
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<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 16/02/2013.</span></strong></em></div>
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ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-17606364636300267222013-02-04T10:48:00.003-08:002013-02-04T10:48:52.470-08:00Vida do crack<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Ruy Castro</span></strong></em></div>
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<em>Tarde desta quarta-feira. O ônibus do Botafogo segue pela avenida Brasil rumo ao estádio de Moça Bonita, em Bangu, onde, dali a pouco, o alvinegro carioca enfrentará o Audax, clube de São João de Meriti, recém-promovido à divisão principal do Campeonato do Rio. Entre os jogadores está o surinamês Seedorf, quatro vezes vencedor da Liga dos Campeões da Europa e tricampeão mundial de clubes. </em></div>
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<em>Aos 36 anos, em grande forma, rico, independente e realizado, Seedorf podia escolher onde quisesse para jogar seu futebol. Escolheu o Brasil, o Rio e o Botafogo. Gosta de nós, é casado com uma carioca, fala perfeito português, e por que não vestir a camisa que, um dia, foi de Heleno, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Amarildo, Zagallo, Gerson, Jairzinho e Paulo Cesar? </em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Bem, segue o ônibus pela avenida que não por acaso se chama Brasil. Na altura do bairro de Ramos, os jogadores do Botafogo e todos que passam de carro se defrontam com uma dura realidade brasileira: as centenas de dependentes de crack à beira da rodovia. Alguns, agarrados ao único bem material que possuem: um cobertor --além, claro, do indispensável cachimbo. Um deles veste uma camisa do Botafogo. Uma camisa 10. A de Seedorf. </em></div>
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<em>Seedorf viu bem o miserável que o tem como herói. O pobre diabo pode ter visto o ônibus do Botafogo, mas não se sabe se viu Seedorf na janela. A cena foi relatada ontem pelo portal "Lance!Net", infelizmente sem o nome do repórter. </em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>O craque Seedorf tem escolhas e as exerce. Já o "Seedorf" do crack não sabe mais o que é escolher. Não sabe, aliás, nem quando, por quanto ou de onde virá o próximo cachimbo. O que lhe cair às mãos é para ser convertido em droga. Comer, dormir, viver, nada disso interessa. E não mora na cracolândia porque quer, mas porque não pode passar nem um minuto sem crack. </em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 01/02/2013.</span></strong></em></div>
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ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-28196227812371017202013-01-09T03:08:00.000-08:002013-01-09T03:12:20.591-08:00Um tango para Messi<div style="text-align: justify;">
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<em><strong><span style="font-size: large;">Luiz Zanin</span></strong></em></div>
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<em>Depois da quarta Bola de Ouro, superando Zidane e Ronaldo, o que falta ainda a Lionel Messi? Nada, dirão os tietes que, ouso supor, constituem a imensa legião de fãs de futebol (profissionais ou não) espalhados pelo mundo. Messi atravessou fronteiras, ou melhor, pulverizou-as. Tem torcedores em todos os países. E essa torcida se justifica. Entre todas as suas qualidades, não falta nem mesmo uma inesperada modéstia. “Não foi o meu melhor ano no futebol”, disse, apesar de ter feito 91 gols em 2012. Justifica: apesar da façanha individual, os títulos do time não vieram como ele gostaria. O Barcelona foi desclassificado pelo Chelsea e ficou sem o título de campeão europeu. Não pôde, por consequência, disputar o Mundial no Japão. Este homem, então, além de tudo, tem pensamento coletivo! Não é o cúmulo?</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>De minha parte, e sem querer estragar a festa da unanimidade, acho que falta ainda uma coisa a Messi: ser campeão do mundo pela seleção argentina. Trata-se de um desafio que virá apimentar ainda mais a Copa do Mundo de 2014. Já pensaram (batam na madeira, por favor!) a Argentina vencer a Copa no Brasil, em pleno Maracanã? Eu só não digo que seria uma tragédia pior do que a de 1950 porque já não se fazem mais tragédias como antigamente. Ninguém vai cortar os pulsos. Mas que vai ser um estrago, isso vai. E que vai despertar o nosso sempre presente complexo de vira-latas, disso não tenho dúvida</em></div>
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<em>Deixando de lado esse pensamento sombrio, entendo que este passa a ser o principal desafio de Messi. A Copa é, para ele, aquela meta sem a qual os grandes craques não conseguem se motivar. Depois de ganhar tudo, bater todos os recordes, jogar no melhor time do mundo, o que mais resta? Pois bem, no fundo da consciência de Messi, ou, talvez, enterrado lá em seu inconsciente, deve incomodar essa proeza não realizada: dar a volta olímpica numa Copa do Mundo com a seleção do seu país natal, ser lá reconhecido como o digno sucessor de Maradona. Tornar-se, talvez, alvo da mesma idolatria de Diego Armando, ele, Lionel, de perfil tão oposto, tão avesso aos excessos (verbais e outros) do grande mito argentino?</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Será isso possível? Maradona, que ganhou uma Copa para o seu país, parece argentino até a caricatura. É fácil visualizá-lo cantando Cambalache, por exemplo. Já Messi, com sua discrição, senso de economia de gestos e palavras, a finesse com que vai acumulando gol sobre gol, é mais minimalista. Vai à essência, depura movimentos, opta sempre pelo mais simples. Difícil imaginá-lo bailando um tango, essa dança tão cheia de arabescos e paixão. Se há uma argentinidade em Messi é a de um Jorge Luis Borges, tão portenho quanto inglês, com sua prosa sóbria e precisa.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Mas, quem sabe uma Copa, vencida no terreno do arquirrival Brasil, não seja capaz de entronizar Messi no imaginário dos seus patrícios? Cabe a Felipão e família exorcizar esse sonho de Messi – um pesadelo, do nosso ponto de vista.</em></div>
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<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado em O Estado de S.Paulo, em 08/01/2013.</span></strong></em></div>
<br />ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-33940236390369629282012-12-26T11:27:00.002-08:002013-02-04T10:53:36.689-08:00Quando o Corinthians jogou em Yokohama<div style="text-align: justify;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXvaw10AZ9gdQXZkMyr-Yhz7dC8RA6AHDxU4DqErWa2HaEyvR5oKhnz-WD7xG6sJOfhqGT-jtiYIKWI5Oc-PmCEG87Pyp8iwIyIC5YKUDadsuVx0pXlPJKrZlSQ7wtTwfdXsPamkWgWm8/s1600/tite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" eea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXvaw10AZ9gdQXZkMyr-Yhz7dC8RA6AHDxU4DqErWa2HaEyvR5oKhnz-WD7xG6sJOfhqGT-jtiYIKWI5Oc-PmCEG87Pyp8iwIyIC5YKUDadsuVx0pXlPJKrZlSQ7wtTwfdXsPamkWgWm8/s1600/tite.jpg" /></a></div>
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Quando amanheceu o dia no Brasil, já era noite na terra do sol nascente. Estávamos acordados, fiéis e loucos, lá e cá. Ou melhor, onipresentes, como um todo-poderoso. Assim como em 1990, quando Tupãzinho empurrou a bola de carrinho, 16 de dezembro seria, mais uma vez, dia de glória. Naquela época, diziam sermos incapazes de ultrapassar os limites do estado; até há alguns meses, asseveravam que jamais transporíamos as fronteiras do país. Quebraram a cara antes, repetiram a dose agora. Éramos a piada e viramos o paradigma.</div>
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Quando o Corinthians jogou em Yokohama, sabíamos que o Chelsea jogaria no 4-2-3-1. Eles, coitados, desconheciam nossa alternância do 4-4-2 para o 4-3-3, somando 30 mil na arquibancada e outros 30 milhões nas casas, bares, padocas e onde mais houvesse uma TV ligada. Era muita desproporção a nosso favor, mesmo se considerarmos os tantos milhões de euros ingleses, ou melhor, russos. Já tivemos a lição de que grana não é tudo. Obrigado, professor Kia Joorabichian, nosso ex-Abramovic. Maior patrimônio é o que temos: a massa disposta a sofrer e a lutar, sem parar. Torcida que, qual tsunami, invadiu o Japão, assim como já fizera em 1976. Para quem pensava que o Rio de Janeiro era perto demais, percebeu que o Japão, para nós, também é logo ali. Yokohama, Maracanã, Morumbi: fazemos de qualquer lugar um grande Pacaembu.</div>
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Quando o Corinthians jogou em Yokohama, nem todos o viram, mas ali estava Ronaldo Fenômeno, no mesmo gramado em que outrora brilhou com a amarelinha. Estavam, ainda, Rivellino, Sócrates, Teleco, Cláudio, nossas vidas, nossa história e nosso amor. No impecável gramado nipônico sobrepuseram-se o chão da Fazendinha, o terrão da zona leste, os tijolos da arena em construção, a várzea onde Neco brincava, o solo do Bom Retiro sob os pés de cinco iluminados operários. A propósito, se nascemos à luz dos lampiões, hoje nos veem sob a luz dos holofotes de todo o planeta. </div>
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Quando o Corinthians jogou em Yokohama, ao seu lado adentraram jogadores de uniforme azul. Olhando bem, os uniformes também eram verdes, tricolores e até alvinegros, de outra estirpe. Cech, Lampard, Hazard e Torres eram, ao mesmo tempo, “são” Marcos, Ademir, Raí e Pelé, unidos para que o mundo não fosse nosso uma vez mais. Só que, vestidos de azul, os algozes de outrora não repetiram seus feitos. Secaram a mais não poder, em vão. Do mesmo jeito que, dias antes, fracassaram na tentativa de fazer do Al Ahly um novo Tolima. </div>
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Junto a Ralf e Paulinho estavam Rincon e Vampeta, Elias e Cristian, a garra de Biro-Biro, Wilson Mano e Ezequiel. Danilo armou jogadas à la Zenon, deu passes como Neto, confiante como Marcelinho. Fábio Santos foi combativo, raçudo: estavam consigo Wladimir e Zé Maria. Luizinho, o pequeno polegar, esteve representado pelo também pequeno, nem tão habilidoso, porém incansável, Jorge Henrique. Nosso intelectual Paulo André mostrou a inteligência do seu amigo, nosso eterno Doutor, e a segurança de Gamarra. Só Alessandro e Chicão entraram em campo como eles próprios: os bravos capitães da nave que partiu do fundo do poço da segundona para chegar ao céu sem limites do mundo. Tite, que não é Osvaldo, nem Brandão nem de Oliveira – também não é Menezes, ainda que, com certeza, um genuíno mano –, mas Adenor, o professor que ensina seus comandados a namorar e a jogar com “incansabilidade”. </div>
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Diferentemente da Libertadores, desta vez Sheik não estava endiabrado como um Edílson, nem Romarinho foi um talismã como Dinei. Nem precisaram, pois, desta vez, o protagonismo coube a Cássio: o gigante fez o primeiro milagre com o reflexo empresado por Gilmar; quando fez o segundo, assumiu a destreza de Ronaldo Giovanelli; quando fez o terceiro, já canonizado, era o próprio Dida defendendo o pênalti de Anelka. </div>
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O gol aconteceu no segundo tempo, igual a outro, também fadado a morar eternamente em nossos corações. Como em 1977, quando Basílio resvalou de cabeça na área, assim o fez Jorge Henrique. Aquela bola sobrara para Vaguinho; esta, a Paulinho. Na sequência, Danilo chutou e, como a trave de outrora, Peter Cech fez a pelota e a sina caírem na cabecinha de ouro de Guerrero, redivivo Baltazar, gringo como Carlito, oportunista como Luizão, Casagrande e Geraldão. Como se a cabeçada de Wladimir não tivesse sido interceptada, o dejá-vu nem chegou ao chute fatal de Basílio para que o grito de gol ecoasse neste e no outro lado da Terra, eternizando a imagem da bola a passar o muro vazado de Ashley Cole, Ramires e David Luiz. Quase reprodução do quadro em que aos pobres Carlos, Polozi e Oscar, caídos no chão, só restou lamentar o cumprimento do destino.</div>
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Logo após, vi Guerreiro correr em direção à torcida, ao mesmo tempo em que Chicão mordia o escudo, Marcelinho girava os braços, Rivellino gritava, Sócrates erguia o braço e cerrava o punho, Tevez dançava cumbia, Romeu dava cambalhota, Ruço jogava beijinhos, Neto deslizava de joelhos, Dentinho beijava os pulsos e o Fenômeno balançava o indicador, na falta de um alambrado para se jogar.</div>
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Quando Alessandro levantou a taça, repetindo o gesto da conquista recente da América, ali estavam William em chamas, Rincon vociferando palavrões e Gamarra com sua elegância guarani. A se lamentar, apenas a companhia de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, filhotes de ditadura, posando na foto histórica do time do povo, em cuja camisa a democracia esteve tão dignamente estampada. </div>
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Quando o Corinthians jogou em Yokohama, estavam lá todos os corinthianos. Alguns milhares, de corpo presente. Outros milhões, em pensamento e emoção. Outros tantos, incontáveis, que sequer residem mais neste planeta ora conquistado por sua nação alvinegra: não estão aqui fisicamente, muito embora estejam na paixão legada a filhos, netos, bisnetos ou amigos, tornados loucos no imenso bando. Representantes de um povo sofrido, nem tanto hoje como no passado. Povo em ascensão, Obamas da ZL a descobrir que, sim, nós podemos. Povo que não pode mais ser visto, a não ser sob a incurável dor de cotovelo da rivalidade doentia, como torcedores de um timinho sem glórias sediado na Marginal sem número. Perdoem-me os coirmãos: hoje, o discurso rancoroso e pseudo-elitista só evidencia o temor de que esse time se torne potência globalizada. E, quem sabe, assim será. Afinal, aqui é Brasil e aqui é Corinthians!</div>
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De qualquer forma, apesar de tudo, pode até ser que continuem a nos ver como um time menor. Nas suas palavras, um time de favelados, de desdentados e analfabetos. Isso pouco importa, pois não é assim que nós nos vemos. E, quem sabe, talvez não seja assim que o mundo nos veja, pelo menos desde que o Corinthians jogou em Yokohama.</div>
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Agradeço a São Jorge pelo ano maravilhoso de 2012. Ano em que superamos o Santos de Neymar, o Boca de Riquelme e o Chelsea do dinheiro. Ano em que conquistamos a América e o mundo. O mesmo mundo que, ironicamente, acabaria em 2012, assim como deveria ter findado em 2000. Conclusão lógica: sempre que o mundo está para acabar, fica tão feliz com a vitória do Corinthians que continua a existir. Somente um todo-poderoso para adiar o apocalipse. </div>
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JFQ</div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-87155041230540718042012-12-18T11:46:00.002-08:002012-12-18T11:46:38.655-08:00O grande segredo<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Luiz Zanin</span></strong></em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>O Corinthians começou o jogo contra o Chelsea já vencedor. 95 minutos depois, estava consagrado. Mesmo se perdesse, e voltasse ao Brasil como vice, já teria dado exemplo raro de recuperação e restruturação. Campeão, torna-se uma espécie de paradigma, referência digna de ser emulada pelos outros clubes. Modelo difícil de ser seguido, diga-se, porque esse Corinthians que veio da série B, tornou-se campeão brasileiro, da Libertadores e do Mundo, na sequência, dificilmente pode ser imitado em todas as suas qualidades. O candidato a fazê-lo precisaria, para começar, ser detentor de torcida superior a 30 milhões de pessoas. Feito só igualável pelo Flamengo.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O que faz um time ter uma torcida desse tamanho? Dou um docinho de coco a quem me fornecer uma resposta razoável. Sabe-se que um time vencedor faz sua torcida crescer. O São Paulo é um bom exemplo recente. Em épocas favoráveis, o Palmeiras viu sua torcida aumentar. O Santos ganhou adeptos com times jovens e ídolos como Robinho e Neymar. O paradoxo do Corinthians foi ter crescido, de maneira exponencial, mesmo na seca mais ingrata, quando não ganhava nada e era humilhado por adversários. Florescia na aridez, como cacto no deserto. E, quando chegou a época das chuvas, inverteu o paradoxo e não parou de brotar. Esse é um dado particular, mística difícil de ser imitada. Que outra torcida levaria tantas pessoas até o lado oposto do mundo, a ponto de transformar Yokohama em sua casa? Então, no quesito torcida, deixemos o Corinthians com sua glória única. Só nos resta admirar e aplaudir.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Outras coisas, no entanto, podem servir de exemplo. Se não é qualquer time que conta com um poderoso ex-presidente como aliado, está ao alcance de todos adotar medidas de bom senso, como manter no posto um bom técnico, mesmo após uma derrota dolorida. Hoje todos reconhecem que a permanência de Tite depois da derrota para o Tolima foi pedra fundamental para a conquista do Mundial de Clubes. Quem apostou, na época, que ele ficaria? Ninguém que eu conheça.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Outra coisinha: o Corinthians mostra como é importante a manutenção de um elenco base. Não adianta nada montar um grande time se você tiver de desmanchá-lo no meio do ano e então recomeçar do zero. É um trabalho de Sísifo, os times nunca ficam prontos. O Corinthians está pronto há muito tempo e colheu os frutos dessa maturidade e permanência. Outra mutação: preservou a raça como parte da tradição e atualizou-a em rigor tático, o que é outro mérito de Tite.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Outro dado interessante para meditação dos rivais: o Corinthians nos lembrou que o futebol é esporte coletivo. É preciso montar uma equipe homogênea para ter sucesso. Um craque só não faz verão, como parece pensar o Santos, que deposita todas as suas fichas apenas em Neymar. Se o gênio não tiver com quem jogar, nada feito. Se Pelé não tivesse ao seu lado jogadores extraordinários teria realizado aquela carreira sem comparação? Claro que não.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O Corinthians é um todo. Um se destaca num jogo, outro na partida seguinte, mas é o conjunto que ganha ou perde. Esse é o “segredo”. Que, aliás, não é segredo para ninguém.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado em O Estado de S.Paulo, em 18/12/2012.</span></strong></em></div>
<br />
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-2351737942128477882012-12-17T07:54:00.002-08:002012-12-17T07:54:59.085-08:00Foi, Curintcha!<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Antonio Prata</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjrQWU1N0qwtrX_hkihxn0JrHUv2HowXjc_BxGwKZGXJwyoXRm1kbhyphenhyphenYbPCkCgICc7twchoIIuyiXBC4o4M_uOzh803C4ALWG0PpPIKaWL2sjCkyBZJnCAEG90b9yoG1FEtAZCx0rQqds/s1600/mundial2.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" eea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjrQWU1N0qwtrX_hkihxn0JrHUv2HowXjc_BxGwKZGXJwyoXRm1kbhyphenhyphenYbPCkCgICc7twchoIIuyiXBC4o4M_uOzh803C4ALWG0PpPIKaWL2sjCkyBZJnCAEG90b9yoG1FEtAZCx0rQqds/s1600/mundial2.bmp" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Das coisas mais bonitas que eu já vi: em Yokohama, Japão, do outro lado do mundo, um frio de bater queixo e o estádio apinhado de corintianos. Tudo preto, tudo -só com muita dificuldade se via, aqui e ali, esparsos smurfinhos do Chelsea.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Nem parecia que estávamos a 18.576 km do Pacaembu.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>As faixas tomavam 360º do anel entre as arquibancadas: Fiel Capão, Guarulhos, Camisa 12, Tatuapé, Fiel Leme, Coringão Chopp, Fiel Morato, Curitiba, Fiel Cachoeira, Vila Moraes, Fiel Centro, Suzano, Fiel Soro-caba, Pavilhão 9, Cohab 5, Fiel Praia Grande, Taboão da Serra -e, não podemos deixar de mencionar, "Minha mulher deixou!", o que dá uma ideia da delicada situação conjugal que, em milhares de lares brasileiros, com o orçamento curto, ainda devendo prestação da TV e da geladeira, a decisão de passar uma semaninha no Japão deve ter criado.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Pois a mulher deixou, 30 mil mulheres deixaram, 40 mil, 50, jamais saberemos (tem que contabilizar os solteiros, também...): neguinho vendeu o carro, pegou empréstimo no banco, parcelou em três gerações, descolou casaco com o tio, ceroula com o primo, a avó tricotou a luva e cada corintiano presente no estádio fez valer o dinheiro, a paixão e o esforço que os trouxe até aqui.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Das coisas mais bonitas que eu já ouvi: em Yokohama, Japão, do outro lado do mundo, num frio de bater queixo e a torcida cantando, sem parar um único segundo: "Vamos, vamos Corinthians...", "Aqui tem um bando de louco!", "Timão ê ô", sem falar na vaia que ecoou pelo Oriente quando o Chelsea entrou para aquecer, uma vaia colossal, acachapante, digna de crônica do Nelson Rodrigues, que ainda estará zunindo nos tímpanos daqueles pobres e desolados bretões em seus últimos instantes sobre a Terra.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>E não é que funcionou?</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Como em raras vezes na vida, tudo deu certo. A torcida empurrou, o time respondeu, goleamos por 1 a 0. Torres foi anulado pelos peões -e, a essa hora, deve estar indo levar saudações alvinegras à rainha. David sumiu, sob o Golias corintiano. Oscar não deu nem pra Quiquito.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>E Hazard, que em inglês quer dizer "perigo", se tiver um pingo de vergonha na cara, assim que pisar em Londres vai correndo a um cartório mandar botar um "No" antes de seu nome.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A equipe do Corinthians venceu pelo conjunto, mas dois jogadores merecem destaque. Cássio, que fechou o gol e levou merecidamente a Bola de Ouro (embora Muro de Ouro fosse o correto) e, claro, Guerrero. Que coisa mais óbvia e mais acertada, dessas que fazem a gente desconfiar, às vezes, que tem alguém nas coxias trabalhando no roteiro: um time que foi criado em 1910 por um cidadão chamado Bataglia conquista o mundo com um Guerrero. Melhor, impossível.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Foi, Curintcha! </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 17/12/2012.</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-9832437594833583592012-12-17T07:48:00.004-08:002012-12-17T07:48:57.771-08:00Em nome da Copa<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Ruy Castro</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O estádio do Maracanã, na zona norte, fica numa confluência de bairros -São Cristóvão, Tijuca, Vila Isabel, Grajaú, Benfica, Estácio, Riachuelo, Andaraí, Rio Comprido-, todos densamente povoados e a distâncias que dispensam condução. Até há pouco, em dia de clássico, era emocionante ver a massa indo a pé, de chinelo, para o estádio -aos milhares, em passo acelerado, com as camisas dos dois clubes vestindo vizinhos de bairro ou de rua. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>E, para quem morasse longe, nunca faltaram trens, táxis e, depois, o metrô. O carro particular sempre foi a última opção. Em 50 anos de Maracanã, posso contar as vezes em que fui num deles ao estádio. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Leio agora que, em nome da Copa e por ordens da Fifa, as violências que já se cometeram contra o Maracanã se estenderão ao seu entorno, a começar pela demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Julio Delamare. Esses dois equipamentos, em cujas pistas e raias surgiram tantos atletas brasileiros, irão ao chão para dar lugar a um estacionamento. Mais uma vez, o esporte é atropelado pelo mais arcaico e egoísta dos meios de transporte, o automóvel. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>As picaretas atingirão ainda o Museu do Índio, prédio de 1865, que o poder público reduziu a cortiço. Em seu lugar, surgirá uma área de escape, permitindo que o Maracanã se esvazie em oito minutos em caso de terremoto, tsunami ou tufão. E, ao lado, a Escola Municipal Friedenreich, admirada por sua eficiência, também será demolida, para que surjam quadras de aquecimento de atletas. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Para a Fifa, o novo frequentador do Maracanã, depois de estacionar seu Cooper ou Jaguar, fará compras nos shoppings do estádio, se acomodará num belo camarote, discutirá Kant com os convidados da CBF e, de vez em quando, dará uma espiada no jogo pelo janelão que o separa dos verdadeiros torcedores. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 14/12/2012.</span></strong></em></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-85483722777329619422012-12-13T11:42:00.003-08:002012-12-13T11:42:55.036-08:00Doze é o número da sorte<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Juca Kfouri</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6NNem3Lq0VUSNCgml3pReTExzUG6mRF5Cf28I_vjc9mJ504PRq0W2hsSh2cPwbVQILqPUl7-2zdzyEiyCRo0ZFAIIQjF3qfuZOH2Zws0mryGuFsKw2Nu6yzi3KoL3s27JnafHmzF8EnM/s1600/cas%C3%A3o.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img bea="true" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6NNem3Lq0VUSNCgml3pReTExzUG6mRF5Cf28I_vjc9mJ504PRq0W2hsSh2cPwbVQILqPUl7-2zdzyEiyCRo0ZFAIIQjF3qfuZOH2Zws0mryGuFsKw2Nu6yzi3KoL3s27JnafHmzF8EnM/s1600/cas%C3%A3o.bmp" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Para quem ficou, valeu ver Walter Casagrande Júnior com lágrimas nos olhos quando o Corinthians entrou no gramado em Toyota saudado com o alarido que se ouve normalmente no Pacaembu. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Ele lembrou do Doutor Sócrates, que, outro dia mesmo, estava aí com todos nós e, comovido, sacou como justificativa para torcer pelo alvinegro a hipótese de o Corinthians ser o Brasil no Mundial da Fifa, embora ele saiba que o Corinthians é o Corinthians em qualquer lugar do mundo e em qualquer torneio de que participe. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>E só ele leva tanta gente dele, a Fiel, verdadeira camisa 12 do Timão. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Nem por isso o comentarista da Globo deixou de opinar que o Al Ahly mereceu o empate pelo que fez no segundo tempo -ou pelo que o Corinthians não fez na etapa final. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Talvez ele esteja certo, embora a superioridade alvinegra nos primeiros 45 minutos, principalmente na meia hora inicial, até o gol de Guerrero completando a trivela de Douglas, tenha sido mais marcante que a egípcia depois. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Só mesmo quando Aboutrika entrou o campeão africano criou chances de gol, uma de fora da área, como Douglas tivera no começo do jogo, e outra pela direita, quando Cássio fechou o ângulo providencialmente para evitar o empate. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Para chegar, 12 anos depois, a mais uma final do Mundial de Clubes da Fifa, o Corinthians precisou superar o jogo do vexame, o que se diz semelhante a bater em bêbado, apesar de não ser, apesar de nunca ter sido. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Vencida, também, a ansiedade da estreia, é de esperar que o Corinthians, o mais italiano dos times da América do Sul, segundo Diego Armando Maradona, jogue no domingo um outro jogo, com outro futebol, responsabilidades divididas com o rival, seja o favorito Chelsea, seja o mexicano Monterrey. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Chelsea que, além da vantagem do investimento sem limites, enfrenta o frio com absoluta naturalidade, coisa que não acontece com nenhum dos outros três semifinalistas. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Melhor para o Corinthians será mesmo pegar o time londrino, como foi melhor enfrentar o Boca Juniors na decisão da Libertadores, desafio de gente grande. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Já os mexicanos não só estão longe de serem vistos como gigantes como, para piorar, têm vencido os brasileiros tanto nos jogos das seleções principais como na final olímpica, na Londres do Chelsea. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Para terminar, voltando ao começo, creio não ser nenhuma traição reproduzir uma mensagem escrita que recebi em meu telefone no dia da final com o Boca e que guardei, por reveladora: "Vou te falar uma coisa. Eu parei em 94 e nunca mais senti vontade de jogar. Mas como eu gostaria de entrar em campo nesta quarta. Olha Juca, eu posso até ser demitido. Mas não vou me violentar. Vou torcer muito". </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Preciso dizer quem foi o autor da mensagem? </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 13/12/2012.</span></strong></em></div>
<br />
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-11965034651071519942012-12-10T03:38:00.000-08:002012-12-10T03:38:03.953-08:00Telê 1986, Felipão 2012<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGDYJZZv-H9uOH5k2xiXpmnlC4fXIKLmkjngUvj-n4PIVnzn7fkh3V44UA7Pxz-GP6TXMnneRqO0H3zcq149NFHMd5_X942ZETo7TadpkS0DAfH-tx0IvNE-1GeMzQgVf03A4ocp-oBtg/s1600/TF+MOSAICO1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGDYJZZv-H9uOH5k2xiXpmnlC4fXIKLmkjngUvj-n4PIVnzn7fkh3V44UA7Pxz-GP6TXMnneRqO0H3zcq149NFHMd5_X942ZETo7TadpkS0DAfH-tx0IvNE-1GeMzQgVf03A4ocp-oBtg/s400/TF+MOSAICO1.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></b> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em 1986 o mundo ainda vivia a Guerra Fria, em que
pesem as reformas incipientes promovidas pelo então líder soviético Mikhail
Gorbatchev. No Brasil, a nova democracia, sob a alcunha de “Nova República”, engatinhava,
enquanto a inflação galopava: era o ano das eleições para a Assembleia
Constituinte e do Plano Cruzado. No futebol, começávamos a viver o falso dilema
entre “futebol-arte” e “futebol de resultados”, posto que bom número de “entendidos”
passaram a defender a tese, após a tragédia de Sarriá, de que jogar bonito não
levanta caneco. Nessa época, minha vida se resumia às atividades da escola e do
catecismo religioso, à convivência familiar, às peladas na rua e às primeiras
angústias de amor. Coisas como a prova de matemática, a prece ao meio-dia,
desenvolver o chute com curva, andar a cavalo, pescar lambari, diferenciar
tatu-bola de tatu-peba, e, especialmente, debelar a timidez para me aproximar da
garota amada eram minhas grandes preocupações existenciais. Apesar de ser
apenas um molecote pré-adolescente do interior, continuava a idolatrar o
escrete canarinho de 82 e a acreditar que somente jogando bonito era possível
vencer. Sem saber, eu fazia parte da esmagadora maioria – o então chamado
“povo” –, cuja opinião, muitas vezes, era desqualificada pelos tais “entendidos”.
<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um dos fatos marcantes de 86 foi o anúncio de Telê
Santana como técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo, no México. Desde o
ano anterior, um grande imbróglio marcava o futebol brasileiro. Contratado pelo
clube árabe Al Ahli (apesar do nome, não é o mesmo que enfrentará o Corinthians
no Mundial de Clubes), seus dirigentes não admitiam cedê-lo para a seleção
brasileira, apesar do clamor popular e da pressão da CBF. Desde a seleção
mágica de 82, o Brasil havia frustrado as expectativas dos torcedores com os
selecionados de Carlos Alberto Parreira, Edu Coimbra e Evaristo de Macedo. Após
muita pressão – houve até uma campanha, “Fica, Telê”, lançada pela Revista
Placar –, o Al Ahli “emprestou” Telê apenas para a disputa das eliminatórias.
Festa geral! A seleção passou sem grandes dificuldades, com atuações destacadas
de Zico, Casagrande e Renato Gaúcho. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O ano da Copa começou com duas perguntas cruciais:
quem sucederia Giulite Coutinho na presidência da CBF e quem seria escolhido
como técnico canarinho no México. Octávio Pinto Guimarães – oposicionista e
aliado de Nabi Abi Chedid, liderança em ascensão – venceu as eleições e, de
certa forma, surpreendeu o país ao anunciar, pouco tempo depois, que Telê
estava de volta. Eu e o chamado “povo” vibramos com o retorno. Vale dizer, uma
vibração espontânea, espécie de euforia, vinda de dentro. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em 2012 vivemos o capitalismo globalizado, o reinado
das finanças, da marca, do logo, do mercado e da mercadoria; da imagem
produzida no talhar do marqueteiro. Ironicamente, os dias atuais parecem
confirmar a concepção do velho Marx de que, sob a égide do capital, os homens se
tornam mercadorias e estas ganham personalidade. O Brasil tem uma democracia
consolidada e uma economia estável e emergente, noves fora a discordância das
imortais Carlotas Joaquinas e o persistente, muito embora combalido, complexo
de vira-latas: a Constituição de 88 é uma conquista nacional inegável, bem como
nossa moeda, o Real. Hoje sou um quarentão, graduado e pós-graduado, vacinado,
concursado, casado (sem papel passado), quase pai e habitante de metrópole.
Minha grande preocupação é que o dinheiro necessário à família dure todo o mês
e que meu guri nasça e cresça com saúde. No âmbito ludopédico, mantive a
coerência: continuo a associar futebol bonito a bons resultados. Graças aos
deuses da bola, tenho hoje – enfim! – um paradigma a corroborar minha tese: o
Barça de Messi, Xavi e Iniesta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No começo de 2012 uma notícia improvável correu os
jornais: Ricardo Teixeira, presidente da CBF desde o fim da gestão Octávio
Pinto Guimarães, deixava o cargo. No seu lugar entrou José Maria Marin, o vice com
o dom de surgir do nada. Entrou e tardou a impor sua vontade de demitir o
técnico Mano Menezes. Quando o fez, a sensação de ação inoportuna foi
inevitável: afinal, passados dois anos, Mano parecia dar mostras de ter encontrado
um caminho interessante. No entanto, sua permanência não era do gosto de Marin;
dizem as más línguas, descontentamento compartilhado com a FIFA, com os
patrocinadores, com os marqueteiros, com Romário, com a Rede Globo e, vejam só,
com o “povo”. Se bem que, nestes tempos, o nome “povo” caiu em desuso. Melhor
dizê-lo no jargão da moda, a estatística: Luiz Felipe Scolari entra com
aprovação de 54% dos brasileiros. Melhor assim: sendo Felipão e Parreira, o “novo”
coordenador técnico, figuras conhecidas do mercado, quer dizer, do povo,
facilita muito as vendas, quer dizer, as coisas. Por falar em povo e em
Parreira, é curioso ver alguém que antes, como técnico da seleção, tratava as
críticas populares como “caixa de ressonância” dos comentaristas esportivos, agora,
na condição de coordenador técnico, clamando o mesmo povo (o mesmo?) a apoiar o
selecionado canarinho. Parreira deve ter entendido a mecânica da coisa – se o
povo era manipulado pelos críticos, pode bem ser manipulado pelos ufanistas –,
passando de vítima a operador do vox populi. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A imagem vitoriosa de ambos – campeões das Copas de
94 e 2002 – ajuda a manipular, quer dizer, seduzir a torcida nacional no melhor
clima “pra frente Brasil, salve a seleção”. A mesma torcida que, segundo Galvão
Bueno, tem um caso de amor com a amarelinha. Como se não bastasse, Felipão e
Parreira têm visões táticas modernas, apesar de suas maiores conquistas já
distarem longa data. Ainda assim – talvez a culpa seja da idade –, confesso que
passei longe de sentir com o retorno de Felipão o entusiasmo do retorno de
Telê. Na verdade, não vejo nenhum treinador no Brasil muito melhor do que Mano,
mormente um cujo último time acabou rebaixado no Brasileirão. De qualquer
forma, o importante é que, para a felicidade geral da nação e dos bons
negócios, o “povo” deu seu aval (ou, quem sabe, deram por ele), por mais que
essa aprovação não reflita a convicção nas qualidades atuais do “professor”,
mas, acima de tudo, a desaprovação com o trabalho anterior, a falta de opções
conhecidas e a arriscadíssima aposta de que a vitória de ontem é garantia de
vitória amanhã. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">* * *</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhkzOTx3EPU903JFuHP3oHbpmh88hFfzVQk3Xs5ipgIXSMd3nEJcwQiqvmGWlhyphenhyphenQ27V7CbBnKBep1ybw9Ae0xBb54SUssEd9U1YhelvMWDPQhUJmTlJSD91pIyZ3FFpLhSus4p01sGGYo/s1600/TF+MOSAICO2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhkzOTx3EPU903JFuHP3oHbpmh88hFfzVQk3Xs5ipgIXSMd3nEJcwQiqvmGWlhyphenhyphenQ27V7CbBnKBep1ybw9Ae0xBb54SUssEd9U1YhelvMWDPQhUJmTlJSD91pIyZ3FFpLhSus4p01sGGYo/s400/TF+MOSAICO2.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Recorrendo novamente ao velho Marx, corre-se o risco
de se repetir como farsa a história antes ocorrida como tragédia. Ou não. O
tempo roda e as semelhanças do hoje com o ontem, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mutatis mutandis</i>, vêm à tona. Muito embora, claro, existam
diferenças importantes entre as épocas. Senão vejamos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A “família Scolari” retorna à Granja Comary. Nos
tempos em que a residência do selecionado nacional era a Toca da Raposa também
havia uma família. A figura do pai, ao mesmo tempo rígido e carinhoso, que
ensina pacientemente e também cobra determinado comportamento, dentro e fora do
campo, é marca comum de Telê e Felipão. A propósito, vige no país certa cultura
de valorizar esse tipo de relação paternal como condição necessária para o bom
andamento dos times. Premissa não necessariamente comprovada na prática: se,
por um lado, essa postura dos treinadores facilita a organização de um grupo de
jogadores naturalmente difícil de se lidar, repleto de vaidades e arroubos de
rebeldia, por outro lado, os atritos ríspidos são inevitáveis. Brigas fizeram
parte da carreira dos dois treinadores não só com seus atletas, como também com
dirigentes, jornalistas, torcedores e até com outros treinadores. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se a figura do pai remete tanto a Telê como a Felipão,
alguns dos princípios de conduta transmitidos aos filhos, ou melhor, aos
jogadores são bem diferentes, para não dizer antagônicos. Telê não abria mão do
jogo limpo, na bola, além da técnica apurada, do futebol bem jogado como meio
para chegar à vitória. Perna-de-pau não tinha lugar com ele, muito menos os
chegados em um pontapé na canela do adversário. Certa vez, passou uma
descompostura no jogador Zé Elias, durante um programa de televisão, porque, no
seu entendimento, o então volante do Corinthians era desleal com seus
companheiros de profissão. Scolari, por sua vez, é um dos principais expoentes
da escola gaúcha, do jogo duro, combativo, que não concebe a vitória no futebol
através da beleza, mas da postura de guerreiros em uma batalha. Não é à toa que
“A arte da guerra”, de Sun Tzu, foi seu livro de cabeceira durante a Copa de
2002. Além do mais, algumas das nossas tradicionais malandragens – tais como provocar
o adversário ou pressionar a arbitragem –, eram repudiadas por Telê na mesma
intensidade com que são incentivadas por Felipão. Em outras palavras: para
Telê, futebol é jogo para artistas; para Felipão, é peleja de macho.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Daí decorre outra diferença: as opções táticas. Telê
partia do princípio de que os melhores jogadores sempre devem estar em campo.
Entenda-se por “melhores” aqueles com técnica mais apurada, os mais
habilidosos, com mais visão de jogo, inteligência, sem abrir mão do preparo
físico. Assim, seu esquema tático era montado em função de dois fatores: a presença
dos melhores e a utilização dessa capacidade em um jogo envolvente e para frente.
O bordão de Jô Soares – “bota ponta, Telê!” – é bastante exemplar disso. Na
preparação para 1982, Telê testara alguns pontas-direitas sem se convencer de
suas potencialidades (ex: Tita, do Flamengo, e Tarciso, do Grêmio). Ele
próprio, um ex-ponta-direita, entendeu que a posição passava por um momento de
escassez de talentos. Juntando-se a isso o fato de quatro craques do meio-campo
estarem no auge – Cerezo, Zico, Falcão e Sócrates –, não teve dúvidas em fazer
adaptações. Se do lado esquerdo Éder cumpria à risca a função de ponta, na
direita, Sócrates preencheria o espaço eventualmente, auxiliado pelas subidas
do lateral Leandro. Nas eliminatórias para a Copa de <st1:metricconverter productid="86, a" w:st="on">86, a</st1:metricconverter> adaptação ocorreu pela
esquerda: Junior, antes lateral, passou a ocupar a meia, auxiliado pelas
subidas do lateral Branco; do lado direito, Renato Gaúcho era o homem de
confiança, pelo menos até que o descontentamento do treinador com o
comportamento extracampo determinasse sua saída. Em síntese: Telê não era refém
de tradicionalismos táticos, de um esquema pré-definido, mas um estrategista
que montava sua equipe usando o melhor à sua disposição, fundado no toque de
bola e na ofensividade. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao contrário deste, Felipão não tem tanto problema
em deixar dois ou três jogadores mais habilidosos no banco de reservas, além de
montar seu esquema priorizando a marcação. Que o diga a saída encontrada na
Copa de 2002: três zagueiros, com um deles, Edmilson, às vezes servindo como
volante; nos jogos finais, além dos três zagueiros, dois volantes de fato:
Gilberto Silva e Kleberson. Para compensar, contava com três craques do meio
para a frente: Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo. Solução, a propósito, não muito
diferente da encontrada por Parreira, em 94: Mauro Silva e Dunga como um
paredão no meio, compensado com a movimentação de Bebeto e a presença
artilheira de Romário no ataque.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Um ponto em comum: tanto Telê como Felipão apostaram
suas fichas em jogadores de extrema confiança – até porque eram gênios da bola
–, independentemente das dúvidas com as condições físicas. Apesar do frágil
joelho, Telê não abriu mão de Zico, em 86, ainda que para entrar nos momentos
finais das partidas. Apesar do joelho frágil, Felipão não abriu mão de Ronaldo,
em 2002. Neste ponto, inclusive, Scolari foi até mais ousado que o “Fio de
Esperança”: em 86 não havia substituto à altura para Zico; em 2002, Romário,
apesar da idade, continuava artilheiro e aclamado pela torcida. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Onde a história se repete? Se na época de Telê havia
deficiência na ponta – ora na direita, ora na esquerda –, hoje não há um centroavante
capaz de satisfazer à maioria dos boleiros. Ironicamente, depois de Reinaldo,
Careca, Romário e Ronaldo, não temos mais um grande matador; apenas bons
jogadores que já foram mais convincentes em outros momentos, como Fred, Damião
e Luiz Fabiano. Tanto que, quiçá sob inspiração catalã, Mano Menezes passou a
testar – com relativo sucesso – um time sem centroavante, mas com volantes,
meias e atacantes de beirada de área bastante rápidos e com capacidade de
articulação: Paulinho, Ramirez, Oscar, Kaká, Hulk e Neymar. Confesso que sinto
a falta do são-paulino Lucas nesse rol. Conclusão: assim como Telê, Mano,
considerando as deficiências e potencialidades dos jogadores à sua disposição,
optou por sair do esquema tradicional. A pergunta: Felipão fará o mesmo ou não
abrirá mão de um atacante de área, ainda que esteja em condições inferiores a
outros jogadores? Complementando: Felipão abrirá mão de um volante, pelo menos,
mais firme, fixo, no meio, tirando Ramires ou Paulinho, ainda que os dois
passem por grande fase? Vou além: Felipão dará a si próprio opções táticas ou
fará como Dunga que, a pretexto de “comprometimento”, deixou de convocar
jogadores como Ganso e Neymar para a Copa de 2010? Até que ponto a pressão da
torcida e de Marin (para não falar dos patrocinadores, dos empresários, dos
marqueteiros e até da FIFA) pela presença de “medalhões” no selecionado
nacional não comprometerá o time e a formação de opções táticas?<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ainda que Felipão não seja uma novidade, não dá para
saber como será o “novo velho” técnico da seleção brasileira. Felipão 2012 é
igual a Felipão 2002? Na comparação com Telê, confesso que preferia alguém com
o perfil deste. Não pela ultrapassada oposição entre futebol-arte e futebol-resultado
(a respeito, vale muito a pena a leitura do ótimo artigo de Tostão: <a href="http://ludopedicas.blogspot.com.br/2012/12/a-linha-reta-nao-sonha.html"><span style="color: windowtext;">http://ludopedicas.blogspot.com.br/2012/12/a-linha-reta-nao-sonha.html</span></a>
), já que arte e resultado não são características necessariamente excludentes.
Que o diga a própria história do futebol brasileiro e da nossa seleção,
pentacampeã mundial (resultado) e com times que encantaram pela beleza do jogo,
vencendo (58, 62, 70) ou perdendo (82). Aliás, entre Telê e Felipão, seria
ridículo rotular um como pé-frio e o outro como vitorioso: aquele, depois das
eliminações em 82 e 86, montou o vitorioso e “artístico” time do São Paulo,
campeão mundial de 92 e 93; este, depois da conquista de 2002, oscilou, a favor
e contra si, bons trabalhos (seleção de Portugal), conquistas, com todo o
respeito, menores (campeão do Uzbequistão e Copa do Brasil) e críticas severas
(passagem fraca no Chelsea e participação na campanha palmeirense que culminou
no rebaixamento). Ou seja, ambos, jogando cada qual a seu modo, ganhou e
perdeu, como ocorre na carreira de todo bom técnico. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pelo que se vê hoje, a última participação de
Felipão no Palmeiras, em que pese a evidente limitação técnica do elenco, foi
de uma pobreza tática atroz. Como diz Paulo Vinícius Coelho, o time jogava como
equipe de futebol americano, buscando ganhar jardas até um determinado ponto
onde Marcos Assunção pudesse atuar, ora como “kicker” (chutando direto a gol),
ora como “quarterback” (lançando a bola na cabeça de um companheiro). Também
pela observação do momento atual, a equipe mais eficiente na obtenção dos
resultados e que, ao mesmo tempo, encanta a todos os que apreciam o futebol
bonito (claro, também considerando a qualidade do elenco) é o Barcelona. Aí é
que está: o Telê de hoje – e já o disse antes – responde pelo nome de Pep
Guardiola. E tivemos a chance de escolhê-lo... <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Bem, essa é uma opinião pessoal. Quiçá, de uma
pessoa ultrapassada, sem a plena noção das tantas mudanças ocorridas de 1986
para cá.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Afinal, naquela época o
capitalismo era uma das possibilidades, envolto no mantra da eficiência do
mercado e na satisfação das vontades das pessoas; hoje, é um consenso, guiado
pelo marketing de tudo e todos, criador de imagens e vontades outrora
inexistentes. Lá atrás, o conjunto dessas pessoas era chamado de povo, uma
entidade, no Brasil, pré-cidadã, a dar os primeiros passos na conquista de
direitos; hoje, apesar de direitos conquistados (sobretudo no papel e no
discurso), é vista mais como um conjunto de consumidores em ascensão do que
propriamente de cidadãos. Antes, ter reconhecido talento para treinar ou jogar
bola eram condições suficientes para um técnico ou um jogador vestirem a camisa
amarela; hoje, a isso é necessário aliar o carisma junto a torcedores-consumidores,
exigência das redes de transmissão e demais patrocinadores. Na penúltima década
do século XX, tatu-bola e tatu-pepa eram diferentes, mas ambos brasileiros; no
século XXI, cedemos ao concurso fuleco (ops!) para, entre amijubis e zuzecos,
enriquecer ainda mais a FIFA, detentora de direitos de comercialização de nosso
(nosso?) mascote. Enfim, apesar da FIFA e da CBF que, elas sim, mantiveram sua
essência (infelizmente!), é evidente que o mundo mudou, a economia mudou, o
futebol mudou, o povo mudou, o tatu mudou e, olhando bem para o espelho, não consigo
me lembrar desses cabelos brancos. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">* * *<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sobre
Telê Santana<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Duas dicas para quem quer saber mais sobre o mestre
Telê. Sobre a campanha “Fica, Telê!”, capitaneada pela Revista Placar, em 1985,
eis o link para acessar matéria publicada: <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="http://books.google.com.br/books?id=5MrioVH7-KoC&pg=PA16&lpg=PA16&dq=fica+tel%C3%AA+campanha+revista+placar&source=bl&ots=514yMFkjCI&sig=Tui9c8qxpgA5FkhKYxPxnDyT0bM&hl=en&sa=X&ei=KjO-UM7SMYLC9gTR1oGQBA&sqi=2&ved=0CCcQ6AEwAA#v=onepage&q=fica%20tel%C3%AA%20campanha%20revista%20placar&f=false"><span style="color: windowtext;">http://books.google.com.br/books?id=5MrioVH7-KoC&pg=PA16&lpg=PA16&dq=fica+tel%C3%AA+campanha+revista+placar&source=bl&ots=514yMFkjCI&sig=Tui9c8qxpgA5FkhKYxPxnDyT0bM&hl=en&sa=X&ei=KjO-UM7SMYLC9gTR1oGQBA&sqi=2&ved=0CCcQ6AEwAA#v=onepage&q=fica%20tel%C3%AA%20campanha%20revista%20placar&f=false</span></a> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Para conhecer um pouco mais da vida desse grande
treinador, recomendo o livro “Fio de Esperança”, de André Ribeiro, publicado
pela editora Cia. dos Livros. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">* * *<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sarriá,
o Olímpico e a tristeza<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAqr44Hi7CuNsMeFJh4d7p0rSaAv6rv291gTASdLmFJoy4vEGpC7iQ2kIXudmEzJgHfcF2dSZAc9TjhNvGP34Q4kMsuLVkqic4z5DsMF9FPXfVHeNzynf_LXGtPsNFq2soxUdu0C5kKsk/s1600/sarri%C3%A1-ol%C3%ADmpico.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="136" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAqr44Hi7CuNsMeFJh4d7p0rSaAv6rv291gTASdLmFJoy4vEGpC7iQ2kIXudmEzJgHfcF2dSZAc9TjhNvGP34Q4kMsuLVkqic4z5DsMF9FPXfVHeNzynf_LXGtPsNFq2soxUdu0C5kKsk/s400/sarri%C3%A1-ol%C3%ADmpico.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Partidas históricas da seleção brasileira de Telê
Santana ocorreram no estádio Sarriá, em Barcelona. Luiz Felipe Scolari
consagrou-se à frente do Grêmio, contabilizando vitórias no estádio Olímpico,
em Porto Alegre. Justamente esses estádios – em 1982 e em 2007 – foram os
palcos das minhas maiores tristezas com o futebol. O Olímpico, daqui a pouco,
virá abaixo. Sarriá já não existe mais. Tampouco as minhas tristezas. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><em>JFQ<o:p></o:p></em></span></div>
<em>
</em>ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-47941949302025664732012-12-09T08:27:00.000-08:002012-12-09T08:27:07.653-08:00"A linha reta não sonha"<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-size: large;"><em>Tostão</em></span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<!--/TITULO--><em><div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZXvCcbNzPkJTe_uqljqzmjOsQjms2mHM8qeEBT9LuNqY9x7-DwcOF9dgOISB-pqXv4D7oiCzUk7ZELb98Ymprgo2DFW_GCk7EvW6YYzOGPOOFdfofmP0Kp4zNNRu1xOY6vhphN-FNy4I/s1600/curva.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZXvCcbNzPkJTe_uqljqzmjOsQjms2mHM8qeEBT9LuNqY9x7-DwcOF9dgOISB-pqXv4D7oiCzUk7ZELb98Ymprgo2DFW_GCk7EvW6YYzOGPOOFdfofmP0Kp4zNNRu1xOY6vhphN-FNy4I/s1600/curva.png" /></a></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<br /> </div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
</div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
A antiga e inapropriada
discussão entre futebol-arte e futebol de resultados será ainda mais frequente
até a Copa, por causa do fim do sonho de trazer Guardiola, símbolo do futebol
bem jogado e bonito, e do retorno de Felipão à seleção, representante do
futebol de resultados, embora, como todo bom técnico, tenha sucessos e
fracassos.</div>
</em><div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Após a Copa de 1966, vencida pelos
ingleses, só se falava, no Brasil, do fim do jogo moleque, inventivo e
imprevisível das seleções de 1958 e 1962 e do novo futebol dos europeus, de
resultado, força, disciplina tática, velocidade e objetividade.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Apenas quatro anos depois, após a Copa
de 1970, o grande cineasta italiano Pasolini disse que a poesia brasileira
tinha vencido a prosa italiana. Chico Buarque escreveu que os europeus eram os
donos do campo, e os brasileiros, da bola. Hoje, não somos mais os donos do
campo nem da bola. Não aprendemos a utilizar os espaços e damos a bola com
facilidade ao adversário.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Entre 1974 e 1994, o Brasil não ganhou a
Copa do Mundo, porque havia seleções melhores. A de 1982 foi exceção. Encantou,
mas não venceu. José Miguel Wisnik, em seu excepcional livro "Veneno
remédio", escreveu sobre esse período: "Predominava a ideia de que
era preciso adotar um jogo eminentemente coletivo, tecnicamente responsável,
compactamente defensivo, fisicamente forte e que abrisse mão de devaneios
individualistas".</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>De 1994 até hoje, nas vitórias e nas
derrotas, continuaram as discussões sobre o futebol-arte e de resultados.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>As maiores equipes de todos os tempos,
com vários estilos, sempre atuaram, primeiro, para vencer. A seleção de 1970
jogava um futebol de prosa e de poesia. Unem o pragmatismo criativo e o jogo
coletivo com o talento individual e as fantasias. "A linha reta não
sonha" (Oscar Niemeyer). Quando as grandes equipes perdem não é porque não
são competitivas. Dezenas de detalhes, que, muitas vezes, duram uma fração de
segundos, mudam a história de um jogo. "A vida é um sopro" (Oscar
Niemeyer).</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>A arte necessita da técnica. Já a
técnica sem a arte tende ao tecnicismo e à ineficiência. O que não se pode é
confundir firula, habilidade sem técnica, com arte.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Infelizmente, um grande número de
pessoas envolvidas profissionalmente com o futebol apenas se preocupa com o
resultado, com os estereótipos, com o imediatismo e com as manchetes
bombásticas.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>A discussão entre futebol-arte e de
resultados transcende o futebol. Faz parte das eternas dúvidas humanas entre a
razão e a imaginação, o desejo e a ética, o real e o simbólico, e tantas outras
dualidades. Quando vejo o Barcelona jogar, um time que une o individual com o
coletivo, a beleza com o resultado e a utopia com a realidade, atenuam-se
minhas dúvidas futebolísticas e existenciais.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><em><span style="font-size: x-small;"><strong>Publicado na Folha de S.Paulo, em 09/12/2012.<o:p></o:p></strong></span></em></span></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-41941586075190250222012-12-09T08:24:00.001-08:002012-12-09T08:24:22.166-08:00Que saudade, doutor<div style="text-align: justify;">
<strong><em><span style="font-size: large;">Xico Sá</span></em></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<!--/TITULO--><em></em><br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ-nIGGzVDYIi7Uw5Ajq9OozAw3Y2alZxCmUlSK1pJ07xekIJDVVLwfzqpWdWTp2Ca1uF7oT53Wf6gOPO7h3xwgwbc7Fj6FKSXgzIf2xZX1wr8YdUgCuHHKBFvltON9LUJqzp_j6NFeI4/s1600/doutor3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ-nIGGzVDYIi7Uw5Ajq9OozAw3Y2alZxCmUlSK1pJ07xekIJDVVLwfzqpWdWTp2Ca1uF7oT53Wf6gOPO7h3xwgwbc7Fj6FKSXgzIf2xZX1wr8YdUgCuHHKBFvltON9LUJqzp_j6NFeI4/s1600/doutor3.jpg" /></a></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em></em> </div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em></em> </div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em></em> </div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Amigo torcedor, amigo
secador, nesta semana fez um ano que o doutor Sócrates partiu. Não careço de
efeméride alguma para celebrar, todo dia, toda noite, a memória do velho
camarada. O momento, porém, tingido em branco e preto, é especial e comoveria o
Magrão.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>É, doutor, o bando de loucos, como você
bem conhece, invadiu o Japão. Como na música do Gil, meu velho, teve corintiano
que viajou até no cargueiro do Lloyd lavando o porão. Se oriente, rapaz, a
festa começou em Cumbica e talvez não pare nem mesmo com o anunciado apocalipse
que se aproxima.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Outra coincidência da semana, Magrones,
é que o teu chapa Oscar Niemeyer também se foi. O último dos bravos comunistas,
sempre motivo dos teus brindes, está chegando aí. Sei que vais tirar onda e
dizer que estou sempre dando notícias velhas, que estou mais enferrujado do que
minha última Remington.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Ah, Magrão, não zoa, mas realmente nada
mudou muito depois que partiste. Aqui na terra estão jogando futebol, tem muito
samba, muito choro e rock'n'roll, mas nada de novo debaixo do sol dos homens,
meu camarada, como diriam o Eclesiastes e o teu amigo Chico.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Sabe quem saiu da CBF, Magrão? Acredite:
o Ricardo Teixeira, teu ídolo (rs) para não dizer o contrário. O bom é quem
entrou: o José Maria Marin, doutor, pode crer. Aquele mesmo cupincha da
ditadura.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Mil desculpas, velho camarada, mas nada
mudou neste último ano, embora o deputado Romário (PSB-RJ) insista em uma CPI
para investigar os podres da CBF. O Juca, porém, continua cutucando os homens
com sua caneta afiada, não para. O prezado amigo Afonsinho, aquele bom papo de
sempre, agora escreve no espaço que ocupaste na "Carta Capital", tem
repetido a categoria dos tempos de Botafogo.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Não zoa, notícia velha um cacete. Agora
vou te contar uma nova. O Mano caiu, no momento mais errado do mundo -se é que
tem tempo certo para queda- e o Felipão assumiu o comando da canarinha.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Foi mal, Magrão, esta bola tu cantaste
há séculos. Essa, porém, é novíssima: os estádios para a Copa do Mundo estão em
um atraso miserável (rs). Mais uma: a Fifa tende a proibir a venda de acarajé
nos arredores da Fonte Nova durante o Mundial de 2014. Sério, Magrones, essa é
braba, confesse.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Sabes quem está na bancada do nosso
"Cartão Verde", doutor? O Rivelino, com um bigode de deixar teu ídolo
Nietzsche com inveja, e o boa-praça Celso Unzelte, este sim um jornalista
competente. Pasme, Magrão, o Vitor Birner aderiu ao futebol-arte. Um poeta. O
velho Mussa, como chamavas carinhosamente o Vladir Lemos, continua o mais
civilizado dos mediadores.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div style="mso-line-height-alt: 11.25pt; text-align: justify;">
<em>Fazes muita falta, doutor, e sempre
cantamos para ti aquela seresta do Sérgio Bittencourt: "Naquela mesa tá
faltando ele / e a saudade dele está doendo em mim".</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>
</em></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><em></em></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 08/12/2012.<o:p></o:p></span></strong></em></span></div>
<strong><span style="font-size: x-small;">
</span></strong>ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-67537939808981842882012-12-07T11:29:00.001-08:002012-12-07T11:30:59.812-08:00À espera do número 257<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Antonio Prata</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcjrfWYip33qL0YrXjSk0H_5TQ-uia1cpMeJG2jMCFsK7smqKx-yiTZdjPMNeX3IjF7XCoeyia9DwO1gX09NHPhlv34rUsZS-RJqHfd5Lr6nucdxGC9vx5QcfVGioIpIB6x9CbPkGXXuU/s1600/imagesCANOKKVL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" nea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcjrfWYip33qL0YrXjSk0H_5TQ-uia1cpMeJG2jMCFsK7smqKx-yiTZdjPMNeX3IjF7XCoeyia9DwO1gX09NHPhlv34rUsZS-RJqHfd5Lr6nucdxGC9vx5QcfVGioIpIB6x9CbPkGXXuU/s1600/imagesCANOKKVL.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<em></em>
<div style="text-align: justify;">
<em>Eu, no ano da graça de 1977, com apenas 49 dias de idade, vendo do berço o chute do Vaguinho explodir no travessão, Wladimir tentando de cabeça, Oscar salvando em cima da linha, Basílio pegando o segundo rebote e finalmente balançando a rede da Ponte Preta, acabando com quase 23 anos de sofrimento e me ensinando que a vida é dura, estranha, às vezes a coisa embanana ali na zona do agrião, mas no fim tudo pode dar certo; flashes do Pacaembu, poucos anos mais tarde, no colo do meu tio --cavalos, bandeiras, rojões--; o bigode do Zenon, o respeito imposto por aquele bigode, estendido a todos os bigodes subsequentes; o uniforme de goleiro igual ao do Carlos, ganho no Natal --e todas as vezes em que eu gritei "espaaaaaaalma Carlos!", jogando bola na rua ou no recreio, durante a infância--; a trave de madeira que meu avô fez para mim; Casagrande e Sócrates subindo ao palco num show da Rita Lee; meu pai pisando de leve no meu pé e piscando, no meio da torcida do Guarani, quando o Biro-Biro fez o gol lá no Brinco de Ouro da Princesa, em 1984; a agonia da final de 88, contra o mesmo Guarani, até o momento em que um moleque chamado Viola dá um carrinho de ninja, se estica todo e, com a ponta da unha do dedão, salva a pátria; eu, o Luiz e o pai dele numa Brasília estacionada num pasto, em algum lugar do Mato Grosso, tentando sintonizar o rádio para ouvir um Corinthians e São Paulo; o trator rebocando a Brasília atolada no pasto, duas horas mais tarde; o Nirlando, meu padrasto, me ensinando com sua agonia a dimensão trágica das batalhas ludopédicas; Kalunga, nome de um quilombo de bravos guerreiros, descendentes de negros e índios; a descoberta tardia da Democracia Corintiana, o orgulho pela Democracia Corintiana; eu, o Badá, o Miguel, o Perê, o Turco e o Binho subindo a Rebouças a pé, em 95, gritando "É campeão!", junto a um rio de gente, acreditando na concórdia entre as classes, as raças e religiões; eu, o Binho e o Perê às três da manhã, naquela mesma noite, na Paulista, fugindo de cinquenta corintianos, depois que um cara roubou o gorro do Binho e gritou "pega os são-paulinos!", nos mostrando que era preciso mais do que o futebol para superar as mazelas nacionais; Wladimir reunindo os garotos da rua, pegando meu primo pela mão e o levando para jogar bola, no dia em que o meu tio morreu; minha admiração por esse ato de generosidade e grandeza; a falta que faz meu tio-- são algumas das coisas que passam por minha cabeça quando o número 257 aparece no luminoso do Consulado Geral do Japão e me dirijo ao guichê para tirar o visto.</em><em>
<div align="justify" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</em><div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 06/12/2012.</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-54737830112056779532012-12-04T11:18:00.001-08:002012-12-04T11:18:44.257-08:00Ideias fora do lugar<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Luiz Zanin</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Para a opinião pública, Felipão é um acerto. Para a opinião publicada, um retrocesso. Para os torcedores comuns, o Brasil precisa de um líder que conduza ao hexa. Os especialistas preferem quem leve a seleção pelo caminho da modernidade. Do que julga ser a modernidade, o paradigma atual do Barcelona. Daí o desencontro. Como a substituição de Mano por Scolari foi política e não técnica, a dupla Marin-Del Nero, que de boba não tem nada, olhou na direção da popularidade, que tira o foco de outras e mais graves questões. Daí o nome de Guardiola, tão insistentemente lembrado, não ter passado de leve devaneio de primavera.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Essa, como outras decisões no mundo do futebol, está aberta a controvérsias. Ninguém nega experiência à dupla Scolari-Parreira. Em certa medida, experiência é importante mesmo, ainda mais em situação-limite como costuma ser uma Copa do Mundo, quando qualquer descuido ou perda de concentração podem ser fatais. Lembrem o que aconteceu, por exemplo, na Copa de 1998, quando tínhamos tudo para ganhar a final e perdemos para um caso até hoje muito mal explicado. Enfim, um líder carismático (como Felipão) pode ser muito útil numa hora dessas.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Pensando de maneira menos pontual, parece lógico que a dupla não pode oferecer grande perspectiva de renovação tática. Embora tenham sido os dois últimos técnicos brasileiros campeões do mundo (Parreira em1994, Felipão em 2002), não têm convencido em seus últimos trabalhos. Parreira parecia ter um time de sonho na Copa de 2006 e deu com os burros n’água de maneira até patética. Depois do Penta, Felipão foi bem na direção de Portugal, mal na do Chelsea e acaba de contribuir para o rebaixamento do Palmeiras.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Os críticos têm alguma razão em colocarem um pé atrás – alguns já colocam os dois pés atrás em relação à dupla. Quem viu o Palmeiras jogar ultimamente sabe que o estilo não recomenda o técnico. Com outro elenco ele poderia ter feito algo diferente? É bem provável, mas indemonstrável. E Parreira? Quem não se lembra do seu Corinthians, muito bem treinado, e que tinha na posse de bola seu ponto forte, antes que essa característica fosse elevada a dogma com a ascensão do Barcelona? No entanto, aquele Corinthians forte, racional e experiente foi demolido por um Santos adolescente e ofensivo em dois jogos nas finais o Brasileiro de 2002.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O que tudo isso quer dizer senão que não existem fórmulas prontas para vencer ou perder no futebol?</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O Barcelona seria o mesmo sem os jogadores que lhe dão suporte? Por que então tomá-lo como modelo absoluto? Alguém elegeu como paradigmas o Santos de Pelé, o Palmeiras de Ademir da Guia, o Cruzeiro de Tostão ou o Flamengo de Zico? Não, porque esses modelos se esvaziariam sem os jogadores que lhes emprestaram corpo e alma.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O Barcelona tem sido considerado mais que um clube (é seu slogan). O Barça seria uma ideia. Um modelo absoluto. Para um futebol sem ideias, como o brasileiro atual, parece mais fácil importar uma, já pronta. Sem lembrar que existem problemas de aclimatação e execução. Sem isso, ideias não passam de abstração. Ou deslumbramento tolo.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado em O Estado de S.Paulo, em 04/12/2012.</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-51896016468442382642012-12-04T11:17:00.001-08:002012-12-04T11:17:16.422-08:00Guardiola e a Semana de 22<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">José Roberto Torero</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A CBF chutou a bola para fora. Teve a chance de fazer um gol de placa, mas mandou a gorduchinha para fora do estádio. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Guardiola até já havia dito extraoficialmente que aceitava o cargo. Mas a CBF desprezou o melhor técnico do mundo. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Neste século não houve time mais impressionante que o seu Barcelona. Foram muitos títulos, largas goleadas e estatísticas impressionantes. O time venceu mais de 70% de seus jogos e não raras vezes teve mais de 70% de posse de bola, mesmo enfrentado equipes razoáveis como Chelsea e Real Madrid. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Em seus quatro anos à frente do clube catalão, o técnico venceu três campeonatos espanhóis, duas Copas da Espanha, três Supercopas, duas Ligas dos Campeões e dois Mundiais de Clubes. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Mas esqueçamos os números e os títulos. Era só olhar o Barça em campo que você sabia que aquele era o melhor time do mundo. Desde a Laranja Mecânica não havia um time tão inovador. Os catalães reinventaram o futebol. E de uma maneira tão humilhante que as outras equipes sequer conseguem imitá-lo. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Claro que Felipão é um bom técnico (e não vou usar o argumento do rebaixamento do Palmeiras para a Série B, isso foi apenas um tropeço), mas Guardiola é melhor. E não um pouco melhor, mas muito. É um Steve Jobs do futebol. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Se ele é o melhor técnico e temos os melhores jogadores, nada mais natural do que unir ao outro. Só que nada é natural no mundo do futebol. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Os argumentos contra Guardiola são: ele é estrangeiro, ele nunca dirigiu uma seleção e ele não conhece os jogadores brasileiros. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O terceiro argumento não é verdade. Temos mais jogadores selecionáveis na Europa do que aqui. E seria apenas uma questão de tempo para conhecer os que jogam no Brasil. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Quanto a nunca ter dirigido uma seleção, argumento usado por José Maria Marin, é uma bobagem. Felipão também nunca havia dirigido uma seleção antes de vencer a Copa do Mundo de 2002. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Por fim, contra o argumento patriótico, uso a célebre frase do escritor Samuel Johnson: "O nacionalismo é o último refúgio dos canalhas". </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O que o Brasil precisa é de uma Semana de 22 no futebol. Precisa de uma antropofagia futebolística. Nas últimas décadas temos sido apenas exportadores. Mas chega de arrogância. É a hora de aprender com os alienígenas. Por que não trazer técnicos de fora? Nos outros esportes já estamos fazendo isso. E tem dado muito certo. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Com o argentino Rubén Magnano, a seleção brasileira de basquete voltará a disputar uma Olimpíada depois de 16 anos. Com o técnico norte-americano Barry Larkin, o Brasil classificou-se pela primeira vez para o Mundial de beisebol. E com o ucraniano Oleg Ostapenko, as meninas da ginástica olímpica chegaram onde apenas haviam sonhado. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O argumento nacionalista é de uma hipocrisia imensa. Afinal, a empresa que controla a seleção até 2022 é a saudita ISE --a seleção, nos últimos três anos, jogou 42 partidas, mas apenas cinco no Brasil. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Ou seja, os torcedores podem ser estrangeiros, a empresa controladora pode ser estrangeira, mas o técnico não? Hipocrisia. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Era o momento da revolução --não como a que Marin apoiou em 1964, é claro. Mas perdemos o bonde da história. Ou o trem-bala, para atualizar a frase. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Com Guardiola teríamos mais chance de voltar ao alto do pódio do futebol mundial. A seleção poderia transformar os adversários em bobinhos, e eles ficariam apenas correndo atrás da bola no meio da roda. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Mas preferimos o passado. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A troca de Mano por Felipão foi mais ou menos como a troca de Ricardo Teixeira por José Maria Marin. Trocou-se alguma coisa para que tudo continue como está. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">JOSÉ ROBERTO TORERO, 49, é jornalista, escritor e roteirista, autor de "O Chalaça" (Objetiva), de "Uma História de Futebol" (Objetiva) e de "Dicionário Santista" (Ediouro), entre outros </span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /><strong><span style="font-size: x-small;"></span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 04/12/2012.</span></strong></em></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-1920299383887522812012-12-04T11:15:00.003-08:002012-12-04T11:15:47.846-08:00De Felipão a Getúlio<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Eduardo Bueno</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Então, Felipão bateu o barro das esporas, encilhou a cavalgadura e enveredou pela velha rota dos tropeiros, disposto a amarrar outra vez sua bela besta baia no velho obelisco. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Saiu de Passo Fundo, trotou pela Vacaria, e, entre aplausos e mugidos, chegou a Itararé --o velho sítio da "batalha que não houve". Ali, de novo, não encontrou resistência alguma. Passou pela avenida 23 de Maio sem alcançar o significado da data e, entre altivo e autista, cruzou o Tietê como se fosse o Rubicão. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Depois de galopar entre as carretas da Via Dutra, atingiu enfim o coração da antiga capital federal. Teve um déjà-vu ao prender as rédeas do rocinante na esguia coluna de pedra erguida ao final da Avenida Rio Branco. Alguns paisanos o saudaram. Outros, certos de que estavam diante de uma "alma semibárbara egressa do regime pastoril", torceram, quando não empinaram, seus narizes. Como bom sargento, Felipão ignorou-os todos. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>São jocosas, mas não gratuitas, as comparações entre o retorno de Felipão ao comando da seleção brasileira e a marcha de Vargas rumo ao Catete em 1930. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>E se há algum anacronismo aqui, ele reside no fato de que, embora não tenha voltado ao poder "nos braços do povo", nem sido precedido pelo "movimento queremista", a verdade é que, tal qual Getúlio em 1954, estamos diante da segunda vinda Luiz Felipe Scolari. O que já quase o alça ao posto de Messias... </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Metáforas e piadas abundam, franqueando o emprego dos clichês --pena que os mais utilizáveis não se prestem aos detratores de Felipão. Afinal, se o velho chavão "povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la" for verdadeiro, então o hexa já está no papo. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Mais amargo ainda para a falange anti-felipônica é o dito: "A história sempre se repete, ora como farsa, ora como tragédia". </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Felipão pode ter seus defeitos, mas nem seus inimigos mais empedernidos acham que ele seja uma farsa. E sua primeira passagem pela seleção só foi trágica para os amantes do dito "futebol-arte". </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>De qualquer forma, não deixa de ser uma ironia divertida e reveladora ver antigos barões do café de cepa quatrocentona, e velhos cortesões da finada Belle Époque carioca tendo, outra vez mais, que fazer um pacto federativo e recorrer à essa espécie de caudilhismo positivista de cunho artiguista tão exemplarmente representado pelo jeito gaúcho-platino de jogar futebol, sempre posto em prática pelos times de Felipão. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Engraçado assistir esse pessoal de fatiota abrindo mão de seus supostos ideais em nome do pragmatismo e do "bem maior": ganhar a Copa em casa --sem sucumbir num novo Maracanaço.... Se não para próprio Uruguai ou --Deus nos livre!-- para a Argentina, desta vez para a ex-metrópole de nossos vizinhos, a poderosa Espanha. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Tudo isso seria só hilário, ou curioso, não fosse patético e tão exemplar do atraso. Não o suposto "atraso" de Felipão, é claro, mas o da esclerosada e ditatorial CBF, bem como o do eterno país do futuro do pretérito, que a mantém e a explica. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>De todo modo, se o Brasil ainda crê nos "pais do povo", porque não recorrer ao sujeito que, se não é o pai da pátria (de chuteiras), com certeza é o pai da família Scolari? </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Sem falar no bônus das galhofas. Felipão já disse como julga ser o dia a dia dos barnabés de bancos estatais. Periga, daqui a alguns dias, falar dos R$ 31 milhões anuais que a agremiação de Rosemary Noronha (que já ganhou estádio de presente) receberá de outra instituição financeira do governo. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Dentro do campo, também pode funcionar. Afinal, a Copa não passa de um torneio mata-mata. Até porque, como futebol-bailarino, pontos corridos é coisa de fresco. Ala pucha, tchê! </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">EDUARDO BUENO, 54, é jornalista e escritor, autor de "Brasil: uma História" (Leya) de "A Viagem do Descobrimento" (Objetiva) e de "Grêmio: Nada Pode ser Maior" (Ediouro), entre outros </span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 04/12/2012.</span></strong></em></div>
<br />
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-5741165162751963122012-12-03T09:31:00.003-08:002012-12-03T09:31:56.482-08:00Onipotência da soberba<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Tostão</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Rinus Michels, revolucionário técnico holandês na Copa de 1974, deve ter ficado arrepiado ao ver as seleções brasileiras de 1958, 1962 e 1970. Suas ideias sonhadoras, com novos conceitos, foram assimiladas e aprimoradas por Cruyff, uma das maiores inteligências coletivas do futebol. O craque e treinador holandês criou variações e transmitiu esses conhecimentos ao Barcelona, que foram modificados por Guardiola e pela seleção espanhola. Todo esse saber evolutivo, associado ao recente pragmatismo criativo do técnico José Mourinho, se espalhou por toda a Europa. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Os principais times europeus, além de contratarem os melhores jogadores do mundo, priorizam, cada vez mais, o jogo coletivo, a troca de passes, que começa com os zagueiros, a diminuição dos espaços entre os setores, a alternância entre a marcação por pressão e a mais recuada, para contra-atacar, as múltiplas funções de um jogador e vários outros detalhes. É o futebol do presente e do futuro. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O futebol brasileiro, por prepotência, ao achar que só aqui tinha craques e se jogava em alto nível, involuiu coletivamente. Pior, o atual estilo de jogar dificulta o aparecimento de grandes talentos. Temos muitos bons jogadores, mas apenas um fora de série, Neymar. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Muitos outros fatores contribuíram para essa queda, como os gramados ruins, a promiscuidade e a ineficiência dos dirigentes de clubes, de federações e da CBF, e a pressão aos técnicos e jogadores para ganhar de qualquer jeito, consequência da violência na sociedade, na arquibancada e no gramado. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Como já tinha escrito, ficou mais evidente, após a entrevista coletiva para anunciar a comissão técnica, que teremos uma época de exacerbação do nacionalismo. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Só faltou Zagallo. Na entrevista, houve também uma exaltação das conquistas de 1994 e 2002, motivo principal, alegado pela CBF, para chamar Parreira e Felipão. A comissão técnica será quase a mesma de 2002. Os conceitos devem também ser os mesmos. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Muitas pessoas, em todas as atividades, acham que o que deu certo tem de ser repetido, como se houvesse apenas um jeito de ganhar. Esquecem também que há coisas erradas nas vitórias e acertos nas derrotas. Existe um grande número de fatores envolvidos nos resultados, ainda mais quando se tem craques, como Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>São indiscutíveis os méritos de Felipão e Parreira nas conquistas das Copas de 1994 e 2002. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Por outro lado, o assunto me faz lembrar de alguns médicos que justificavam suas condutas pelas experiências anteriores, que tinham dado certo, contrariando a evolução e as publicações científicas. Achavam que a experiência pessoal estava na frente do conhecimento e da ciência. É a onipotência da soberba.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 02/12/2012.</span></strong></em></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-29276643948171369102012-11-30T11:12:00.002-08:002012-11-30T11:12:42.751-08:00Qual Felipão?<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Eduardo Maluf</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2tOcXe0RxYHV33K0wTJlXKkn3aatcxi9bGNu76dIagg-0EsswKYgaC23BOlQ40E4CpSZZfYc950aBv-Eka4O67NYU8hKUKO73KpO0JjEmiRQLh-9h4P_8-pWlZqSYOPBweAFaC4utqIo/s1600/qual+felip%C3%A3o.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="120" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2tOcXe0RxYHV33K0wTJlXKkn3aatcxi9bGNu76dIagg-0EsswKYgaC23BOlQ40E4CpSZZfYc950aBv-Eka4O67NYU8hKUKO73KpO0JjEmiRQLh-9h4P_8-pWlZqSYOPBweAFaC4utqIo/s320/qual+felip%C3%A3o.png" tea="true" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A CBF "apresentou" ontem Luiz Felipe Scolari como técnico da seleção. A questão é: qual Felipão vai assumir a equipe? O campeão da Libertadores de 1995 e 99, mundial em 2002 e vibrante comandante de Portugal ou o desmotivado e acomodado treinador do Palmeiras rebaixado para a Segunda Divisão?</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Desde que retornou ao País e ao Palestra Itália, em 2010, Felipão não parece mais aquele líder obcecado por vitórias e por montar grandes times. Seu comportamento até certo ponto apático levou-me a escrever coluna intitulada "A crise de Felipão", em setembro de 2011. Em 2012, apesar do título da Copa do Brasil, manteve-se indolente. Quem acompanhou de perto seu trabalho nos anos 90 e no início da década passada chegou a ficar chocado com a mudança em seu estilo.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Big Phil, como é chamado na Europa, está na lista dos maiores treinadores da história de Portugal e do Brasil por suas notáveis conquistas. Depois de 2006, quando avançou à semifinal no Mundial da Alemanha com os portugueses, porém, não alcançou mais grandes feitos. Foi mal no Chelsea, sumiu no Usbequistão e manchou o currículo com a queda do Palmeiras para a Série B.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Esse simpático senhor de 64 anos tem carisma e é querido por grande parte da população. Tudo isso conta, sobretudo quando falamos de uma Copa no Brasil. Mas... e a eterna conversa de que seleção é momento? Vale para jogador e não para treinador? Ou abrimos exceção? Ele pode, claro, resgatar o entusiasmo ao se ver diante de um novo grande desafio em sua vida profissional. Mas não creio que esta fosse a hora de promovê-lo ao cargo. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Considerei equivocada a demissão de Mano Menezes (também motivada por questões políticas) por acreditar que o menor de nossos problemas estava na comissão técnica. O maior déficit, hoje, é de jogadores. Os principais nomes são jovens demais, como Neymar, Oscar, Lucas. Eles são talentosos, mas precisam de companheiros mais experientes para lhes dar retaguarda. É aí que pecamos. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O sinal de desespero na busca por um líder é a forma como encaramos o retorno de Kaká. Houve um festival de elogios ao meia do Real Madrid depois dos últimos amistosos. Será que José Mourinho não entende de futebol para deixá-lo no banco em quase todas as partidas do Real? Se o brasileiro estivesse no auge da condição, não ficaria fora nem de um conjunto de estrelas como esse espanhol.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A capacidade técnica de Kaká é indiscutível. Faltam-lhe, no entanto, sequência, ritmo, consistência... Tomara que seus problemas físicos tenham, de fato, sido resolvidos, mas só saberemos ao fim de uma temporada inteira.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Não era momento de mudança no comando da seleção - até por não haver nenhum nome com unanimidade para substituir Mano. A amarelinha sozinha já nos põe entre os favoritos em qualquer disputa, independentemente da situação. Mas estamos andando na contramão dos principais adversários e tornando nosso caminho para o hexa cada vez mais distante e esburacado.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado em O Estado de S.Paulo, em 30/11/2012.</span></strong></em></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-79443191206252950102012-11-29T07:17:00.002-08:002012-11-29T07:17:40.112-08:00Feira de negócios<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Tostão</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWQXRgHaLZXw3fRQ8hyphenhyphen7ZtOCyy2NvKZA6hdJHDpPxGWvDl6z-Kc9CXqLuKhX63fhymOyyXTXfPcGUs_gDy59j11irA61aZOj6eo11B7QimU-qJCgPH9aBdW0iWjITROA3-lC_WS0CD96A/s1600/felip%C3%A3o+vem+a%C3%AD.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWQXRgHaLZXw3fRQ8hyphenhyphen7ZtOCyy2NvKZA6hdJHDpPxGWvDl6z-Kc9CXqLuKhX63fhymOyyXTXfPcGUs_gDy59j11irA61aZOj6eo11B7QimU-qJCgPH9aBdW0iWjITROA3-lC_WS0CD96A/s1600/felip%C3%A3o+vem+a%C3%AD.jpg" tea="true" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Está praticamente certo que Mano Menezes não foi dispensado por razões técnicas, e que Felipão será o novo treinador da seleção. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Meses atrás, em uma coluna fictícia, escrevi que Mano Menezes, no psicanalista, dizia-se preocupado com a nomeação de Felipão como assessor do Ministério do Esporte. Mano suspeitava que Felipão era o técnico preferido do governo. Um mês depois da Olimpíada, Felipão saiu do Palmeiras. Será que a ficção estava próxima da realidade? </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Repito minha hipótese de que a CBF, influenciada pela importância política e comercial da Copa e pelos investidores e marqueteiros, quer um técnico carismático, capaz de empolgar o torcedor, de conviver com a pressão de um Mundial no Brasil e ainda ser um escudo para os dirigentes. Mano é racional, frio e técnico. Sorri pela metade, como José Serra. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>No passado, as estrelas do futebol eram os jogadores. Depois, surgiram os treinadores. Agora, é a época dos investidores e marqueteiros. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Isso pode ser bom ou ruim. Nenhum dirigente de clube ou da CBF decide nada sem ouvi-los. Nem sempre o que é bom para o time é bom para o clube, pelo olhar comercial e político. Cada vez mais, futebol é uma feira de negócios. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Guardiola foi um sonho. É lamentável a prepotência e o corporativismo dos técnicos brasileiros, antigos e novos, em relação aos estrangeiros, mesmo sendo Guardiola. Querem manter os empregos, o prestígio e ainda ficar próximos da CBF. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Obviamente, em um passe de mágica, nem mesmo em um ano e meio, Guardiola faria a seleção jogar tão bem quanto o Barcelona. Não temos tantos craques. Mas muitas coisas poderiam ser melhoradas já para o Mundial. Temos de pensar no futuro e criar novos conceitos. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A maior dificuldade do técnico seria a falta de um craque no meio-campo, no nível de Xavi, Iniesta, Busquets, Fàbregas, Xabi Alonso, Pirlo, Yaya Touré. Todos estão em uma lista de 15 armadores, selecionados pela Fifa, que vão ocupar três posições na seleção do ano. Nenhum dos 15 é brasileiro. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Enfim, os treinadores brasileiros perceberam que os volantes, além de marcarem bem, necessitam ter bons passes, serem organizadores, inventivos e ainda chegarem à frente. Só teremos um craque nessa posição quando os técnicos das categorias de base pararem de colocar os armadores habilidosos para ser meias ofensivos ou atacantes pelos lados. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Com a saída de Mano, que tentava mudar a maneira de jogar da seleção, continuaremos no jogo truncado, no estilo vapt-vupt. Às vezes, dá certo. Como disse Paulo Vinícius Coelho, quando Felipão era técnico do Palmeiras, o time parecia de futebol americano, que ganhava terreno (jardas), aos poucos, por meio de faltas, até chegar próximo do gol para Marcos Assunção jogar a bola na área.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado na Folha de S.Paulo, em 28/11/2012.</span></strong></em></div>
<br />
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-36503152066048222612012-11-28T06:32:00.000-08:002012-11-28T06:38:34.637-08:00Felipão é o novo técnico da seleção<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZyklqWJfJ7ocErk8AxDPitcdCujvH4MV6XCXL6T-wcUM_WPKAIv8RqENGw1T6NhZObAa1nIR14fqD6Y8C49TnObx4VKoKEQA2WYsPuQ5e4TVt1_nTYYHGYBwqVPAuJsXLRv7ZBuIvPlk/s1600/felipao_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZyklqWJfJ7ocErk8AxDPitcdCujvH4MV6XCXL6T-wcUM_WPKAIv8RqENGw1T6NhZObAa1nIR14fqD6Y8C49TnObx4VKoKEQA2WYsPuQ5e4TVt1_nTYYHGYBwqVPAuJsXLRv7ZBuIvPlk/s320/felipao_1.jpg" tea="true" width="241" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A CBF já acertou com um novo técnico para a Seleção, mas não tem mais um diretor de Seleções: Andrés Sanches deixou nesta quarta o cargo, que acabou extinto pelo presidente José Maria Marin, e Luiz Felipe Scolari é o substituto de Mano Menezes. O anúncio oficial de Felipão, campeão mundial em 2002 com o Brasil, será feito na quinta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Andrés pediu demissão do cargo de diretor de Seleções através de uma carta. Em São Paulo, Marin disse que a posição está extinta para a volta da função de coordenador, exercida nas Copas do Mundo de 1994 e 2006 por Zagallo, de 1998 por Zico e de 2002 por Antonio Lopes. Tetra nos Estados Unidos, Carlos Alberto Parreira é o mais cotado para assumir a tarefa de trabalhar na nova função.</div>
<br />
<strong>FONTE: GLOBO.COM</strong><br />
<strong><br /></strong><a href="http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/11/andres-sanches-deixa-o-cargo-de-diretor-de-selecoes-da-cbf.html"><strong>http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/11/andres-sanches-deixa-o-cargo-de-diretor-de-selecoes-da-cbf.html</strong></a> <br />
<br />ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-64072465561275794632012-11-23T11:25:00.004-08:002012-11-23T11:25:51.171-08:00Mano Menezes é demitido da seleção brasileira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUxZLf4_DWiH4CatCUNbfK8iF12vRPLeKgRyVZs08xF5jJlm5-0XmktUHPi5li9D4chSUScR921G-pdjcr9MnOkjWkAnuuQSI7Km5GxApj9aUiRdoj_rYWhosaRqWI_r8BE6g-bB5beBE/s1600/23mano-al.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUxZLf4_DWiH4CatCUNbfK8iF12vRPLeKgRyVZs08xF5jJlm5-0XmktUHPi5li9D4chSUScR921G-pdjcr9MnOkjWkAnuuQSI7Km5GxApj9aUiRdoj_rYWhosaRqWI_r8BE6g-bB5beBE/s1600/23mano-al.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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<em></em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>O técnico Mano Menezes foi demitido no comando da seleção brasileira na tarde desta sexta-feira. O UOL Esporte apurou que a decisão sobre a saída do treinador já havia sido comunicada pela cúpula da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), via SMS, a outros integrantes da comissão técnica, como Carlinhos Neves, preparador físico do Atlético-MG. A entidade confirmou a informação em nota divulgada às 16h45 e acrescentou que toda a comissão técnica foi dissolvida. Os substitutos serão divulgados apenas em janeiro.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em><strong>Fonte: UOL</strong></em></div>
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<em><br /><strong></strong></em></div>
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<a href="http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/11/23/mano-menezes-e-demitido-e-nao-comanda-mais-a-selecao-brasileira.htm"><em><strong>http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/11/23/mano-menezes-e-demitido-e-nao-comanda-mais-a-selecao-brasileira.htm</strong></em></a><strong> </strong></div>
<br />
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-71610563831054864492012-11-23T11:11:00.000-08:002012-11-23T11:11:05.545-08:00Fair play e hipocrisia<div style="text-align: justify;">
<em></em></div>
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<em><strong><span style="font-size: large;">Antero Greco</span></strong></em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em><br /></em></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1CVA09ZkLZ-WoCgNdz14Fl7e-qL5jWCVJllZRuxsTfJ2dmq9z7LJ2Sgf5T-hErA7-p5yDHFCOEZJn25jFCVx8-P1YOz3BLztzFiPy_ZQyQnJtAMog_vrYNtTevctT6wGqzg0k-ubuy9k/s1600/la.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1CVA09ZkLZ-WoCgNdz14Fl7e-qL5jWCVJllZRuxsTfJ2dmq9z7LJ2Sgf5T-hErA7-p5yDHFCOEZJn25jFCVx8-P1YOz3BLztzFiPy_ZQyQnJtAMog_vrYNtTevctT6wGqzg0k-ubuy9k/s1600/la.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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<em>A mancada da semana tem Luiz Adriano como protagonista. O rapaz joga no Shakhtar Donetsk, time ucraniano recheado de brasileiros. Não sei se você assistiu ao lance na televisão ou leu reportagens a respeito. Então, repasso o caso aqui para situá-lo e para que possa acompanhar melhor a conversa.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Na terça-feira, o Shakhtar visitou o Nordsjaelland, na Dinamarca, pela Copa dos Campeões. Os donos da casa saíram na frente, e ameaçavam o plano de classificação antecipada do adversário. No meio do primeiro tempo, uma jogada foi interrompida para atendimento de jogador do time da casa. Na reposição de bola, Willian (ex-Corinthians) chuta pra frente, para retribuir a gentileza. Sem mais nem menos, Luiz Adriano aceita o passe, parte sozinho em direção à área, dribla o goleiro estupefato e faz o gol.</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
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<em>O atacante ignorou a bronca dos rivais, comemorou o empate com os companheiros e vida que segue. As imagens mostram a cara consternada de Mircea Lucescu, técnico do Shakhtar, e a de alguns atletas visitantes. A turma do time ucraniano ensaiou até amolecer, na nova saída, para permitir outro gol do Nordsjaelland, como forma de compensar a mancada continental de Luiz Adriano. Ficou na boa intenção, esnobou as vaias, venceu o duelo por 5 a 2 (com mais dois dele mesmo) e garantiu a vaga.</em></div>
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<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O episódio correu mundo, e Luiz Adriano tomou esculhambação de tudo quanto foi lado. Com razão. O gesto dele representou um bico na boa educação, no espírito esportivo, no respeito aos colegas de profissão e ao público. Uma atitude de rematada grosseria. Num primeiro momento, até fez pouco caso. Em seguida, se explicou, sob a alegação de que estava de costas para a jogada e pensou que ela fosse normal. Desculpa esfarrapada, sem dúvida.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Merecia puxão de orelhas dos companheiros e do treinador. Aliás, se tivesse coragem, Lucescu teria mandado Luiz Adriano para o banco imediatamente após o gol. Não esperaria sequer a bola rolar de novo a partir do grande círculo. Seria a resposta elegante do Shakhtar. Ou, então, exigiria que seus atletas deixassem os dinamarqueses marcarem, como ocorreu tempos atrás, num episódio semelhante (embora com gol involuntário, na reposição) em partida do Ajax. Ou seja, todos foram coniventes.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>O desdobramento do incidente é curioso e oportunista. A União Europeia de Futebol ficou chocada com a desfaçatez do boleiro e na próxima semana vai avaliar se cabe punição. Encontrou, para tanto, artigo vago, no regulamento geral das competições, que fala em atitude antidesportiva e coisas do gênero.</em></div>
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<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Luiz Adriano foi descortês, isso é fato e indefensável. Mas, por ironia, não infringiu nenhuma regra do futebol. Não empurrou zagueiros, não estava impedido, não botou a mão na bola. Tanto foi legal a sequência que o juiz, constrangido, validou o gol.</em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em>Cabia, em seguida, algum comunicado oficial do Shakhtar ou da própria Uefa. Um voto de censura e fim de papo. Uma medida educativa e uma exortação ao fair-play. Mas, como vivemos tempos contraditórios, em que se pede liberdade e se exigem proibições, já se clama por punição severa. Os justiceiros de plantão pedem no mínimo suspensão longa, e lamentam que não haja açoite. Ou seja, sugerem mais e mais repressão.</em></div>
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<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A Uefa daria exemplo de lisura, se investigasse a fundo a origem do dinheiro farto que jorra em muitos clubes sob a jurisdição dela. Mas isso daria um trabalho do cão, mexeria sabe-se lá em quais vespeiros. Muito mais cômodo repreender um tosco.</em></div>
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<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em><em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado em O Estado de S.Paulo, em 23/11/2012.</span></strong></em></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-20467884805010591752012-11-22T12:21:00.001-08:002012-11-22T12:21:28.852-08:00Às crianças palmeirenses<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Juca Kfouri</span></strong></em></div>
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<em><br /></em></div>
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<em></em> </div>
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<em><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguBAU1yjvSVnQ_RruV9htvfLHOZLLb6AMH6L0viXDqji4UQ0si0WWVXJyRB5b_BIDanPAbmzP1YQhpEaGW4MhUMqGOfX-1rvn5CCSgDZzC3JkrcSktxovyo4RkGrYILx5-_m-VNjYbZQE/s1600/menino.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguBAU1yjvSVnQ_RruV9htvfLHOZLLb6AMH6L0viXDqji4UQ0si0WWVXJyRB5b_BIDanPAbmzP1YQhpEaGW4MhUMqGOfX-1rvn5CCSgDZzC3JkrcSktxovyo4RkGrYILx5-_m-VNjYbZQE/s1600/menino.jpg" /></a></div>
<br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Vovô Rossi estava só magoado quando escreveu que agora é Barcelona , que não quer mais saber do Palmeiras . Ano que vem, escondido no começo, abertamente do meio para o fim, ele torcerá como sempre pelo Verdão. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>A força de vontade que ele teve para deixar de fumar não será cúmplice da traição confessada só da boca para fora, mesmo porque não houve traição alguma, só um desabafo de alguém que, de verdade, desde que morou na Espanha , se apaixonou pelo Barcelona , mas sem abandonar a primeira paixão, sempre inesquecível. </em></div>
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<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Escrevo para você, menina ou menino palmeirense, que está sofrendo com gozações na escola, no prédio, na rua, na TV, em todo lugar. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
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<em>Os adultos são mais capazes de conviver com a dor, lidar com a frustração, na mesma medida em que fazem bobagens enormes, como as feitas por essa gente grande apenas no tamanho que andou comandando o Palmeiras nos últimos tempos. </em></div>
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<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Você, ainda criança, que não tem nada a ver com as lambanças dos mais velhos, precisa saber que amanhã, quando o Palmeiras estiver de volta imponente e vitorioso como sempre, a felicidade do reencontro será muito maior que essa dor passageira que não afeta o coração porque órgão único, sem divisão. Nós, adultos, maduros, racionalizamos tudo, até a paixão. Nós, jornalistas, precisamos ser críticos, aparentar objetividade e, muitas vezes, temos de provocar, para estimular mudanças. Foi o que fez o vovô Rossi. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Acredite, criança verde, sinônimo de esperança, que o 13 do ano que vem é o da sorte, que anuncia novas glórias. Saiba que por grande que seja o clube catalão, o Palmeiras é ainda maior. Nas três vezes em que os dois se encontraram, o gigante brasileiro venceu duas e empatou outra. O primeiro jogo acabou 2 a 2, em 1949, em Barcelona , no velho estádio Les Corts. O segundo foi 2 a 1, em 1969, já no Camp Nou, quando o Palmeiras conquistou a Taça Cidade de Barcelona , e o terceiro, 2 a 0, em Cadiz, em 1974, quando ganhou o Troféu Ramón de Carranza. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Quem sabe se, em 2013, para inaugurar o novo estádio, não se faz um quarto jogo, Barcos x Messi, para ampliar a vantagem? </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Do mesmo jeito que este avô aqui em nenhum momento quis enganar você alimentando a ilusão de que o time não cairia, agora o recado é o mesmo dado à minha neta maior quando a queda aconteceu, cinco anos atrás, com o nosso time: desesperar, jamais! E ela hoje, aos sete anos, é uma eufórica campeã da Libertadores . </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>O mesmo acontecerá com você. Porque o gosto amargo de limão verde pode virar uma doce e deliciosa limonada. Que o vovô Rossi saboreará junto, às gargalhadas. </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>São os votos deste avô cujo clube rival tem o tamanho que tem também porque do outro lado está o seu, a gloriosa Sociedade Esportiva Palmeiras . </em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Juca Kfouri é formado em ciências sociais pela USP. Com mais de 40 anos de profissão, dirigiu as revistas "Placar" e "Playboy". Escreve às segundas, quintas e domingos na versão impressa de "Esporte".</em></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<em><strong>Publicado na Folha de S.Paulo, em 22/11/2012.</strong></em>ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-86626372011910395292012-11-21T12:06:00.001-08:002012-11-21T12:15:52.938-08:00Ser grande<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-3OGpdwXlUn65b7YwrmQ9Nki855G5MXTyDdttBCky0wYGcfQRBbErEIYEVV1CYVeURXvJfKtdM3_h0KmziiUxQMPSU5iJ42uYtaqz8XtOzpS4c7alww531zmqkt3tjlVJGoOhYKfRZ5Q/s1600/imagesCAIM1DHL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-3OGpdwXlUn65b7YwrmQ9Nki855G5MXTyDdttBCky0wYGcfQRBbErEIYEVV1CYVeURXvJfKtdM3_h0KmziiUxQMPSU5iJ42uYtaqz8XtOzpS4c7alww531zmqkt3tjlVJGoOhYKfRZ5Q/s1600/imagesCAIM1DHL.jpg" /></a></div>
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<em><br /></em> </div>
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No dia 2 de dezembro de 2007, assisti, sentado no chão e com o som da TV desligado, à partida entre Grêmio e Corinthians que culminou no rebaixamento do meu time para a segunda divisão do campeonato brasileiro. O sofrível desempenho no certame tornara previsível o desfecho trágico. Isso não impediu, ao apito final, o susto, a descrença, a acusação de culpados, a vergonha. Passados alguns minutos, ambiente tomado pela tristeza e pelo som cruel de rojões e buzinas, com os olhos marejados, abri a porta do quarto onde minha mulher, solidária – apesar de são-paulina –, recolhera-se para que eu curtisse minha dor em paz. Pronta para consolar-me, ela se surpreendeu com o improvável sorriso na face do marido. Sabe-se lá por que, sem mais nem menos, fui tomado pela certeza quase absoluta de que tal momento era uma etapa necessária para o Timão tornar-se verdadeiramente forte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Qual um profeta, liguei para meu cunhado, também corinthiano, ávido por lhe dar a boa nova. Após algumas tentativas frustradas – por razões óbvias, ele evitava o telefone –, consegui despejar-lhe a profecia:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>“Cara, pode escrever: o Dualib já está fora, o clube vai se reestruturar, o time vai se reorganizar, vamos ganhar a segundona, o Paulistão, a Copa do Brasil e, esteja certo, mais cedo do que você imagina faturamos a Libertadores!”</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O rompante de otimismo não impediu a preocupação com as possíveis consequências da queda em certos torcedores: meus sobrinhos. Frente à primeiríssima grande decepção futebolística, o que pensariam e como reagiriam Ana Laura, 9, Rodrigo, 5, e Pedro, 1? Como absorveriam as gozações na escola e, pior, os questionamentos íntimos? E nós, adultos, como prosseguiríamos na catequização clubística, na pregação de que pertencíamos à torcida mais fiel da camisa mais gloriosa do esporte bretão? Como sustentar a idolatria mosqueteira, enfim, diante de tamanha demonstração de incompetência ludopédica? Eles, que já haviam entrado em campo com os jogadores, passariam a recusar as visitas eventuais ao Pacaembu e ao Parque São Jorge? Sem enrolação, a pergunta fatal era: continuariam corinthianos? Eis a mais angustiante das indagações, uma vez que o distintivo do time do coração não é um mero desenho, pois, sim, um verdadeiro brasão de família: tão importante que a muitos acompanha por toda a vida, do enfeite na porta da maternidade até a bandeira sobre o caixão!</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A solução foi aproveitar o momento para dar novas lições às crianças. As lições da derrota, por assim dizer. Primeira, a lição da humildade: vencer e perder fazem parte da vida; aprendemos com ambos. De mais a mais – aí a fala já não era mais tão humilde –, o futebol perderia a graça se só nós vencêssemos... Segunda, a lição do tempo e do trabalho: há fases de conquistas e fases de perdas; é preciso paciência, esforço e inteligência para que superemos o período ruim e voltemos às vacas gordas. Como diz o ditado, não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. Porém, mudanças não vêm por inércia (tenho minhas dúvidas se as crianças entenderam essa coisa de inércia). Por fim, a mais importante das lições: independentemente das derrotas, somos grandes e jamais deixaremos de sê-lo. A superação será a maior prova da nossa grandeza. Grandeza, aliás, que não está somente nos resultados, mas, acima de tudo, no nosso orgulho em vestir a camisa em qualquer circunstância. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esta última era a lição mais delicada. Mesmo com a retórica bem construída, francamente, é impossível sustentar o discurso da grandeza quando um escrete só faz apanhar. O próprio torcedor, peregrinando anos e anos pelos estádios sem faturar uma tacinha sequer, passa a questionar se seu clube é – ou ainda é – realmente grande. Angústia maior: sendo extremamente penoso torcer para time pequeno, muitas vezes o filho abdica da paixão herdada do pai, virando a casaca em prol de camisa mais vencedora. Sejamos sinceros: quantos filhos de corinthianos, palmeirenses e santistas não se tornaram são-paulinos após as Libertadores e Mundiais conquistados pelo tricolor?!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para sorte de minha família, o Corinthians, quiçá o time grande mais sujeito ao risco do apequenamento na história do futebol brasileiro – que o digam o jejum de 23 anos, a longa virgindade de títulos nacionais e internacionais, e o rebaixamento –, confirmou minha profecia. Mudanças positivas nas áreas política, administrativa, de marketing e dentro das quatro linhas foram realizadas (em outro momento posso discutí-las), resultando, hoje, no devaneio de virarmos uma potência futebolística planetária. Essa virada não teria ocorrido sem a queda em 2007, não tenho dúvida. Também não seria possível sem a união da Fiel em prol do clube, ostentando o orgulho da nossa condição de “time do povo”. Ou, como dizem pejorativamente os adversários, supostamente “de elite”, unimo-nos como torcida de desdentados, de analfabetos, de favelados, sem estádio, etc. Tomados de nosso espírito popular genuíno, meus sobrinhos incluídos, voltamos a gritar, orgulhosos: “É nóis, mano!”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Toda essa ladainha, claro, foi inspirada na “recaída” do Palmeiras. Quem sou eu para dar conselhos, especialmente a um arquirrival! Ademais, um arquirrival para quem a segundona não é experiência inédita! Todavia, atrevo-me a aconselhar o coirmão, pensando (quase disse “torcendo”) para que o Verdão não apenas volte e permaneça na divisão principal, como também para que recupere a condição de time vitorioso, temido pelos demais. Penso que os palmeirenses devem pressionar sua diretoria a promover mudanças necessárias e definitivas, começando por uma trégua política, passando por ações de marketing (a marca Palmeiras, apesar de desgastada, tem muito valor), pela escolha de um plantel competitivo e pela manutenção do treinador por longo tempo, de preferência, em paz para trabalhar. A propósito, paz é algo há muito não visto no Parque Antártica, vide o nervosismo de vários jogadores observado ao longo do Brasileirão. Por outro lado, dois fatores já pesam a favor: a construção da nova Arena e a participação na próxima Libertadores. Se não for muita afronta ao orgulho próprio, recomendaria ainda usar o “case” de sucesso do maior rival como referência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro conselho, mais subjetivo: busquem e expressem a alma alviverde. Há tempos não vejo torcedores do Palestra, no seu mais legítimo estilo “brasileiro-italianado”, qual o paulistano da gema a encarar sem medo a labuta diária, baterem no peito e dizer: “Aqui é Parmera, bé-lô!” </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Termino manifestando especial solidariedade aos amigos palmeirenses ora apreensivos com a reação de suas crianças e com o futuro da família palestrina. A eles digo: aproveitem a queda para transmitir as tais lições aos pequenos. Sobretudo a lição da grandeza, segundo a qual para ser grande é preciso, antes de tudo, sentir-se grande. Aliás, não há ninguém que queira mais ser grande do que os pequenos! Tais como o Lucas e a Renatinha, filhos do palmeirense Fabrízio Hamanaka, o Gustavo, filho do palmeirense Fernando Cunha, ou o Théo, filho do não menos palmeirense Glauber Piva. Para comprovar a sinceridade da recomendação, assevero que farei o mesmo com meu filho Henrique, prestes a chegar. Muito embora espere fazê-lo sem sair da Série A. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>JFQ</em></div>
ludopédicashttp://www.blogger.com/profile/13966424343520447119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4672141190355425734.post-35372785681069555722012-11-21T11:14:00.001-08:002012-11-21T12:04:24.785-08:00Rumo certo<div style="text-align: justify;">
<em><strong><span style="font-size: large;">Antero Greco</span></strong></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><br /></em></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjilpHj5wVzMEh3jqrLQR-BWaNno6-uzKPG-LYSOf-_KTwCbHVqa6VmNVRBKBXNeFdRpeV37aS_TCAaO0bJMm9w03T2uXgAE4JMhSJlxOBVnetmBs0O6T5GmxdHnuQ0nu-ZL7vQNTdoa_I/s1600/caixa.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjilpHj5wVzMEh3jqrLQR-BWaNno6-uzKPG-LYSOf-_KTwCbHVqa6VmNVRBKBXNeFdRpeV37aS_TCAaO0bJMm9w03T2uXgAE4JMhSJlxOBVnetmBs0O6T5GmxdHnuQ0nu-ZL7vQNTdoa_I/s1600/caixa.bmp" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
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<em>O Corinthians passou a maior parte da temporada em busca de patrocínio para a camisa. No início, fincou o pé em R$ 50 milhões. Diante de mercado conservador, topou negociar por valores menos ambiciosos. Até que, semanas antes da disputa do Mundial de Clubes, conseguiu fechar acordo – e com a Caixa Econômica Federal -, anunciado anteontem. Bateu o martelo por R$ 30 milhões, uma soma nada desprezível.</em></div>
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<em>Apareceu o parceiro e se alastraram comentários pouco elogiosos ao compromisso assumido pelas partes. Muitos já colocam em dúvida a lisura da transação, interpretada como nova ajuda estatal ao clube. Não faltaram ligações com as benesses, indesmentíveis, recebidas para a construção do estádio, assim como se enxergou a mão do ex-presidente Lula, que dá sua forcinha. Sim, o Corinthians tem proximidade com o poder...</em></div>
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<em>Viramos gente desconfiada, quando se trata de atuação de entidades públicas no esporte. Por tantas situações obscuras, há tendência para se detectar maracutaia na mais singela ação. Da mesma forma, não se deve descartar dose aguda de dor de cotovelo, sentimento tão antigo quanto o homem. O sucesso alheio incomoda, e nada melhor do que desmerecê-lo, para aplacar a inveja.</em></div>
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<em>Até prova em contrário, Corinthians e Caixa selaram contrato comercial como ocorre todos os dias, em qualquer área. O clube aceitou a oferta, por considerá-la ajustada a necessidades financeiras dele. O banco viu oportunidade de expansão de negócios com esse meio de divulgação da marca. E é disso que se trata: estratégia publicitária. A Caixa tem concorrentes fortes que descobriram a importância do futebol, e partiu para o contragolpe no mesmo terreno.</em></div>
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<em>O ensaio começou meses atrás, com pactos semelhantes, embora mais baratos, com Avaí, Atlético-PR e Figueirense, até chegar ao Corinthians, com ou sem padrinho influente. A diferença de investimento é compreensível, e não há comparação entre o apelo dos times do Sul em relação ao do paulista. Por mais que simpatizantes de outras agremiações se sintam incomodados, é incontestável a expansão alvinegra. E, pelas regras capitalistas, normal que ele receba mais.</em></div>
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<em>O Corinthians está em evidência, também, pelo desempenho em campo. Logo mais estará no Japão, em evento de alcance global; em 2013, disputará outra vez a Taça Libertadores, fora as competições nacionais de praxe. Como dá audiência, aparecerá muito na televisão aberta. Ou seja, vive um círculo virtuoso que o favorece. Maré mansa que naturalmente atrai interessados em convênios.</em></div>
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<em>O Corinthians tem uma interessante atividade de marketing, isso é inegável. Muitas vezes exagerada, com mais barulho do que resultados. Já foram vários os tiros n’água, e embarcou neles quem quis. Mas, melhor atrever-se, com risco de errar, do que acomodar-se e perder o trem da história. Com esse ajuste, o campeão da América dá salto de qualidade e mais um passo para amarrar o burro na sombra. Bem nutrido e saciado.</em></div>
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<em><strong><span style="font-size: x-small;">Publicado em O Estado de S.Paulo, em 21/11/2012.</span></strong></em></div>
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