sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Péssima troca

Tostão


Um diferencial do Corinthians é o forte laço afetivo entre os torcedores e o time. Na adversidade, os jogadores crescem e viram a partida.

O comprometimento afetivo entre os atletas e Ricardo Gomes, sempre presente, é uma das virtudes do Vasco. Abel Braga é um técnico emotivo. Passa isso aos jogadores do Fluminense.

Não são importantes apenas a qualidade individual, coletiva, e as escalações e substituições dos treinadores. "Quem ganha e decide as partidas é a alma." (Nelson Rodrigues, com seu exagero e sem conhecer quase nada de detalhes técnicos e táticos, nos ensinou muito sobre futebol.)

Um profissional, em qualquer atividade, para fazer bem as coisas, é necessário, além de talento, ter prazer e envolvimento emocional no trabalho.

Como há tantos times no mesmo nível -os detalhes técnicos e os imprevistos colocam um mais à frente ou mais atrás-, não é fracasso um grande time ficar fora da Libertadores.

Se o campeonato começasse hoje, com os mesmos jogadores e treinadores, haveria, no fim, várias trocas de posições na tabela.

Se o Coritiba não tivesse perdido tantos pontos no início, quando só pensava na Copa do Brasil, teria hoje mais chances de conseguir vaga na Libertadores.

Já as possibilidades do Figueirense são grandes. Marcelo Oliveira e Jorginho fizeram excelentes trabalhos.
Muitos times jogam com dois jogadores pelos lados. Como é o esquema da moda, alguns técnicos colocam jogadores nessa posição, sem ter nenhuma característica para isso. É o caso de Wellington Paulista, no Cruzeiro, um típico centroavante.

Outras equipes atuam com três no meio-campo, um meia de ligação e dois atacantes. Há variações. No Fluminense, Marquinho marca no meio e avança como um atacante. Já no Flamengo, os três do meio-campo (Aírton, William e Renato) pouco se misturam com os três da frente (Deivid, Ronaldinho e Thiago Neves). Fica compartimentado, previsível e ineficiente.

Características comuns de todas as equipes são ter sempre zagueiros encostados na grande área -uma postura ultrapassada- e uma grande pressa para chegar ao gol, por meio de lançamentos longos de bolas aéreas. Há poucas trocas de passes. Não adianta também trocar passes se quem passa não avança para receber a bola.

Os times brasileiros jogam hoje como os europeus nos anos 1960, e eles, as principais equipes, atuam como no Brasil da mesma época.

Nessa troca, o Brasil levou uma grande desvantagem.

* Publicado na Folha de S.Paulo, em 23/11/2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário