quinta-feira, 29 de abril de 2010

Primeira rodada das quartas da Copa do Brasil


Jogaço no Mineirão. Professor Luxa, pelo jeito, motivou bastante os meninos do Galo – especialmente Diego Tardelli – para enfrentarem os meninos da Vila, a quem até há pouco dava suas lições. Com três gols de Tardelli, o Galo venceu por 3x2. O Santos, apesar da derrota, tem tudo para se classificar, o que acontece caso ganhe o próximo jogo por 1x0 ou 2x1.Detalhe: a partida é na Vila.

O Vitória deu um passo importantíssimo para a classificação. Diria que praticamente assegurou a vaga para as semifinais. Só não classifica se vacilar muito contra o Vasco, contra quem joga novamente na semana que vem, no Rio. Marcou dois gols – o último, uma infelicidade do vascaíno Elder Granja, que jogou contra o patrimônio – e não tomou nenhum. Ou seja, pode até perder por um gol de diferença ou, caso marque gols em São Januário, só é eliminado se o Vasco conseguir uma vitória por três gols de diferença. Missão quase impossível.

E não é que o Palmeiras parece ter voltado a seus melhores tempos! Não diria que encontrou seu melhor futebol, que, no mais das vezes, continua sofrível. No entanto, o Palmeiras segue firme rumo às finais da Copa do Brasil. Há pouco, no Parque Antáritica, em uma partida que tudo indicava caminhar para o chocho 0x0 contra o Atlético Goianiense, eis que surge um pênalti no último minuto da partida. No final, 1x0 para o Verdão, que agora vai a Goiás com dupla vantagem: da vitória e de não ter tomado gols em casa. O destaque negativo ficou por conta da reação de Diego Souza às vaias da torcida. O outrora xodó da torcida, saiu de campo, substituído, distribuindo xingamentos e gestos obscenos. Lamentável. Pelo jeito, a relação azedou de vez, ficando a dúvida se há clima para Diego continuar vestindo a camisa do Palmeiras.

Quem também conseguiu um bom resultado foi o Grêmio. Em partida terminada agorinha há pouco, o tricolor gaúcho venceu o tricolor carioca em pleno Maracanã. 3x2, com gols de Douglas (2) e Jonas para o Grêmio, e de André Lima e Equi Gonzáles para o Fluminense. Péssimo resultado na estréia de Muricy Ramalho no comando do Flu.

JFQ

Os brasileiros na primeira rodada das oitavas da Libertadores

Vantagem importante para o Flamengo

O clássico das multidões foi realmente emocionante. Além de feliz para os flamenguistas e absolutamente frustrante para os corinthianos. O Timão, mesmo com um a mais desde a metade do primeiro tempo, não soube aproveitar a vantagem. Pior, perdeu uma chance de ouro de obter um resultado excelente na casa do adversário e, para acabar, saiu derrotado e sem marcar gol na casa do adversário, fundamental no sistema de disputa que vigora a partir das oitavas. Em suma, tudo de errado que aconteceu com o Corinthians no Maracanã precisa se inverter no Pacaembu na próxima quarta-feira: precisa vencer o Rubro-Negro por dois gols de diferença ou, vencendo por um, não pode tomar gol. Bastante complicado.

Por outro lado, o Flamengo, mesmo em condições adversas, conseguiu um placar que aumenta muito suas possibilidades de classificação. Não apenas pela vitória simples, mas pelo fato de não ter tomado gols em casa.

Futebol, futebol mesmo, só no segundo tempo, quando a chuva deu uma trégua. O gramado alagado não permitiu que a bola corresse durante boa parte da partida. Em tese, isso era bom para o Corinthians por ser o visitante – tradicionalmente fica mais recuado, destruindo as jogadas do time da casa, empurrado por sua torcida –, além de ter um time mais pesado que o do Flamengo. A chuva, por exemplo, atrapalhou a subida dos laterais rubro-negros, um dos pontos fortes da equipe carioca, haja vista a participação tímida de Juan e, principalmente, de Léo Moura. Muito embora deva ser reconhecida a boa marcação de Roberto Carlos e Moacir, que ainda subiram bastante ao ataque, ajudados pelo fato de o Timão ter um jogador a mais.

Juan, mesmo contido em campo e um pouco sobrecarregado na marcação de Dentinho, protagonizou o lance crucial da vitória do Mengo. Em uma finta dentro da área foi atingido ingenuamente por Moacir, acarretando o pênalti que Adriano converteu. Azar para o lateral alvinegro, que não fez uma má partida, mas cometeu um erro que pode ter custado as pretensões de seu time em alcançar o primeiro título sul-americano no ano do centenário.

Pelo contrário, o goleiro do Timão, Júlio César, exalou insegurança durante toda a partida, mas foi responsável por uma grande defesa em uma cabeçada à queima-roupa de Adriano. O segundo gol tornaria a classificação do Corinthians praticamente impossível.

Destaque positivo para o empenho do time do Flamengo, empurrado por sua grande torcida, e para o árbitro, o paraguaio Carlos Amarilla, sempre seguro, em cima do lance, com o jogo sob controle. Destaque negativo para a falta de alternativas de ataque do time corinthiano – aliás, onde esteve Elias, o fator surpresa? –, especialmente para Ronaldo.

Ronaldo fez apenas uma jogada boa, no final, quando passou por David e cruzou a bola que só não entrou nas redes flamenguistas porque Iarley atrapalhou a cabeçada certa do companheiro Jorge Henrique. No mais, o “Fenômeno” resumiu-se a inúmeras e frustradas tentativas de “passar no meio” dos zagueiros flamenguistas e em erros – infantis? – ao tentar dominar a bola. Mal-comparando, o também pesado Adriano, ontem, perto de Ronaldo parecia um menino serelepe.

No Pacaembu, na próxima semana, o Corinthians tem a obrigação de partir para cima do Flamengo. Se fosse eu Mano Menezes – graças a Deus, não sou – partiria da tese que o Flamengo marcará gol, ou seja, o Corinthians terá mesmo que fazer dois de diferença. Assim, deve montar uma equipe bem mais leve e ofensiva, voltando ao 4-3-3 do ano passado, com Dentinho e Jorge Henrique abertos pelas pontas, mas voltando para marcar. E, caso Ronaldo demonstre a mesma falta de futebol dos últimos jogos, não pode ter medo de substituí-lo por Iarley ou Souza, antes que não haja mais tempo para mais nada. O fator emocional também é importantíssimo, e aí entra a torcida: a Fiel deve mostrar a grandeza do seu apoio ao Timão, da mesma forma que o fez a torcida do Mengo no Maracanã.

No caso do Flamengo, a quem atribuo uns 70% de chance de passar para as quartas, a principal arma deve ser a subida dos dois laterais. E não pode sequer pensar em recuar, chamando o Corinthians para cima. Deve produzir o temor dos corinthianos desde o início, lembrando que tem uma dupla de atacantes do mais alto nível. Além de ter um grande jogador no banco, Petkovic, que pode ser bastante conveniente para essa partida.

Por fim, lanço uma tese à guisa de provocação para as duas mais populares torcidas do Brasil: estou convicto de que qualquer um dos dois que passar às quartas estará na final da Libertadores, provavelmente contra outro brasileiro. Isso porque, pelo chaveamento, o Velez, que concebo como o único time de peso que teriam até a final, dificilmente passará para a próxima fase após a derrota por 3x0 para o Chivas, no México.

Portanto, a Corinthians e Flamengo todo esforço é pouco para conseguir a classificação na próxima semana. No Pacaembu, é matar ou morrer. E quem sobreviver, quiçá, terá motivos suficientes para ostentar a expectativa de conquistar a América.

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O ciclo de Ronaldo


Em sabatina realizada pela Folha de S.Paulo no ano passado, na qual estive presente, Ronaldo disse algo interessante. Lembrou o Fenômeno que saiu brigado do Barcelona, do Real Madri, da Internazionale e do Milan. Na oportunidade da sabatina, repleta de corinthianos deslumbrados na platéia – eu incluído –, Ronaldo estava em alta: havia conquistado recentemente a Copa do Brasil e o Paulista, invicto. Mas isso não impediu que eu ficasse com a pulga atrás da orelha: será que também no Corinthians, após uma fase de sinergia total com a Fiel, Ronaldo entraria em declínio e em crise com a torcida?

Temo que isso possa estar em vias de acontecer. Basta que o Corinthians seja eliminado da Libertadores com mais uma pífia atuação de Ronaldo.

O Fenômeno parece ter como motivador principal em toda sua carreira a superação. Sempre buscou superar situações adversas, especialmente relacionadas com graves contusões nos joelhos. Para isso, muitas vezes mostrou sua garra e seu talento, marcando gols e conquistando títulos quando quase todos o tinham como acabado. Foi assim na Copa de 2002, foi assim no Corinthians em 2009.

Contudo, as superações na carreira de Ronaldo sempre tiveram um sentido específico: a seleção brasileira e a participação nas Copas. Tenho cá comigo que Ronaldo, quando veio para o Timão, tinha consigo mesmo o objetivo de chegar a sua quinta Copa do Mundo. E muitos pediram, até há pouco, sua convocação. Entretanto, com o declínio vertiginoso de seu futebol, não apenas a opinião pública como o próprio jogador parecem estar convencidos de que a seleção para o Fenômeno é coisa para o passado, para a história.

A pergunta é: descartada a amarelinha, Ronaldo estaria mesmo disposto a prosseguir na carreira com a mesma força de antes? A camisa do Timão, por si só, e o sonho alvinegro da Libertadores seriam motivações suficientes para o Fenômeno dar a volta por cima pela enésima vez? Neste momento, superação não diz respeito mais a contusões, mas ao controle do peso, à disciplina pessoal. Sem posar de careta, qual jogador profissional nos dias de hoje consegue manter um alto rendimento fumando dois maços de cigarro por dia, se é verdade o que foi veiculado na imprensa?

Em suma, minha dúvida diz respeito ao lado pessoal, íntimo mesmo, do Fenômeno. Após longa e brilhante carreira, Ronaldo deve estar pensando mais em curtir a vida plena e livremente, contando com todo o dinheiro e fama que angariou, por méritos, durante sua carreira. Aliás, já anunciou aposentadoria para o final de 2011. Talvez seria o caso de perguntar: não faria mais sentido aposentar-se já?

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Raio Laser nos olhos dos outros é colírio?

Não precisa ser tão “modernoso”, do tipo militante do fair play e atitudes pretensamente civilizatórias nos campos de futebol para considerar para lá de arcaica a atitude de alguns torcedores. Em especial, refiro-me ao uso das luzinhas verdes de raio laser apontadas para os olhos de jogadores adversários. Já se tornou moda no Maracanã e apareceu também no Morumbi e em outros estádios. Na partida de ontem entre Flamengo e Corinthians, o árbitro chegou a parar o jogo e os próprios jogadores rubro-negros gesticularam para que os “malandrões” deixassem a artimanha de lado. Um dos torcedores foi pego pela câmera da Globo, sendo passível de fácil reconhecimento. No ato! Diante disso, teriam as autoridades tomado alguma providência? Será que o sujeito sofreu ou sofrerá algum tipo de punição ou estará de “arma em punho” novamente na próxima partida?

O uso das luzinhas pela torcida é do mesmo rol de expedientes carcomidos como deixar o vestiário adversário sem água, jogar pedras nos ônibus, impedir que os jogadores durmam nas concentrações, etc. Basta, não?! Ninguém precisa mais de babaquices desse tipo para ajudar o time do coração. Aliás, isso não deve ser considerado como uma forma de torcer. Na verdade, é mais uma forma de estragar o espetáculo.

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São Paulo

O São Paulo empatou fora, mas, apesar da expulsão de Richarlyson e de jogar com um a menos boa parte do jogo, ficou com a sensação de que poderia ter vencido. Criou várias chances reais de gol, sem conseguir aproveitá-las. No entanto, a classificação deve vir no Morumbi, e tudo indica que seja tranquila. Prejuízo maior foi a contusão de Cicinho, que estava evoluindo em seu futebol.

Parabéns a Rogério Ceni, que completou 900 jogos pelo Tricolor. Como jogador que mais vestiu a camisa de uma equipe brasileira, Ceni só perde para Ademir da Guia, por apenas um jogo (Ademir vestiu a camisa do Palmeiras 901 vezes), Roberto Dinamite (jogou 1.110 vezes pelo Vasco) e Pelé (1.115 vezes pelo Santos).

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Internacional

Além do Corinthians, outro que se complicou foi o Internacional. 3x1 para o Banfield, atual campeão argentino. Mesmo jogando em casa a partida de volta, o Colorado não contará com Kléber, importante peça da equipe. O lateral foi expulso após pisar sobre um jogador do time adversário. Vendo o lance, não consegui definir se houve a intenção ou se o choque foi ocasional. Missão duríssima para o Inter, certamente a pior dentre todos os brasileiros que disputam a taça.

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Cruzeiro


Em Belo Horizonte, o Cruzeiro pegou o Nacional, do Uruguai, tricampeão mundial. Quem fez a diferença para a Raposa foi Thiago Ribeiro, autor dos três gols na vitória por 3x1. O time não pode relaxar contra o Nacional, que, ainda que não seja o mesmo dos áureos tempos, continua tendo uma camisa de peso.

Porém, o Cruzeiro só perde a classificação em Montevidéu se bobear muito. Caso confirme a classificação, o provável adversário é o São Paulo, como no ano passado. Mais um ótimo confronto entre brasileiros nesta Libertadores.


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Argentinos x Mexicanos

Falando em argentinos, o Estudiantes venceu o mexicano San Luis por 1x0 e o Velez foi goleado por 3x0 pelo Chivas Guadalajara. As duas partidas foram no México. Reforço o que disse acima: olhando o chaveamento do lado do Corinthians e do Flamengo, e considerando que o Velez dificilmente conseguirá reverter o estrago sofrido no jogo de ida, dou meu palpite: quem passar para as quartas de final entre Timão e Mengo estará na final da Libertadores 2010. Pode escrever.

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A Sul-Americana, enfim, será disputada seriamente

Até que enfim, a CONMEBOL tomou uma atitude que deveria ter sido tomada há muito tempo. Decidiu que o campeão da Copa Sul-Americana – aquele torneio para o qual se classificam praticamente todos os times que disputam o Brasileirão, afora os classificados para a Libertadores e os rebaixados –, doravante, terá uma vaga para a Libertadores. Agora sim, os brasileiros terão motivo para não fazerem seus jogos com o famoso time misto, mais reservas que titulares, e buscarem esse título até agora visto com justificado menosprezo.

JFQ

Enfim, o jogo de Madri

Internazionale de Milão e Bayern de Munique fazem a final da Liga dos Campeões da Europa no próximo dia 22 de maio, em Madri.

O Bayern passou pelo medíocre Lyon, a bem do futebol, com 3 gols do croata Olic, em pleno campo do adversário. No jogo de ida, com um golzinho sofrido do ótimo Robben, o time de Munique vencera em casa por 1x0. Nesta partida, aliás, perdeu Ribery, expulso. Pior: não contará com o francês também para a partida final em Madri. Grande prejuízo.
A Internazionale, adversária do Bayern, tem um time mais consistente. Prova disso foi a maneira até certo ponto imponente com que enfrentou o fortíssimo Barcelona, tecnicamente o melhor time do futebol mundial. Após vitória em Milão por 3x1, a Inter passou pelo Barça em um suado jogo de ataque contra defesa. O time catalão, muito leve e rápido, chegava a todo momento com a bola bem tramada, caindo para os lados, especialmente à direita com Daniel Alves. As finalizações vinham na forma de cruzamento ou enfiadas para a entrada de quem vinha de trás, especialmente Pedro e Messi. Porém, a defesa montada por José Mourinho mostrou-se praticamente intransponível. Vale dizer que Julio César, na minha opinião, o melhor goleiro do mundo hoje, foi muito menos acionado do que se esperava. Em que pese a defesa espetacular que fez após chute de Messi no cantinho.

No sistema de Mourinho, todos os jogadores têm responsabilidade de defender e, como se não bastasse a presença de especialistas no assunto como Cambiasso, Zanetti, Maicon, Lúcio e Samuel, até mesmo o “guepardo” camaronês Eto’o participou ativamente da defesa, sempre voltando para marcar. Essa disciplina tática mostrou-se fundamental para o sucesso dos italianos, levando-se em conta além de mais que a Inter jogou com 10 praticamente o jogo todo, após a expulsão do brasileiro Thiago Motta.


Reforço aposta que já havia feito há tempos (é só conferir nas postagens anteriores sobre a Liga): este ano a taça vai para a Internazionale.
 
JFQ

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O clássico do povo em seu confronto mais importante



De acordo com pesquisa do Datafolha, publicada ontem, dia 27 de abril, na Folha de S.Paulo, as torcidas de Flamengo e Corinthians, juntas, representam 31% de todas as torcidas do Brasil, acima de 16 anos de idade. São, aproximadamente, 17% de flamenguistas e 14% do corinthianos. Contando, inclusive, os 25% que declararam não torcer para nenhum time. Ou seja, considerando apenas os brasileiros acima de 16 anos que dizem torcer para algum time, Corinthians e Flamengo respondem por mais de 41% dos torcedores. Cerca de 40,5 milhões de brasileiros! O Datafolha também concluiu que há um empate técnico entre as duas maiores torcidas, mas não vou entrar nessa discussão.

Em suma, não apenas São Jorge, mas grande parte dos brasileiros está dividida entre rubro-negros cariocas e alvinegros paulistas. E, independentemente de onde estejam corinthianos e flamenguistas, hoje e na próxima semana estarão com um baita frio na barriga. Nervosos, porém esperançosos de que seus times passem à próxima fase da Libertadores.

Na condição de corinthiano, em que pese o nervosismo, considero o momento histórico para o futebol brasileiro. Trata-se, nada mais nada menos, que o mais importante confronto da história entre os dois mais populares times do Brasil! O país vai parar, não tenho dúvidas.

Vale dizer, esse chamado “clássico das multidões” ou “clássico do povo” nunca protagonizou uma grande decisão nacional ou internacional. Apenas a Supercopa de 1991, disputado em jogo único entre o campeão brasileiro e o campeão da Copa do Brasil, na época, respectivamente, o Corinthians e o Flamengo. Ironicamente, hoje os títulos estão invertidos. Nesse embate o Corinthians venceu por 1x0, gol de Neto.
Porém, os dois confrontos mais importantes, tanto um, como o outro, de tirar o fôlego, foram a quartas de final do Brasileirão de 1984 e as da Copa do Brasil de 1989.

Em 84, o Flamengo, contando com um timaço e com seu ídolo Zico, venceu o Timão por 2x0 no jogo de ida, no Maracanã. O Corinthians, também com um bom time e com seu ídolo Sócrates, entrou em campo, na volta, no Morumbi, e aplicou um robusto 4x1 no Flamengo, eliminando o rubro-negro do campeonato em que era o campeão. Diga-se de passagem, o Corinthians também era bicampeão paulista, na vigência da sua famosa democracia.

Independentemente de quem venceu e quem perdeu, foi um dos mais emocionantes confrontos do futebol brasileiro. Como se não bastasse estar em campo dois dos seus maiores craques de todos os tempos, Zico e Sócrates.

Veja os melhores momentos desse jogo, clicando no link: http://www.youtube.com/watch?v=zTctdfhW_WA
Em 89 veio a vingança. No jogo de ida, no mesmo Maracanã, o Flamengo aplicou também um 2x0 no Corinthians. Na volta, no Morumbi, o Corinthians vencia por 4x1, o que lhe daria a classificação para as semifinais pelo maior saldo de gols. Contudo, no finalzinho da partida, eis que surge Junior, outro craque do Mengo, para marcar o gol da classificação do time da Gávea, pelo critério dos gols fora de casa.

Também vale uma espiada no link: http://www.youtube.com/watch?v=lMK3kCaBuPc

Nos clássicos entre Corinthians e Flamengo também estão registrados alguns gols antológicos. Cito dois: o gol de Neto, no Maracanã, do meio do campo, no ângulo direito do goleiro Gilmar Rinaldi, e o gol genial de Romário, no Pacaembu, em que dá um elástico desconcertante em Amaral.


Enfim, será o clássico dos clássicos das multidões. Um belo espetáculo para os adoradores do futebol. Uma dura prova para os corações de 40 e tantos milhões de brasileiros, flamenguistas e corinthianos.

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Gigantes em crise, mas gigantes


Muito das atenções do confronto entre Flamengo e Corinthians estarão voltadas a seus respectivos ídolos maiores (em todos os sentidos), Adriano e Ronaldo. Atenção que se justifica pelo histórico de craques que ambos construíram, mas também pela crise que os dois, de uma forma ou de outra, vêm passando em suas vidas pessoais e nos gramados.

Quanto a Adriano, por exemplo, vale citar notícia veiculada no programa Bola na Rede, da RedeTV!, do dia 18/4, em que Fernando Vanucci lançou uma bomba. De acordo com o apresentador, algumas fontes que mantêm na CBF confirmaram a informação de que o jogador Adriano, que sabidamente tem problemas com o álcool, corre o sério risco de não ir à Copa. E não se trata "apenas" da dependência química, do sobrepeso ou do pênalti perdido contra o Botafogo. Caso Adriano seja preterido por Dunga, a gota d’água terá sido a ausência do jogador na partida em que o Flamengo foi derrotado pelo Universidad Católica. O problema é que Adriano, que não viajou ao Chile alegando contusão, teria organizado uma festança enquanto seu time era derrotado por 2x0. Dunga já estaria até a tampa com o Imperador.

Sobre Ronaldo, a informação é que o Fenômeno está fumando dois maços de cigarro por dia. Especula-se: em função de problemas pessoais. Aliás, tanto os problemas íntimos como o tabagismo explicam bastante da queda de rendimento que Ronaldo vem demonstrando em campo. Mano Menezes, o técnico do Timão, lançou uma emenda pior que o soneto, afirmando que o cigarro não faz mal a Ronaldo. Pelo contrário, o cigarro faz mal a qualquer um, especialmente a atletas profissionais.

De qualquer forma, com problemas ou sem problemas, a presença de Adriano e Ronaldo certamente agigantará ainda mais esse clássico que naturalmente já tem proporções enormes.


JFQ

Opinião de Torcedor

Pedimos a dois amigos, um corinthiano e um flamenguista, para que escrevessem sobre as expectativas de cada um em relação a seus respectivos times no confronto pelas oitavas de final da Libertadores. Obrigado, Rafael e Fernando.
Abaixo, os comentários:

"Expectativa de um grande jogo, que vai mexer com grande parte deste país, afinal trata-se das duas maiores torcidas do Brasil. Acredito que o Maracanã estará lotado, contudo, tenho a impressão de que a passionalidade do torcedor rubro negro pode nos favorecer: o momento do Flamengo é de crise, de muitas críticas. Neste clima, um jogo morno no início pode fazer com que a torcida perca a cabeça de vez. Acredito que hoje o Corinthians viva um momento melhor, mais concentrado em seus objetivos, com união maior do grupo. O que prenunciaria uma vitória alvinegra ao final dos 180 minutos. Mas futebol nos encanta por destroçar previsões, até as mais fáceis.
Abraços e VAAAAI CORINTHIANS!"

Rafael Soares, corinthiano.

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"É matar ou morrer. Chegou a hora de deixar as vaidades de lado e honrar o manto sagrado. Provar pq é o atual campeão brasileiro. O Maraca vai estar lotado e com certeza a torcida fará a diferença. Palpite para o 1º jogo: Fla 2 x 0 Coringão (gols de Léo Moura e Wagner Love)."

Fernando Matsumura, flamenguista.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Lar, Doce Lar


A primeira vez a gente nunca esquece. Era um domingo. O ano: 1991. Vindos de Birigui, interior de São Paulo, para fazermos faculdade na capital, recém instalados em uma república de estudantes no bairro de Perdizes, eu e meu amigo Sérgio rumamos para a estação de metrô Barra Funda. Aquele caminho era um dos poucos que já percorríamos sem necessidade de consulta a mapas ou informações de transeuntes. Também sabíamos que dali saía o lotação para o estádio Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Pacaembu, onde, naquele dia, seria realizada partida entre Corinthians e Fluminense pelo campeonato brasileiro. Estávamos ansiosos para ver nosso Timão, então campeão brasileiro, especialmente o ídolo Neto.

De posse do Guia de São Paulo, um catatau de mil e tantas páginas – medida cautelar para não nos perdermos na volta –, fomos os dois, juntamente com outros fiéis corinthianos. Quando a perua saiu, percebemos que seguia justamente no sentido de nossa casa. Olhamos um para a cara do outro com um sorriso de constrangimento, já que podíamos ter ido a pé, e, ao mesmo tempo, de contentamento pela ótima descoberta: o Birigui Palace – esse era o nome da nossa república – ficava próximo ao Pacaembu! O jogo terminou 3 a 1 para o Coringão, vimos o Neto, que naquele dia não marcou gol de falta ou de outro tipo, e regressamos felizes para casa. Caminhando, claro.

A partir de então, assisti a muitos jogos no Pacaembu. Em muitos domingos, íamos ao estádio de manhã para comprar os ingressos, voltávamos para almoçar e, faltando uma hora, mais ou menos, partíamos em definitivo para ver a peleja.
Vi muitos jogos, sempre do Timão, contra os mais variados adversários, por todos os campeonatos possíveis, sob as mais diversas condições climáticas e emocionais. Assisti a final de campeonato, a partidas sob chuva torrencial, a disputas memoráveis, a verdadeiras peladas de várzea, derrotas fragorosas, vitórias magistrais. Inclusive, um jogo horroroso – 0 a 0 contra a Portuguesa, pelo Paulistão de 1995 –, transformada pela torcida num dos mais belos espetáculos que já testemunhei: a Gaviões havia vencido seu primeiro carnaval e o estádio todo passou os 90 minutos cantando o samba enredo campeão.


Além do vínculo afetivo, derivado da condição de torcedor, o Pacaembu me traz uma sensação ambígua de construção altiva, grandiosa, sem deixar de ser singela e familiar. Merece a reverência das obras de arte e dos monumentos históricos, e o afeto cordial do joguinho de bola para torcer na companhia do pai e dos amigos. É o espaço do bairro pitoresco, com sua praça e seu campinho bucólicos, ao mesmo tempo em que carrega a aura gloriosa de palco de tantos jogos de Pelé, de gols e lances míticos, de clássicos épicos, do Pan de 1963, do jogo do Brasil contra a Suíça pela trágica Copa de 1950.

Para acabar, volto ao plano íntimo. É bom dizer que esse estádio, denominado pela Fiel como “a casa do Corinthians”, e que hoje completa 70 anos, há quase 20 é um dos lugares onde este corinthiano caipira, de verdade, sente-se mais em casa estando em Sampa.

JFQ


Foto que tirei no último Corinthians x Palmeiras, realizado no Pacaembu em 31/01/10. Vitória do Timão: 1x0.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A final é uma caixinha de surpresas; ora de lá, ora de cá


Não podia ser diferente: quem foi ao septuagenário Pacaembu ou ligou a TV no domingo assistiu a uma bela partida de futebol, digna de uma final. Além de bela, emocionante e cheia de reviravoltas. No primeiro tempo, um Santo André ousado e surpreendente impôs-se ao favoritíssimo Peixe. Com muita personalidade, os meninos de Sérgio Soares foram para cima e criaram várias oportunidades de gol. Enquanto o sistema defensivo fazia sua parte, não deixando o Santos jogar, Bruno César, Branquinho, Gil, Nunes e Rodriguinho movimentavam-se bastante e perigosamente rumo ao gol de Felipe. Infelizmente para o Ramalhão, nessa primeira parte da partida em que o Santo André foi a surpresa, a bola entrou apenas uma vez. O que não deixou de causar uma fugaz alegria ao time do ABC, que ainda viu o adversário perder sua principal atração, Neymar, contundido.

De volta para o segundo tempo, com (santo?) André no lugar de Neymar, o Santos mostrou todo o seu potencial. Simplesmente arrasador. Além de deixar clara a competência de seu técnico Dorival Jr., não apenas como estrategista de jogo, mas também como um líder capaz de motivar seus comandados com uma sonora bronca no intervalo. Ligados no jogo, os meninos da Vila construíram a vitória – e, quiçá, definiram o título – em apenas treze minutos. Além de Robinho e Ganso, outros menos paparicados mostraram seu valor. Marquinhos, na armação, Leo, com suas subidas rápidas pela esquerda, André, perigoso na área, e Wesley, o elemento surpresa, foram os principais responsáveis pela reviravolta. Os 3x1 foram uma ducha de água fria sobre o Santo André, surpreso em ver o furacão santista no começo do segundo tempo, da mesma forma que o Santos ficara pasmo com o empenho do adversário no primeiro tempo.

O gol do Rodriguinho no final da partida produziu um placar mais condizente com o desempenho das duas equipes. Final: Santos 3x2 Santo André. Porém, esse placar determinou a obrigação do Santo André em vencer a próxima e derradeira partida por dois gols de diferença, se ainda almeja ser campeão.

Será o Ramalhão capaz de tamanha surpresa no próximo domingo?

JFQ

Leonardo, o sucessor de Dunga?


Deu no Jornal Placar de 19/4: Leonardo deve sair do comando do Milan e um destino provável é a seleção brasileira. De acordo com o jornal, independentemente do resultado do Brasil na Copa da África do Sul, Dunga não deve permanecer. A CBF veria com bons olhos, uma vez mais, ter um novato como técnico da seleção. No caso, Leonardo. A conferir.

JFQ

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Todos os brasileiros nas oitavas da Libertadores

Uns com mais, outros com menos dificuldade, todos os cinco representantes brasileiros na Libertadores passaram para a próxima fase. Doravante é tudo mata-mata: classifica-se um, elimina-se o outro.

Grande atenção estará voltada para o chamado clássico do povo: Corinthians x Flamengo. O Mengo, que por pouco não foi eliminado na fase de grupos, vai pegar o Timão, o melhor time do torneio até agora. Promessa de jogos para lá de emocionantes, em que os dois devotos deixarão São Jorge em um dilema terrível sobre quem abençoar com a classificação. Não é exagero falar que se trata do mais importante confronto da história dos dois mais populares times do Brasil, o que dá uma noção da grandeza desse encontro. Apesar da boa pontuação do Corinthians e da quase eliminação antecipada do Flamengo, pode-se dizer que ambos não mostraram futebol convincente. E nem por isso os dois deixam de merecer o respeito do adversário. Aliás, de quaisquer adversários.

O Corinthians tem problemas com contusões e com a má fase de alguns que chegaram como grandes promessas. Alessandro, Felipe, William e Chicão vai e vem estão no departamento médico. Edu, Marcelo Mattos e Defederico, digamos, prometeram mais do que cumpriram. Como se não bastasse, o grande ídolo do time, Ronaldo, continua fora de forma, mas, diferentemente do ano passado, mostra deficiências técnicas e total ausência de alegria em estar em campo. De qualquer forma, o Timão ainda tem Roberto Carlos, Elias e Dentinho em boa fase, e um conjunto que, se não é brilhante, evolui sem maiores problemas no campeonato.

Já o Flamengo, campeão brasileiro de 2009 – para mim, também de 1987 –, arrasta-se em uma crise dentro de campo e em outra, fora dele. Em campo, o Mengo perdeu (enfim!) para o Botafogo a final da Taça Rio, com direito a pênalti perdido por Adriano, e na própria Libertadores passou por maus bocados. Fora de campo, Pet, um dos heróis de 2009, vive às turras com a direção técnica, o técnico Andrade está demitido (está?!), o vice-presidente Marcio Braz foi afastado, Joel Santana, cogitado, desconversou, Adriano continua colecionando escândalos a reboque de problemas pessoais e álcool. E por aí vai.

Tudo isso, em vez de diminuir a atenção da massa, coloca ainda mais tempero nesse clássico das multidões que promete parar o país todo. Ou, pelo menos, a maioria esmagadora dos brasileiros.

O São Paulo, após vitória difícil sobre o Once Caldas por 1x0, no Morumbi, pega o adversário aparentemente mais frágil: o Universitário, do Peru. Mesmo não apresentando um futebol convincente, e de certo abalo com a eliminação no Paulista, o Tricolor é fortíssimo na Libertadores e tudo indica que aponte para uma fase ascendente. O que pode complicar é a relação da torcida com seu técnico, além das reclamações de Washington e de outros jogadores que se achem imprescindíveis. E talvez sejam mesmo.

O Internacional despachou por 3 a 0 o Deportivo Quito, placar que lhe alçou uma posição suficiente para escapar de um confronto com o Cruzeiro. Em vez do time de Minas, o Colorado vai pegar o Banfield, que, apesar de argentino, não mete lá muito medo.

O Cruzeiro, por fim, parece ter pego o adversário estrangeiro mais complicado: o Nacional, do Uruguai. É lógico que não dá para viver de passado, mas é bom lembrar que a camisa do Nacional carrega três estrelas de campeão mundial, o que há de ser respeitado sempre. Quem sair desse confronto deve ser o adversário do São Paulo nas quartas de final.

Nessa fase, ocorrem as tradicionais partidas de ida e volta. Detalhe importante: vale o mesmo critério de desempate conhecido na Copa do Brasil. Ou seja: tomando-se os dois jogos, o primeiro critério é o saldo de gols, e o segundo, os gols marcados fora de casa.

JFQ

Abaixo, gráfico com o chaveamento da Libertadores 2010:

Imagem tirada do blog Futepoca (www.futepoca.com.br)

A Copa do Brasil chega às quartas

A Copa do Brasil chega às quartas de final prometendo fortes emoções. Especialmente pelos confrontos entre Grêmio e Fluminense e Santos e Atlético Mineiro, que marcará o encontro entre os meninos da Vila e o ex-professor Vanderlei Luxemburgo. Boa oportunidade para que demonstre tudo o que vem falando o ex-técnico do Santos. Conseguirá o Galo parar esse timaço?

Completam os confrontos Vasco x Vitória e Palmeiras x Atlético-GO. Apesar de parecer um adversário mais fácil, é bom que o Verdão deixe as barbas de molho, pois o time goiano vem mostrando seu valor desde o ano passado, quando conseguiu o acesso à Série A do Brasileirão 2010. É um time cujo peso da camisa é menor, mas está bem estruturado e embalado, inclusive no campeonato estadual. E o Palmeiras, como se sabe, anda na corda bamba há um bom tempo.

O vencedor de Grêmio x Fluminense enfrenta o vencedor de Santos x Atlético-MG, enquanto o vencedor de Vasco x Vitória pega quem passar de Palmeiras x Atlético-GO.

JFQ

Os jogos de ida nas semifinais da Liga dos Campeões

Após os jogos de ida das semifinais da Liga dos Campeões da Europa, a impressão que se tem sobre os quatro competidores restantes é a seguinte: um time excepcional, pego de surpresa, mas plenamente capaz de obter a classificação em casa (Barcelona); um time muito bom, com um ótimo treinador, e capaz de despachar o franco favorito e levantar o caneco (Internazionale); um time de razoável a bom, extremamente dependente de seu craque holandês (Bayern Munique); e um time medíocre, medroso e que já foi longe demais no torneio (Lyon).

Na partidaça entre Inter e Barcelona, em Milão, foi possível constatar que o time espanhol joga realmente um futebol bonito, envolvente e bastante ofensivo. Porém, também se viu que não é imbatível. Para contê-lo, o adversário precisa de grande aplicação tática na marcação e atenção total durante toda a partida. Feito isso, como toda equipe tão propensa ao ataque, o Barcelona evidencia fragilidades na sua defesa. Toque final, portanto: ter um bom contra-ataque. Mas não é para qualquer um conter jogadores como Messi, Xavi, Pedro, Dani Alves, Ibrahimovic. E a Inter mostrou-se brilhante nessa dura missão, com destaque para os brasileiros. Não digo só os queridinhos de Dunga – Júlio César, Maicon e Lúcio –, mas também Thiago Motta que, digamos, mostrou nesse jogo a boa marcação que caracterizou o próprio Dunga em seus tempos de jogador.

Na partida de Munique, Bayern e Lyon – na minha opinião, inferiores tanto a Inter como a Barça – fizeram uma partida, se não burocrática, chata. A emoção vinha do empenho do time da casa, especialmente do craque do time, o holandês Robben, frente a uma equipe sem qualquer vergonha de jogar feio ou até mesmo não jogar nada. O Lyon foi tão covarde que se recusou a partir para cima mesmo com um jogador a mais. Já o Bayern, além de Robben, tem dois outros jogadores que fazem diferença: Schweinsteiger e o francês Ribery. Porém, este último, expulso, não jogará a partida de volta, na França.

JFQ

terça-feira, 20 de abril de 2010

Quem hoje, além do Barcelona, é páreo para o Santos?

Sim, estou encantado com o futebol dos meninos da Vila. Sei que não sou o único. Assim como também sei que há muita gente que considera os elogios ao Peixe um exagero, um oba-oba. Dessa forma, sei que a opinião a seguir é polêmica, mas juro que se baseia em uma concepção sincera, não em mera intenção de provocar: Hoje, para mim, o Santos só não é superior ao Barcelona entre todos os times do mundo.

Lógico: não há como se comprovar a tese promovendo uma disputa entre os dois. Quer dizer, nem assim daria para se chegar a uma conclusão sobre quem é o melhor: afinal, se o Barça for surpreendido pela Inter, pelo Bayern ou pelo Lyon na Liga dos Campeões da Europa, ou ainda pelo Real Madrid no campeonato espanhol, nem assim eu chegaria à conclusão de que se trata de um time inferior aos citados. Da mesma forma, se o Santos perder a final do Paulistão para o Santo André. Quando falo em melhor time, digo aquele com melhor técnica, mais bem armado taticamente e mais equilibrado nos três setores do campo. Até mesmo o propagado ponto fraco santista – a defesa – a mim não parece lá tão frágil assim. Que ninguém nos ouça, mas não levo muita fé também no xerife catalão, o Puyol. Nem por isso há que se negar que se trata de um time muitíssimo bem estruturado, além de dinâmico, veloz, ágil, matador, etc., etc., etc.

Vou revelar um segredo. Apesar de corinthiano, por estes dias prefiro ver os jogos do Santos aos jogos do Timão. Como foi duro acompanhar Corinthians 2x0 Racing enquanto a outra emissora transmitia Santos 8x1 Guarani! A propósito, ocorre hoje o mesmo que sentia nos tempos do São Paulo de Telê, quando também preferia assistir aos jogos do Tricolor aos do meu time. As triangulações, tabelas e chegadas rápidas e fatais criadas por Raí, Palhinha, Cafu, Müller e companhia eram de encher os olhos. Lembro-me, inclusive, de ser criticado quando dizia que aquele São Paulo estava no mesmo nível de Barcelona e Milan, coqueluches européias da época. Fui mais respeitado em minha opinião quando o time do Morumbi faturou dois mundiais justamente contra os bambambãns. Por que tendemos a minimizar os jogadores e times brasileiros frente aos europeus, mesmo sendo o Brasil o país com mais títulos mundiais, o tal país do futebol? Ah, porque mesmo os brasileiros estão lá na Europa?! Mas, nos casos citados, quem ainda não se convenceu de que Raí e Cafu estavam, assim como Neymar e Ganso estão no mesmo nível dos principais jogadores que atuam na Europa, brasileiros ou não?

É isso aí. Podem reclamar os torcedores do meu Corinthians, ou os do São Paulo, do Palmeiras, do Manchester United, do Chealsea, do Bayern, do Real e de tantos outros mega clubes, mas, para este modesto apreciador do futebol bem jogado, ninguém melhor, no momento, que Santos e Barça para demonstrá-lo. Talvez, para além dos bons elencos e da disciplina tática, por serem extremamente ofensivos e por terem jogadores excepcionais em momentos mágicos de suas carreiras. Além do mais, méritos aos seus treinadores, ambos relativamente jovens no ofício: Guardiola e Dorival Jr. E, fundamentalmente, aplausos a seus craques, candidatos a gênios: Robinho, Ganso e Neymar, de um lado, Xavi, Iniesta e Messi, de outro.

***
Em tempo: Pelo exposto acima, posso me orgulhar muito do Corinthians, que foi campeão brasileiro em cima daquele São Paulo de Telê e Raí (1990) e campeão paulista sobre este Santos de Neymar e Ganso (2009).
Que bom que os enfrentamentos se deram antes que as máquinas tricolor e santista estivessem totalmente engrenadas.

JFQ

Imagem tirada do Blog do Juca Kfouri

Santa Final

Que se faça a final justa, a final santa: Santos x Santo André. Os dois melhores times do campeonato, os dois que mais pontuaram. Da mesma forma que o resultado mais do que justo será o título do Santos. Alguém aí acredita em outro resultado?

O Santo André foi de uma eficiência a toda prova durante o campeonato. Fez, por méritos próprios, seus resultados de modo a que chegasse a esta final do Paulistão, inédita em sua história. Soube, inclusive, perder sem que deixasse de atingir sua meta. Contra os grandes, venceu apenas o Palmeiras (3x1), sendo derrotado pelo São Paulo (3x1), pelo Corinthians (2x1) e pelo próprio Santos (2x1). Perdeu, inclusive, o último jogo para o Grêmio Prudente, que nem assim conseguiu destronar o time do ABC por causa da combinação de resultados: derrota por 2x1 em Prudente, vitória pelo mesmo placar em Santo André; na soma, valeu a melhor campanha do time de Sérgio Soares.

O Santos – o que mais dizer do Santos?! –, até aqui, venceu 17 partidas, empatou 2 e perdeu outras 2. Na fase de classificação, chegou 10 pontos na frente do segundo colocado, justamente o Santo André. Nos clássicos, perdeu apenas o emocionante jogo das dancinhas contra o Palmeiras (4x3), empatou com a Portuguesa (1x1... aliás, pode-se ainda considerar jogo contra a Portuguesa um clássico?), e venceu o Corinthians (2x1) e três vezes o São Paulo (2x1, 3x2 e 3x0).

Em suma, a decisão do campeonato caberá às duas melhores equipes, revelando-se, ambas, bastante eficientes nos resultados. Uma delas, brilhante, quiçá histórica.

JFQ

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Enfim, brilha a estrela solitária


Tem coisas que só acontecem com o Botafogo, mas tudo tem limite. Perder uma quarta final seguida do campeonato estadual seria de uma sacanagem celestial com o time da estrela solitária. Além de injusto. Senão, recordemos.

O clube, após surra histórica para o Vasco, por 6x0, ainda no início do campeonato, contratou Joel Santana. Papai Joel, como é chamado, organizou o time e, mais do que isso, com seu jeitão paternal, trouxe ânimo e moral a General Severiano. Penso que o reencontro de Joel com o Botafogo foi excelente para ambos. Reencontraram-se em um momento em que o Botafogo precisava de um líder como Joel e este, uma missão como reerguer o Fogão das cinzas. Santana vinha de uma experiência até certo ponto traumática na seleção sul-africana, de onde voltou criticado pelos resultados e pela pronúncia do inglês. O Botafogo, apesar do respeitável ataque estrangeiro – o argentino Herrera e o uruguaio Loko Abreu –, não vinha muito bem das pernas. Eis que surgiu o folclórico – aliás, por que folclórico? – Joel Santana, de porte de sua prancheta, seu agasalho, suas mandingas, sua emoção, seus conhecimentos, sua experiência e sua aura de vencedor. A propósito, Joel é uma espécie de anti-Luxemburgo: um adepto do estilo clássico – não diria velho ou arcaico como querem os modernosos –, preso às pranchetas, agasalhos, conselhos e paixões. Do lado inverso, Joel também é um anti-Luxemburgo por ser refratário às modernidades futebolísticas do tipo laptops, pontos eletrônicos, terno e gravata, filosofias e um asséptico verniz de profissionalismo. Joel é uma espécie de Zagallo restrito ao âmbito carioca. O velho Lobo, diga-se de passagem, que também contribuiu com seu pé quente ao Botafogo, dando a camisa 13 do time ao uruguaio Abreu logo que este chegou.

Enfim, o Fogão mostrou-se um time obstinado rumo ao título. Ou melhor, rumo aos títulos, já que faturou Taça Rio, Taça Guanabara e, por conseguinte, o Campeonato Carioca, fato que não ocorria desde 1998. Passou por cima de todos os principais rivais: venceu o Vasco na final da Taça Guanabara, o Fluminense na semifinal da Taça Rio e o Flamengo, seu algoz dos últimos anos, nas semi da Guanabara e na final da Taça Rio. Incontestável, magnânimo. E o campeão de 1910 – e não “desde” 1910, na versão original de Lamartine Babo para o hino do alvinegro, mudado posteriormente –, faturou também o título de 2010.

Parabéns, Botafogo! Campeão Carioca, da Taça Guanabara e da Taça Rio de 2010!

JFQ

Toque de Letras

Em homenagem ao time da estrela solitária, abaixo, um “Toque de Letras” em dose dupla com dois belos textos de botafoguenses ilustres, Vinicius de Moraes e Armando Nogueira, falando justamente das suas paixões.
JFQ

* * *

Olhe aqui, Mr. Buster
Vinicius de Moraes

Olhe aqui, Mr. Buster: está muito certo
Que o Sr. tenha um apartamento em Park Avenue e uma casa em Beverly Hills.
Está muito certo que em seu apartamento de Park Avenue
O Sr. tenha um caco de friso do Partenon, e no quintal de sua casa em Hollywood
Um poço de petróleo trabalhando de dia para lhe dar dinheiro e de noite para lhe dar insônia
Está muito certo que em ambas as residências
O Sr. tenha geladeiras gigantescas capazes de conservar o seu preconceito racial
Por muitos anos a vir, e vacuum-cleaners com mais chupo
Que um beijo de Marilyn Monroe, e máquinas de lavar
Capazes de apagar a mancha de seu desgosto de ter posto tanto dinheiro em vão na guerra da
Coréia.
Está certo que em sua mesa as torradas saltem nervosamente de torradeiras automáticas
E suas portas se abram com célula fotelétrica. Está muito certo
Que o Sr. tenha cinema em casa para os meninos verem filmes de mocinho
Isto sem falar nos quatro aparelhos de televisão e na fabulosa hi-fi
Com alto-falantes espalhados por todos os andares, inclusive nos banheiros.
Está muito certo que a Sra. Buster seja citada uma vez por mês por Elsa Maxwell
E tenha dois psiquiatras: um em Nova York, outro em Los Angeles, para as duas "estações" do
ano.
Está tudo muito certo, Mr. Buster – o Sr. ainda acabará governador do seu estado
E sem dúvida presidente de muitas companhias de petróleo, aço e consciências enlatadas.
Mas me diga uma coisa, Mr. Buster
Me diga sinceramente uma coisa, Mr. Buster:
O Sr. sabe lá o que é um choro de Pixinguinha?
O Sr. sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal?
O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?

* * *
O Botafogo e Eu...
Armando Nogueira


Amar um clube é muito mais que amar uma mulher. Ao longo da vida, troquei de namorada, sei lá, mil vezes. E outras mil fui trocado por elas, mas a recíproca não está em jogo, agora. Jamais trocaria o Botafogo, nem por outro clube, nem por nada, neste mundo.

Guardo até hoje, integro, o sentimento do primeiro encontro. Foi no minúsculo estádio de General Severiano, na tarde do dia 10 de setembro de 1944. Tinha eu acabado de chegar de Xapuri, minha terra, e estava embasbacado com a beleza da cidade do Rio de Janeiro.

O jogo era Botafogo e Flamengo.

Meu primo Carlos gosta de assistir em pé, bem no meio da arquibancada; e é aqui que já estamos os dois. O primeiro degrau de cimento fica tão perto do campo que dá até pra ouvir o respirar ofegante dos jogadores. Como eles se xingam! Nunca pensei que fosse assim.

A partida começa. A multidão, dividida ao meio, alterna silêncios e gritos de guerra que me assustam um pouco. Até agora, já se foram 15 minutos de jogo e nada de gol. Meu coração, porém, já dá os primeiros sinais de uma simpatia que não tardará em palpitar dentro do meu peito. Sei que esse time do Flamengo está cheio de craques. Meu primo vai me cantando, um por um: "aquele é o Zizinho - um monstro... aquele outro é o Jaime - joga como um príncipe... esse aéi é o Pirilo".

Do outro lado, só há um craque de fama nacional: é Heleno de Freitas. O resto é de currículo modesto. Mas, todos trazem no peito uma estrela de cinco pontas, radiosa como a luz da tarde ensolarada.

Pois se bem me lembro, foi de vê-la reluzir no peito de Heleno que se deu a revelação. Hoje, mais de meio século depois, eu me pergunto, por mera curiosidade, por que será que não escolhi torcer pelo Flamengo? Afinal, o Flamengo já era o time mais querido do Rio. Dava - pra usar uma expressão mais moderna - dava ibope torcer pelo Flamengo. Tinha acabado de sair bicampeão carioca. Era certeza de alegrias pela frente. E, no entanto, eu preferi trocar o certo pelo duvidoso. Em nome de que idéia? Por que o Botafogo da estrela solitária simbolizada em Heleno e não o Flamengo de Zizinho, de Biguá, de Pirilo - uma soleníssima constelação de craques?

Afinidades eletivas, meus amigos. Coisas do coração. Mistérios da alma. Premonição, talvez, pois, no final do jogo, o Botafogo daria a volta olímpica saudando a sua torcida. Tinha goleado o Flamengo, ganhando de cinco a dois. Heleno marcar dois belos gols, um deles de cabeça. Uma testada bíblica!

Nascia, ali, uma simpatia de mão única, pois o Botafogo nem sabia da minha reles existência. Não sabia, nem precisava saber. O futebol é assim: desperta na pessoa um sentimento virtuoso que transcende a amizade, que vai além do amor e culmina no santo desvario da paixão. Tem de tudo um pouco, porém, é mais que tudo. Torcer por uma camisa é plena entrega. É mais que ser mãe, porque não desdobra fibra por fibra o coração. Destroça-o de uma vez no desespero de uma derrota. Em compensação, remoça-o no delírio de uma vitória.

O Botafogo tem tudo a ver comigo: por fora, é claro-escuro, por dentro é resplendor; o Botafogo é supersticioso, eu também sou. Quantas vezes, vi o roupeiro Aloísio sair dando nós nas cortinas da sede imperial pra amarrar as pernas dos times visitantes, em General Severiano. E eu acreditava piamento nos trunfos do feiticeiro Aloísio. Dava-lhe força pra que os sortilégios do futebol não traíssem o Botafogo.

Houve uma partida em que o Botafogo perdia de um a zero. Carlito Rocha, o grande bruxo da história do clube, me perguntou quanto tempo ainda restava de jogo. Meu relógio estava parado. Começou a esbravejar comigo. Gritava que a desgraça do time estava ali, no meu relógio. Relógio parado dá azar. Arrancou do meu braço a pulseira e jogu fora, com relógio e tudo. Era um reles "patek-cebola". No dia seguinte, Carlito me daria outro, de presente. Igualmente reles, mas, pelo menos, funcionando.

O Botafogo é bem mais que um clube - é uma predestinação celestial. Seu símbolo é uma entidade divina. Feliz da criatura que tem por guia e emblema uma estrela. Por isso é que o Botafogo está sempre no caminho certo. O caminho da luz. Feliz do clube que tem por escudo uma invenção de Deus.

Estrela solitária.

O Botafogo sempre oscilou entre Heleno de Freitas e Garrincha: pássaro de fogo, pássaro de luz; um era glória e tormento, o outro, humor e encantamento. Heleno era impiedoso como a ironia, que fere; Garrincha era límpido e generoso, como o riso, que conforta. Entre os dois jogadores, cujos tempos míticos se somam, e se eternizam, nasceria também para a perpetuidade alvinegra, um craque magistral.

Um dia, consumido de saudades botafoguenses, escrevi um breve poema sobre Nilton Santos. Quanta majestade no trato de uma bola! O moço jamais fez um truque com a bola. Só fazia arte. Nilton não era um jogador de futebol, era uma exclamação. Tu em campo parecias tantos/ E, no entanto - que encanto - eras um só: Nilton Santos.

O torcedor do Botafogo tem um coração repleto de memoráveis cintilações: convivem, na mesma estrela, dribles insondáveis de Garrincha, passes impressentidos de Didi, antevisões de Nilton Santos, cismas de Carlito Rocha e gols, muitos gols, de Heleno de Freitas, cada um mais épico que o outro.

O Botafogo sou eu mesmo, sim senhor! "

(publicado em “A Ginga e o Jogo”)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ganso na Copa?



Deu no blog do Neto de ontem, 15/4:  há indícios de que Paulo Henrique, o Ganso, do Santos, poderá estar na lista de Dunga para a Copa do Mundo. 

A CBF teria ligado para o Santos para pedir o passaporte do jogador.

Será?

JFQ 

E a Taça das Bolinhas vai para...

Finalmente, foi decidido o destino da Taça das Bolinhas. Ou não...

Por decisão do todo-poderoso Ricardo Teixeira, eterno presidente da CBF, o cobiçado objeto vai para o São Paulo, reconhecido oficialmente como o primeiro pentacampeão brasileiro. Consequentemente, também de forma oficial, decide-se o imbróglio do campeão brasileiro de 1987 a favor do Sport e contra o Flamengo.

A confusão, porém, continua, uma vez que a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, deve entrar na justiça pleiteando o título de campeão brasileiro de 87 para o seu clube e, por conseguinte, a condição de primeiro pentacampeão brasileiro, obtida em 1992. Aí, o Flamengo seria declarado, oficial, mas judicialmente, o legítimo e definitivo detentor da Taça das Bolinhas.

Para quem não sabe – alguém não sabe? –, essa taça deve ser entregue ao primeiro clube que conquistar três títulos brasileiros consecutivos ou cinco intercalados. O Brasileirão, a propósito, começou em 1971. A carta na manga da presidente do rubro-negro é um documento de 1997, em que todos os membros do Clube dos 13, inclusive São Paulo e Sport, reconheceriam o Flamengo como campeão brasileiro de 1987. No entanto, o presidente do clube pernambucano, Luciano Bivar – que já foi até candidato à Presidência da República –, já disse que o negócio não é bem assim, muito pelo contrário. E a discussão continua.

Essa história já deu muito pano para manga e, pelo jeito, continuará dando. De minha parte, reconheço todos os títulos oficiais – como o de campeão brasileiro de 1987 pelo Sport, por exemplo –, mas também os que chamo consensuais, ou seja, aqueles em que, no momento em que estão sendo disputados, são reconhecidos de forma praticamente unânime como um título portador de determinado status, muito embora não recebam a chancela da instituição oficial. Por exemplo: o título de campeão brasileiro do Flamengo em 1987.

Sim, exatamente! Ambos, Sport e Flamengo deveriam ser considerados campeões brasileiros de 1987. E ponto final. Um, pelo critério oficial; o outro, pelo consensual. Neste último – reconheço que é um critério um tanto estranho, mas justo –, comparo o título brasileiro de 87 do Flamengo aos títulos mundiais de clubes anteriores ao torneio oficial da FIFA, tais como o do Real Madrid, de 1960, os do Santos, de 1962 e 63, e os do São Paulo, de 92 e 93. Destaque-se: estes títulos mundiais não são reconhecidos como tais, oficialmente, pela FIFA. Mas quem há de dizer que o Real de Puskas e Di Stéfano, o Santos de Pelé e o São Paulo de Telê não foram legítimos campeões mundiais?

Para quem ainda não estiver cansado desse assunto, o que é difícil, vale a pena dar uma pesquisada na internet sobre a confusão envolvendo o Clube dos 13 e a CBF naquele fatídico ano de 1987. Alguns nomes também merecem pesquisa: Nabi Abi Chedid, então vice-presidente da CBF, e Carlos Miguel Aidar, então presidente do São Paulo e do Clube dos 13.

Em suma, o Flamengo deveria dividir o título de 87 com o Sport. Dessa forma, a famosa Taça das Bolinhas deveria ir para a Gávea. Porém, nada obsta uma atitude voluntária e simpática, além de justa, por parte do São Paulo, de entregar a taça ou dividi-la com o Flamengo. Até porque, fosse ele próprio, São Paulo, o vencedor daquela bendita Copa União (união?!), também não teria disputado o quadrangular imposto pela CBF, e não sendo oficialmente reconhecido como o campeão brasileiro. Ou, ainda, os dois, São Paulo e Flamengo, seguindo proposta do Vitor Birner, poderiam simplesmente derreter o objeto da discórdia. Eu complemento: derretê-lo em homenagem à Jules Rimet, uma taça muito mais importante para a história do futebol brasileiro do que essa geringonça feita de arame e gude.

JFQ

Abaixo, fotos do Flamengo (acima) e do Sport (embaixo), de 1987
Escalação do Flamengo: Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho, Leonardo e Andrade; Bebeto, Aílton, Renato Gaúcho, Zico e Zinho.
Escalação do Sport: Flávio, Betão, Estevam Soares, Marco Antonio e Zé Carlos Macaé, Rogério, Ribamar e Zico (outro, claro), Robertinho, Nando e Neco.