segunda-feira, 5 de abril de 2010

Voz sensata em meio à insensatez

Merece aplausos o presidente do Santos Futebol Clube, senhor Luís Álvaro Ribeiro, pela postura sensata diante da lamentável recusa de vários jogadores do seu time em participar de doação de ovos de páscoa a crianças e adolescentes com problemas cerebrais (ver texto abaixo: “Atitude anticristã em nome de Jesus?”). Pelo que foi veiculado, as razões aventadas pelos jogadores são duas: 1) a instituição que abriga as crianças e adolescentes segue a doutrina espírita, diferente da religião professada pelos atletas, e 2) estar na presença dessas crianças “daria azar”. Sim, houve quem “argumentasse” a falta de um gesto caridoso com essa ideia estúpida! Se na primeira desculpa, o preconceito religioso, sinal primeiro de fanatismo, é a motivação, na segunda, a imbecilidade e a falta de espírito humanitário são retumbantes. Quanto à primeira: quer dizer que só se pode ajudar quem for da sua religião? Sobre a segunda: será que azar maior não é provocar imenso desapontamento em quem até agora só tinha olhos de admiração pelo futebol bem jogado?

No programa Mesa Redonda da TV Gazeta, apresentado na noite de ontem, e que contava com a presença de Luís Álvaro Ribeiro, o jornalista Flávio Prado vociferou contra os jogadores santistas. Chamou-lhes de imbecis, que o caso nada tinha a ver com religião, mas com ajuda a seres humanos, e que deveriam praticar a caridade porque dela necessitariam caso Deus não os tivesse dado o dom para o futebol, considerando, ainda, que não têm capacidade intelectual para fazerem nada além de jogar bola. Pois é, Flávio Prado estava muito bravo!

Em resposta, mas com um tom bastante mais ameno, o presidente do Peixe afirmou que não dá para forçar uma pessoa a fazer a caridade, tratando-se de um gesto necessariamente voluntário. O que é verdade. Mas disse também que na preleção do próximo jogo, argumentaria com os jogadores, mostrando-lhes o erro que cometeram e pedindo a cada um que redima tal erro doando a camisa do jogo à mesma instituição para que angarie recursos em prol daquelas crianças e adolescentes. Confesso que fiquei sensibilizado com o discurso do senhor Luís Álvaro Ribeiro, nitidamente constrangido, mas brando, sereno, em suas palavras.

O jornalista Chico Lang, inclusive, foi muito feliz quando disse que o presidente do clube está fazendo algo que deveria ser feito pelos pais dos atletas: ensinando-lhes o que é certo. Oxalá os meninos da Vila aprendam a lição e realmente revejam sua atitude, doando as camisas do próximo jogo.
Destaco que o presidente do Santos foi muito claro ao considerar aquela atitude um erro. Eu completaria: erro gravíssimo. Especialmente no caso daqueles que não são mais tão meninos assim, como Robinho, Marquinhos e Fábio Costa.

JFQ

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