Para os mais apressados, os jogos de ida das quartas de final da Libertadores foram marcados pela quase definição dos classificados. Para os mais cautelosos, porém, qualquer previsão é extremamente temerária.
O Chivas Guadalajara entrou “com o bonde andando”, mas entrou com tudo no torneio. Jogando em casa, arrasou o Libertad, do Paraguai, por 3x0. Para se classificar, pode perder por até dois gols de diferença. Se marcar um gol, pode perder por três gols. Lembrando que, caso o Chivas seja o campeão da Libertadores, o vice é que terá a vaga para o Mundial da FIFA. Só o Pachuca, campeão da Concacaf, representará o México em Dubai, no final do ano.
Quem se deu muito mal foi o Flamengo. Perdeu em pleno Maracanã para o Universidad de Chile por 3x2. Mas o jogo poderia muito bem ter acabado 10x10, tantas foram as oportunidades de gol incrivelmente perdidas. Agora o Mengo tem a missão duríssima de vencer o Universidad em pleno Chile, onde a pressão da torcida é muito forte, por dois gols de diferença. Reverter essa situação é possível, muito difícil, porém possível. De qualquer forma, o time carioca mostra ser o mais instável dos brasileiros na Libertadores.
O vexame do rubro-negro carioca não se limitou ao placar. Perguntado sobre as vaias e xingamentos vindos dos próprios torcedores do próprio Flamengo, descontentes com a atuação do time, a reação de Bruno não foi das mais tranquilas. “Estou me lixando para eles”, foi sua resposta. Depois de brigar com Andrade, desdenhando do ex-comandante por “nunca ter ganho nada” (Andrade venceu 5 brasileiros, foi um ótimo jogador, muito melhor que Bruno!), depois de soltar a pérola sobre sair no tapa com a própria mulher, agora Bruno lixa-se para quem paga ingresso e lota os estádios para ver o seu time. Conclusão inescapável: Bruno, calado, é um poeta! Além do destempero, a originalidade também não é o forte do goleiro. Afinal, estar se lixando também é o pensamento de certos deputados a respeito daqueles que os elegem, não é mesmo?!
Cruzeiro e São Paulo fizeram o segundo embate brasileiro da Libertadores. Mesmo jogando fora de casa, o Tricolor foi um time equilibrado, sólido na defesa e perigoso no ataque, durante toda a partida. Aliás, creio que tenha sido a melhor partida do São Paulo este ano. Não há como deixar de creditar ao estreante Fernandão boa parte dos méritos pelo resultado. Fernandão foi um exímio pivô – função que muitos queriam que Washington desempenhasse, apesar de não ser essa sua melhor característica –, preparando bolas para Hernanes, Marlos, Dagoberto e quem mais chegasse. Além dele próprio mostrar capacidade de desempenhar a função de matador.
O fato é que, com Washington, o time precisa jogar em sua função. A eficiência ofensiva, nesse caso, seria aumentada com um esquema 4-3-3, com dois segundos atacantes – no caso, Dagoberto e Fernandinho –, abertos nas pontos, a servir o “coração valente” na área. Como Ricardo Gomes é avesso a essa esquema, não admitindo perder meio-campo em prol de um atacante a mais, Fernandão passa a ser a opção ideal.
Além dele, Marlos e Hernanes articularam muito bem as jogadas de ataque, conduzindo a bola do meio para a frente. Na ligação, Dagoberto mostrou sua rapidez. Na zaga, mesmo com a ausência de Miranda, Xandão e Alex Silva cumpriram bem suas funções. Cicinho também foi bem, mostrando que aos pouco retoma seu melhor futebol. Rogério Ceni foi decisivo quando requisitado. O ponto fraco do São Paulo foi a marcação de Thiago Ribeiro nas escapadas pela direita, que, para sorte dos são-paulinos, não se transformaram em gol.
O já ganhou é sempre temerário e a humildade deve ser sempre valorizada. Mas, para mim, a vaga do Tricolor para as semifinais está garantida. Mais do que isso: a atuação do São Paulo o coloca como um dos grandes favoritos ao título. Muito embora, ser favorito nesta Libertadores revelou-se condição que dá um certo azar...
No jogo de ontem, o Internacional, jogando em casa e empurrado por uma torcida entusiasmada, enfrentou um páreo duríssimo: o Estudiantes, atual campeão da Libertadores. O jogo foi brigado e a bola só entrou a poucos minutos do final. Porém, o golzinho do uruguaio Sorondo pode ter sido o gol da classificação do Colorado. Apesar da necessária cautela – é bom lembrar que o Estudiantes em casa é fortíssimo –, acredito na classificação do Inter. O que resultaria no terceiro confronto de brasileiros desta Libertadores.
JFQ
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