segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Uma imagem também diz muito sobre quem a faz e sobre quem a vê

Circulam pela internet fotos de Ronaldo e Roberto Carlos fumando. As fotos foram tiradas por um paparazzi, que conseguiu captar imagens de dentro da casa do Fenômeno, quando dava uma festa para o lutador Anderson Silva.

Também criou frisson – esse é o objetivo dos tais fotógrafos “profissionais” – foto do jogador Piqué, abraçado a um amigo. A foto, tirada em 2006, mas somente agora colocada no fogo eterno da internet, reforça o blá-blá-blá sobre a orientação sexual de Piqué, já insuflado por outra foto, em que foi flagrado em pose “suspeita” com o então colega de Barça Zlatan Ibrahimovic.

Enquanto as fotos de Ronaldo e Roberto Carlos procuram despertar a discussão – a palavra certa seria fofoca ou futrica – em torno do hábito de atletas profissionais fumarem (no caso, Ronaldo sequer é mais jogador), as fotos de Piqué sugerem o questionamento de sua orientação sexual.

Muito se fala e muito se escreve sobre as imagens. Contudo, pouco se fala sobre a criminosa e abjeta prática de invasão da privacidade. Como que, sob a desculpa de se tratarem de “personalidades públicas”, fosse totalmente autorizada a invasão da vida particular desses cidadãos – sim, o fato de serem “públicas”, não as retira a condição de cidadãos, como os direitos e deveres que todos temos. Assim como pouco se fala ou se escreve sobre o costume não menos nojento de tecer juízos de valor a respeito de atletas cujo único âmbito passível de avaliações deveria ser o que fazem dentro de campo. Ou, muito pior, pouco se fala ou se escreve sobre a prática cretina de impor e patrulhar comportamentos alheios.

Eis o óbvio: o tabagismo é ruim para qualquer um, mas cada qual é responsável pela preservação da própria saúde; ser heterossexual ou homossexual é determinação íntima do sujeito, não cabendo a qualquer um fazer juízos a respeito (a propósito, passou da hora da homofobia ser crime no Brasil); tecer juízos de valor sobre o outro ou patrulhar comportamentos são atos dignos de canalhas, e invadir a privacidade alheia, de bandidos.

JFQ

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