sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Os oligarcas

Kenneth Maxwell
Na semana passada, o Manchester United mudou o nome da arquibancada norte do seu estádio, Old Trafford, para arquibancada "Sir Alex Ferguson". A área acomoda 25 mil torcedores e ganhou o novo nome para homenagear sir Alex por seus 25 anos como técnico do lendário clube.
Sir Alex já é um "freeman" da cidade de Glasgow, em sua Escócia natal, o que significa, diz ele, que caso venha um dia a ser preso por lá terá direito "a uma cela individual".
Há quem pense que o Manchester United também deveria ter batizado uma de suas arquibancadas em honra de sir Matt Busby, outro de seus duradouros técnicos (de 1945 a 1969). Mas não há muitos que considerem injusto o reconhecimento dado a sir Alex.
Os problemas do futebol inglês estão em outros quadrantes. O Manchester United é apenas um dos times da Premier League inglesa controlados por grandes companhias ou magnatas estrangeiros.
Sandro Rosell, inimigo dessa prática e presidente do Barcelona, clube que é propriedade de seus 180 mil sócios, declarou que "o Barcelona jamais será colocado à venda, em hipótese alguma". Mesmo assim, o time fechou contrato de patrocínio com o Qatar por prazo de cinco anos.
Desde 2005, o Manchester United é propriedade da família Glaser, dos EUA. No Manchester City, o principal acionista é o xeque Mansour, dos Emirados Árabes Unidos.
Americanos detêm interesses financeiros no Arsenal, no Liverpool, no Aston Villa e no Sunderland. O mais notório dos proprietários estrangeiros de futebol é Roman Abramovich, o russo que, em 2003, comprou o Chelsea Football Club, em Stamford Bridge.
Abramovich está envolvido em um importante processo no tribunal comercial de Fetter Lane, em Londres. Outro oligarca russo, Boris Berezovsky, abriu um processo privado quanto a transações com Abramovich envolvendo uma companhia petroleira russa. Ele quer indenização de US$ 5 bilhões e mais US$ 564 milhões em indenização por outra transação frustrada com Abramovich, envolvendo uma empresa russa de alumínio.
Berezovsky era um professor de matemática que abriu a primeira concessionária Mercedes da Rússia e fez fortuna na era pós-comunista de Boris Ieltsin, em que as opacas conexões entre dinheiro, política e poder importavam muito. Desentendeu-se com Vladimir Putin e recebeu asilo no Reino Unido, depois que foi revelado um complô da agência de espionagem russa para matá-lo. Recentemente, pagou mais de £ 100 milhões a sua ex-mulher, no maior acordo de divórcio de todos os tempos.
De Old Trafford para Stamford Bridge o caminho, com certeza, é longo. Mas serve como lembrete de que o dinheiro importa.
Publicado na Folha de S.Paulo, em 10/11/2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário