domingo, 27 de novembro de 2011

Hoje, domingo


Acordou como se fosse um domingo qualquer e iniciou o ritual de sempre. Escovar os dentes, banhar-se, pentear o cabelo, vestir-se, tomar o café, engolir rapidamente o pão com manteiga ao mesmo tempo em que espia as manchetes do jornal. Quer dizer, com especialíssima atenção às notícias do caderno de esportes. Afinal, aos seus olhos e aos de outros milhões e milhões de pessoas, aquele não era um domingo qualquer.

Fingia tranquilidade ao passo em que a ansiedade tomava-lhe conta da alma. Não poderia falar disso a qualquer um, principalmente à esposa. Acharia tudo tão ridículo. Como pode acordar nervoso por causa de uma bobagem dessas!

Bobagem? Este domingo poderia ser decisivo, vitorioso, após um longo ano de batalhas ganhas e vacilos inexplicáveis. Um longo ano de lutas a culminar, quem sabe, em total felicidade justo neste domingo supostamente ordinário, idêntico a tantos outros. Tudo dependeria da famosa combinação de resultados; das nossas próprias forças e do que ocorresse em outro campo. Tão complexo! Tudo podia acontecer: da quase irrecuperável frustração à mais completa glória.

Lembrou-se do ano de 2007, da tristeza arrebatadora que acometeu a si e àqueles tantos e tantos milhões. Lembrou-se da volta e de tudo o mais que ocorrera até este dia de domingo. Sim, não era qualquer domingo. Era o domingo em que o ciclo estaria completo, em que todos veriam que o lugar a ser ocupado é o topo entre os primeiros, não entre os segundos.

Chegou o domingo. É hoje! É hoje? Façamos o nosso. E seja o que Deus quiser.

JFQ

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