O fato é que o jogo de ontem dá sinal de que o Palmeiras, enfim, sairá da crise surgida na reta final do Brasileirão do ano passado, entrando em uma nova e vitoriosa – quiçá, duradoura – fase. Mesmo não deixando de ser uma incógnita, Antonio Carlos Zago mostra capacidade de armar um time e, além disso, ter “química” com o clube do Parque Antarctica. Muricy, apesar da competência comprovada com títulos, não teve êxito nesse último quesito. A propósito da inexperiência de Zago, o sempre inteligente PVC, Paulo Vinícius Coelho, alerta para o fato de que um ex-jogador como Antônio Carlos, por ter trabalhado com técnicos como Telê Santana, Wanderley Luxemburgo e Fábio Capello, não pode ser taxado de paraquedista.
Além do técnico, destaco duas boas surpresas: Robert, um atacante que não vinha sendo grande ameaça às zagas adversárias e marcou os dois gols do Verdão, e o jovem lateral Eduardo com suas rápidas e perigosas subidas pela esquerda.
Um grande desafio que Antônio Carlos terá pela frente, na minha modesta opinião, é fazer com que o maior talento do seu time, Diego Souza, amadureça. Diego é ótimo jogador, mas às vezes demonstra cabeça e comportamento de jogador inexperiente e excessivamente convencido. Com ele o técnico deverá atuar mais na condição de “paizão” (um papel que Joel Santana, para ficarmos no destaque do momento, desempenha com excelência) do que na de estrategista de jogo.
Chororô Tricolor
Do lado do São Paulo, Ricardo Gomes deveria copiar Luxemburgo na sua inteligência em armar e dirigir uma equipe, mas não no que tem de mais chato: reclamar da arbitragem quando seu time é derrotado. Não, o tricolor não perdeu por culpa da arbitragem, mas por seu futebol ruim e pela superioridade evidente do Palmeiras. A expulsão de Xandão foi justa: tomou dois amarelos que realmente deveria tomar. Assim como em outras expulsões justas ocorridas em 2009, alvo de reclamações contumazes do cada vez mais rabugento Rogério Ceni.
Além disso, o São Paulo perdeu em parte por erros do próprio Ricardo Gomes. Perdendo por 1x0, substituiu Washington – a grande referência do ataque são-paulino – pelo jovem talento Henrique. É certo que este vem mostrando bom futebol e que o “coração valente” não vinha lá tão bem em campo, mas é sempre uma ameaça ao gol adversário. Além disso, após a substituição, o São Paulo passou a alçar bolas na área palmeirense, não contando mais com a presença de seu melhor cabeceador. O melhor, talvez, teria sido a entrada de Henrique no lugar de Cléber Santana, que também não vinha bem e saiu logo depois.
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JFQ
O Palmeiras respira, mas sua diretoria terá que mostrar visão e competência ainda inexistentes na atual administração. Com Luxemburgo e Muricy eram os próprios técnicos que comandavam montagem e preparação do elenco, restando à diretoria papel secundário, de apenas assinar os cheques. O retorno não veio e o rombo aumentou com a ausência na Libertadores.
ResponderExcluirOs desafios são muitos, sendo o primeiro segurar jogadores como Diego Souza e Clayton Xavier, depois, com o apoio das categorias de base, completar o elenco sem gastar muito, não é hora de medalhões. O maior desafio, no entanto, será aguentar as pressões e focar o trabalho no Brasileirão, é claro que não desistindo do primeiro semestre, mas cada ação deverá ter como objetivo terminar 2010 com futebol e finanças estruturados, para não correr riscos de mais um ano jogado fora. Será fundamental manter Antônio Carlos até o final do ano, mesmo com a grande possibilidade do Palmeiras perder para os rivais Santos e Grêmio no paulista e na Copa do Brasil. O caldeirão ficará ainda mais quente caso a Libertadores caia nas mãos de São Paulo ou Corínthians.
Paciência é a palavra-chave para o Palmeiras em 2010.